Return to Video

Universidade do futuro | Helder Lourenzi | TEDxUFRJ

  • 0:04 - 0:09
    Bom pessoal, muito tem se discutido
    sobre a universidade do futuro, né?
  • 0:11 - 0:17
    E eu acho que existe um senso comum
    que é favorável a essa faculdade do futuro
  • 0:17 - 0:21
    porque, se a gente for parar pra pensar,
  • 0:21 - 0:25
    100 anos atrás, as coisas eram totalmente
    diferentes do que são hoje,
  • 0:25 - 0:30
    as nossas relações, [a forma]
    como a gente se movia, enfim,
  • 0:30 - 0:36
    mas, se a gente for olhar a sala de aula,
    ela era assim 100 anos atrás
  • 0:37 - 0:40
    e, hoje, ela continua da mesma forma.
  • 0:40 - 0:42
    Pode ter mudado a foto...
  • 0:42 - 0:46
    era preto e branco e agora tem
    uma resolução melhor, é colorida...
  • 0:46 - 0:48
    mas é basicamente a mesma coisa.
  • 0:51 - 0:52
    E o ponto é:
  • 0:52 - 0:58
    eu estou sendo universitário agora, hoje,
  • 0:58 - 1:03
    e eu vou ter uma formação que não está
    de acordo com as demandas
  • 1:03 - 1:07
    dessa nossa nova realidade
    porque a minha universidade é do passado?
  • 1:08 - 1:13
    Ou melhor, como eu posso ter
    a melhor formação universitária possível
  • 1:13 - 1:15
    com o que eu tenho em mãos agora?
  • 1:17 - 1:21
    E essa é uma pergunta
    que eu venho me fazendo.
  • 1:21 - 1:25
    Eu sou estudante aqui da UFRJ,
    sou um universitário,
  • 1:25 - 1:30
    e é uma pergunta
    bastante difícil de responder,
  • 1:30 - 1:37
    mas eu acho que eu tenho
    algumas visões e conclusões,
  • 1:37 - 1:41
    que podem servir como dicas,
    que eu gostaria de compartilhar aqui.
  • 1:41 - 1:45
    Então, vamos pensar
    sobre o universitário do futuro,
  • 1:45 - 1:48
    em vez da universidade do futuro.
  • 1:48 - 1:51
    E, pra começar, vale a pena
    a gente entender
  • 1:51 - 1:57
    como esse modelo educacional
    que a gente tem atualmente nasceu,
  • 1:57 - 2:02
    e isso tem muito a ver com o período
    em que ele foi estabelecido,
  • 2:02 - 2:06
    que foi um período marcado pelo fordismo,
  • 2:06 - 2:13
    pelo modo de produção que priorizava
    a escala frente à qualidade,
  • 2:13 - 2:17
    que priorizava a uniformidade
    frente à personalização,
  • 2:17 - 2:20
    por meio de linhas de produção.
  • 2:22 - 2:25
    E faz bastante sentido,
    se a gente for parar pra pensar,
  • 2:25 - 2:31
    porque, nessa época, conhecimento
    era um bem extremamente escasso.
  • 2:33 - 2:36
    Conhecimento não era acessível,
    estava em poucos lugares,
  • 2:36 - 2:40
    e um desses lugares
    era justamente a universidade.
  • 2:40 - 2:45
    Então, o papel da universidade
    era disseminar, de maneira escalável,
  • 2:45 - 2:49
    esse conhecimento,
    ainda que fosse de forma superficial,
  • 2:49 - 2:55
    pra levar aquele que conseguia
    o seu canudo de papel
  • 2:56 - 2:59
    pro mercado de trabalho,
    se escolhesse esse caminho,
  • 2:59 - 3:04
    ou pra academia, se quisesse de fato
    se aprofundar e produzir conhecimento.
  • 3:06 - 3:10
    Então, se eu for me colocar
    nesse modelo de educação,
  • 3:10 - 3:13
    eu, como estudante
    de relações internacionais,
  • 3:13 - 3:17
    entro na faculdade,
    me jogam lá numa sala de aula,
  • 3:17 - 3:21
    pra cursar Relações Internacionais 1,
    minha primeira matéria.
  • 3:21 - 3:26
    Eu curso Relações Internacionais
    1, 2, 3 e 4 no primeiro período
  • 3:26 - 3:31
    e, assim que eu alcançar
    a matéria Relações Internacionais 35,
  • 3:31 - 3:35
    eu tenho direito a um papel
    que fala que eu sou um graduado.
  • 3:37 - 3:42
    Enfim, o problema é
    que isso deixa de funcionar
  • 3:42 - 3:48
    quando o conhecimento deixa de ser escasso
    e o conhecimento passa a ser abundante.
  • 3:49 - 3:54
    Se antes era um "metal precioso",
    como o ouro, agora é uma commodity.
  • 3:54 - 3:55
    A gente tem acesso
  • 3:55 - 3:59
    e o que separa a gente de praticamente
    todo o conhecimento que o homem produziu
  • 3:59 - 4:02
    é só a internet,
    é uma pesquisa no Google...
  • 4:02 - 4:03
    E aí, eu não falo informação.
  • 4:03 - 4:09
    Não é saber qual é a altura
    do Everest ou, enfim...
  • 4:11 - 4:15
    É ver artigos, estudar artigos,
  • 4:15 - 4:17
    ter acesso a aulas, a livros,
  • 4:17 - 4:22
    e, ainda que isso exija
    uma curva de aprendizado, está lá.
  • 4:22 - 4:28
    E também tem um segundo ponto
    extremamente importante,
  • 4:28 - 4:34
    e que muda desde que foi formado aquele
    nosso modelo educacional ultrapassado
  • 4:34 - 4:37
    que é a capacidade de realização,
  • 4:37 - 4:42
    que deixou de ser extremamente
    onerosa e complexa
  • 4:42 - 4:44
    e, hoje, é mais acessível.
  • 4:44 - 4:47
    Por realização, quero dizer
    realmente fazer coisas.
  • 4:47 - 4:49
    Então, por exemplo,
  • 4:49 - 4:54
    como era produzir um protótipo
    de qualquer coisa 100 anos atrás,
  • 4:54 - 4:59
    quando nasceu aquele modelo
    de formação de linha?
  • 5:00 - 5:02
    Era praticamente impossível.
  • 5:02 - 5:05
    Você tinha que alugar um laboratório,
  • 5:05 - 5:07
    você tinha que ficar
    um tempo correndo atrás,
  • 5:07 - 5:10
    mas hoje a gente consegue
    fazer um protótipo real
  • 5:10 - 5:14
    com uma impressora 3-D pessoal.
  • 5:14 - 5:20
    Ou, como era vender alguma coisa?
    Vamos supor que você queira vender algo.
  • 5:20 - 5:23
    Um tempo atrás, você teria
    que abrir uma loja física,
  • 5:23 - 5:24
    uma burocracia danada,
  • 5:24 - 5:28
    e hoje você pode montar
    um "e-commerce" em duas horas,
  • 5:28 - 5:31
    ou vender pela página do Facebook.
  • 5:31 - 5:35
    Você pode mobilizar pessoas
    em torno de uma causa
  • 5:35 - 5:37
    através das redes sociais.
  • 5:37 - 5:40
    Pode divulgar sua música
    sem precisar de uma gravadora
  • 5:40 - 5:44
    pra pagar o cara da rádio
    pra tocar o seu som, enfim.
  • 5:45 - 5:48
    Mas a mágica acontece
  • 5:48 - 5:54
    quando a gente soma abundância,
    conhecimento abundante,
  • 5:54 - 5:58
    e maior capacidade de realização,
  • 5:58 - 6:03
    isso pra faculdade,
    mas também pro universitário.
  • 6:03 - 6:10
    O universitário, agora, tem o privilégio
    de conseguir ter experiências,
  • 6:10 - 6:16
    de estar em um ambiente
    que é [propício] a experiências novas,
  • 6:16 - 6:18
    e isso é fantástico.
  • 6:19 - 6:23
    Eu também comecei a perceber
    que alguns universitários
  • 6:26 - 6:30
    perceberam que podiam
    usar isso ao seu favor,
  • 6:30 - 6:33
    e começaram a ter uma...
  • 6:34 - 6:40
    a achar o seu propósito, a fazer algo
    que fazia sentido e que os movia.
  • 6:40 - 6:45
    Era muito interessante que, sempre
    com essa formação pautada em experiências,
  • 6:45 - 6:48
    e não pautada naquela linha de produção,
  • 6:48 - 6:54
    eles estavam atrás
    de experiências relevantes pra si.
  • 6:54 - 7:00
    E algo em comum entre eles era
    achar um interesse dentro da universidade
  • 7:00 - 7:05
    e, aí, partir pra algum
    tipo de realização,
  • 7:05 - 7:08
    essa realização que, no início,
    em quase todos os casos,
  • 7:08 - 7:12
    é um pouco difícil, tem problemas,
  • 7:12 - 7:18
    mas quem consegue superar
    esses problemas melhora, se desenvolve,
  • 7:18 - 7:21
    evolui, busca novos interesses,
  • 7:21 - 7:26
    fica bom naquilo que faz
    e acha de fato o seu propósito,
  • 7:26 - 7:29
    além de produzir algo relevante.
  • 7:30 - 7:34
    Eu, como não sou egoísta,
    vou dividir algumas histórias
  • 7:34 - 7:41
    de alguns universitários que optaram
    por essa formação orientada à experiência.
  • 7:41 - 7:43
    Então, primeiro, o Paulo,
  • 7:43 - 7:48
    que foi aluno aqui
    do CT, da UFRJ, de engenharia.
  • 7:49 - 7:53
    Ele mesmo teve dificuldade
    em passar pelo ciclo básico
  • 7:53 - 7:57
    e percebeu que outros colegas também
    tinham, que isso era um baita problema...
  • 7:57 - 8:01
    alunos com potencial
    acabam repetindo matérias...
  • 8:01 - 8:05
    e ele resolveu desenvolver
    um método próprio
  • 8:05 - 8:07
    pra ajudar esses estudantes.
  • 8:07 - 8:08
    Ele conseguiu.
  • 8:08 - 8:12
    Depois de errar um pouco,
    de melhorar o seu produto,
  • 8:12 - 8:15
    conseguiu chegar num método
    extremamente eficiente,
  • 8:15 - 8:20
    que hoje a maioria dos alunos desses
    cursos usa pra passar nessas matérias.
  • 8:20 - 8:23
    E isso deu origem à sua
    empresa, "Responde Aí",
  • 8:23 - 8:29
    que hoje é uma das principais "start-ups"
    de educação no Brasil.
  • 8:29 - 8:34
    Ou também o Rubens, que é graduando
    de comunicação aqui da UFRJ,
  • 8:34 - 8:38
    que, numa matéria
    em que precisava fazer um curta,
  • 8:38 - 8:41
    usou ao máximo aquilo
    que a universidade lhe ofereceu,
  • 8:41 - 8:47
    contatos, produção, pesquisa,
    a força de trabalho dos seus colegas,
  • 8:47 - 8:52
    pra produzir algo que ele considerava
    da melhor qualidade.
  • 8:52 - 8:56
    Isso fez com que aquele trabalho de escola
  • 8:56 - 8:59
    chegasse à seleção oficial de Cannes,
  • 8:59 - 9:01
    o que é incrível.
  • 9:01 - 9:06
    Ou também o Lucas,
    estudante de engenharia,
  • 9:06 - 9:09
    que tinha um tio com um problema motor
  • 9:09 - 9:14
    e precisava de uma prótese
    que custava cerca de US$ 20 mil
  • 9:14 - 9:16
    e não tinha condição pra pagar.
  • 9:16 - 9:18
    Ele, com a ajuda de professores,
  • 9:18 - 9:24
    desenvolveu uma prótese
    bem mais barata, mais escalável
  • 9:24 - 9:29
    e que solucionava essa dor,
    e hoje é algo economicamente viável.
  • 9:30 - 9:35
    Há outros exemplos também: o do João,
  • 9:35 - 9:40
    que sempre gostou de jornalismo,
    jornalismo aprofundado, diferente,
  • 9:40 - 9:43
    e por isso começou uma revista digital
  • 9:44 - 9:50
    que produzia conteúdo da maneira
    que ele achava que fazia sentido,
  • 9:50 - 9:55
    e, graças a essa sua revista,
    ele chegou num trabalho dos sonhos,
  • 9:55 - 9:59
    um estágio na revista
    que mais admirava, na "Piauí".
  • 9:59 - 10:01
    Ou a Juliana, de São Paulo,
  • 10:01 - 10:05
    que tinha alguns problemas
    na comunidade em que vivia
  • 10:05 - 10:10
    e conseguiu, com a ajuda
    de colegas universitários,
  • 10:10 - 10:11
    com a ajuda de professores,
  • 10:11 - 10:16
    criar uma ONG que ajuda
    as pessoas da sua comunidade.
  • 10:16 - 10:19
    Ou até o Solon,
  • 10:19 - 10:24
    que sempre gostou
    de administração de empresas
  • 10:24 - 10:28
    e cursa engenharia no IME.
  • 10:28 - 10:33
    E lá, ele teve um resultado
    sensacional na empresa júnior,
  • 10:33 - 10:37
    conseguiu achar do que gostava de fato
  • 10:37 - 10:40
    e, atualmente, está no maior
    banco de investimentos do país,
  • 10:40 - 10:44
    fazendo algo de que gosta,
    fazendo um trabalho relevante.
  • 10:45 - 10:48
    Então, aquela pergunta do começo,
  • 10:48 - 10:52
    "como a gente pode extrair
    o máximo da universidade",
  • 10:52 - 10:54
    uma pergunta difícil de responder
  • 10:54 - 10:59
    e que acho que eu não tenho
    capacidade de responder ainda,
  • 11:00 - 11:03
    a gente pode perceber que, nesses casos,
  • 11:03 - 11:08
    os estudantes tiraram
    o melhor da universidade,
  • 11:08 - 11:12
    conseguiram extrair o máximo,
    acharam algo que fazia sentido pra eles
  • 11:12 - 11:16
    e começaram a produzir coisas relevantes.
  • 11:16 - 11:22
    E isso porque eles usaram
    essas novas ferramentas
  • 11:22 - 11:24
    que estão disponíveis pra nossa geração,
  • 11:24 - 11:29
    em vez de esperar que a universidade
    desse essa formação pra eles.
  • 11:29 - 11:32
    E essa é a mensagem que eu quero deixar:
  • 11:32 - 11:38
    se a universidade é uma organização
    extremamente grande,
  • 11:38 - 11:43
    burocrática, avessa a mudanças, secular,
  • 11:43 - 11:47
    o estudante universitário é o indivíduo,
  • 11:47 - 11:53
    e o indivíduo pode mudar
    simplesmente com a sua vontade.
  • 11:53 - 11:55
    E, pelo que me parece,
  • 11:55 - 12:00
    quando essa vontade
    é de realizar experiências,
  • 12:00 - 12:07
    ele alcança resultados legais rápido
    e com bastante eficácia.
  • 12:07 - 12:09
    Então, esse é o convite
    que eu quero fazer pra vocês.
  • 12:09 - 12:11
    Muito obrigado.
  • 12:11 - 12:12
    (Aplausos)
Title:
Universidade do futuro | Helder Lourenzi | TEDxUFRJ
Description:

Nascido na periferia de São Paulo, Helder Lourenzi, é graduando da UFRJ com muito orgulho e empreendeu o Bolão de Futebol - Pitaco, um aplicativo com mais de 100 mil usuários. Organizou o Startup Weekend Rio 2014, além de ter cocriado outras iniciativas universitárias, como o Projeto Base, que durante seis meses levou estudantes das melhores universidades do Rio a ajudar microempreendedores de baixa renda do Complexo do Alemão, e o Universitário Fora da Caixa, um "crowdsourcing" de conteúdo feito por universitários para universitários. Com essa inquietude e espírito empreendedor, ele propõe uma reflexão sobre o universitário do futuro.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, usando o formato de conferência TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:16

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions