Return to Video

Sapatos novos | Pachi Tamer | TEDxRosario

  • 0:42 - 0:44
    Comprei uns sapatos novos
  • 0:44 - 0:46
    e queria mostrá-los a toda a gente.
  • 0:47 - 0:49
    Comprei-os a este homem.
  • 0:50 - 0:52
    Este homem chama-se Catalino.
  • 0:52 - 0:55
    Vive aqui, na estação
    Rosario Norte, há 20 anos.
  • 0:57 - 1:00
    Aqui é o Catalino
    a dar-me os sapatos dele.
  • 1:02 - 1:06
    Comprei-os para esta palestra porque,
    para mim, é uma ocasião muito especial
  • 1:07 - 1:09
    e queria estrear uns sapatos.
  • 1:11 - 1:14
    Quando estava a estudar
    publicidade em Buenos Aires,
  • 1:15 - 1:17
    na faculdade, deram-nos um trabalho
  • 1:17 - 1:21
    em que tínhamos que ir para a rua
    e mudar qualquer coisa
  • 1:21 - 1:23
    para ver as reações das pessoas.
  • 1:24 - 1:28
    Então vesti-me como estou vestido hoje
    e fui para o Obelisco.
  • 1:29 - 1:31
    Quando os carros paravam no semáforo,
  • 1:31 - 1:35
    em vez de lhes pedir dinheiro,
    dava-lhes um peso.
  • 1:38 - 1:39
    O que é que comprovei com isso?
  • 1:39 - 1:41
    Comprovei os preconceitos
    que as pessoas têm.
  • 1:41 - 1:43
    Assim que me viam aproximar-me,
  • 1:43 - 1:46
    fechavam a janela
    ou olhavam para o outro lado
  • 1:46 - 1:49
    fingindo que não havia ali ninguém,
    que não havia nenhuma pessoa.
  • 1:50 - 1:53
    Sentiam-se numa situação incómoda
  • 1:53 - 1:58
    que durava até ao semáforo seguinte
    e voltavam a sentir-se incomodados
  • 1:58 - 2:00
    ao ignorarem outra pessoa.
  • 2:01 - 2:04
    As mulheres, geralmente,
    escondiam a bolsa na parte de trás.
  • 2:06 - 2:09
    O exercício foi um êxito,
    e foi assim que consegui trabalho
  • 2:09 - 2:12
    na minha primeira agência,
    Agulla Y Baccetti.
  • 2:12 - 2:15
    Depois disso, fui para a VegaOlmosPonce.
  • 2:15 - 2:20
    Em 2001 fugi do ruído
    ensurdecedor das panelas
  • 2:20 - 2:23
    e fui para Londres com 1000 dólares,
  • 2:23 - 2:27
    com um visto de turista e sem falar
    uma só palavra de inglês.
  • 2:27 - 2:30
    Sobrevivi um ano,
    trabalhei a lavar pratos,
  • 2:30 - 2:33
    a colocar andaimes
    em obras em construção
  • 2:34 - 2:37
    e a instalar equipamentos
    de refrigeração e ar condicionado.
  • 2:37 - 2:40
    Voltei de Londres, deportado
    por trabalhar ilegalmente,
  • 2:40 - 2:43
    por trabalhar o dobro
    das horas permitidas.
  • 2:43 - 2:46
    Mas foi a melhor
    experiência da minha vida.
  • 2:47 - 2:52
    Voltei a trabalhar em publicidade,
    durante dois anos, numa nova agência,
  • 2:52 - 2:56
    até que recebi uma proposta
    de outra agência em Nova Iorque.
  • 2:57 - 3:00
    Aceitei sem pensar mas, desta vez,
  • 3:00 - 3:03
    com um apartamento pago
    em frente do Empire State
  • 3:03 - 3:05
    e um salário de 60 000 dólares por ano.
  • 3:06 - 3:10
    Uma experiência completamente diferente
    mas que podia valorizar-me muito
  • 3:10 - 3:12
    depois da experiência de Londres.
  • 3:13 - 3:18
    Então arranjei uma namorada e,
    pouco tempo depois de irmos viver juntos,
  • 3:18 - 3:22
    recebi uma chamada de outra agência
    em Austin, no Texas,
  • 3:22 - 3:24
    a oferecer-me trabalho e eu disse-lhes:
  • 3:24 - 3:27
    "Ouçam, acabei de mudar-me
    com a minha namorada há um mês.
  • 3:27 - 3:29
    "Não posso aceitar.
    Ela está a trabalhar aqui".
  • 3:30 - 3:31
    E eles disseram-me:
  • 3:31 - 3:33
    "Também arranjamos trabalho para ela".
  • 3:33 - 3:36
    Fomos lá passar um fim de semana
    gostámos da cidade, mudámo-nos.
  • 3:36 - 3:40
    Chegámos num domingo e na segunda
    descobrimos que ela estava grávida.
  • 3:42 - 3:48
    Casámos, trouxe os meus pais da Argentina
    e casámos em Porto Rico, com ela grávida.
  • 3:48 - 3:51
    Casámos por obrigação, mas muito felizes.
  • 3:53 - 3:56
    Em 2009 nasceu a Elena
    que é o amor da minha vida.
  • 3:56 - 3:59
    É aquele bebé que está ali.
  • 4:00 - 4:05
    Quando a Elena tinha ano e meio,
    recebi uma chamada do meu irmão.
  • 4:05 - 4:08
    Eu estava a almoçar e ele disse-me
  • 4:08 - 4:11
    que os meus pais tinham tido
    um acidente de carro muito grave,
  • 4:11 - 4:14
    nem sabia como é que estavam,
    só sabia que era grave,
  • 4:14 - 4:17
    que fora perto de Rafaela
    quando vinham de Santiago de Estero
  • 4:17 - 4:19
    e não tinha mais notícias.
  • 4:20 - 4:22
    Sem saber absolutamente
    nada apanhei um avião.
  • 4:22 - 4:26
    Um amigo meu estava à minha
    espera em Ezeiza e levou-me a Rafaela.
  • 4:27 - 4:28
    E deparei-me com isto.
  • 4:28 - 4:32
    Encontrei o meu pai em coma
  • 4:35 - 4:40
    e a minha mãe com os ossos todos partidos.
  • 4:40 - 4:43
    O meu pai esteve em coma
    durante 10 meses até que morreu.
  • 4:44 - 4:48
    A minha mãe esteve seis meses de cama
    e fez seis operações.
  • 4:50 - 4:54
    Esta foi a última vez
    que apertei a mão do meu pai
  • 4:54 - 4:57
    porque, no início, ele ouvia e respondia,
  • 4:58 - 5:00
    até que deixou de responder.
  • 5:05 - 5:09
    Voltei para Austin para trabalhar,
    tinha que continuar a trabalhar.
  • 5:10 - 5:15
    Cinco meses antes de o meu pai morrer,
  • 5:17 - 5:20
    uma manhã tive uma discussão
    com a minha mulher,
  • 5:20 - 5:23
    saí para o trabalho e atirei com a porta.
  • 5:23 - 5:27
    No dia seguinte recebi uma notificação
    para o divórcio e fiquei na rua.
  • 5:27 - 5:30
    Perdi a minha filha, perdi a minha casa.
  • 5:30 - 5:32
    Com os meus pais
    naquela situação na Argentina,
  • 5:32 - 5:36
    fiquei totalmente só e fui viver
    para casa de um amigo
  • 5:36 - 5:37
    a dormir num sofá.
  • 5:38 - 5:40
    Nessa altura eu usava o Instagram,
  • 5:40 - 5:41
    essa aplicação de fotografia.
  • 5:41 - 5:43
    Como toda a gente, tirava fotos ao céu,
  • 5:43 - 5:45
    a um passarinho, ao que encontrasse.
  • 5:47 - 5:51
    Um dia encontrei este homem
    e pedi-lhe para tirar uma fotografia.
  • 5:52 - 5:55
    Dei-lhe um dólar pela foto
    e fiquei a falar com ele.
  • 5:55 - 5:57
    E ele contou-me a sua história.
  • 5:58 - 6:00
    De repente todos os meus problemas
    ficaram pequeninos
  • 6:00 - 6:03
    comparados com a história deste homem.
  • 6:03 - 6:07
    Serviu-me para dar valor a todas as coisas
    que eu tinha, que não eram poucas.
  • 6:07 - 6:10
    Eu era saudável,
    a minha filha era saudável,
  • 6:10 - 6:14
    tinha um sofá para dormir,
    o que já era muito.
  • 6:15 - 6:20
    A partir desse dia, passei
    a fazer retratos de pessoas da rua.
  • 6:20 - 6:26
    Encontrei nelas a família que me faltava,
    o apoio que me faltava.
  • 6:28 - 6:31
    As histórias delas fizeram com que
    eu desse valor a tudo o que eu tinha
  • 6:31 - 6:34
    e comecei a ganhar seguidores.
  • 6:35 - 6:39
    Sempre que punha a foto deles com o nome,
  • 6:39 - 6:43
    se a história era interessante,
    contava parte dessa história.
  • 6:45 - 6:48
    Neles encontrei a família que me faltava.
  • 6:49 - 6:51
    Até que um dia encontrei este homem.
  • 6:52 - 6:55
    Estivemos a falar, tirei-lhe a foto
    e paguei-lhe o dólar.
  • 6:55 - 6:57
    Antes de me ir embora, o homem diz-me:
  • 6:57 - 7:00
    "Sabe qual é a única coisa
    que eu gostava de fazer antes de morrer?"
  • 7:01 - 7:03
    E eu: "Não".
    E ele disse: "Oktoberfest!"
  • 7:03 - 7:07
    Oktoberfest? Sim! E contou-me
    que era descendente de alemães
  • 7:08 - 7:10
    que sempre tinha sonhado ir à Alemanha.
  • 7:10 - 7:12
    Rimo-nos e fui para o trabalho.
  • 7:12 - 7:14
    A caminho do trabalho
  • 7:14 - 7:18
    — eu nessa altura, tinha cerca
    de 5000 seguidores no Instagram —
  • 7:18 - 7:21
    a caminho do trabalho tive uma ideia:
  • 7:21 - 7:26
    se cada seguidor que tenho der um dólar
    — que era o que eu lhes pagava —
  • 7:27 - 7:29
    eu posso levar este tipo à Alemanha
  • 7:29 - 7:31
    e posso fazer um livro
    a contar a experiência.
  • 7:32 - 7:34
    Comecei a sonhar com isso.
  • 7:35 - 7:38
    Sem pensar muito, publiquei
    a foto dele com o título:
  • 7:38 - 7:41
    "Quem quer levar este tipo à Oktoberfest?"
  • 7:41 - 7:44
    Abri uma conta PayPal,
  • 7:44 - 7:47
    criei um "site" chamado One Dollar Dreams.
  • 7:47 - 7:50
    De repente, uma senhora do Japão
    enviou-me 100 dólares,
  • 7:50 - 7:53
    um homem da África do Sul enviou-me cinco
  • 7:53 - 7:55
    e outro dos EUA enviou-me dois.
  • 7:56 - 8:00
    E eu percebi que tinha tido
    uma boa ideia, uma grande ideia.
  • 8:02 - 8:04
    O meu pai morreu nessa altura
  • 8:04 - 8:07
    e um amigo meu que vive
    na Colômbia disse-me:
  • 8:07 - 8:12
    "Porque não vens até cá e ficas uns dias?
    Esqueces os teus problemas".
  • 8:13 - 8:15
    Comprei a passagem com milhas
    e fui para a Colômbia.
  • 8:16 - 8:18
    Na Colômbia tirei fotos.
  • 8:18 - 8:22
    Enquanto o meu amigo estava a trabalhar
    eu ia para a rua e tirava fotos,
  • 8:22 - 8:25
    escutava as histórias e anotava os nomes.
  • 8:26 - 8:31
    Dei-me conta da realidade,
    tão diferente da realidade dos EUA,
  • 8:31 - 8:33
    como a de qualquer país da América Latina.
  • 8:33 - 8:36
    A realidade da gente da rua
    aqui é muito diferente.
  • 8:37 - 8:41
    Encontrei este rapaz que me pediu
    dinheiro para comprar sapatilhas.
  • 8:41 - 8:45
    Como eu sabia que, às tantas,
    ele ia gastar o dinheiro noutra coisa,
  • 8:45 - 8:47
    fui com ele e comprei-lhe as sapatilhas.
  • 8:47 - 8:49
    Aqui está ele a provar as sapatilhas
  • 8:49 - 8:51
    e ali está todo contente
    com as sapatilhas novas.
  • 8:54 - 8:57
    Continuei a tirar fotos,
    até que me encontrei...
  • 8:57 - 9:00
    É assim que as pessoas dormem na Colômbia.
  • 9:01 - 9:04
    Faz parte da paisagem, nem damos por isso.
  • 9:04 - 9:07
    Reparem como as pessoas passam,
    elas não existem.
  • 9:07 - 9:09
    É mais um caixote do lixo.
  • 9:11 - 9:13
    Vejam por onde passa aquele autocarro.
  • 9:16 - 9:18
    Continuei até que encontrei este rapaz.
  • 9:18 - 9:20
    Este rapaz chama-se Alex.
  • 9:20 - 9:22
    Alex vinha duma aldeia do interior,
  • 9:22 - 9:26
    tinha chegado a Medelim,
    tocava guitarra nos autocarros
  • 9:26 - 9:28
    e era viciado em cocaína.
  • 9:28 - 9:33
    Fora comprar droga e, enquanto isso,
    deram-lhe uma navalhada,
  • 9:33 - 9:35
    roubaram-lhe a droga, a guitarra,
    as sapatilhas, tudo.

  • 9:35 - 9:39
    Andava na rua há três dias,
    tinha os pés inchados, não podia andar.
  • 9:39 - 9:42
    Tinha um folheto
    dum centro de reabilitação.
  • 9:43 - 9:46
    Contou-me que não aguentava mais,
  • 9:46 - 9:48
    que tinha ido pedir à polícia
    se o levava ao centro
  • 9:48 - 9:51
    e a polícia não lhe tinha passado cartão.
  • 9:51 - 9:55
    Então perguntei-lhe
    se queria mesmo reabilitar-se
  • 9:55 - 9:58
    e ele disse-me que era o que mais queria,
    que não aguentava mais.
  • 9:58 - 10:01
    Apanhámos um táxi e eu levei-o
    ao centro de reabilitação,
  • 10:01 - 10:03
    fui o seu padrinho.
  • 10:03 - 10:06
    Alex esteve no centro durante 10 meses,
    até sair e conseguiu trabalho.
  • 10:08 - 10:11
    Voltei a Austin e a agência mandou-me
    filmar um anúncio no México.
  • 10:12 - 10:17
    Fiz o anúncio e depois fiquei
    o fim de semana em casa dum amigo
  • 10:17 - 10:18
    e tirei fotos no México.
  • 10:18 - 10:21
    A primeira foto que tirei foi deste miúdo.
  • 10:21 - 10:24
    Estava pintado de palhaço,
    a pedir junto do semáforo,
  • 10:24 - 10:28
    e os pais estavam à esquina, a beber vinho
    e à espera que ele trabalhasse.
  • 10:29 - 10:31
    Isto é o México, muitos miúdos na rua.
  • 10:35 - 10:40
    Continuei a juntar histórias e a contar
    tudo ao vivo através do Instagram.
  • 10:42 - 10:46
    Ia ganhando seguidores
    e as pessoas davam-me alento,
  • 10:48 - 10:52
    o que me fez muito bem
    para a minha história pessoal,
  • 10:52 - 10:57
    e também para o facto de que
    trabalhei sempre em publicidade.
  • 10:57 - 11:00
    Gosto das ideias, sou um apaixonado
    pelas ideias e por resolver problemas,
  • 11:00 - 11:07
    mas não sou apaixonado por vender
    aperitivos da Monsanto, percebem?
  • 11:07 - 11:09
    Então, encontrei neste projeto
  • 11:09 - 11:13
    uma coisa que preencheu a minha vida.
  • 11:14 - 11:17
    Tive que ir a Los Angeles,
    fazer a edição do anúncio.
  • 11:17 - 11:20
    Tinha que editá-lo
    de quarta para quinta-feira
  • 11:20 - 11:23
    e fiquei o fim de semana na rua.
  • 11:23 - 11:25
    Não tinha dinheiro, fiquei na rua
  • 11:25 - 11:28
    e tirei fotos em Los Angeles
    partilhando a experiência ao vivo
  • 11:28 - 11:30
    através do Instagram.
  • 11:31 - 11:34
    Tirei fotos em Los Angeles
    e, quando chego a Austin,
  • 11:34 - 11:37
    em Austin encontrei este homem.
  • 11:37 - 11:39
    Este homem estava
    sem trabalho, era "chef".
  • 11:39 - 11:44
    Levei-o a um armazém, comprei-lhe
    um equipamento completo de "chef"
  • 11:44 - 11:47
    um conjunto de facas e fui com ele
    a diversos restaurantes,
  • 11:47 - 11:49
    e ofereci publicidade aos restaurantes
  • 11:49 - 11:52
    nas minhas redes sociais,
    a quem lhe desse trabalho.
  • 11:52 - 11:55
    E ele conseguiu trabalho
    no primeiro sítio a que fomos.
  • 11:56 - 11:59
    Convidaram-me para fazer uma conferência
    no Uruguai, cheguei 10 dias antes
  • 11:59 - 12:01
    Tirei fotos no Uruguai.
  • 12:01 - 12:05
    Para a conferência do Uruguai,
    agarrei num miúdo da rua,
  • 12:05 - 12:07
    que é este, Sebastián.
  • 12:07 - 12:09
    E fiz o contrário do que fiz hoje aqui.
  • 12:10 - 12:13
    Vesti Sebastián de publicitário.
  • 12:13 - 12:16
    Sebastián ficou num quarto do hotel,
    com roupas novas,
  • 12:16 - 12:18
    misturado no meio das pessoas
    durante o festival.
  • 12:18 - 12:21
    Aí comprovei que, quanto
    ao aspeto duma pessoa,
  • 12:22 - 12:23
    também se passa o contrário:
  • 12:23 - 12:27
    se estamos bem vestidos, não interessa
    se somos alcoólicos ou sem-abrigo
  • 12:27 - 12:28
    as pessoas respeitam-nos.
  • 12:28 - 12:31
    Fui a Espanha, a casa dum amigo
  • 12:32 - 12:34
    é ótimo ter amigos por todo o mundo.
  • 12:34 - 12:38
    Tirei fotos em Madrid durante 10 dias
  • 12:39 - 12:43
    e uma jornalista, através do Instagram,
    propôs fazer-me uma entrevista.
  • 12:43 - 12:47
    Depois da entrevista, ofereceu-me
    o seu apartamento em Barcelona.
  • 12:47 - 12:49
    Eu fui a Barcelona
    e estive 10 dias em Barcelona.
  • 12:49 - 12:51
    A tirar fotos em Barcelona.
  • 12:53 - 12:57
    Depois de Espanha — tudo isto é Espanha,
    muitas fotos de Espanha —
  • 12:57 - 13:00
    convidaram-me para El Salvador,
    onde fiz o mesmo.
  • 13:00 - 13:02
    Fui 10 dias antes,
    tirei fotos em El Salvador.
  • 13:03 - 13:06
    Mas, para El Salvador, entrei em contacto
  • 13:06 - 13:08
    com a mãe dum participante na conferência
  • 13:08 - 13:13
    sem que ele soubesse e disfarçámos
    a mãe dele de sem-abrigo
  • 13:13 - 13:15
    tirei fotos da mãe dele
    vestida de sem-abrigo.
  • 13:16 - 13:19
    Quando estava a mostrar as fotos,
    como estou a mostrá-las agora,
  • 13:19 - 13:24
    de repente apareceu a mãe
    desse rapaz, que é esta.
  • 13:26 - 13:28
    Ninguém percebeu nada, só ele,
  • 13:28 - 13:32
    mas ele deixou de ver
    os indigentes da mesma maneira.
  • 13:32 - 13:35
    Porquê? Porque, quando
    essa pessoa é alguém querido
  • 13:35 - 13:39
    a perspetiva muda, quando
    é alguém por quem temos carinho.
  • 13:39 - 13:42
    Estas pessoas que vivem na rua
    são irmãos de alguém
  • 13:42 - 13:45
    filhos de alguém,
    mães de alguém, todos eles.
  • 13:47 - 13:49
    Depois regressei a Austin
  • 13:49 - 13:52
    e tinha vontade de fazer
    um estudo mais amplo dos EUA,
  • 13:53 - 13:56
    porque só tinha feito Austin e Los Angeles
  • 13:56 - 14:01
    Não tinha dinheiro e, de qualquer modo,
    como das outras vezes, agarrei no carro
  • 14:01 - 14:03
    e parti, com 1000 dólares,
  • 14:03 - 14:06
    a mesma quantia de dinheiro
    que tinha levado para Londres.
  • 14:08 - 14:14
    Fiz-me à estrada, estive dois meses,
    percorri 16 000 km, durante dois meses
  • 14:14 - 14:20
    Fiz Las Vegas, Los Angeles, São Francisco,
  • 14:20 - 14:24
    Denver, Saint Louis, Detroit,
  • 14:24 - 14:29
    Nova Iorque, Washington,
    Atlanta, Miami, Key West,
  • 14:29 - 14:32
    Nova Orleães e regressei a Austin.
  • 14:33 - 14:38
    As pessoas abriram-me as portas
    das suas casas, deram-me dinheiro,
  • 14:38 - 14:40
    deram-me comida e muito alento.
  • 14:41 - 14:44
    Em São Francisco convidei um sem-abrigo,
  • 14:44 - 14:47
    um rapaz que estava na rua,
    para ir comigo,
  • 14:47 - 14:50
    e viajámos juntos durante um mês
    e deixei-o em Key West.
  • 14:50 - 14:52
    A viagem foi um êxito.
  • 14:54 - 14:56
    Por último, quero falar da sorte,
  • 14:56 - 14:59
    da sua importância, porque, muitas vezes,
  • 14:59 - 15:03
    discriminamos as pessoas
    apenas pela sua aparência,
  • 15:03 - 15:06
    mas não temos em conta
    que tudo é uma questão de sorte.
  • 15:07 - 15:09
    Vocês têm muita sorte em estar hoje aqui,
  • 15:09 - 15:11
    a ouvir esta palestra, bem vestidos.
  • 15:12 - 15:14
    A sorte é um fator fundamental,
  • 15:14 - 15:16
    não só nas coisas que nos tocam,
  • 15:16 - 15:18
    mas nas decisões que nós tomamos.
  • 15:18 - 15:21
    Porque tudo isso determina
    o que vamos decidir mais à frente.
  • 15:21 - 15:24
    Por exemplo, este boné que eu tenho
  • 15:24 - 15:26
    é resultado dum pai alcoólico e abusador.
  • 15:27 - 15:28
    Este boné.
  • 15:28 - 15:32
    Este casaco foi o meu irmão
    que me deu droga
  • 15:32 - 15:33
    quando eu tinha sete anos.
  • 15:33 - 15:36
    Este casaco é isso.
  • 15:37 - 15:41
    Estes sapatos que trago calçados
    são o não ter ido à escola.
  • 15:42 - 15:46
    Os sapatos de Catalino
    que doem, doem muito.
  • 15:47 - 15:50
    Esta camisa que tenho posta
  • 15:55 - 15:58
    é da pancada que apanhei no bairro,
  • 15:58 - 16:01
    dos amigos, dos bons amigos.
  • 16:02 - 16:06
    E finalmente, estas calças,
    estas calças são a minha mãe,
  • 16:06 - 16:08
    que trabalhava como prostituta
    e nunca estava em casa.
  • 16:13 - 16:18
    Somos todos iguais, como podem ver,
    mais diferença, menos diferença.
  • 16:18 - 16:21
    Eu trato sempre de estar agradecido
    por aquilo que tenho
  • 16:21 - 16:24
    e não me preocupar com o que me falta.
  • 16:24 - 16:27
    (Aplausos)
  • 16:40 - 16:41
    Estes...
  • 16:44 - 16:46
    Estes calções...
  • 16:49 - 16:54
    foi ter nascido no Sanatório Britânico
  • 16:54 - 16:56
    com médicos de primeira linha.
  • 16:57 - 16:59
    São estes os calções.
  • 17:04 - 17:09
    Esta "T-shirt" é ter andado
    no colégio dos Maristas
  • 17:09 - 17:11
    desde o infantário até ao secundário,
  • 17:11 - 17:13
    Martín Jáuregui: Queres que te ajude?
  • 17:13 - 17:15
    Podem continuar a aplaudir.
  • 17:15 - 17:18
    (Aplausos)
  • 17:19 - 17:21
    Pachi Tamer: Engomada pela minha mãe.
  • 17:21 - 17:24
    À noite a minha mãe,
    que está por aí, engomou-a.
  • 17:33 - 17:36
    Estas calças são ter-me enganado
    três vezes quanto ao meu curso
  • 17:36 - 17:39
    e os meus velhotes apoiaram-me
    até eu encontrar aquilo de que gostava.
  • 17:39 - 17:43
    (Aplausos)
  • 17:54 - 17:57
    Finalmente, estes são os meus sapatos,
    os que uso todos os dias
  • 17:58 - 18:01
    e que representam o esforço da minha mãe,
  • 18:01 - 18:03
    que, com 74 anos continua a trabalhar,
  • 18:03 - 18:06
    para que um estúpido divórcio
    não me deixe na rua.
  • 18:06 - 18:08
    Estes são os meus sapatos.
  • 18:08 - 18:10
    E agradeço a todos por
    terem-nos calçado durante 18 minutos.
  • 18:10 - 18:12
    Obrigado, mãe, obrigado a todos.
  • 18:12 - 18:14
    (Aplausos)
Title:
Sapatos novos | Pachi Tamer | TEDxRosario
Description:

Pachi Tamer esteve disfarçado de indigente toda a manhã, perto da entrada para a conferência, para depois, corajosamente, poder desnudar os preconceitos que marcam a nossa sociedade.

Publicitário, fotógrafo e trabalhador social, Pachi é daquelas pessoas que se envolve constantemente em problemas mas com a intenção de resolvê-los. A maior parte das vezes fracassa e isso, de certo modo, é um êxito total. Entre os seus fracassos mais importantes contam-se: nunca ter ganhado um Leão de Cannes, ter sido deportado de Inglaterra por trabalhar ilegalmente, ser pai divorciado e estar bastante endividado atualmente.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:30

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions