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Como um menino se tornou um artista.

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    Olá! O meu nome é Jarrett Krosoczka.
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    Escrevo e ilustro livros para crianças.
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    Uso a minha imaginação
    como trabalho a tempo inteiro.
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    Muito antes de a minha imaginação
    se tornar a minha vocação,
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    a minha imaginação salvou-me a vida.
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    Quando eu era uma criança,
    adorava desenhar.
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    A artista mais talentosa
    que eu conhecia
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    era a minha mãe.
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    Mas a minha mãe
    era viciada em heroína.
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    Quando um dos nossos pais
    é viciado em droga,
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    é mais ou menos como o Charlie Brown
    a tentar chutar a bola de futebol,
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    porque, por mais que
    queiramos amar essa pessoa,
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    por mais que queiramos receber
    amor dessa pessoa,
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    cada vez que abrimos o nosso coração,
    acabamos dececionados.
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    Ao longo da minha infância,
    a minha mãe esteve presa.
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    Eu não tinha pai.
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    Nem sequer sabia o nome dele
    até chegar ao 6.º ano.
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    Mas tinha os meus avós,
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    os meus avós maternos,
    Joseph e Shirley,
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    que me adotaram pouco antes
    do meu terceiro aniversário.
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    Criaram-me como a um filho
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    depois de já terem criado cinco filhos.
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    Duas pessoas que cresceram
    nos tempos da Grande Depressão,
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    bem no início dos anos 80,
    acolheram um novo filho.
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    Eu era o primo Oliver da série
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    "A família Krosoczka",
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    a nova criança que apareceu do nada.
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    Quero dizer que a vida
    foi fácil com eles.
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    Fumavam dois maços por dia,
    cada um, sem filtro.
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    Aos seis anos,
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    eu podia pedir um "cocktail"
    de vermute seco,
  • 1:31 - 1:33
    com gelo à parte,
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    para que coubesse mais álcool na bebida.
  • 1:36 - 1:37
    (Risos)
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    Mas eles amavam-me imenso.
    Amavam-me muito.
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    E apoiavam os meus esforços criativos,
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    porque o meu avô foi um homem
    que fez o seu próprio caminho.
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    Dirigia e trabalhava numa fábrica.
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    A minha avó era dona de casa.
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    Mas aqui estava este miúdo
    que adorava Transformers,
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    Snoopy e Tartarugas Ninja.
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    Apaixonava-me pelos personagens que lia.
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    Tornavam-se meus amigos.
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    Os meus melhores amigos
    eram as personagens
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    que eu lia nos livros.
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    Andei na escola primária Gates Lane
    em Worcester, Massachussetts.
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    Tive lá professores maravilhosos,
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    principalmente a Sra. Alisch,
    no primeiro ano.
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    Ainda me consigo lembrar
    do amor que ela dava
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    aos seus alunos.
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    Quando eu estava no 3.º ano,
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    ocorreu um acontecimento monumental.
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    Jack Gantos visitou a nossa escola.
  • 2:31 - 2:35
    Um autor com livros publicados
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    veio falar connosco sobre o seu trabalho.
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    Depois, voltámos para as salas de aula
  • 2:41 - 2:43
    e desenhámos as nossas próprias versões
  • 2:43 - 2:45
    do seu personagem principal, Rotten Ralph.
  • 2:45 - 2:48
    De repente, o autor apareceu
    à entrada da nossa sala.
  • 2:48 - 2:51
    Lembro-me dele a andar
    descontraídamente pelo meio de nós,
  • 2:51 - 2:54
    passando um por um, olhando para as
    carteiras, sem dizer uma palavra.
  • 2:54 - 2:57
    Parou ao pé da minha carteira.
  • 2:57 - 3:00
    Bateu na minha carteira e disse:
  • 3:00 - 3:02
    '' Bonito gato!"
  • 3:02 - 3:03
    (Risos)
  • 3:03 - 3:05
    E seguiu o seu caminho.
  • 3:05 - 3:09
    Duas palavras que fizeram
    uma diferença colossal na minha vida.
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    Quando estava no 3.º ano,
    escrevi o meu primeiro lvro:
  • 3:13 - 3:16
    '' A coruja que pensava
    que era a melhor voadora. "
  • 3:16 - 3:17
    (Risos)
  • 3:17 - 3:20
    Tínhamos de escrever
    o nosso próprio mito grego,
  • 3:20 - 3:22
    uma história criada por nós.
    Escrevi sobre uma coruja
  • 3:22 - 3:26
    que desafiou Hermes
    para uma corrida no ar.
  • 3:26 - 3:28
    A coruja fez batota.
  • 3:28 - 3:32
    Hermes, como era um deus grego,
    ficou furioso e amargo
  • 3:32 - 3:34
    e transformou a coruja numa lua.
  • 3:34 - 3:36
    A coruja viveu o resto da
    vida como uma lua,
  • 3:36 - 3:38
    enquanto via a família
    e os amigos a brincarem à noite.
  • 3:39 - 3:41
    (Risos)
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    O meu livro tinha uma folha de rosto.
  • 3:44 - 3:48
    Eu estava muito preocupado com a minha
    propriedade intelectual, aos 8 anos.
  • 3:48 - 3:50
    (Risos)
  • 3:52 - 3:55
    Era uma história contada
    com palavras e imagens,
  • 3:55 - 3:57
    exatamente o que faço agora,
    como profissão.
  • 3:58 - 4:01
    Às vezes deixo as palavras
    terem o papel principal,
  • 4:01 - 4:04
    às vezes permito
    que as imagens trabalhem sozinhas
  • 4:04 - 4:06
    para contar a história.
  • 4:06 - 4:09
    A minha página favorita
    é a página "Sobre o autor".
  • 4:09 - 4:11
    (Risos)
  • 4:12 - 4:15
    Aprendi a escrever
    sobre mim próprio na terceira pessoa,
  • 4:15 - 4:17
    ainda muito novo.
  • 4:16 - 4:18
    (Risos)
  • 4:19 - 4:21
    Adoro a última frase:
    "Ele gostou de fazer este livro."
  • 4:21 - 4:25
    Gostei de fazer aquele livro porque
    eu adorava usar minha imaginação,
  • 4:25 - 4:26
    e é isso que é escrever.
  • 4:26 - 4:29
    Escrever é usar a nossa imaginação
    no papel.
  • 4:29 - 4:31
    Vou a muitas escolas hoje em dia,
  • 4:31 - 4:35
    e assusta-me que, para as crianças,
    este conceito seja tão estranho :
  • 4:35 - 4:38
    "Escrever é usar a imaginação no papel",
  • 4:38 - 4:43
    — se é que as deixam escrever
    durante o horário escolar.
  • 4:43 - 4:45
    Eu gostava tanto de escrever
    que voltava para casa,
  • 4:45 - 4:47
    pegava em pedaços de papel,
  • 4:47 - 4:49
    agrafava-os,
  • 4:49 - 4:52
    e enchia aquelas páginas em branco
    com palavras e desenhos,
  • 4:52 - 4:56
    simplesmente porque adorava
    usar a minha imaginação.
  • 4:56 - 4:58
    Aqueles personagens
    tornavam-se meus amigos.
  • 4:58 - 5:01
    Havia um ovo, um tomate,
    uma alface e uma abóbora,
  • 5:01 - 5:03
    e todos eles viviam
    nesta cidade frigorífico.
  • 5:04 - 5:06
    Numa das suas aventuras
    foram a uma casa assombrada,
  • 5:06 - 5:08
    que estava cheia de muitos perigos:
  • 5:08 - 5:11
    uma liquidificadora malvada
    que tentava triturá-los,
  • 5:11 - 5:13
    (Risos)
  • 5:13 - 5:17
    uma torradeira malvada
    que tentava raptar o casal de pães,
  • 5:17 - 5:18
    (Risos)
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    e um microondas mau
    que tentava derreter um amigo
  • 5:21 - 5:23
    que era um pacote de manteiga.
  • 5:23 - 5:24
    (Risos)
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    Também fazia as minhas
    bandas desenhadas.
  • 5:26 - 5:28
    Era outra maneira de contar histórias
  • 5:28 - 5:31
    através de palavras e desenhos.
  • 5:32 - 5:34
    Quando estava no 6.º ano,
  • 5:34 - 5:36
    o financiamento público eliminou
    o orçamento para as artes
  • 5:36 - 5:38
    nas escolas públicas de Worcester.
  • 5:38 - 5:41
    Em vez de ter aulas de arte
    uma vez por semana,
  • 5:41 - 5:43
    passei a tê-la duas vezes por mês,
  • 5:43 - 5:46
    depois uma vez por mês,
    até não ter nenhuma.
  • 5:46 - 5:48
    O meu avô era um homem sábio.
  • 5:48 - 5:50
    Achou que isso era um problema.
  • 5:50 - 5:52
    Sabia que era a única coisa que eu tinha.
  • 5:52 - 5:55
    Eu não praticava desporto.
    Só tinha a arte.
  • 5:56 - 5:59
    Entrou no meu quarto, uma noite,
  • 5:59 - 6:01
    sentou-se na ponta da minha cama e disse:
  • 6:01 - 6:02
    ''Jarrett, é contigo, mas se quiseres,
  • 6:02 - 6:05
    "gostávamos de mandar-te estudar
    no Museu de Arte de Worcester. ''
  • 6:05 - 6:07
    Eu fiquei entusiasmado.
  • 6:07 - 6:08
    Do 6.º ao 12.º ano,
  • 6:08 - 6:10
    uma, duas, três vezes por semana,
  • 6:10 - 6:12
    tinha aulas no museu de arte.
  • 6:12 - 6:15
    Estava rodeado de crianças
    que adoravam desenhar,
  • 6:15 - 6:18
    outras crianças que partilhavam
    uma paixão semelhante.
  • 6:18 - 6:21
    A minha carreira em publicação
    começou quando desenhei a capa
  • 6:21 - 6:24
    para o livro de ano do meu 8.º Ano.
  • 6:24 - 6:27
    Devem estar a pensar no estilo da roupa
    que eu dei à nossa mascote.
  • 6:27 - 6:30
    Eu adorava Bell Biv DeVoe
    e MC Hammer,
  • 6:30 - 6:32
    e Vanilla Ice naquela altura.
  • 6:32 - 6:34
    (Risos)
  • 6:34 - 6:37
    Ainda hoje consigo cantar o
    "Ice, Ice, Baby" no "karaoke"
  • 6:37 - 6:40
    sem olhar para o ecrã.
  • 6:40 - 6:43
    Não me desafiem, que eu canto mesmo.
  • 6:43 - 6:46
    Então mandaram-me
    para um colégio particular.
  • 6:46 - 6:47
    Até ao 8.º ano andei em escolas públicas.
  • 6:47 - 6:49
    O meu avô estava preocupado
  • 6:49 - 6:52
    porque alguém, no liceu da zona,
    tinha sido esfaqueado e morto.
  • 6:53 - 6:55
    Por isso, ele não queria que
    eu continuasse lá.
  • 6:55 - 6:58
    Quis que eu fosse para um
    colégio particular, e deixou-me escolher:
  • 6:58 - 7:00
    "Podes ir para a Holy Name,
    uma escola mista,
  • 7:00 - 7:02
    "ou para a St. John's,
    só para rapazes."
  • 7:02 - 7:04
    Um homem muito sábio,
    porque ele sabia o que eu ia...
  • 7:04 - 7:07
    Eu senti que estava a tomar decisão
    por mim próprio.
  • 7:07 - 7:09
    Ele sabia que eu não ia
    escolher St. John's.
  • 7:09 - 7:10
    Fui para a secundária Holy Name.
  • 7:10 - 7:13
    Foi uma transição difícil
    porque, como eu disse,
  • 7:13 - 7:15
    eu não praticava desporto
  • 7:15 - 7:17
    e a escola dava muita
    importância ao desporto.
  • 7:17 - 7:20
    Mas consolei-me
    na sala de arte do Sr. Shilale.
  • 7:21 - 7:24
    E ali desabrochei.
  • 7:24 - 7:27
    Mal podia esperar para ir para
    aquela aula todos os dias.
  • 7:27 - 7:29
    Como é que fiz amigos?
  • 7:29 - 7:32
    Desenhei caricaturas dos professores.
  • 7:32 - 7:33
    (Risos)
  • 7:33 - 7:36
    e passei-as de mão em mão.
  • 7:36 - 7:40
    Na minha aula de inglês, no 9.º ano,
  • 7:40 - 7:42
    o meu amigo John,
    que estava sentado ao meu lado,
  • 7:42 - 7:45
    riu um pouco alto demais.
  • 7:45 - 7:47
    O Sr. Greenwood não gostou.
  • 7:47 - 7:50
    (Risos)
  • 7:51 - 7:54
    Percebeu logo que
    era eu a causa daquela agitação.
  • 7:54 - 7:58
    Pela primeira vez na vida,
    fui mandado para a rua.
  • 7:58 - 8:01
    Pensei: ''Ah, estou tramado.
  • 8:01 - 8:03
    "O meu avô vai-me matar".
  • 8:04 - 8:06
    O professor veio ter comigo e disse:
  • 8:06 - 8:07
    "Deixe-me ver esse papel."
  • 8:07 - 8:11
    Pensei: ''Ah! Ele pensa que é uma cábula. ''
  • 8:12 - 8:14
    Então agarrei no desenho e mostrei-lho.
  • 8:14 - 8:18
    Ele sentou-se em silêncio
    por um instante
  • 8:18 - 8:20
    e disse-me:
  • 8:20 - 8:22
    "Tens muito talento."
  • 8:22 - 8:23
    (Risos)
  • 8:23 - 8:26
    ''És mesmo muito bom.
    Sabes, o jornal escolar
  • 8:26 - 8:28
    "precisa de um novo ilustrador.
    Devias ser tu.
  • 8:28 - 8:31
    "Mas deixa de desenhar na minha aula."
  • 8:31 - 8:32
    (Risos)
  • 8:32 - 8:34
    Os meus avós nunca souberam disto.
  • 8:34 - 8:36
    Não fiquei em apuros.
  • 8:36 - 8:39
    Fui apresentado à Sra. Casey,
    que coordenava o jornal da escola.
  • 8:39 - 8:43
    Durante três anos e meio
  • 8:43 - 8:46
    fui o ilustrador do jornal escolar,
  • 8:46 - 8:48
    tratando de questões muito sérias:
  • 8:49 - 8:50
    "Os mais velhos são malvados",
  • 8:50 - 8:52
    (Risos)
  • 8:52 - 8:53
    "Os calouros são cromos",
  • 8:53 - 8:55
    (Risos)
  • 8:55 - 8:59
    "O baile de formatura sai caro.
    Não acredito quanto custa!"
  • 8:59 - 9:00
    (Risos)
  • 9:00 - 9:03
    E caricaturei o diretor da escola.
  • 9:03 - 9:07
    Também escrevi um folhetim
    sobre um tipo chamado Wesley
  • 9:07 - 9:09
    que tinha uma paixão infeliz.
  • 9:09 - 9:12
    Jurei a pés juntos que não era eu.
  • 9:13 - 9:15
    Mas agora já posso dizer,
    era mesmo sobre mim.
  • 9:15 - 9:17
    (Risos)
  • 9:17 - 9:19
    Era tão bom eu poder
    escrever estas histórias,
  • 9:19 - 9:20
    poder ter novas ideias,
  • 9:20 - 9:23
    e elas serem publicadas
    no jornal da escola,
  • 9:23 - 9:24
    serem lidas por pessoas
    que eu não conhecia.
  • 9:24 - 9:28
    Adorava a ideia de poder
    partilhar as minhas ideias
  • 9:28 - 9:30
    através de páginas impressas.
  • 9:30 - 9:34
    Quando fiz 14 anos, os meus avós
  • 9:34 - 9:35
    deram-me o melhor presente de sempre:
  • 9:35 - 9:39
    um estirador que eu utilizo
    para trabalhar desde então.
  • 9:40 - 9:42
    Aqui estou eu, 20 anos depois.
  • 9:42 - 9:45
    Continuo a trabalhar
    neste estirador, todos os dias.
  • 9:46 - 9:50
    Na noite do meu 14º aniversário,
    recebi o estirador.
  • 9:50 - 9:52
    Comemos comida chinesa.
  • 9:53 - 9:55
    A frase do meu bolinho da sorte chinês
    foi esta:
  • 9:55 - 9:57
    (Ahhhhh!)
  • 9:57 - 9:59
    "Terá êxito no seu trabalho."
  • 9:59 - 10:01
    Colei-o na parte superior do estirador.
  • 10:01 - 10:03
    Como podem ver, continua ali.
  • 10:03 - 10:07
    Nunca pedi nada aos meus avós,
  • 10:07 - 10:10
    a não ser duas coisas:
    Rusty, que era um ótimo "hamster"
  • 10:10 - 10:12
    e viveu uma longa vida
    quando eu estava no 4.º ano.
  • 10:12 - 10:15
    (Risos)
  • 10:17 - 10:19
    E uma câmara de vídeo.
  • 10:20 - 10:22
    Queria muito uma câmara de vídeo.
  • 10:22 - 10:25
    Depois de pedir e implorar para o Natal,
  • 10:25 - 10:27
    recebi uma câmara em segunda mão.
  • 10:27 - 10:32
    Comecei logo a fazer
    as minhas animações à minha maneira.
  • 10:33 - 10:36
    Durante todo o resto do secundário
    fiz as minhas animações.
  • 10:36 - 10:39
    Convenci o meu professor
    do 10.º Ano a autorizar-me
  • 10:39 - 10:41
    a fazer um resumo de "Misery",
    o livro do Stephen King,
  • 10:41 - 10:43
    como uma curta metragem animada.
  • 10:43 - 10:46
    (Risos)
  • 10:46 - 10:49
    Continuei a fazer banda desenhada.
  • 10:49 - 10:50
    Continuei a fazê-las.
  • 10:50 - 10:53
    No museu de arte de Worcester
  • 10:53 - 10:56
    recebi o melhor conselho que
    jamais recebi de um educador.
  • 10:57 - 11:00
    Mark Lynch é um professor incrível
  • 11:00 - 11:02
    e continua a ser um querido amigo meu.
  • 11:02 - 11:05
    Eu tinha 14 ou 15 anos.
  • 11:05 - 11:07
    Fui à sua aula de banda desenhada,
    a meio do curso.
  • 11:07 - 11:09
    Estava muito animado, radiante.
  • 11:09 - 11:13
    Tinha um livro que ensinava a desenhar
    banda desenhada ao estilo da Marvel.
  • 11:13 - 11:15
    Ele ensinou-me a desenhar super-heróis,
  • 11:15 - 11:17
    a desenhar uma mulher,
    a desenhar músculos
  • 11:17 - 11:19
    como eles deviam ser,
  • 11:19 - 11:22
    se eu quisesse desenhar o X-Men
    ou o Homem Aranha.
  • 11:22 - 11:25
    E com um ar muito sério,
  • 11:25 - 11:27
    olhou para mim, e disse:
  • 11:27 - 11:29
    ''Esqueça tudo o que aprendeu."
  • 11:29 - 11:31
    Eu não percebi. Ele disse:
  • 11:31 - 11:33
    "Você tem um ótimo estilo.
  • 11:33 - 11:37
    "Cultive o seu estilo. Não desenhe
    como lhe ensinaram a desenhar.
  • 11:37 - 11:40
    "Desenhe como já desenha e continue assim,
  • 11:40 - 11:42
    "porque você é muito bom."
  • 11:42 - 11:46
    Em adolescente, eu era ansioso,
    como todos os adolescentes.
  • 11:46 - 11:49
    Mas, depois de 17 anos com uma mãe
  • 11:49 - 11:51
    que entrava e saía
    da minha vida como um "yo-yo"
  • 11:51 - 11:54
    e um pai que não tinha rosto,
    sentia-me revoltado.
  • 11:55 - 11:58
    Quando tinha 17 anos,
    encontrei o meu pai pela primeira vez.
  • 11:58 - 12:02
    Descobri que tinha um irmão
    e uma irmã de que nunca ouvira falar.
  • 12:02 - 12:04
    Nesse mesmo dia
  • 12:04 - 12:07
    fui rejeitado pela Escola Superior
    de "Design" de Rhode Island,
  • 12:07 - 12:10
    a minha única escolha para a faculdade.
  • 12:10 - 12:13
    Na mesma época fui
    para o acampamento Sunshine
  • 12:13 - 12:15
    como voluntário por uma semana,
    com crianças incríveis,
  • 12:15 - 12:18
    crianças com leucemia.
    Este menino, Eric, mudou a minha vida.
  • 12:18 - 12:21
    Eric não chegou aos 6 anos,
  • 12:21 - 12:23
    mas vive comigo todos os dias.
  • 12:23 - 12:27
    Após esta experiência,
    o meu professor de arte, o Sr. Shilale,
  • 12:27 - 12:28
    deu-me uns livros de imagens, e eu:
  • 12:28 - 12:30
    "Livros com imagens para crianças!"
  • 12:30 - 12:33
    Comecei a escrever livros
    para pequenos leitores
  • 12:35 - 12:37
    quando estava a acabar o secundário.
  • 12:37 - 12:39
    Acabei por ir para a Escola
    de "Design" Rhode Island.
  • 12:39 - 12:42
    Mudei-me para lá quando
    estava no 2.º ano.
  • 12:42 - 12:45
    Foi lá que frequentei
    todas as aulas de escrita que pude.
  • 12:46 - 12:49
    Foi lá que escrevi uma história
    sobre uma lesma gigante, laranja.
  • 12:49 - 12:51
    que queria ser amiga de uma criança.
  • 12:51 - 12:53
    A criança não tinha paciência com ele.
  • 12:53 - 12:56
    Enviei este livro a uma dúzia de editoras,
  • 12:56 - 12:58
    mas foi sempre rejeitado.
  • 12:58 - 13:01
    Também andava envolvido
    no Hole in the Wall Gang,
  • 13:01 - 13:04
    um acampamento para crianças
    com doenças críticas.
  • 13:04 - 13:07
    Lia as minhas histórias a essas crianças
  • 13:07 - 13:11
    e ao lê-las, via que elas
    gostavam do meu trabalho.
  • 13:11 - 13:15
    Formei-me em Rhode Island.
    Os meus avós estavam muito orgulhosos,
  • 13:15 - 13:17
    Mudei-me para Boston,
    onde montei uma loja.
  • 13:17 - 13:19
    Montei um estúdio e tentei ser publicado.
  • 13:19 - 13:23
    Mandava os meus livros.
    Mandava centenas de postais
  • 13:23 - 13:25
    para editores e diretores de artes,
  • 13:25 - 13:27
    mas nunca recebia resposta.
  • 13:27 - 13:29
    O meu avô ligava-me
    todas as semanas e disse-me:
  • 13:29 - 13:33
    "Jarrett, como vão as coisas?
    Já arranjaste trabalho?"
  • 13:33 - 13:34
    Porque ele tinha investido
  • 13:34 - 13:37
    uma quantidade significativa
    de dinheiro no meu curso.
  • 13:37 - 13:41
    Eu disse: "Sim, tenho trabalho.
    Escrevo e ilustro livros para crianças."
  • 13:41 - 13:44
    Ele disse: "Bem, quem é
    que te paga para isso?"
  • 13:44 - 13:46
    Eu disse: "Ninguém, ninguém ainda.
  • 13:46 - 13:48
    "Mas sei que vai acontecer."
  • 13:48 - 13:51
    Nos fins de semana trabalhava nos
    projetos do Hole In The Wall,
  • 13:51 - 13:54
    para ganhar um dinheiro extra
    enquanto tentava afirmar-me.
  • 13:54 - 13:58
    Havia lá uma criança muito hiperativa.
  • 13:58 - 14:01
    Comecei a chamar-lhe "Menino Macaco".
  • 14:01 - 14:04
    Um dia fui para casa e escrevi um livro
    chamado: "Boa Noite, Menino Macaco".
  • 14:04 - 14:07
    Mandei mais uma remessa
    de cartões postais.
  • 14:08 - 14:11
    E recebi um "email" de um editor
    da Random House.
  • 14:11 - 14:14
    O assunto era: "Bom trabalho!"
    Ponto de exclamação.
  • 14:15 - 14:17
    "Caro Jarrett, recebi o seu postal.
  • 14:17 - 14:19
    "Gostei da sua arte e fui ao seu 'website'.
  • 14:19 - 14:23
    "Gostava de saber se já tentou
    escrever alguma das suas histórias.
  • 14:23 - 14:26
    "Gostei da sua arte e algumas
    histórias devem ficar bem com ela.
  • 14:26 - 14:30
    "Por favor, avise-me
    se vier a Nova Iorque".
  • 14:30 - 14:33
    O "email" era de um editor de
    livros infantis da Random House.
  • 14:34 - 14:36
    Na semana seguinte, eu "por acaso"
    estava em Nova Iorque.
  • 14:36 - 14:39
    (Risos)
  • 14:39 - 14:41
    Encontrei-me com esse editor.
  • 14:41 - 14:44
    Saí de Nova Iorque com o contrato
    para o meu primeiro livro,
  • 14:44 - 14:45
    "Boa Noite, Menino Macaco"
  • 14:45 - 14:48
    que foi publicado a 12 de Junho de 2001.
  • 14:49 - 14:53
    O jornal local publicou a notícia.
  • 14:54 - 14:58
    A livraria local deu-lhe um grande relevo.
  • 14:59 - 15:00
    Venderam os livros todos.
  • 15:00 - 15:04
    Um amigo descreveu
    o livro como uma vigília, mas feliz,
  • 15:04 - 15:07
    porque todos que eu conhecia,
    estavam ali para me ver
  • 15:07 - 15:10
    mas eu não estava morto.
    Estava apenas a assinar livros.
  • 15:10 - 15:12
    Os meus avós também lá estavam.
  • 15:12 - 15:14
    Estavam muito felizes, muito orgulhosos.
  • 15:14 - 15:18
    Estavam lá a Sra. Alisch,
    o Sr. Shilale, a Sra. Casey.
  • 15:18 - 15:20
    A Sra. Alisch furou a fila e disse:
  • 15:20 - 15:21
    "Fui eu que o ensinei a ler!"
  • 15:21 - 15:23
    (Risos)
  • 15:23 - 15:25
    Então, aconteceu algo
    que mudou a minha vida.
  • 15:25 - 15:28
    Recebi a primeira carta
    significativa de um fã.
  • 15:28 - 15:31
    Era uma criança que gostava
    tanto do Menino Macaco,
  • 15:31 - 15:34
    que quis um bolo de anos
    com o Menino Macaco.
  • 15:34 - 15:37
    Para uma criança de dois anos,
    é quase uma tatuagem.
  • 15:37 - 15:39
    (Risos)
  • 15:40 - 15:42
    Só temos uma festa de anos por ano.
  • 15:42 - 15:44
    E para ele, era apenas a segunda.
  • 15:44 - 15:46
    Eu recebi a foto, e pensei:
  • 15:46 - 15:48
    "Esta foto vai viver com ele,
    na sua consciência,
  • 15:48 - 15:52
    "durante toda a sua vida.
    Vai ter esta foto para sempre,
  • 15:52 - 15:54
    "nos álbuns de família."
  • 15:54 - 15:57
    Aquela foto, desde aquele momento,
  • 15:57 - 16:00
    está pendurada na minha frente,
    enquanto trabalho nos meus livros.
  • 16:00 - 16:02
    Tenho dez livros ilustrados:
  • 16:02 - 16:06
    "Punk Farm", "Baghead",
    "Ollie the Purple Elephant."
  • 16:06 - 16:08
    Eu acabei de terminar o nono livro
  • 16:08 - 16:11
    da série "Lunch Lady",
    que é uma série de livros ilustrados
  • 16:11 - 16:13
    sobre uma cozinheira
    que combate o crime.
  • 16:14 - 16:16
    Estou à espera do lançamento de um livro,
  • 16:16 - 16:20
    chamado "Platypus Police Squad:
    The Frog who Croaked."
  • 16:20 - 16:23
    E viajo pelo país,
    visitando inúmeras escolas,
  • 16:23 - 16:27
    dizendo a muitas crianças
    que elas desenham bonitos gatos.
  • 16:28 - 16:30
    Encontro os "Bagheads"...
  • 16:31 - 16:34
    As cozinheiras das cantinas
    tratam-me muito bem...
  • 16:34 - 16:36
    (Risos)
  • 16:36 - 16:39
    Vi o meu nome sob os holofotes
  • 16:39 - 16:42
    porque as crianças o colocaram lá.
  • 16:41 - 16:43
    Pela segunda vez,
    a série "Lunch Lady" ganhou o prémio
  • 16:43 - 16:46
    de "Livro Infantil do Ano",
    na 3.ª ou 4.ª categoria.
  • 16:46 - 16:49
    Os vencedores foram exibidos
  • 16:49 - 16:52
    numa televisão gigantesca na Times Square.
  • 16:52 - 16:55
    "Punk Farm e "Lunch Lady" estão em
    vias de se tornarem filmes,
  • 16:55 - 16:58
    portanto sou produtor de filmes.
  • 16:58 - 17:01
    Tudo isto graças à câmara de vídeo,
  • 17:01 - 17:03
    que me deram no 9.º ano.
  • 17:03 - 17:06
    Já vi festas de anos à "A Fazenda Punk".
  • 17:06 - 17:09
    Vestem-se como os personagens
    de "A Fazenda Punk" no Halloween.
  • 17:09 - 17:11
    Vi um quarto de bebé da "Fazenda Punk",
  • 17:11 - 17:14
    o que me deixa um pouco nervoso
    com o futuro bem-estar da criança.
  • 17:14 - 17:16
    (Risos)
  • 17:16 - 17:18
    Recebo as mais maravilhosas cartas de fãs.
  • 17:18 - 17:20
    Participo nos projetos mais adoráveis.
  • 17:20 - 17:23
    O momento mais importante
    aconteceu no último Halloween.
  • 17:23 - 17:26
    A campainha tocou e era um menino:
    "Doçura ou travessura?"
  • 17:26 - 17:30
    vestido como a minha personagem.
    Foi muito giro!
  • 17:30 - 17:33
    Os meus avós já morreram.
  • 17:33 - 17:36
    Para os homenagear, criei uma bolsa
    de estudos no museu de arte Worcester,
  • 17:36 - 17:39
    para crianças que estão
    em situações difíceis,
  • 17:39 - 17:42
    cujos responsáveis
    não podem pagar as aulas.
  • 17:42 - 17:45
    Expus o trabalho dos meus
    10 primeiros anos de publicação.
  • 17:45 - 17:47
    Sabem quem estava lá para festejar?
    A Sra. Alisch.
  • 17:47 - 17:50
    Eu disse: "Sra. Alisch, como está?"
  • 17:50 - 17:52
    e ela respondeu: "Estou aqui!."
  • 17:52 - 17:53
    (Risos)
  • 17:53 - 17:57
    É verdade. Você está viva,
    e isso é muito bom.
  • 17:57 - 17:59
    (Risos)
  • 18:00 - 18:01
    Mas o maior momento para mim
  • 18:01 - 18:03
    é que agora sou pai.
  • 18:03 - 18:05
    Tenho duas filhas lindas.
  • 18:05 - 18:08
    O meu objetivo é cercá-las de inspiração,
  • 18:08 - 18:11
    com os livros que estão
    em cada quarto da casa,
  • 18:11 - 18:14
    com os murais que
    pintei nos quartos delas,
  • 18:14 - 18:18
    com os momentos de criatividade que
    encontramos nos momentos de silêncio,
  • 18:18 - 18:20
    desenhando caras no pátio
  • 18:20 - 18:23
    e deixando que se sentem
    no mesmo estirador,
  • 18:23 - 18:25
    em que eu me sentei nos últimos vinte anos.
  • 18:25 - 18:26
    Obrigado.
  • 18:26 - 18:27
    (Aplausos)
Title:
Como um menino se tornou um artista.
Speaker:
Jarrett J. Krosoczka
Description:

Quando Jarrett J. Krosoczka era criança, não praticava desporto, mas era apaixonado por arte. Conta a divertida e tocante história de um miúdo que possuía uma simples paixão: desenhar e escrever histórias. Com a ajuda de um grupo de familiares e professores que lhe deram o apoio necessário, o nosso protagonista cresceu e tornou-se no criador de amados personagens de livros infantis, e num defensor da educação artística.

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English
Team:
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