Sensação de inteireza | Bel César | TEDxLaçador
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0:09 - 0:11É uma emoção estar aqui.
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0:13 - 0:18E uma emoção poder compartilhar
aquilo que nós consideramos valioso. -
0:20 - 0:22O que torna algo valioso?
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0:22 - 0:26É a sua capacidade
de transformação positiva. -
0:27 - 0:31E por isso eu quero falar
sobre a sensação de inteireza, -
0:31 - 0:36quando existe uma harmonia, uma coerência,
entre o que ocorre dentro de nós, -
0:36 - 0:43nossos pensamentos, sentimentos,
emoções e até sensações físicas sutis, -
0:43 - 0:49e o meio fora de nós, o ambiente,
as pessoas e todos os seres. -
0:50 - 0:53Há um acordo, há uma harmonia.
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0:53 - 0:56E quando falo desse estado de inteireza,
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0:56 - 1:02não estou me referindo aos estados
de expansão de consciência, da meditação -
1:02 - 1:08e outros estados nos quais essa fronteira
de espaço e tempo é dissolvida. -
1:08 - 1:11Não, eu estou falando do aqui, agora,
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1:11 - 1:14do estar presente
e em interação com o outro. -
1:14 - 1:18É um encontro lúcido, vivo,
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1:18 - 1:22e por isso ele pode ocorrer
nos estados de maior tristeza, -
1:22 - 1:27como perda de pessoas queridas,
como até mesmo diante da morte; -
1:27 - 1:30da própria morte e da morte dos outros.
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1:31 - 1:36Digo isso porque trabalho como psicóloga
e acompanho pacientes terminais -
1:36 - 1:37e vejo essa realidade.
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1:37 - 1:40Eu sou testemunha disso.
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1:41 - 1:44É por causa desse estado
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1:44 - 1:48que quero falar sobre
a minha primeira experiência -
1:48 - 1:50da consciência de estar lúcida,
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1:50 - 1:53de encontrar aquilo que eu quero buscar.
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1:53 - 1:56E foi assim que o budismo
entrou na minha vida. -
1:57 - 2:02Eu tinha 21 anos, morava em Salzburg,
e meu pai, no Brasil, faleceu; -
2:02 - 2:06Salzburg, na Áustria,
eu estudava musicoterapia. -
2:06 - 2:10Meu pai faleceu, e, num momento
assim de muita tristeza e confusão, -
2:10 - 2:14eu comecei a desenhar
uma enorme flor de lótus. -
2:14 - 2:16E eu percebi que isso me acalmava.
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2:16 - 2:21Mostrei o meu desenho pra uma amiga,
a Meg, que nasceu em Macau, -
2:21 - 2:25Macau, perto de Hong Kong,
Hong Kong, China. -
2:25 - 2:26E ela disse pra mim assim:
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2:26 - 2:31"Por que você não vai pra Hong Kong
atrás das suas flores de lótus?" -
2:31 - 2:35Eu imediatamente entendi: "Sim, é isso".
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2:35 - 2:39Esse estado de inteireza, quando chega
pra nós, vai além das palavras. -
2:39 - 2:42Todo o nosso ser entende: "Sim, é isso".
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2:42 - 2:49Bom, o fato é que eu larguei meus estudos
e passei cinco meses em Hong Kong. -
2:50 - 2:55Durante o dia, de manhã
e no final da tarde, eu fazia tai chi. -
2:55 - 2:59E durante o decorrer do dia,
eu visitava os templos. -
2:59 - 3:04A verdade é que eu era
muito curiosa e percebia tudo, -
3:04 - 3:06mas nada me tocava profundamente.
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3:06 - 3:09Nada que tivesse esse "Sim, é isso".
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3:09 - 3:15Até que, no centro da ilha de Lantau,
no monastério de Po Lin, -
3:15 - 3:19eu me deparei com esta imagem,
e esse foi o momento de inteireza. -
3:19 - 3:22Quando eu olhei essa imagem,
eu me lembro da emoção, -
3:22 - 3:27vive em mim ainda hoje,
quando eu disse: "É isto! -
3:27 - 3:29É isto que eu estou procurando".
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3:29 - 3:31Mesmo sem entender direito o que é isso,
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3:31 - 3:34a sensação de que eu tinha encontrado
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3:34 - 3:37me acalmou e me bastava,
vamos dizer assim. -
3:37 - 3:41Bom, eu voltei pra Salzburg, me formei,
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3:41 - 3:46voltei pro Brasil, casei,
tive dois filhos, estudei psicologia. -
3:46 - 3:51Um filho é o lama Michel,
e a outra é minha filha querida, Fernanda. -
3:53 - 3:56Nesses nove anos, eu tentei ser normal.
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3:56 - 4:01Eu tive uma vida, vamos dizer assim,
aparentemente normal. -
4:01 - 4:07Mas eu estudava astrologia,
e meu Sucharat dizia pra mim assim: -
4:07 - 4:12"Você só vai se acalmar, quando encontrar
algo que pra você é verdadeiro". -
4:12 - 4:16E foi assim que ele veio
no meu aniversário de 30 anos, -
4:16 - 4:18trouxe um casal e disse pra eles
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4:18 - 4:24que eu era a pessoa que ia trazer
um lama tibetano para o Brasil. -
4:24 - 4:29Eu não sabia onde ficava o Tibete,
não sabia nada sobre lamas tibetanos, -
4:29 - 4:32tudo pra mim era completamente nada.
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4:32 - 4:37Mas assim como a Meg me falou:
"Vai atrás das suas flores de lótus", -
4:37 - 4:41eu entendi que meu Sucharat
estava me dando uma mensagem importante. -
4:41 - 4:45Resumo da história: em um mês,
lama Gangchen Rinpoche estava no Brasil. -
4:46 - 4:49Bom, aí nós fomos pra Ilhabela.
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4:50 - 4:51Nunca mais aconteceu isso,
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4:51 - 4:55de trazer um lama tibetano pro Brasil
e não saber o que fazer com ele. -
4:55 - 5:00Isso nunca mais aconteceu.
Mas essa vez foi fato. -
5:00 - 5:03E o lama Gangchen Rinpoche,
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5:03 - 5:07eu soube que ele queria falar comigo,
fui até o quarto onde ele estava, -
5:07 - 5:09ele estava de costas,
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5:09 - 5:12e começou a arrumar umas coisinhas,
fingindo que estava arrumando, -
5:12 - 5:14e disse pra mim assim:
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5:14 - 5:16"Você é a pessoa que vai abrir
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5:16 - 5:19meu primeiro centro
de Dharma no Ocidente". -
5:19 - 5:23Eu falei: "Ok". Ele falou: "Ok".
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5:23 - 5:24(Risos)
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5:24 - 5:27E no segundo ok eu entendi
que tinha acabado a conversa -
5:27 - 5:28e que era melhor eu cair fora.
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5:28 - 5:29(Risos)
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5:29 - 5:32Bom, ainda, de novo, sem entender muito,
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5:32 - 5:36nós fomos fazer um retiro
em Campos do Jordão, -
5:36 - 5:39a primeira iniciação formal que eu tive.
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5:39 - 5:44E nós fizemos de Avalokiteshvara,
aquele que abre os olhos. -
5:44 - 5:46O buda de quatro braços.
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5:46 - 5:49E quando eu vi esse buda
com quatro braços, -
5:49 - 5:53eu pensei: "Nossa, será
que tem a ver com aquele de mil?" -
5:53 - 5:58E o lama Gangchen Rinpoche falou:
"Sim, eles são o buda da compaixão". -
5:58 - 6:02Aí eu comecei a ver
que aquilo tudo que estava lá atrás -
6:02 - 6:05tinha a ver com tudo
que estava acontecendo aqui. -
6:05 - 6:10E quando eu vi as cartas
de bons auspícios na iniciação, -
6:10 - 6:15eu entendi que sim, essas eram
as minhas flores de lótus. -
6:16 - 6:21Bom, o fato é que o centro de Dharma
foi aberto em São Paulo, -
6:21 - 6:23o Centro de Dharma da Paz;
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6:23 - 6:27na Itália, também, em Milão,
o Albagnano Healing Center. -
6:27 - 6:30E o lama Gangchen colocou essa semente.
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6:30 - 6:32O que eu fiz foi arar a terra.
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6:32 - 6:38Mas quem plantou essa semente nova
e fertilizou esse canteiro, -
6:38 - 6:40como a gente fala, o Jardim do Dharma,
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6:40 - 6:42foi o encontro do lama Michel,
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6:42 - 6:46que tinha 5 anos, quando o lama
Gangchen Rinpoche veio a primeira vez, -
6:46 - 6:49junto com o lama Gangchen Rinpoche.
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6:49 - 6:52Lama Michel viajou durante todos
esses anos, quando criança, -
6:52 - 6:55tivemos sempre muita conexão;
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6:55 - 7:01se tornou monge, por iniciativa própria,
quando tinha 12 anos, -
7:01 - 7:03e até hoje então nós caminhamos.
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7:03 - 7:05É com eles que eu aprendo o Dharma.
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7:05 - 7:09É com eles que eu aprendo
a ter a inspiração e a coragem -
7:09 - 7:12de viver o desconhecido.
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7:12 - 7:14Agora eu quero que vocês vejam esta foto.
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7:14 - 7:17Eu não sei se vocês percebem,
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7:17 - 7:22mas o contorno das nuvens
segue o contorno das árvores. -
7:22 - 7:25A primeira vez que eu vi
que nuvens e árvores -
7:25 - 7:28têm harmonia e sincronicidade,
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7:28 - 7:32um momento de inteireza
entre as nuvens e as árvores, -
7:32 - 7:35eu senti uma intensa alegria.
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7:35 - 7:39No budismo, nós estudamos muito
sobre a interdependência; -
7:39 - 7:44que nada existe por si só,
que tudo está interligado. -
7:44 - 7:48E quando a gente percebe isso
através de uma experiência direta, -
7:48 - 7:51porque da racionalidade
a gente pode saber isso, -
7:51 - 7:53mas a nossa mente não aceita.
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7:53 - 7:55O lama Gangchen Rinpoche fala:
"Nossa mente é dura, -
7:55 - 7:58ela não aceita, não se abre".
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7:58 - 8:00Mas quando eu comecei a perceber isso,
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8:00 - 8:05inclusive, pasmem, até prédios
combinam com nuvens, -
8:05 - 8:07agora comecem a olhar.
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8:07 - 8:12Vocês também vão ser os procuradores
de nuvens e prédios e árvores. -
8:12 - 8:14E a cada momento em que isso ocorre,
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8:14 - 8:20existe esta sensação: "Ah, estamos
interligados. Estamos todos juntos". -
8:21 - 8:27Bom, o fato é que, pra que a gente
tenha essa experiência de inteireza, -
8:27 - 8:31a gente precisa estar
num estado psicofísico necessário. -
8:31 - 8:33Ela não ocorre de qualquer maneira.
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8:33 - 8:35E por isso eu quero falar pra vocês
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8:35 - 8:39sobre a teoria polivagal
de Stephen Porges. -
8:40 - 8:43A teoria polivagal nos explica o seguinte.
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8:43 - 8:45Todos sabem que nós temos, no nosso corpo,
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8:45 - 8:49um sistema voluntário
e um sistema involuntário; -
8:49 - 8:54involuntário, autônomo,
ele ocorre por ele mesmo. -
8:54 - 8:57Então, quando você acorda de manhã,
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8:57 - 9:01e sabe que vai gravar
um TEDx em meia hora, -
9:01 - 9:05o teu corpo todo se apruma.
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9:05 - 9:07Você começa a ficar mais excitado.
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9:07 - 9:11Aí vem uma parte do corpo que fala:
"Calma, você já sabe, você ensaiou, -
9:11 - 9:13está tudo certo".
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9:13 - 9:17Aí depois você pensa outra coisa,
e assim a gente vai, durante o dia, -
9:17 - 9:20a gente vai se regulando.
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9:20 - 9:26Quando nós estamos seguros,
com uma pessoa segura, em um lugar seguro, -
9:26 - 9:30e, principalmente, a base de tudo,
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9:30 - 9:33o nosso corpo se sente seguro,
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9:33 - 9:36nós conseguimos viver
esse estado de inteireza, -
9:36 - 9:39esse estado de regulação.
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9:39 - 9:44O problema é quando nosso corpo
não se sente seguro. -
9:44 - 9:48Porque se nós estivermos em lugares
inseguros e com pessoas inseguras, -
9:48 - 9:53mas o nosso corpo se sentir seguro,
nós conseguimos nos regular. -
9:53 - 9:58O fato é que nós não desenvolvemos,
muitas vezes, esse estado de inteireza -
9:58 - 10:02que representa autossustentação
e autocompaixão, -
10:02 - 10:05a capacidade de nos acolhermos.
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10:05 - 10:08Como nós não fazemos isso
e não vivemos isso, -
10:08 - 10:11e nós crescemos em estado de alerta,
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10:11 - 10:15o que acontece é que o corpo sobe
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10:15 - 10:18e esse sistema de acalmar
não consegue [ocorrer]. -
10:18 - 10:20Então vamos ver
como é uma pessoa regulada, -
10:20 - 10:22como é uma pessoa que está bem.
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10:23 - 10:24Quando a gente está bem,
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10:24 - 10:28nosso corpo não está nem excitado
demais, nem relaxado demais. -
10:28 - 10:31Nós estamos tendo
capacidade de entrar e sair. -
10:31 - 10:34Aliás, quando eu falo
em estado de inteireza, -
10:34 - 10:37não estou [falando]
de um grande bem-estar. -
10:37 - 10:40"Estou feliz, cheguei lá."
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10:40 - 10:44Estou falando da capacidade
de a gente poder transitar -
10:44 - 10:48de um estado de instabilidade
e voltar pra estabilidade. -
10:48 - 10:51Ou seja, não tem um jeito
que a gente tenha que ser, -
10:51 - 10:55mas a capacidade
de passar de novo pra calma -
10:55 - 10:57depois de um estado de excitação.
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10:57 - 11:01Bom, quando eu estou assim,
meu corpo, como tem um tônus bom, -
11:01 - 11:08meu pescoço consegue se mover
e olhar pra todos os lados. -
11:08 - 11:10O que acontece com o corpo,
acontece com a mente. -
11:10 - 11:12Se eu consigo olhar pra todos os lados,
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11:12 - 11:16minha mente tem disponibilidade,
abertura e flexibilidade -
11:16 - 11:19pra fazer zoom em um aspecto,
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11:19 - 11:24pensar em algo, e voltar e resgatar
a visão panorâmica desse assunto. -
11:24 - 11:27E é isso que nos dá
a capacidade de transitar -
11:27 - 11:30nos mais variados estados emocionais.
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11:30 - 11:34Quando eu tenho este músculo bom,
eu consigo ouvir; -
11:34 - 11:37ouvir à distância,
ouvir perto, ouvir longe. -
11:37 - 11:40Eu consigo sorrir e, se eu sorrir,
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11:40 - 11:42estou sorrindo junto com os olhos
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11:42 - 11:46porque este músculo coordena
todos os músculos da face. -
11:46 - 11:49A minha voz é melódica,
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11:49 - 11:53o que convida o outro
a interagir e conversar comigo; -
11:53 - 11:59o que faz com que eu desperte
no sistema autônomo, involuntário do outro -
12:00 - 12:03abertura e disponibilidade pra me sentir
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12:03 - 12:06e se deixar ser tocado pelo meu olhar.
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12:06 - 12:10Com isso, nós criamos
um estado de interação -
12:10 - 12:12que se chama engajamento social.
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12:12 - 12:17Esse é o estado de empatia básico
pra que a gente possa se relacionar. -
12:17 - 12:19Agora, se eu estou naquele momento,
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12:19 - 12:22em que comecei de novo
a ficar mais elétrica -
12:22 - 12:25e o negócio está chegando,
e eu estou preocupada, -
12:25 - 12:29e meu sistema não consegue se regular,
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12:29 - 12:32meu músculo vai ficar enrijecido.
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12:32 - 12:37Se esse ponto, esse gatilho
que desencadeou essa insegurança -
12:37 - 12:41for de uma ameaça real,
o que vai acontecer? -
12:41 - 12:45O meu corpo inteiro vai precisar focar
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12:45 - 12:47ou a saída, que é por onde eu vou fugir,
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12:47 - 12:49a porta ali,
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12:49 - 12:53ou quem eu vou atacar,
quem estiver me ameaçando. -
12:53 - 12:56Então meu sorriso não vai mais
ser um sorriso de empatia, -
12:56 - 12:58é aquele sorriso amarelo.
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12:58 - 13:03O sorriso amarelo quer
provocar, no outro, medo. -
13:03 - 13:07Eu quero [mostrar] pro outro
que eu sou forte. -
13:07 - 13:10Eu não vou mais poder ficar ouvindo
o que todo mundo fala, -
13:10 - 13:13porque eu tenho que me concentrar
só nos sons de defesa. -
13:13 - 13:19Eu não vou mais poder ter uma voz
assim melódica, agradável, -
13:19 - 13:24eu vou ter uma voz firme e forte,
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13:24 - 13:26pra não fazer uma voz de taquara rachada,
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13:26 - 13:29que é o que acontece nos momentos
de discussão de relacionamento. -
13:29 - 13:32Por isso não adianta
falar de relacionamentos, -
13:32 - 13:34enquanto não estivermos regulados,
-
13:34 - 13:38porque a gente não tem empatia,
e não provoca empatia no outro. -
13:38 - 13:41Então é impossível,
não existe esse estado. -
13:41 - 13:45Bom, eu continuo nesse estado,
e a situação começa a ficar pior. -
13:45 - 13:47E eu não sei se agora
eu posso atacar ou fugir, -
13:47 - 13:50eu começo a ficar sem defesa.
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13:51 - 13:52O que vai acontecer?
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13:52 - 13:55Os nossos músculos vão entrar em colapso.
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13:55 - 13:59Eles se soltam, a gente perde o tônus.
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13:59 - 14:03E quando eu perco o tônus
da minha musculatura interna, -
14:03 - 14:04o que vai acontecer?
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14:04 - 14:06Eu não ouço mais.
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14:06 - 14:08Sabe quando as pessoas
estão dizendo as coisas -
14:08 - 14:10e a gente não está mais nem escutando?
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14:10 - 14:13Eu não consigo mais olhar, focar,
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14:13 - 14:15as pessoas olham e não olham.
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14:15 - 14:19É o que a gente chama
de presença ausente, -
14:20 - 14:25de incapacidade, de imobilidade por medo.
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14:25 - 14:30Esse estado de imobilidade,
se for sem medo, -
14:30 - 14:32é o estado da meditação.
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14:32 - 14:36Mas agora a gente está
falando de como se regular. -
14:36 - 14:41Então, nesse estado de imobilidade
com medo, eu não tenho mais fala, -
14:41 - 14:43eu não consigo mais falar.
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14:43 - 14:49Pegando de leve, um exemplo
que todo mundo que viaja conhece -
14:49 - 14:50é o "jet lag",
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14:50 - 14:52quando você volta e não consegue voltar.
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14:52 - 14:54Você está fora de "sync",
como a gente fala, -
14:54 - 14:57quando você não está em sintonia.
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14:57 - 15:01Bom, vocês se lembram do que fez
vocês entrarem nesse estado? -
15:01 - 15:03Foi algo muito intenso,
-
15:03 - 15:05uma experiência muito forte.
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15:05 - 15:11O trauma é uma experiência cedo demais,
rápida demais ou intensa demais. -
15:11 - 15:17Quando isso ocorre, o corpo, quando entrou
no congelamento, guardou essa experiência. -
15:18 - 15:21Quando se encontra, se é que se encontra,
-
15:21 - 15:23uma pessoa segura, um lugar seguro,
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15:23 - 15:26e o organismo entende que é seguro,
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15:26 - 15:29aquele estado,
que foi congelado, vai voltar. -
15:29 - 15:33E quando ele volta,
nós vamos ter uma descarga, -
15:33 - 15:40nós vamos ter que terminar,
concluir, os gestos, as sensações -
15:40 - 15:42que ocorreram naquele momento.
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15:42 - 15:45Só que nós estamos falando
de um estado involuntário. -
15:45 - 15:48A gente muitas vezes
não se lembra, esse é o pânico. -
15:48 - 15:51E a gente precisa completar isso.
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15:52 - 15:54A experiência somática de Peter Levine,
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15:54 - 15:57o método com o qual eu trabalho,
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15:57 - 16:02nos ensina como fazer essa descarga.
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16:02 - 16:05Agora, vamos entender,
de maneira rápida, o que é uma descarga. -
16:05 - 16:08Você leva um cachorrinho
pra passear, e ele não quer. -
16:08 - 16:10Você leva e ele não quer.
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16:10 - 16:13Tem uma hora em que você
insiste pra ele ir, -
16:13 - 16:16ele vai, durinho, e de repente ele treme
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16:16 - 16:19e depois ele segue normal.
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16:19 - 16:21Isso é o que faltou acontecer com a gente.
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16:21 - 16:25Como que nós "trememos",
além de tremer fisicamente, -
16:25 - 16:28como que nós fazemos essa descarga?
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16:28 - 16:29Vamos lá:
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16:29 - 16:30peidando,
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16:33 - 16:34rindo muito,
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16:36 - 16:37dormindo muito,
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16:39 - 16:40espirrando,
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16:40 - 16:42bocejando,
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16:42 - 16:43arrotando.
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16:43 - 16:47Então imaginem um jantar
de uma relação entre duas pessoas -
16:47 - 16:50que precisam descarregar
pra conseguir se inteirar... -
16:50 - 16:51(Risos)
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16:51 - 16:56Bom, o fato é que, enquanto
nós não descarregarmos... -
16:56 - 16:59e todos os animais descarregam,
só o ser humano que não, -
16:59 - 17:02por todos os bloqueios culturais.
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17:02 - 17:07Agora, pra concluir, eu gostaria
de convidar vocês a fecharem os olhos, -
17:07 - 17:11sentarem numa posição,
e nós vamos fazer um simples exercício -
17:11 - 17:15que é capaz de a gente conseguir
entender essa sensação de inteireza. -
17:16 - 17:19Eu gostaria que vocês
pensassem numa pergunta, -
17:19 - 17:23algo que está realmente
tocando vocês neste momento. -
17:24 - 17:29Fechem os olhos e levem toda
a atenção ao topo da cabeça. -
17:30 - 17:33E agora façam essa pergunta.
-
17:33 - 17:36E vejam que resposta vem.
-
17:39 - 17:42Levem toda a atenção ao coração,
-
17:42 - 17:44façam a mesma pergunta,
-
17:44 - 17:46e vejam que resposta vem.
-
17:48 - 17:53Levem toda a atenção,
agora com todo o seu ser, -
17:54 - 17:57e vejam que resposta vem.
-
17:59 - 18:03Eu trabalho há muitos e muitos anos
com pacientes terminais, -
18:04 - 18:08e, quando eu estive com um rapaz
de 32 anos, que perguntou pra mim: -
18:08 - 18:10"O que falta eu ainda aprender?",
-
18:10 - 18:14e ele estava, na realidade
a uma semana de falecer, -
18:14 - 18:17eu falei: "Vamos fazer esse exercício".
-
18:17 - 18:22E ele disse que a resposta
que veio no topo da cabeça foi: -
18:22 - 18:24"Não existem mais perguntas".
-
18:24 - 18:28No coração: "Não existem mais respostas,
-
18:28 - 18:29porque só há amor".
-
18:29 - 18:33E no corpo inteiro, nada.
-
18:33 - 18:36Então nós rimos e nós pensamos.
-
18:37 - 18:39Eu disse pra ele:
-
18:39 - 18:41"Quando nós não temos
nada mais a aprender, -
18:41 - 18:44nós temos muito a compartilhar".
-
18:44 - 18:47E é por isso que eu agradeço
a vocês, neste momento, -
18:47 - 18:50por ter compartilhado tudo
o que eu aprendi até agora. -
18:50 - 18:52Muito obrigada.
-
18:52 - 18:53(Aplausos)
- Title:
- Sensação de inteireza | Bel César | TEDxLaçador
- Description:
-
Bel Cesar é psicóloga clínica e psicoterapeuta sob a perspectiva do budismo tibetano. Em 1987, organizou a primeira vinda do lama Gangchen Rinpoche ao Brasil. Presidiu o Centro de Dharma da Paz por 16 anos.
Bel fala sobre a experiência da inteireza e de como precisamos viver em estado de regulação, mostrando que não é o jeito, mas a capacidade de passar de um momento para o outro que promove a sensação da inteireza.Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:59
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Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for Sensação de inteireza | Bel César | TEDxLaçador | ||
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