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  • 0:02 - 0:07
    Parte 4:
    Perguntas
    &
    Expressar e Receber Gratidão
  • 0:08 - 0:12
    Esta manhã você fez uma referência
    ao "lamento de girafa",
  • 0:12 - 0:15
    e [mencionou] que há uma forma
    diferente de pedir desculpas a alguém,
  • 0:15 - 0:18
    e gostaria de saber
    como se faz isso.
  • 0:18 - 0:21
    - Está bem, vamos ver primeiramente o que
    quero dizer com "lamento de girafa".
  • 0:21 - 0:24
    Pense em algo que você tenha feito,
  • 0:24 - 0:27
    que desejava não ter feito.
  • 0:27 - 0:29
    [Risos]
  • 0:30 - 0:35
    E identifique... Tente lembrar-se
    de como falou consigo própria,
  • 0:35 - 0:39
    quando o disse, ou fez,
    o que quer que tenha feito.
  • 0:39 - 0:45
    Então, o que é que você fez, que desejou
    não ter feito, depois de o ter feito?
  • 0:46 - 0:51
    E dê-me um exemplo do que disse
    para si mesma quando o fez.
  • 0:52 - 0:56
    Tem algum em mente?
  • 1:00 - 1:01
    - Ok.
  • 1:03 - 1:07
    [Uma vez] estava a sentir-me
    defensiva e critiquei alguém.
  • 1:07 - 1:10
    - Então, o que fez foi:
  • 1:10 - 1:15
    você disse algumas coisas a outra pessoa
    que desejou não ter dito.
  • 1:15 - 1:19
    - Certo. Ok, e o que é que disse
    a si mesma quando fez isso?
  • 1:20 - 1:23
    - Normalmente, no momento,
    sinto-me defensiva comigo mesma.
  • 1:23 - 1:28
    - Não, quero saber concretamente... para
    este exercício, preciso de saber concretamente
  • 1:28 - 1:32
    o que diz a si mesma quando
    se comporta de uma forma que não gosta.
  • 1:33 - 1:37
    - Isto é muito importante para responder
    à sua pergunta sobre o "lamento de girafa".
  • 1:37 - 1:44
    - É muito importante para identificar o que
    o seu educador interno lhe está a dizer.
  • 1:44 - 1:47
    Está a ver? Todos nós
    temos um educador interno,
  • 1:48 - 1:53
    cuja função é educar-nos
    quando somos menos que perfeitos.
  • 1:54 - 1:58
    Agora, a maioria de nós cometeu o erro
    de enviar o nosso educador interno
  • 1:59 - 2:03
    para uma academia chacal cruel
    de educadores internos.
  • 2:05 - 2:08
    e por isso, é importante estar-se consciente
  • 2:08 - 2:11
    de como o nosso educador interno fala connosco.
  • 2:11 - 2:12
    É por isso que lhe estou a perguntar.
  • 2:13 - 2:17
    Quando você disse o que disse ao seu marido,
    o que é que o seu educador interno...
  • 2:17 - 2:20
    Como é que o seu educador
    interno tentou educá-la?
  • 2:20 - 2:23
    O que é que lhe disse em relação
    ao que tinha feito?
  • 2:23 - 2:26
    - No momento ou depois?
    - Qualquer um deles.
  • 2:26 - 2:31
    - Bem, o ponto em que comecei a sentir
    remorso ou arrependimento foi depois.
  • 2:32 - 2:35
    - Em qualquer ponto, o que disse a si
    mesma em relação àquilo que tinha feito?
  • 2:35 - 2:38
    - Ok. Disse que era uma pessoa má...
  • 2:38 - 2:41
    - Agora, isso é suficiente.
    Está a ver?
  • 2:41 - 2:47
    O seu educador interno tenta
    educá-la através da penitência.
  • 2:48 - 2:52
    Através de fazê-la odiar-se
    a si mesma pelo que fez.
  • 2:52 - 2:56
    Usa uma linguagem que implica que
    existem coisas como uma pessoa má.
  • 2:57 - 3:03
    Tudo bem. Agora, se você pedir desculpas
    a partir dessa energia, isso é chacal.
  • 3:03 - 3:08
    Qualquer pedido de desculpas que venha do
    pensamento de que você fez algo de errado
  • 3:08 - 3:12
    não fará bem a si nem à outra pessoa.
  • 3:13 - 3:14
    Está a seguir o meu raciocínio até agora?
  • 3:14 - 3:18
    - Bem, eu sei que me faz sentir mal.
    - Sim, não sabe bem.
  • 3:18 - 3:21
    E quero mesmo que você se
    sinta mal nesta situação,
  • 3:21 - 3:24
    mas quero que sinta um mal doce.
  • 3:25 - 3:29
    Um mal doce que vai ajudá-la a aprender
    com isto sem que se odeie a si mesma.
  • 3:30 - 3:34
    Quando você tem pensamentos de que é
    uma pessoa má, isso é um sentir-se mal feio.
  • 3:34 - 3:36
    É um sentir-se mal punitivo.
  • 3:36 - 3:40
    Que vai, primeiramente, fazer
    com que se torne difícil aprender.
  • 3:40 - 3:42
    E mesmo que aprenda,
    vai ser às custas do próprio ódio,
  • 3:43 - 3:46
    então qualquer mudança que
    fizer terá um custo elevado.
  • 3:46 - 3:49
    Então, esse é o seu educador interno.
  • 3:49 - 3:53
    Esse foi o seu educador interno a falar consigo
    quando você disse que é uma pessoa má.
  • 3:54 - 3:57
    Agora, estivemos a aprender hoje
  • 3:57 - 4:00
    que todos os julgamentos são
    expressões de necessidades, certo?
  • 4:00 - 4:03
    Então, o seu educador interno
    tem boas intenções.
  • 4:03 - 4:07
    Ele realmente tem boas intenções.
    Ele quer que você aprenda com isto
  • 4:07 - 4:09
    de um modo que vai servir a vida.
  • 4:10 - 4:15
    Ele tem boas intenções, é só a sua
    linguagem que não presta. Ok?
  • 4:15 - 4:19
    Então, nós não queremos ouvir o que
    o nosso educador interno pensa de nós.
  • 4:19 - 4:22
    Queremos ouvir a necessidade que
    não está a ser atendida,
  • 4:22 - 4:25
    e que está a tentar chamar a nossa atenção.
  • 4:25 - 4:29
    Então, qual é a necessidade que o seu educador
    interno está a tentar chamar à sua atenção
  • 4:29 - 4:33
    e que você não atendeu do
    modo como se comportou?
  • 4:38 - 4:41
    - Aaah... uma necessidade de...
  • 4:44 - 4:46
    ... estar num relacionamento
    com a outra pessoa?
  • 4:47 - 4:49
    - Uma necessidade...
    em que tipo de relacionamento?
  • 4:49 - 4:52
    De entendimento mútuo, respeito?
    - Certo.
  • 4:52 - 4:58
    - Então, não satisfez a sua necessidade
    de respeitar e entender a outra pessoa.
  • 4:58 - 5:03
    - Isso. - E como se sente quando
    essa necessidade não está satisfeita?
  • 5:07 - 5:11
    - Culpada. - Então você ainda está com a
    imagem da "pessoa má" na cabeça.
  • 5:11 - 5:15
    Se ainda pensa que é má... se ainda
    houver qualquer pensamento a acontecer,
  • 5:15 - 5:17
    essa culpa vem do julgamento.
  • 5:18 - 5:20
    - Bem, sinto-me separada e isolada.
  • 5:20 - 5:25
    Mas como se sente? Que emoção sente
    por não atender às suas próprias necessidades
  • 5:25 - 5:27
    de entendimento e respeito?
  • 5:27 - 5:31
    Veja, a culpa vem dessa
    imagem de uma pessoa má.
  • 5:31 - 5:34
    Que sentimento vem de não
    atender à sua necessidade
  • 5:34 - 5:38
    de responder a esta pessoa
    com respeito e entendimento?
  • 5:39 - 5:40
    - Tristeza.
  • 5:40 - 5:42
    - Isso é uma dor doce.
  • 5:43 - 5:46
    É isso o lamento de girafa.
  • 5:46 - 5:48
    Então, se você disser à outra pessoa
  • 5:48 - 5:51
    "Sabes, pelo modo como falo contigo,
    sinto-me muito triste."
  • 5:51 - 5:55
    "Não satisfaz a minha necessidade
    de te respeitar e de te entender."
  • 6:00 - 6:03
    Consegue ver? Aqui não há nenhuma
    imagem de que sou uma pessoa má.
  • 6:03 - 6:05
    Estou triste.
  • 6:05 - 6:10
    Não correspondi à minha própria
    necessidade de te respeitar e te entender.
  • 6:10 - 6:14
    Confirme com a outra pessoa
    o que ela preferiria ouvir.
  • 6:15 - 6:17
    Se ela preferiria ouvir
    um lamento de girafa,
  • 6:17 - 6:21
    ou o pedido de desculpas
    de que você é uma pessoa má.
  • 6:23 - 6:25
    Sim.
  • 6:25 - 6:29
    - Estou a ter um pouco de
    dificuldade ao tentar encontrar-me
  • 6:30 - 6:32
    neste modelo.
  • 6:32 - 6:36
    Parece que tudo está... mesmo que
    estejamos a falar a um nível de sentimentos,
  • 6:36 - 6:40
    tudo parece como se... estou a
    interpretá-lo assim, pelo menos, tipo num...
  • 6:40 - 6:43
    ...nível mental em oposição
    a um nível emocional,
  • 6:43 - 6:46
    e acho que vou muito
    pela minha intuição,
  • 6:46 - 6:50
    e estou a tentar
    chegar lá de alguma forma.
  • 6:50 - 6:52
    E então, preciso de ajuda com isso.
  • 6:53 - 6:55
    Basicamente, diga-me como
  • 6:55 - 7:01
    poderia ser capaz de usar esta
    técnica na minha vida diária,
  • 7:03 - 7:07
    para fazê-la... não. Bem, para
    que seja natural, sabe?
  • 7:07 - 7:09
    Não é natural para mim
    operar desta forma.
  • 7:09 - 7:12
    - A primeira coisa que lhe recomendaria
  • 7:12 - 7:15
    seria mudar a palavra
    "natural" para "habitual".
  • 7:15 - 7:19
    - Fazer o quê?
    - Mudar a palavra "natural" para "habitual".
  • 7:19 - 7:21
    Penso que este processo é natural,
  • 7:21 - 7:24
    mais natural do que o modo
    como você foi treinado a pensar.
  • 7:24 - 7:29
    Então, Gandhi disse: "É muito perigoso
    misturar as palavras 'natural' e 'habitual'".
  • 7:30 - 7:33
    Ele disse: "Fomos treinados
    para sermos bastante habituais
  • 7:33 - 7:36
    em comunicarmos de maneiras
    que são bastante artificiais".
  • 7:37 - 7:41
    Então, não consigo imaginar uma
    forma mais natural de se comunicar
  • 7:41 - 7:44
    do que falar sobre o que está vivo em nós.
  • 7:44 - 7:46
    É simplesmente o que estamos
    a sentir e a necessitar.
  • 7:46 - 7:50
    - Quando lhe apetece dizer...
    Se me apetecer dizer "não",
  • 7:50 - 7:54
    dizer "não" parece-me bem a mim,
    mas o que você estava a dizer antes...
  • 7:54 - 7:58
    - O que quer dizer com "bem"
    em "Está bem em dizer-se 'não'"?
  • 7:58 - 8:01
    - O que quer dizer com "o que eu quero dizer"?
    [Risos] Podemos ir para frente e para trás.
  • 8:02 - 8:03
    - Perdão?
  • 8:03 - 8:05
    - Podemos andar para frente e para trás perguntando um ao outro...
  • 8:05 - 8:08
    - Sim, então deixe-me ser mais específico.
  • 8:08 - 8:11
    Quando você diz "não",
  • 8:11 - 8:15
    prevejo que ao dizer "não",
  • 8:15 - 8:19
    mais frequentemente do que você gostaria,
    a outra pessoa vai reagir a si
  • 8:19 - 8:23
    de uma maneira que não vai ser
    do seu melhor interesse.
  • 8:24 - 8:29
    Mas se você falar da necessidade por trás
    do "não", isso será menos provável de acontecer.
  • 8:29 - 8:32
    - Logo, então, se compreendendo
    o que está a dizer, você está a tentar...
  • 8:33 - 8:36
    A ideia é eu comunicar de um modo em que
  • 8:36 - 8:41
    a outra pessoa comunicaria de volta de um
    modo que seria do meu melhor interesse?
  • 8:41 - 8:45
    - Estou a dizer que o propósito deste processo
    é satisfazer as necessidades de todos,
  • 8:45 - 8:49
    e que as necessidades são satisfeitas
    pelas pessoas ao darem de boa vontade,
  • 8:49 - 8:52
    e não a partir de uma
    motivação coerciva.
  • 8:52 - 8:54
    E também digo que
    quando você diz "não",
  • 8:55 - 8:59
    isso atrapalha a probabilidade de que as
    necessidades de todos sejam satisfeitas.
  • 9:02 - 9:06
    Se você disser a necessidade que
    o impede de dizer "sim"
  • 9:06 - 9:11
    prevejo uma maior probabilidade de que as
    necessidades de todos sejam satisfeitas
  • 9:14 - 9:16
    - Então, se estou a entender o que quer dizer
  • 9:17 - 9:21
    é simplesmente expressar as minhas
    necessidades sem dizer o "não"?
  • 9:21 - 9:27
    - Estou dizer que a necessidade é uma expressão
    mais clara daquilo que quer dizer do que "não".
  • 9:28 - 9:32
    Torna-se mais claro e mais ligado à vida quando diz a necessidade que o faz evitar dizer "sim",
  • 9:33 - 9:35
    em vez de apenas dizer "não".
  • 9:35 - 9:38
    E é menos provável que seja
    interpretado como uma rejeição,
  • 9:39 - 9:41
    como se estivesse na defensiva...
  • 9:42 - 9:44
    Ao dizer apenas o "não" por si só,
  • 9:44 - 9:49
    prevejo que seja mais provável obter
    interpretações que não são do seu melhor interesse.
  • 9:49 - 9:51
    - Às vezes quando não escuto um "não"
  • 9:52 - 9:55
    vejo isso como sendo tipo uma
    resposta passivo-agressiva
  • 9:55 - 9:59
    a algo que eu possa querer.
  • 10:00 - 10:04
    Alguém... por exemplo, digamos que
    marco um encontro com alguém
  • 10:04 - 10:07
    e em vez de dizerem "não",
    simplesmente não aparecem.
  • 10:07 - 10:09
    E depois dão-me uma razão
    do porquê de não aparecerem.
  • 10:09 - 10:13
    - Sim. Não estou a sugerir isso.
    Não estou a sugerir essa resposta.
  • 10:13 - 10:16
    Estou a sugerir que teria
    gostado que essa pessoa
  • 10:16 - 10:20
    lhe tivesse dito, honestamente, naquele
    momento, qual era a sua necessidade.
  • 10:20 - 10:24
    Acho que se eles tivessem feito isso,
    você não teria acabado nessa situação.
  • 10:26 - 10:28
    Disseram um "sim" que não era assim.
  • 10:28 - 10:32
    - Alguma pessoas não dirão "Tenho receio".
    - Desculpe?
  • 10:32 - 10:34
    - Digamos que a razão
    é que eles têm medo de o dizer.
  • 10:35 - 10:38
    - Isso vai depender bastante do que
    lhes aconteceu no passado,
  • 10:38 - 10:42
    quando disseram "não", qualquer que
    tenha sido o modo como o disseram.
  • 10:43 - 10:49
    Se eles não tiveram respostas
    muito empáticas no passado,
  • 10:49 - 10:53
    então é provável que tenham medo de
    serem honestos quanto a isso no presente.
  • 10:53 - 10:56
    - Vejo o valor em tudo isto.
    Vejo mesmo.
  • 10:56 - 10:59
    Acho que é a ideia de ser algo
    do tipo sentimental, intuitivo.
  • 10:59 - 11:01
    à qual que não estou muito acostumado.
  • 11:02 - 11:06
    - O que está a tentar descobrir, se estou
    a entender, é como realmente colocar isso num
  • 11:06 - 11:09
    idioma que você possa usar diariamente
    e sentir-se confortável com ele.
  • 11:09 - 11:12
    - É uma forma de o colocar, sim.
  • 11:12 - 11:13
    - Pois bem, nos nossos treinos,
  • 11:13 - 11:17
    primeiro mostramos às pessoas
    como desenvolver essa literacia
  • 11:18 - 11:23
    e, em seguida, como o traduzir
    para a sua maneira usual de falar.
  • 11:24 - 11:26
    Tive um estudante que viajava comigo,
  • 11:26 - 11:31
    e ele queria dar-me gratidão. Ok?
  • 11:31 - 11:35
    E ele gostou de algo que fiz. Eu estava
    a trabalhar no duro com o grupo.
  • 11:35 - 11:39
    E durante o intervalo, ele disse "ditador!".
  • 11:40 - 11:42
    Aquilo foi "girafa"
  • 11:43 - 11:47
    porque ele sabia que eu sabia
    ao que é que ele estava a reagir.
  • 11:47 - 11:49
    Sabia que eu não ouviria um julgamento.
  • 11:49 - 11:53
    Sabia que eu adivinharia ali
    o que ele sentia e necessitava.
  • 11:53 - 11:56
    Então, ele podia dizer-me isso: "ditador!"
  • 11:56 - 12:01
    Depois de sabermos realmente identificar com clareza
    os nossos sentimentos, necessidades, pedidos,
  • 12:01 - 12:03
    então podemos começar a
    colocá-los numa linguagem
  • 12:04 - 12:07
    que possa conectar-nos com
    as pessoas com quem falamos.
  • 12:07 - 12:10
    Mas neste momento do dia,
    depois de um dia,
  • 12:10 - 12:13
    ainda estou a trabalhar com vocês
    para ter certeza que entenderam
  • 12:13 - 12:16
    o que é um sentimento e uma necessidade,
    pois se não o entenderem verdadeiramente,
  • 12:17 - 12:20
    será muito difícil saber como
    colocá-los no vosso próprio idioma.
  • 12:20 - 12:22
    - Acho que sou um chacal
    novaiorquino em recuperação.
  • 12:23 - 12:25
    [risadas]
  • 12:26 - 12:29
    Tenho a impressão que
  • 12:29 - 12:33
    pedir desculpa não é verdadeiramente
  • 12:33 - 12:36
    o melhor modo de se ser girafa.
  • 12:36 - 12:38
    Gostaria de saber se
    você poderia modelar...
  • 12:38 - 12:41
    Gostaria que você modelasse para mim
  • 12:41 - 12:46
    um reconhecimento de
    ficar em falta, pecar corajosamente...
  • 12:47 - 12:49
    - Se você se lembra, anteriormente
  • 12:49 - 12:53
    mostrei um exemplo onde
    exemplifiquei uma pessoa a dizer
  • 12:53 - 12:59
    "Sinto-me triste. Gostaria de ter respondido
    com mais compreensão do que o fiz".
  • 12:59 - 13:02
    - Então você não está a usar a palavra
    "desculpa". Está a dizer "estou triste".
  • 13:02 - 13:04
    Não é tanto a palavra "desculpa".
  • 13:04 - 13:09
    O que mudámos foi o pensamento de que
    fiz alguma coisa errada, de que foi mau.
  • 13:09 - 13:15
    É esse "pensamento" que é o problema,
    e o "desculpa" advém desse pensamento.
  • 13:15 - 13:19
    Então, não é apenas que eu não digo "desculpa";
    digo "estou triste", se estou triste.
  • 13:19 - 13:22
    A palavra "desculpa"
    não significa quase nada.
  • 13:22 - 13:25
    As pessoas podem dizer isso
    e não sentir nada.
  • 13:25 - 13:29
    Diz-se isso para comprar perdão.
  • 13:29 - 13:32
    Se estiver a sentir-me triste, digo isso:
  • 13:32 - 13:36
    "Estou triste. Gostaria de... ter estado mais
    consciente das tuas necessidades", por exemplo,
  • 13:37 - 13:39
    quando não levei as necessidades
    da pessoa em consideração.
  • 13:39 - 13:43
    Mas não vou dizer
    "Desculpa, não fui muito atencioso".
  • 13:43 - 13:47
    Não existe auto-culpa.
    Não fiz nada de errado.
  • 13:47 - 13:50
    Não existe tal coisa de se
    fazer alguma coisa de errado.
  • 13:51 - 13:55
    O que fiz não estava em harmonia com as
    minhas necessidades. Quero lamentar isso.
  • 13:56 - 14:00
    "Estou triste. Gostaria de ter estado mais consciente das tuas necessidades". - Algo do género.
  • 14:00 - 14:03
    Isto deu-lhe um bom exemplo?
    - Sem dúvida. Obrigado.
  • 14:04 - 14:08
    - Tenho uma pergunta.
    Aqui, à sua esquerda.
  • 14:10 - 14:13
    Tenho uma situação
    com a minha parceira íntima
  • 14:13 - 14:17
    em que muitas vezes quando nos
    encontramos, discutimos muito
  • 14:18 - 14:20
    e tenho esta necessidade...
  • 14:22 - 14:26
    que você disse antes que era inapropriada:
    quero que ela seja feliz.
  • 14:27 - 14:30
    - Eu não disse que era inapropriada.
    Disse que não era exequível.
  • 14:30 - 14:33
    - Ok, está bem. É o que ela
    passa a vida a dizer-me.
  • 14:33 - 14:35
    [Risos]
  • 14:37 - 14:42
    - Se vais dizer-me para ser feliz,
    diz-me a ação para chegar lá.
  • 14:42 - 14:48
    Isso eu posso fazer. Se me disseres uma ação que
    prevês que se eu a realizar serei feliz no final,
  • 14:48 - 14:52
    isso ajudaria bastante. Diz-me a ação.
    Não me digas apenas para ser feliz.
  • 14:52 - 14:54
    Não me digas para ter
    confiança em mim mesmo.
  • 14:54 - 14:58
    Diz-me o que gostarias que eu
    fizesse para sentir essa confiança.
  • 14:58 - 15:01
    A acção vai-me levar lá,
    mas dizer-me apenas o que sentir
  • 15:01 - 15:05
    coloca-me num círculo paradoxal.
  • 15:05 - 15:07
    - Ok.
  • 15:07 - 15:10
    Uma outra coisa seria que...
  • 15:10 - 15:15
    quando estamos juntos,
    não tenho necessariamente vontade
  • 15:16 - 15:21
    de ir a algum lado com ela, se ela não está num
    bom humor na hora ou se existe alguma tensão...
  • 15:22 - 15:26
    - Então empatiza com o porquê de eu não
    estar de bom humor e acabarei por ficar.
  • 15:27 - 15:31
    Mas dizer-me que tenho que estar de bom
    humor para que queiras sair comigo
  • 15:31 - 15:35
    coloca-me num humor ainda pior.
    [risos}
  • 15:36 - 15:39
    - Ok.
  • 15:42 - 15:46
    - Estou a pensar se há momentos em que...
  • 15:46 - 15:49
    Estou aqui.
  • 15:49 - 15:54
    Estou a sentir alguma ansiedade quanto a uma
    viagem na qual vou visitar a minha mãe em breve
  • 15:54 - 15:58
    e temos uma dinâmica em que
    ela quer mesmo muito ajudar-me
  • 15:58 - 16:02
    a perceber todos os detalhes do que
    estou a fazer durante a minha visita,
  • 16:02 - 16:05
    e gostaria de poder ficar em paz.
    - Deixe-me mostrar-lhe como fazer isso.
  • 16:06 - 16:09
    - E tenho medo que se eu
    falar assim para ela,
  • 16:09 - 16:12
    tornará as coisas muito piores.
    - Ok. Vamos ensinar-lhe como...
  • 16:12 - 16:15
    se piorar, vamos mostrar-lhe
    como desfrutar mesmo assim.
  • 16:17 - 16:20
    Mas primeiro, deixe-me mostrar-lhe,
    a primeira coisa a fazer
  • 16:20 - 16:25
    se quisermos que uma pessoa considere outro comportamento diferente daquele que estão a ter,
  • 16:25 - 16:28
    comece a comunicação mostrando-lhe que
  • 16:28 - 16:32
    o que ela está a fazer é a coisa mais
    preciosa que ela poderia estar a fazer.
  • 16:33 - 16:35
    Desta forma: empatia.
  • 16:35 - 16:40
    Comece por empatizar com a intenção
    da sua mãe em se comportar como ela faz.
  • 16:40 - 16:46
    - Mãe, imagino que quando intervéns e queres
    mostrar-me todas as coisas que podem ser feitas,
  • 16:46 - 16:49
    importas-te mesmo muito com
    o meu divertimento nesta viagem
  • 16:50 - 16:54
    e queres ter certeza que me dás apoio nisso.
    - Ah, sim, sim, bla, bla...
  • 16:54 - 16:57
    - Sim, então, é mesmo muito
    importante para ti que
  • 16:57 - 17:00
    eu me divirta e tu queres
    contribuir para isso?
  • 17:01 - 17:02
    - Sim.
  • 17:03 - 17:04
    Esse é o primeiro passo.
    Está a ver?
  • 17:05 - 17:09
    É o que quero dizer com começar
    mostrando que entende.
  • 17:09 - 17:12
    Quanto mais estivermos preocupados
    com esse comportamento
  • 17:12 - 17:15
    mais importante é começar com isto.
  • 17:15 - 17:16
    É por isso que quando trabalho em prisões,
  • 17:17 - 17:20
    e esta pessoa tem abusado sexualmente
    de alguém, ou violou alguém,
  • 17:20 - 17:24
    se eu gostaria que ela encontrasse
    outra forma de se comportar,
  • 17:25 - 17:29
    a primeira coisa que tenho de fazer é assegurar-me
    que ela não se odeie por ter feito o que fez.
  • 17:29 - 17:33
    Quanto mais se odiarem pelo que fizeram,
    mais vão continuar a fazê-lo.
  • 17:34 - 17:39
    Então, começo por empatizar com
    as suas necessidades em fazê-lo.
  • 17:39 - 17:43
    Ok. Então você entendeu esse passo.
    O próximo passo...
  • 17:43 - 17:47
    aquele com o qual começámos o dia...
    Eu diria honestamente como me sinto.
  • 17:47 - 17:51
    "Mãe, sinto-me desfeita neste momento
    porque estou grata pela tua intenção.
  • 17:51 - 17:55
    Mas... Tenho mesmo necessidade de
    fazer as minhas próprias escolhas aqui,
  • 17:55 - 17:58
    porque penso que seria muito difícil para outra pessoa saber verdadeiramente aquilo que preciso
  • 17:58 - 18:01
    e necessito deste espaço
    para o descobrir eu mesma.
  • 18:02 - 18:04
    Então, poderias dizer-me
    aquilo que me ouviste dizer, mãe,
  • 18:05 - 18:07
    para que possa ver se
    me estou a fazer entender?
  • 18:10 - 18:11
    [risos]
  • 18:17 - 18:19
    Então agora sei que a mãe não me ouviu.
  • 18:19 - 18:22
    Agora sei que a mãe não
    ouviu as minhas necessidades.
  • 18:22 - 18:25
    Ela provavelmente ouviu uma rejeição.
  • 18:25 - 18:28
    Ela provavelmente ouviu
    que não é valorizada.
  • 18:28 - 18:34
    Mas é importante que eu não pense que
    a sua reacção é por causa do que eu disse.
  • 18:34 - 18:37
    Se expressar os meus
    sentimentos e necessidades,
  • 18:37 - 18:40
    seria impossível para uma pessoa
    reagir assim, se eles o ouvissem.
  • 18:40 - 18:42
    Eles teriam recebido um presente.
  • 18:43 - 18:47
    Teriam os olhos de uma criança
    a receber prendas do Pai Natal.
  • 18:47 - 18:51
    Isso não se parece com o como
    a mãe se sente neste momento.
  • 18:51 - 18:54
    - Então, mãe, poderias dizer-me
    aquilo que acabaste de me ouvir dizer?
  • 18:55 - 18:57
    - Tu não me queres.
  • 18:59 - 19:01
    - Então, ouviste aquilo
    como uma rejeição, mãe?
  • 19:01 - 19:04
    - Claro. De que outro modo
    poderia tê-lo ouvido?
  • 19:05 - 19:08
    - Bem, obrigado por me dizeres que
    o ouviste como uma rejeição, mãe.
  • 19:08 - 19:11
    Reparem que eu não disse
    "não foi isso que eu disse".
  • 19:12 - 19:14
    Estão a ver?
  • 19:14 - 19:17
    Se quisermos que as pessoas
    nos entendam de forma diferente,
  • 19:18 - 19:21
    nunca lhes digam
    "estás a interpretar-me mal".
  • 19:22 - 19:24
    Nunca digam
    "não foi isso que eu disse".
  • 19:25 - 19:28
    Digam "obrigado por me dizeres
    que foi isso o que ouviste."
  • 19:28 - 19:32
    Estou ver que não fui clara.
    Gostaria de tentar outra vez, mãe,
  • 19:33 - 19:35
    porque eu valorizo mesmo muito
    a tua oferta de ajuda,
  • 19:36 - 19:37
    mas tenho uma necessidade
  • 19:37 - 19:41
    de ter as minhas necessidades claras e
    de estruturar o meu próprio tempo.
  • 19:41 - 19:44
    Podes dizer-me o que me ouviste dizer?
  • 19:45 - 19:49
    - Então achas que não tenho
    nenhuma inteligência quanto a ajudar-te.
  • 19:49 - 19:52
    - Obrigado por me dizeres
    que é isso o que estás a ouvir, mãe.
  • 19:52 - 19:55
    Gostaria que o ouvisses de modo diferente.
  • 19:55 - 19:57
    Gostaria que apenas ouvisses
    as minhas necessidades.
  • 19:57 - 20:02
    Que tenho uma necessidade de resolver as coisas por mim mesma, e estruturar o meu próprio tempo.
  • 20:02 - 20:04
    Poderias dizer-me aquilo que ouviste?
  • 20:06 - 20:07
    - Então tu...
  • 20:07 - 20:12
    ...tens uma necessidade de esclarecer por ti própria
    aquilo que queres e de perceber as coisas.
  • 20:12 - 20:14
    - Obrigado mãe.
  • 20:14 - 20:16
    Vêem quão fácil é ter empatia
    de um chacal? Apenas
  • 20:17 - 20:20
    3 puxões de orelha e consegui. Não é?
  • 20:22 - 20:26
    Agora, existem uns chacais de
    8 puxões de orelhas, também, eu sei.
  • 20:26 - 20:30
    Mas consigo dizer pelo quão doce você é
    que a sua mãe é um chacal de 3 puxões.
  • 20:30 - 20:32
    - Obrigado.
  • 20:32 - 20:37
    [Risos]
  • 20:38 - 20:39
    - Sim...
  • 20:40 - 20:43
    - Você mencionou anteriormente, esta manhã,
    sobre apreciar o sofrimento.
  • 20:44 - 20:46
    Poderia elaborar quanto a isso?
    - Oh, sim. Isso é muito importante.
  • 20:46 - 20:49
    Obrigado por me relembrar
    com esse assunto.
  • 20:49 - 20:53
    Ok. Um amigo seu diz-lhe isto:
  • 20:55 - 20:57
    "Sou um nada.
  • 20:59 - 21:04
    Nunca vou chegar a lado nenhum.
    Olha, sou um assistente administrativo aos 45.
  • 21:04 - 21:07
    O meu irmão está
    à frente da sua empresa,
  • 21:08 - 21:10
    a minha irmã é uma advogada de topo,
  • 21:11 - 21:12
    e eu sou um nada."
  • 21:13 - 21:15
    Ok?
  • 21:15 - 21:18
    Agora, para apreciarmos esta pessoa a sofrer,
  • 21:18 - 21:22
    temos de nos libertar
    de dois tipos de responsabilidade.
  • 21:23 - 21:27
    Primeiro, que não causámos a dor.
  • 21:27 - 21:30
    E queremos libertar-nos disso,
  • 21:30 - 21:34
    especialmente quando a outra pessoa está a tentar
    fazer-nos crer que fomos nós a causar a dor.
  • 21:34 - 21:39
    Então, se esta pessoa tivesse começado "e tu
    és culpado quanto a tudo isto de eu não ser nada."
  • 21:39 - 21:41
    Especialmente quando uma pessoa diz isso,
  • 21:41 - 21:45
    não queremos de modo nenhum pensar
    que causámos a dor desta pessoa,
  • 21:45 - 21:49
    porque não se pode causar
    dor psicológica a outra pessoa.
  • 21:50 - 21:54
    Bem, neste caso a pessoa não estava
    a dizer isso, logo, é bastante fácil de
  • 21:55 - 22:00
    libertarmo-nos a nós próprios de nos sentirmos
    responsáveis, mas o segundo é que é difícil.
  • 22:01 - 22:03
    Pensar que temos de o concertar.
  • 22:04 - 22:06
    Fazer a pessoa sentir-se melhor.
  • 22:06 - 22:10
    Quanto mais pensamos que é o nosso dever
    fazer uma pessoa sentir-se melhor,
  • 22:10 - 22:13
    mais vamos piorar as coisas.
  • 22:13 - 22:16
    Porque não se pode concertar as pessoas.
  • 22:17 - 22:24
    A boa notícia é que não têm de fazê-lo. Existe uma energia curativa muito poderosa sempre disponível,
  • 22:24 - 22:28
    se não a bloquearmos.
    E como bloqueamos a energia?
  • 22:28 - 22:31
    Tentando concertar as coisas nós próprios.
  • 22:33 - 22:36
    Então, como ajudamos essa
    energia a fazer o seu trabalho?
  • 22:36 - 22:38
    Através da empatia.
  • 22:38 - 22:42
    Empatia requer presença,
    apenas estar presente.
  • 22:43 - 22:47
    Quando estamos apenas presentes, quando
    estamos a lembrar-nos do conselho do Buddha
  • 22:47 - 22:50
    "Não faças algo. Fica lá."
  • 22:52 - 22:56
    Quando fazemos isso, e essa
    energia opera através de nós,
  • 22:57 - 23:01
    existe uma conexão preciosa
    entre essa pessoa e nós.
  • 23:03 - 23:06
    E essa conexão preciosa é aquilo que
    quero dizer com apreciar a dor,
  • 23:06 - 23:08
    apreciar essa conexão preciosa.
  • 23:09 - 23:13
    E quer esteja essa pessoa
    a sentir alegria ou dor,
  • 23:13 - 23:15
    se estivermos presentes ali com eles,
  • 23:16 - 23:19
    é isso o que quero dizer.
  • 23:19 - 23:22
    Mas bloqueamos essa bela energia
  • 23:22 - 23:25
    sempre que intervimos e pensamos
    que temos de concertar as coisas.
  • 23:25 - 23:30
    Então, se dissermos "pronto, pronto, pronto. Vais
    sentir-te melhor. Vais ultrapassar isso" fazemos pior.
  • 23:30 - 23:34
    Quando começamos a
    dar conselhos, fazemos pior.
  • 23:34 - 23:37
    Então, com que é que isto se parece?
  • 23:37 - 23:41
    "Então, estás a sentir-te mesmo
    desencorajado e gostarias mesmo
  • 23:41 - 23:44
    de ter alcançado mais na tua vida neste
    momento do que aquilo que alcançaste.
  • 23:44 - 23:47
    - Sim, sim, tive todas as
    oportunidades, e olha para mim.
  • 23:47 - 23:50
    Simplesmente nunca dei utilidade a nada.
  • 23:50 - 23:54
    - Pois, então estás mesmo
    desencorajado e frustrado, e
  • 23:54 - 23:58
    gostarias mesmo de ter dado um uso
    diferente a algumas coisas que não deste.
  • 23:58 - 23:59
    - Pois."
  • 24:00 - 24:02
    Vejam, estou apenas presente.
  • 24:02 - 24:04
    Não estou a tentar concertá-lo.
  • 24:04 - 24:07
    E quando isso acontece,
    existe uma conexão muito preciosa.
  • 24:07 - 24:10
    É isso o que quero dizer com apreciar.
  • 24:10 - 24:15
    E essa conexão preciosa faz a cura.
    Não o teu conselho, não o teu seja o que for.
  • 24:15 - 24:17
    Sim...
  • 24:17 - 24:22
    - Pode clarificar a distinção entre empatizar,
  • 24:22 - 24:26
    e tipo encorajar e apoiar a telenovela de...
  • 24:26 - 24:29
    sabe, alguém que está...
  • 24:32 - 24:35
    alguém que está a sofrer,
    e por vezes ao estar-se ali,
  • 24:35 - 24:40
    é tipo um encorajar subtil, ao invés de...
  • 24:41 - 24:44
    - O encorajar subtil que
    eu penso que está a referir-se
  • 24:44 - 24:48
    acontece quando esta pessoa está
    a falar daquilo que lhe aconteceu,
  • 24:48 - 24:51
    pela quinquagésima vez
    que você ouve a história.
  • 24:51 - 24:56
    Logo, se estou realmente a ouvi-los,
    não ouço o que dizem sobre o passado,
  • 24:56 - 25:01
    porque sei que quanto mais falarem
    sobre o passado, menos cura vai acontecer.
  • 25:02 - 25:04
    Então interrompo,
  • 25:04 - 25:07
    mas interrompo para trazer
    a conversa para a vida.
  • 25:08 - 25:11
    Eles estão a falar sobre o passado, e eu
    interrompo e digo "desculpa-me, mas
  • 25:12 - 25:15
    soa-me a que, neste momento,
    ainda estás a sentir-te magoada,
  • 25:15 - 25:19
    porque a tua necessidade de
    respeito não foi satisfeita nisso.
  • 25:19 - 25:22
    Vêem? Porque apenas
    deixá-los falar sobre o passado
  • 25:22 - 25:26
    e fazer-lhes questões sobre
    o que aconteceu, sobre o passado
  • 25:26 - 25:28
    é apenas manter a novela a fluir.
  • 25:28 - 25:34
    Então interrompo quando eles falam do passado
    porque não nos curamos a falar do passado,
  • 25:35 - 25:38
    curamos ao falar daquilo que
    está vivo em nós neste momento,
  • 25:38 - 25:42
    estimulado pelo passado mas
    é aquilo que está aqui agora,
  • 25:42 - 25:46
    e quando conecto a esse nível
    eles não vão continuar a falar sobre isso.
  • 25:46 - 25:48
    Eles vão curar.
  • 25:49 - 25:52
    Última questão e depois vou abordar
  • 25:52 - 25:56
    o assunto que gostaria de
    cobrir antes de acabarmos. Sim?
  • 26:00 - 26:04
    - Você fala de ter... vamos ver...
  • 26:05 - 26:08
    se outra pessoa não pode
    causar a nossa dor emocional...
  • 26:08 - 26:11
    - Exacto.
    - ...e eu penso no
  • 26:12 - 26:17
    abuso com que cresci
    e que vejo em muitas famílias
  • 26:17 - 26:21
    e o sofrimento que
    experienciei pela vida fora,
  • 26:21 - 26:23
    na minha recuperação e tudo isso...
  • 26:23 - 26:26
    - E outras pessoas foram um
    estímulo para o seu sofrimento
  • 26:27 - 26:31
    e você era um participante
    pelo modo como lidava com isso.
  • 26:31 - 26:36
    Por exemplo, se me segui-se no meu trabalho,
    você veria isso muito claramente.
  • 26:38 - 26:42
    Em sítios como Ruanda,
    Burundi, Serra Leoa,
  • 26:42 - 26:45
    estou a trabalhar com pessoas
    cujas famílias foram mortas.
  • 26:45 - 26:48
    Algumas dessas pessoas têm tanta raiva
  • 26:48 - 26:53
    que tudo aquilo para o qual vivem, momento
    a momento, é a possibilidade de vingança.
  • 26:54 - 26:58
    Outros não têm nenhuma raiva, nunca
    tiveram raiva. Exactamente o mesmo estímulo.
  • 26:59 - 27:02
    Têm sentimentos profundos,
    mas não fúria.
  • 27:02 - 27:07
    Então não é o estímulo que
    determina a nossa reacção emocional.
  • 27:07 - 27:09
    Essa parte depende de nós.
  • 27:11 - 27:17
    Trabalho com algumas mulheres,
    infelizmente muitas, que foram violadas.
  • 27:18 - 27:21
    E algumas sentem vergonha,
    uma vergonha profunda.
  • 27:22 - 27:26
    algumas sentem raiva,
    algumas sentem outras coisas.
  • 27:26 - 27:29
    Logo, com o mesmo estímulo,
  • 27:30 - 27:36
    se sentem vergonha, raiva ou outras coisas,
    depende de como as pessoas o recebem.
  • 27:36 - 27:39
    Estou a trabalhar com uma mulher
    do Ruanda que teve...
  • 27:39 - 27:42
    ela ouviu os seus três filhos
    serem mortos porque ela
  • 27:42 - 27:45
    meteu-se debaixo do lavatório,
    escondida debaixo do lavatório, a tempo,
  • 27:46 - 27:49
    as crianças não chegaram ao esconderijo
    a tempo, foram mortas, ela ouviu-os,
  • 27:49 - 27:52
    ouviu o seu marido
    a ser morto e o seu irmão.
  • 27:52 - 27:55
    Ela teve que ficar ali debaixo
    11 dias para salvar a sua vida
  • 27:55 - 27:59
    porque eles ficaram na casa
    após terem morto a família.
  • 28:00 - 28:03
    Esta mulher tem sentimentos profundos,
  • 28:03 - 28:07
    mas nem uma vez ela teve o tipo de raiva
    que a faria querer vingar-se.
  • 28:07 - 28:10
    Ela colocou todo o seu sentimento
    e muitos deles em proteger...
  • 28:11 - 28:14
    prevenir que isto acontecesse
    a outra pessoa. Está a ver?
  • 28:15 - 28:20
    Então, o modo como ela o encarou leva-a a querer
    prevenir que isto aconteça a outra pessoa.
  • 28:20 - 28:24
    Ela veio ao meu workshop porque queria
    saber como lidar com a raiva contra ela
  • 28:24 - 28:28
    por outras pessoas na sua tribo
    que estão furiosos com ela
  • 28:29 - 28:33
    por ela não se juntar aos seus
    esforços de matar as outras pessoas.
  • 28:33 - 28:37
    O mesmo estímulo,
    reacções bem diferentes.
  • 28:38 - 28:40
    - Ok, então eu tinha este estímulo
  • 28:40 - 28:44
    e algures aprendi como lidar com isso
    do modo como tive que lidar com isso,
  • 28:44 - 28:46
    e agora estou a aprender a mudar isso.
  • 28:47 - 28:50
    - Sim. A pior coisa, claro, seria, independentemente
    de como escolheu lidar com isso,
  • 28:50 - 28:53
    é pensar que há algo de errado com
    o como escolheu lidar com isso.
  • 28:54 - 28:57
    Não estou a querer que entremos numa de
    certo ou errado. Estou apenas a dizer que
  • 28:57 - 29:02
    independentemente daquilo que nos aconteça...
    A outra pessoa é responsável pelo que fez,
  • 29:02 - 29:05
    não estou a dizer que a outra pessoa não tem responsabilidade. - Essa é a minha questão
  • 29:05 - 29:10
    quanto a responsabilidade pelo resultado. - A outra pessoa é responsável pelo que fez e porque o fez.
  • 29:10 - 29:13
    Nós somos responsáveis
    pelo como lidamos com isso.
  • 29:19 - 29:21
    Ok?
  • 29:22 - 29:26
    - Estou apenas a indagar como uma criança
    se torna responsável... Quero dizer...
  • 29:26 - 29:30
    A primeira coisa que faço é, não quereria ensinar
    à criança a lição que acabei de lhe ensinar a si
  • 29:30 - 29:34
    até que eu tivesse dado àquela criança
    toda a empatia que ela precisasse
  • 29:34 - 29:39
    e adivinharia que seria muita. Então,
    consigo ver-me a lidar com um longo tempo
  • 29:39 - 29:44
    a ouvir a dor enorme desta
    criança como resultado disto.
  • 29:44 - 29:49
    Mas então, no decorrer disto,
    veria esta criança
  • 29:49 - 29:52
    a ter alguma dor criada
    pelo como ela olhava para a coisa.
  • 29:53 - 29:57
    Então veria que ela está
    a criar dor em cima de dor,
  • 29:57 - 29:59
    pelo modo como olhava para a coisa.
  • 30:00 - 30:05
    Então, depois de a criança ter tido toda
    a empatia que ela ou ele necessitava,
  • 30:05 - 30:08
    então faria o que pudesse para
    conseguir que ela o visse de um modo
  • 30:08 - 30:12
    que não criasse dor desnecessária
    para eles próprios.
  • 30:17 - 30:20
    Isto é um bebé chacal, sim.
  • 30:24 - 30:27
    Ok, agora o que eu gostaria de fazer
    no tempo precioso que nos resta
  • 30:27 - 30:29
    é lidar com uma parte
    muito importante de girafa,
  • 30:30 - 30:33
    porque não queria que vocês
    ficassem com a ideia de que
  • 30:33 - 30:37
    a Comunicação Não Violenta está apenas
    interessada em resolução de conflitos,
  • 30:37 - 30:41
    porque está igualmente
    interessada em celebração.
  • 30:41 - 30:43
    Como podemos celebrar a vida?
  • 30:43 - 30:47
    De facto, a parte que deixei
    para os dez minutos finais
  • 30:47 - 30:52
    é, em alguns aspectos, a parte mais importante
    porque é onde obtemos o combustível
  • 30:52 - 30:54
    para ficarmos girafa
  • 30:55 - 30:58
    naquilo que é frequentemente
    um mundo muito chacalista.
  • 30:58 - 31:02
    E então, vai ser bastante difícil
    fazer esta transformação radical
  • 31:02 - 31:05
    de volta à nossa natureza
  • 31:06 - 31:10
    em muitas situações, a não ser que
    estejamos a receber bastante combustível.
  • 31:11 - 31:13
    Agora, de onde vem o combustível?
  • 31:13 - 31:16
    O combustível vem da celebração.
  • 31:17 - 31:18
    E que tipo de celebração?
  • 31:18 - 31:22
    Vem de se dizer obrigado em girafa.
  • 31:22 - 31:26
    Vamos ver agora, nos últimos
    minutos, como celebramos
  • 31:26 - 31:28
    ao dizer obrigado em girafa.
  • 31:29 - 31:32
    Expressando gratidão em girafa.
  • 31:32 - 31:37
    E primeiro gostaria de vos lembrar
    de como os chacais dizem obrigado.
  • 31:38 - 31:40
    "Fizeste um bom trabalho nesse relatório."
  • 31:41 - 31:45
    "És uma pessoa muito simpática."
  • 31:45 - 31:48
    "Tu és bom dançarino."
  • 31:48 - 31:51
    Conseguem ver porque é chacal?
  • 31:52 - 31:54
    Julgamentos moralistas.
  • 31:55 - 31:58
    Julgamentos moralistas
    positivos são igualmente
  • 31:59 - 32:02
    tão violentos, nas minhas
    estimativas, quanto os negativos.
  • 32:02 - 32:08
    Nomeadamente, eles reforçam a ideia de que o
    negativo existe. Se digo que és uma pessoa gentil,
  • 32:08 - 32:11
    estou a insinuar que existe tal coisa
    como uma pessoa não gentil.
  • 32:11 - 32:15
    Também estou a insinuar que
    sou o juiz que sabe a diferença.
  • 32:16 - 32:20
    Então, acabaram-se os louvores e elogios, ok?
    Acabou-se os louvores e elogios.
  • 32:21 - 32:24
    Especialmente quando a
    intenção é recompensar.
  • 32:24 - 32:29
    Essa é a derradeira desumanização,
    usar o agradecimento como uma recompensa.
  • 32:30 - 32:32
    Dizê-lo com o propósito de
    tentar reforçar alguma coisa.
  • 32:33 - 32:35
    Para conseguir que
    a pessoa continue a fazê-lo.
  • 32:36 - 32:41
    É como enviar... O que se passa numa
    escola de obediência para cães?
  • 32:41 - 32:43
    Punições e recompensas.
  • 32:44 - 32:48
    Fazer um elogio ou louvor
    com o propósito de reforço
  • 32:48 - 32:52
    é dar ao cão um... algo para comer
    para reforçá-lo a fazer algo.
  • 32:52 - 32:55
    As pessoas não são
    para esse tratamento.
  • 32:55 - 32:59
    E destrói a beleza do agradecimento,
  • 32:59 - 33:01
    quando as pessoas têm que indagar:
  • 33:01 - 33:04
    "Isto está a ser dito
    a partir daquela energia?"
  • 33:05 - 33:06
    - Mas funciona!
  • 33:06 - 33:08
    - O quê, chacal?
  • 33:08 - 33:11
    - Estudos em gestão indicam que
  • 33:11 - 33:16
    se os gerentes elogiarem e louvarem os
    empregados diariamente, a produção sobe.
  • 33:17 - 33:21
    Estudos em escolas mostram que se os professores
    louvarem e elogiarem os estudantes diariamente,
  • 33:21 - 33:23
    eles trabalham mais.
  • 33:24 - 33:26
    - Chacal, dá outra olhadela à pesquisa.
  • 33:26 - 33:30
    Penso que vais ver que isso apenas funciona
    por um período muito curto de tempo,
  • 33:31 - 33:34
    até que as pessoas vejam a manipulação,
  • 33:34 - 33:36
    e depois já não funciona mais.
  • 33:37 - 33:39
    E destrói a beleza do agradecimento
  • 33:39 - 33:43
    porque agora já nem
    podes confiar na gratidão
  • 33:43 - 33:48
    sem indagar se está a ser usada
    como reforço, como recompensa.
  • 33:49 - 33:54
    - Bem, e se eu quiser aumentar a auto-estima
    da outra pessoa, que mal tem isso?
  • 33:54 - 33:57
    - Chacal, tu não vês a ironia nisso?
  • 33:57 - 33:58
    - Quê?
  • 33:58 - 34:03
    - Se a outra pessoa só consegue gostar de si própria quando a elogias, eles não têm auto-estima.
  • 34:03 - 34:07
    Acabaste de a viciar às tuas recompensas.
  • 34:08 - 34:13
    Que eles apenas se sentem bem quando dizes algo sobre eles. Eles não têm auto-estima.
  • 34:14 - 34:16
    Ok.
  • 34:16 - 34:20
    Como é que uma girafa
    diz "obrigado"? Ou gratidão?
  • 34:21 - 34:25
    Primeiro, existem três coisas que estão
    envolvidas numa expressão de girafa de gratidão
  • 34:25 - 34:29
    que nos dão energia para
    continuarmos a ser uma girafa.
  • 34:29 - 34:32
    A primeira coisa numa
    expressão de girafa de gratidão é:
  • 34:33 - 34:36
    trazemos à atenção desta
    outra pessoa, concretamente
  • 34:36 - 34:41
    aquilo que fizeram que tornou
    a vida mais maravilhosa para nós.
  • 34:41 - 34:44
    Isso é o que precisamos de fazer diariamente.
  • 34:44 - 34:47
    Precisamos de trazer a
    nossa consciência e atenção
  • 34:48 - 34:51
    ao poder que cada um de nós tem
  • 34:51 - 34:55
    para fazer a vida mais maravilhosa.
  • 34:55 - 34:59
    Cada um de nós é um gerador de força.
  • 34:59 - 35:02
    Temos palavras
  • 35:02 - 35:08
    que têm o poder de contribuir para tornar
    as vidas das pessoas mais maravilhosas.
  • 35:09 - 35:12
    Temos tacto, podemos tocar
    nas pessoas de modos
  • 35:12 - 35:15
    que podem fazer a vida mais maravilhosa.
  • 35:15 - 35:19
    Podemos providenciar serviços para pessoas.
  • 35:19 - 35:21
    Somos geradores de força.
  • 35:21 - 35:24
    Quanto mais nos lembrar-mos disto,
  • 35:24 - 35:29
    não iremos cair em nenhuns jogos violentos.
  • 35:29 - 35:31
    Porque haveríamos de usar a nossa energia
  • 35:31 - 35:34
    de outra forma que não a fazer
    a vida mais maravilhosa,
  • 35:34 - 35:37
    quando nos lembramos que temos esse poder?
  • 35:37 - 35:41
    Então, isso é uma coisa que temos que tornar
    clara na nossa expressão de gratidão
  • 35:41 - 35:43
    especificamente o que a pessoa fez,
  • 35:44 - 35:46
    não uma generalidade vaga.
  • 35:47 - 35:51
    Por exemplo uma mulher em Geneva, Suíça,
    veio ter comigo no fim de um workshop.
  • 35:51 - 35:53
    Ela disse-me o seguinte:
  • 35:53 - 35:55
    "Você é brilhante."
  • 35:57 - 35:59
    Eu disse:
    "Não ajuda."
  • 36:00 - 36:01
    Ela disse:
    "O que quer dizer?"
  • 36:01 - 36:06
    Eu disse: "Sabe, senhora, fui chamado
    muitos nomes na minha vida, fui mesmo.
  • 36:06 - 36:09
    Alguns positivos e outros
    muito menos que positivos.
  • 36:10 - 36:15
    E nunca me lembro de aprender algo valioso
    com alguém a dizer-me aquilo que sou.
  • 36:15 - 36:20
    Acho que há zero valor informativo
    em dizerem-nos aquilo que somos.
  • 36:20 - 36:23
    e um grande perigo, pode crer.
  • 36:23 - 36:28
    E é tão perigoso acreditar-se que se é
    esperto quanto acreditar-se que se é estúpido.
  • 36:29 - 36:32
    Ambos reduzem-nos a uma coisa.
  • 36:33 - 36:36
    Somos muito mais do
    que qualquer uma delas.
  • 36:38 - 36:41
    Mas posso ver nos seus olhos que
    quer expressar alguma gratidão.
  • 36:42 - 36:42
    - Sim!
  • 36:43 - 36:46
    - E eu quero recebê-la mas,
    não me ajuda que me digam o que eu sou.
  • 36:46 - 36:48
    - O que é que precisa de ouvir?
  • 36:48 - 36:52
    - O que é que eu fiz para tornar
    a vida mais maravilhosa para si?
  • 36:52 - 36:54
    - Bem, você é tão inteligente.
  • 36:54 - 36:56
    - Não, não ajuda.
  • 36:56 - 36:58
    Não ajuda. O que é que eu fiz?
  • 36:59 - 37:00
    - Ah, já o estou a perceber.
  • 37:00 - 37:02
    Ela abre o seu bloco de notas,
  • 37:02 - 37:06
    ela mostrou-me duas coisas
    que eu tinha dito e que ela escreveu.
  • 37:06 - 37:09
    Ela pôs uma estrela grande ao lado.
  • 37:09 - 37:11
    Estão a ver? Isso já me ajuda. Ok.
  • 37:11 - 37:13
    Isso ajuda-me a saber
    que de algum modo,
  • 37:14 - 37:19
    eu ter dito aquelas duas coisas fez a
    vida desta pessoa mais maravilhosa.
  • 37:19 - 37:22
    Então essa é a primeira coisa
    que precisamos de dizer
  • 37:22 - 37:27
    em apreciação. Precisamos de trazer à atenção
    da pessoa concretamente aquilo que ela fez
  • 37:27 - 37:29
    que nos tornou a vida mais maravilhosa.
  • 37:29 - 37:33
    Segundo: no momento em
    que estamos a dar a gratidão,
  • 37:33 - 37:38
    dizer o que sentimos naquele momento
    quanto à pessoa ter feito aquilo.
  • 37:39 - 37:41
    Então eu disse a esta mulher:
  • 37:41 - 37:46
    "Poderia dizer-me como se sente agora como
    resultado de eu ter dito essas duas coisas?
  • 37:46 - 37:51
    Ela disse "Esperançosa e aliviada."
    "Oh, esperançosa e aliviada..."
  • 37:52 - 37:56
    Isso dá-me muito mais do que
    dizer-me o que sou, que sou brilhante.
  • 37:57 - 38:01
    Simplesmente saber que de algum modo
    eu ter dito aquelas duas coisas,
  • 38:01 - 38:04
    agora esta pessoa sente-se
    esperançosa e aliviada.
  • 38:05 - 38:09
    Agora, quando eu ouvir a terceira coisa, vou
    ser capaz de desfrutar mesmo esta gratidão.
  • 38:09 - 38:13
    Eu disse: "Que necessidades
    suas foram preenchidas
  • 38:13 - 38:19
    por eu ter dito o que disse, e que a deixa
    a sentir-se esperançosa e aliviada?"
  • 38:19 - 38:23
    E essa é a terceira coisa que precisamos
    de ver na gratidão de uma girafa.
  • 38:23 - 38:26
    Ela disse:
    "Tenho um filho com 18 anos.
  • 38:26 - 38:29
    Nunca consegui conectar-me com ele.
  • 38:29 - 38:32
    Tem sido muito doloroso
    que nunca conseguimos conectar-nos,
  • 38:32 - 38:37
    e tenho necessitado de alguma direcção,
    para me ajudar a conectar com ele.
  • 38:37 - 38:42
    Aquelas duas coisas que disse satisfizeram
    a minha necessidade de uma direcção concreta."
  • 38:43 - 38:48
    Então, se ela tivesse expressado
    a sua gratidão em girafa, ela teria dito:
  • 38:48 - 38:50
    "Marshall, quando você
    disse aquelas duas coisas,"
  • 38:50 - 38:52
    (mostrou-me o que eram as duas coisas)
  • 38:52 - 38:55
    "deixou-me a sentir esperançosa e aliviada,
  • 38:55 - 39:00
    atendeu a uma necessidade minha de conectar
    com o meu filho de um modo que eu quero."
  • 39:02 - 39:06
    Ok? É assim que dizemos gratidão
    em girafa. Essas três coisas.
  • 39:06 - 39:10
    E também é importante
    como recebemos a gratidão.
  • 39:11 - 39:15
    Deixem-me mostrar-vos
    como um chacal recebe gratidão.
  • 39:16 - 39:18
    "Chacal, quando me ofereceste uma boleia
  • 39:18 - 39:21
    agora mesmo, para onde quero ir a seguir,
    sinto-me muito grato porque
  • 39:22 - 39:25
    tenho mesmo uma necessidade de
    passar mais tempo com a minha família,
  • 39:25 - 39:28
    e se apanhasse o autocarro
    teria menos uma hora.
  • 39:28 - 39:30
    - Não é nada.
  • 39:32 - 39:34
    "De rien."
  • 39:37 - 39:42
    Se quiserem aterrorizar um chacal,
    expressem amor ou apreço por ele.
  • 39:43 - 39:46
    Mesmo! Se quiserem
    mesmo assustar um chacal,
  • 39:47 - 39:50
    nunca vi nada que assustasse tanto
    pessoas que falam à chacal
  • 39:50 - 39:54
    do que gratidão sincera ou amor.
  • 39:55 - 39:58
    "Porque é que ficas tão nervoso,
    chacal, quando o ouves?"
  • 39:58 - 40:01
    - Bem, não sei se o mereço.
  • 40:03 - 40:06
    Vejam, chacais têm este conceito
    perigoso nas suas cabeças:
  • 40:06 - 40:08
    Merecer.
  • 40:08 - 40:10
    É um conceito muito violento.
  • 40:10 - 40:15
    Implica que tens que merecer o apreço.
  • 40:15 - 40:20
    Mereces mesmo um castigo se te comportares
    de um certo modo. Vêem, o conceito de merecer
  • 40:20 - 40:24
    é um ingrediente chave
    num estilo de vida violento.
  • 40:24 - 40:28
    Se acreditarem no merecer, pensam que
    certas coisas são de valor,
  • 40:28 - 40:31
    e montam um sistema
    económico muito destrutivo.
  • 40:32 - 40:35
    Montam um sistema correccional destrutivo.
  • 40:35 - 40:38
    Um conceito muito perigoso.
  • 40:39 - 40:41
    - Bem, essa não é a única razão.
  • 40:41 - 40:46
    - Por que outra razão ficas tão assustado
    quando ouves gratidão, chacal?
  • 40:46 - 40:49
    - Que há de errado em ser-se humilde?
  • 40:52 - 40:54
    - Então queres ter uma
    necessidade de humildade?
  • 40:54 - 40:55
    - Sim.
  • 40:55 - 40:58
    - Bem, sabes chacal, existem
    diferentes tipos de humildade.
  • 40:58 - 41:01
    Temo que o teu tipo
    é uma humildade de chacal.
  • 41:01 - 41:05
    Acho que o teu tipo é o tipo ao qual
    Golda Meir, a primeira ministra de Israel,
  • 41:05 - 41:09
    estava a reagir quando ela
    disse a um dos seus políticos:
  • 41:09 - 41:13
    "Não seja tão humilde,
    você não é assim tão bom."
  • 41:19 - 41:21
    Mas a principal razão
    pela qual acredito que a gratidão
  • 41:22 - 41:24
    é tão assustadora para
    muitos de nós a recebermos,
  • 41:25 - 41:29
    está escrita de forma linda e poética
    em "Um Curso em Milagres"
  • 41:29 - 41:34
    onde eles dizem "é a nossa luz, não a nossa
    escuridão, aquilo que mais nos assusta."
  • 41:35 - 41:40
    Tendo sido educados nesta forma de chacal
    de nos odiarmos a nós próprios,
  • 41:41 - 41:43
    a pensarmos que
    há algo de errado em nós,
  • 41:44 - 41:47
    é um grande salto até vermos realmente
    aquilo que eu estava a dizer,
  • 41:47 - 41:52
    que temos um poder enorme
    para fazer a vida maravilhosa.
  • 41:53 - 41:59
    E não há nada que gostamos mais de fazer
    do que exercer esse poder.
  • 42:00 - 42:05
    Infelizmente, é um salto mesmo grande
    para chegarmos lá. Mas podemos chegar lá.
  • 42:05 - 42:10
    Então, é assim que dizemos gratidão:
    observação, sentimento e necessidade.
  • 42:10 - 42:12
    A mesma literacia.
  • 42:12 - 42:15
    Verifiquem que vem
    do coração para o celebrarem,
  • 42:16 - 42:19
    e nunca para o louvor,
    elogio, recompensa.
  • 42:19 - 42:23
    Então, alguns comentários finais ou
    questões antes de o nosso tempo terminar?
  • 42:26 - 42:30
    Estou grato pelo vosso tempo
    e atenção que me deram.
Title:
www.youtube.com/.../watch?v=2nIeKZ-FERY
Video Language:
English

Portuguese subtitles

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