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Como eu trabalho para proteger mulheres dos crimes de honra.

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    Enquanto eu me preparava para hoje
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    refletia sobre a minha vida
    para tentar entender
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    em que momento exato
    minha jornada começou.
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    Um bom tempo passou
    e eu não conseguia resolver
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    qual era o começo, o meio
    ou o fim da minha história.
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    Eu sempre achei que o começo
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    foi em uma tarde na minha comunidade
    quando minha mãe me disse
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    que eu havia escapado de três casamentos
    arranjados aos dois anos de idade.
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    Ou uma noite na comunidade quando
    ficamos sem eletricidade por oito horas
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    e meu pai se sentou, rodeado
    por todos nós,
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    e nos contou histórias de quando
    era pequeno e brigava para ir à escola
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    enquanto seu pai, um fazendeiro,
    queria que ele trabalhasse com ele.
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    Ou aquela noite escura,
    quando eu tinha 16
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    e 3 crianças sussurraram no meu ouvido
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    que minha amiga tinha sido assassinada
    por algo chamado crimes de honra.
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    Mas aí eu percebi
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    que por mais que eu saiba que esses
    momentos contribuíram para minha jornada,
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    eles influenciaram minha jornada,
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    mas não foram o começo dela.
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    O verdadeiro começo da minha jornada
    foi em frente à uma casa de barro
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    ao norte de Sinde, no Paquistão,
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    quando meu pai segurou a mão
    da minha mãe que tinha 14 anos
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    e eles decidiram
    ir embora da aldeia,
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    para ir para uma cidade onde eles
    pudessem mandar seus filhos à escola.
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    De uma forma, sinto que minha vida
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    é um resultado das sábias escolhas
    e decisões que eles tomaram.
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    E dessa maneira,
    outra decisão que tomaram
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    foi a de manter eu e meus irmãos
    conectados às nossas raízes.
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    Enquanto morávamos na comunidade
    que se chamava Ribabad,
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    que significa "comunidade dos pobres",
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    meu pai fez questão de que tivéssemos
    também uma casa na nossa pátria rural.
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    Eu venho de uma tribo indígena
    das montanhas de Balochistan,
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    chamada Brahui.
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    Brahui, ou Brohi, significa morador
    da montanha e é também minha língua.
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    Graças às rígidas regras do meu pai
    sobre manter a conexão com nossos costumes
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    vivi uma linda vida de música,
    cultura, tradição, histórias, montanhas
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    e muitas ovelhas.
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    Então, viver entre dois extremos,
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    entre as tradições da minha cultura,
    da minha aldeia,
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    e a educação moderna
    da minha escola não foi fácil.
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    Eu tinha consciência de que era a única
    menina que tinha tamanha liberdade,
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    e me sentia culpada por isso.
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    Enquanto ia a escola em Carachi
    e Hyderabad,
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    muitas das minhas primas e amigas
    de infância se casavam,
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    algumas com homens mais velhos,
    outras como troca,
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    outras até como segundas esposas.
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    Eu pude ver a linda tradição
    e sua mágica desaparecer na minha frente
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    quando vi que o nascimento de uma menina
    era celebrado com tristeza,
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    quando as mulheres ouviam que deviam
    ter a paciência como principal virtude.
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    Até os 16 anos,
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    eu curei minha tristeza através do choro,
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    normalmente de noite
    enquanto todo mundo dormia
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    e eu chorava no travesseiro.
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    Até a noite em que descobri
    que minha amiga tinha sido assassinada
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    em nome da honra.
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    Crimes em nome da honra
    são um costume
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    em que homens e mulheres
    são suspeitos de terem relações
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    antes ou fora do casamento,
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    e são mortos pela própria
    família por isso.
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    Normalmente o assassino
    é o irmão, o pai ou o tio.
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    Relatórios da ONU dizem que há em torno de
    mil crimes de honra por ano no Paquistão,
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    e esses são só os casos registrados.
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    Um costume que mata não fazia
    sentido para mim,
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    e eu sabia que tinha que fazer algo
    sobre isso dessa vez.
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    Eu não ia chorar até cair no sono.
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    Eu faria alguma coisa, qualquer coisa,
    para parar aquilo.
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    Com 16 anos comecei a escrever poesia
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    e ir de porta em porta contar a todos
    sobre os crimes de honra,
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    e por que acontecem,
    por que precisam parar,
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    e conscientizando as pessoas
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    até que eu achei uma maneira muito,
    muito melhor para lidar com esse problema.
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    Naquele tempo a gente vivia em uma casa
    muito pequena de um quarto em Carachi.
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    Todos os anos, durante a temporada de
    monção nossa casa inundava com água,
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    águas pluviais e residuais,
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    e minha mãe e meu pai
    tiravam a água da casa.
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    Naqueles dias, meu pai trouxe
    para casa um enorme computador.
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    Era tão grande que parecia que ia
    tomar todo o espaço do nosso único quarto,
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    e tinha muitas peças e cabos
    que precisavam ser conectados.
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    Mas mesmo assim
    foi a coisa mais legal
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    que aconteceu a mim e a minhas irmãs.
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    Meu irmão mais velho Ali ficou
    responsável por cuidar do computador
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    e todos nós tínhamos de 10
    a 15 minutos por dia para usá-lo.
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    Sendo a mais velha de oito crianças
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    eu podia usar por último,
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    e isso depois de ter lavado os pratos,
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    limpado a casa, feito jantar
    com a minha mãe
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    e colocado cobertores no chão
    para todo mundo dormir,
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    e depois disso eu corria
    para o computador,
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    me conectava à internet,
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    e tinha de 10 a 15 minutos
    de pura alegria.
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    Foi então que descobri
    um website chamado "Joogle".
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    [Google] (Risos)
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    No meu desejo frenético
    de fazer algo sobre esse costume
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    fiz uso do Google
    e descobri o Facebook,
  • 5:15 - 5:17
    uma página onde as pessoas
    podem se conectar
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    a qualquer pessoa ao redor do mundo.
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    E assim, do meu minúsculo quarto
    com teto de cimento em Carachi,
  • 5:24 - 5:27
    me conectei com pessoas do Reino Unido,
    EUA, Austrália e Canadá,
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    e criei uma campanha chamada WAKE UP,
    "Acorda", contra os crimes de honra.
  • 5:32 - 5:35
    A campanha se tornou enorme
    em poucos meses.
  • 5:35 - 5:38
    Tive muito apoio do mundo inteiro.
  • 5:38 - 5:40
    A mídia se conectou com a campanha.
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    Muita gente querendo ajudar
    e tentando conscientizar os demais.
  • 5:43 - 5:46
    A campanha ficou tão grande
    que passou do mundo virtual
  • 5:46 - 5:50
    às ruas da minha cidade natal,
    onde fizemos protestos e greves
  • 5:50 - 5:53
    tentando mudar a política interna
    do Paquistão para apoiar as mulheres.
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    E enquanto eu pensava
    que tudo estava perfeito,
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    meu time, que era basicamente meus
    amigos e vizinhos na época,
  • 6:01 - 6:03
    pensou que tudo estava indo tão bem,
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    que não fazíamos ideia de que a oposição
    estava vindo para nos confrontar.
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    Minha comunidade ficou contra nós,
  • 6:10 - 6:14
    dizendo que estávamos disseminando
    um comportamento anti-islâmico.
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    Estávamos desafiando costumes
    de centenas de anos nessas comunidades.
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    Eu lembro que meu pai recebeu
    cartas anônimas que diziam:
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    "Sua filha está espalhando
    a cultura ocidental
  • 6:25 - 6:26
    em sociedades honoráveis."
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    Apedrejaram nosso carro uma vez.
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    Um dia eu fui para o escritório e achei
    nossa placa de metal amassada e quebrada
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    como se um monte de gente
    tivesse batido nela com algo pesado.
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    A situação ficou tão ruim que eu tive
    que me esconder de várias maneiras.
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    Eu só andava com as janelas
    do carro fechadas,
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    usava o véu, não falava quando em público.
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    Mas, no final, a situação ficou pior
    quando minha vida foi ameaçada,
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    e eu tive que ir embora, de volta
    para Carachi e paramos de atuar.
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    De volta a Carachi, com 18 anos,
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    eu achava que isso tinha sido o maior
    fracasso da minha vida.
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    Estava arrasada.
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    Como adolescente, eu me culpava
    por tudo que havia acontecido.
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    E, quando começamos
    a refletir sobre aquilo,
  • 7:14 - 7:20
    percebemos que a culpa era mesmo
    minha e do meu time.
  • 7:20 - 7:25
    Havia dois grandes motivos
    para o fracasso da nossa campanha.
  • 7:25 - 7:27
    O primeiro motivo
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    é que estávamos nos opondo
    aos costumes e valores das pessoas.
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    Estávamos falando não para algo
    que era muito importante para eles,
  • 7:34 - 7:37
    desafiando o código de honra deles,
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    e os machucando profundamente
    no processo.
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    O segundo motivo, que foi muito
    importante para eu aprender,
  • 7:42 - 7:44
    e incrível e surpreendente
    para eu aprender,
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    foi que não estávamos incluindo
    os verdadeiros heróis
  • 7:47 - 7:49
    que deveriam estar lutando por si mesmos.
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    As mulheres das aldeias não tinham ideia
    de que lutávamos por elas nas ruas.
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    Todas as vezes que eu voltava
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    via minhas primas e amigas
    com lenços cobrindo seus rostos,
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    e perguntava: "O que houve?"
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    E elas diziam: "Nossos maridos
    bateram na gente."
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    Mas estamos trabalhando
    nas ruas para vocês,
  • 8:05 - 8:06
    estamos mudando a política.
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    Como isso não está afetando
    suas vidas?
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    Então descobrimos algo
    que foi incrível para nós.
  • 8:14 - 8:17
    A política interna de um país
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    não necessariamente afeta
    as comunidades tribais e rurais.
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    Foi devastador. Ah, então realmente
    não podemos fazer nada sobre isso?
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    E descobrimos que há um espaço enorme
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    entre a política interna oficial
    e o que realmente acontece.
  • 8:33 - 8:36
    Então dessa vez decidimos
    fazer diferente.
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    Usaríamos estratégia,
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    e voltaríamos às comunidades
    para pedir desculpas.
  • 8:41 - 8:42
    Sim, pedir desculpas.
  • 8:42 - 8:44
    Voltamos para as comunidades
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    e dissemos que estávamos muito
    envergonhados do que fizemos.
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    Estamos aqui para nos desculpar
    e para compensá-los.
  • 8:52 - 8:53
    Como fazemos isso?
  • 8:53 - 8:56
    Promoveremos três das suas
    principais culturas.
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    Sabemos que elas são a música,
    a linguagem e o bordado.
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    Ninguém acreditou na gente.
  • 9:01 - 9:04
    Ninguém queria trabalhar com a gente.
  • 9:04 - 9:08
    Tivemos muitos debates e conversas
    na tentativa de convencê-los,
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    até eles concordarem com a ideia
    de a gente promover a língua deles,
  • 9:11 - 9:16
    fazendo livretos de suas histórias,
    fábulas e antigos contos da tribo,
  • 9:16 - 9:19
    e promoveríamos sua música
  • 9:19 - 9:24
    fazendo um CD com as músicas da tribo
    e sons de tambores.
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    E a terceira, que era a minha favorita,
  • 9:26 - 9:30
    é que promoveríamos seus bordados
    criando um centro na aldeia
  • 9:30 - 9:33
    onde as mulheres poderiam ir todos
    os dias para bordar.
  • 9:34 - 9:36
    E assim começou.
  • 9:36 - 9:40
    Trabalhamos com uma aldeia
    e inauguramos o primeiro centro.
  • 9:41 - 9:42
    Foi um dia lindo.
  • 9:42 - 9:43
    Inauguramos o centro.
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    Mulheres vinham para bordar,
  • 9:45 - 9:49
    e mudar suas vidas
    através de um processo de educação,
  • 9:49 - 9:50
    conhecendo seus direitos,
  • 9:50 - 9:52
    o que o Islã diz sobre seus direitos
  • 9:52 - 9:55
    e como desenvolver
    empresas e fazer dinheiro,
  • 9:55 - 9:59
    e como podem fazer dinheiro com dinheiro,
    como podem lutar contra os costumes
  • 9:59 - 10:02
    que têm destruído suas vidas
    por tantos séculos,
  • 10:03 - 10:05
    porque no Islã, na realidade,
  • 10:05 - 10:08
    as mulheres devem estar ombro
    a ombro com os homens.
  • 10:08 - 10:12
    Mulheres têm tanto status
    que nós não temos ouvido,
  • 10:12 - 10:14
    que elas não têm ouvido,
  • 10:14 - 10:17
    e precisávamos dizer para elas
    que elas precisam saber
  • 10:17 - 10:20
    quais são os seus direitos,
    e como tomar posse deles,
  • 10:20 - 10:22
    porque elas podem, e nós não.
  • 10:22 - 10:25
    Então esse foi o modelo
    que surgiu. Incrível.
  • 10:25 - 10:28
    Através do bordado
    promovíamos suas tradições.
  • 10:28 - 10:30
    Fomos para a aldeia
    mobilizar a comunidade,
  • 10:30 - 10:33
    criar um centro nela
    onde 30 mulheres viriam,
  • 10:33 - 10:37
    por 6 meses, aprender sobre os valores
    do bordado tradicional,
  • 10:37 - 10:41
    desenvolvimento empresarial, habilidades
    para a vida e educação básica,
  • 10:41 - 10:44
    e sobre os direitos delas
    e como dizer não aos costumes.
  • 10:44 - 10:48
    E como se tornarem líderes
    delas mesmas e da sociedade.
  • 10:48 - 10:53
    Após seis meses dávamos a essas mulheres
    acesso a empréstimos e ao mercado
  • 10:53 - 10:57
    onde elas poderiam se tornar empresárias
    locais das suas comunidades.
  • 10:57 - 11:00
    Chamamos o projeto de Sughar.
  • 11:00 - 11:04
    Sughar é uma palavra local usada
    em muitas línguas no Paquistão.
  • 11:04 - 11:07
    Significa "mulheres
    confiantes e habilidosas".
  • 11:07 - 11:12
    Eu realmente acredito, que para criar
    mulheres líderes só há uma coisa a fazer:
  • 11:12 - 11:17
    deixá-las saberem que elas têm tudo
    de que precisam para ser líderes.
  • 11:17 - 11:18
    As mulheres que veem aqui
  • 11:18 - 11:23
    têm muito talento e potencial
    para serem líderes.
  • 11:23 - 11:26
    O que tínhamos a fazer era
    remover as barreiras que as rodeavam.
  • 11:26 - 11:28
    E foi isso que decidimos fazer.
  • 11:28 - 11:31
    Mas enquanto pensávamos que tudo ia bem,
  • 11:31 - 11:34
    que uma vez mais tudo estava fantástico,
  • 11:34 - 11:36
    achamos nosso próximo empecilho:
  • 11:36 - 11:39
    muitos homens começaram a notar
    mudanças visíveis em suas mulheres.
  • 11:39 - 11:41
    "Ela está falando mais,
    tomando decisões,
  • 11:41 - 11:44
    oh meu Deus, ela está
    cuidando de tudo em casa."
  • 11:44 - 11:49
    Eles impediram que viessem ao centro,
  • 11:49 - 11:53
    e dessa vez pensamos:
    "Certo, hora da estratégia número dois".
  • 11:53 - 11:55
    Fomos à indústria de moda do Paquistão
  • 11:55 - 11:58
    e fizemos uma pesquisa
    sobre o que acontece lá.
  • 11:58 - 12:03
    A indústria da moda no Paquistão
    é muito forte e cresce cada dia mais,
  • 12:03 - 12:07
    mas há menos contribuições
    das áreas tribais
  • 12:07 - 12:10
    e para as áreas tribais,
    especialmente as mulheres.
  • 12:10 - 12:15
    Então decidimos lançar
    a primeira marca de moda tribal,
  • 12:15 - 12:17
    que agora é chamada Nomads.
  • 12:18 - 12:20
    Então as mulheres começaram a ganhar mais,
  • 12:20 - 12:23
    começaram a contribuir mais
    financeiramente em suas casas,
  • 12:23 - 12:26
    e os homens tiveram que pensar
    duas vezes antes de dizer não a elas
  • 12:26 - 12:28
    quando elas vinham aos centros.
  • 12:31 - 12:34
    (Aplausos)
  • 12:34 - 12:36
    Obrigada, obrigada.
  • 12:36 - 12:41
    Em 2013, lançamos a primeira
    Sughar Hub, em vez de um centro.
  • 12:41 - 12:44
    Fizemos uma parceria com TripAdvisor
  • 12:44 - 12:48
    e construímos uma sala de cimento
    no meio da aldeia
  • 12:48 - 12:51
    e convidamos muitas organizações
    para trabalhar lá.
  • 12:51 - 12:54
    Criamos uma plataforma
    para as organizações sem fins lucrativos
  • 12:54 - 12:56
    para que possam
    abordar outras questões
  • 12:56 - 12:58
    que Sughar não está abordando,
  • 12:58 - 13:02
    que seria um lugar fácil
    para dar treinamentos,
  • 13:02 - 13:05
    usar como uma escola agrícola,
    ou mesmo como um mercado,
  • 13:05 - 13:07
    e qualquer coisa que elas queiram fazer,
  • 13:07 - 13:09
    e elas têm feito tudo muito bem.
  • 13:09 - 13:13
    E, até agora, pudemos ajudar 900 mulheres
  • 13:13 - 13:16
    em 24 aldeias do Paquistão.
  • 13:16 - 13:21
    (Aplausos)
  • 13:21 - 13:25
    Mas isso não é o que eu realmente quero.
  • 13:27 - 13:31
    Meu sonho é alcançar um milhão
    de mulheres nos próximos 10 anos.
  • 13:31 - 13:33
    Para ter certeza de que isso aconteça
  • 13:33 - 13:36
    esse ano lançamos a Fundação Sughar
    nos Estados Unidos.
  • 13:36 - 13:41
    Não é apenas para financiar a Sughar, mas
    muitas outras organizações no Paquistão
  • 13:41 - 13:43
    para replicar a ideia,
  • 13:43 - 13:46
    e achar maneiras ainda mais inovativas
  • 13:46 - 13:50
    de libertar o potencial
    das mulheres rurais do Paquistão.
  • 13:50 - 13:52
    Muito obrigada.
  • 13:52 - 13:55
    (Aplausos)
  • 13:55 - 13:57
    Obrigada. Obrigada. Obrigada.
  • 13:59 - 14:02
    Chris Andreson: Khalida, você
    é uma força da natureza.
  • 14:02 - 14:07
    Em muitas maneiras
    essa história é inacreditável.
  • 14:07 - 14:11
    É incrível alguém tão jovem
    conseguir fazer tantas coisas,
  • 14:11 - 14:14
    através de tanta força e criatividade.
  • 14:14 - 14:15
    Então uma pergunta:
  • 14:15 - 14:20
    é um sonho espetacular poder atingir
    e capacitar um milhão de mulheres.
  • 14:20 - 14:24
    Quanto desse sucesso atual
    depende de você,
  • 14:24 - 14:28
    da força magnética
    da sua personalidade?
  • 14:28 - 14:31
    Como isto é medido?
  • 14:31 - 14:35
    Khalida Brohil: Eu acho
    que meu trabalho é inspirar,
  • 14:35 - 14:37
    sonhar em conjunto.
  • 14:37 - 14:40
    Eu não posso ensinar como fazer isso
    porque há diversas maneiras.
  • 14:40 - 14:43
    Temos experimentado
    com apenas três maneiras.
  • 14:43 - 14:46
    Existem centenas de maneiras
    de libertar o potencial das mulheres.
  • 14:46 - 14:49
    Eu só dou a inspiração,
    e esse é o meu trabalho.
  • 14:49 - 14:52
    Continuarei fazendo isso.
    Sughar crescerá mais.
  • 14:52 - 14:55
    Queremos trabalhar
    com outras duas aldeias,
  • 14:55 - 14:58
    e eu acredito que em breve
    cresceremos fora do Paquistão
  • 14:58 - 15:00
    no sul da Ásia e além.
  • 15:00 - 15:04
    CA: Eu adorei quando você
    falou do seu time,
  • 15:04 - 15:06
    afinal você tinha 18 anos na época.
  • 15:06 - 15:08
    Como esse time era composto?
  • 15:08 - 15:10
    Todos amigos da escola, certo?
  • 15:10 - 15:14
    KB: As pessoas aqui acreditam
    que na minha idade
  • 15:14 - 15:18
    eu deveria ser avó na minha aldeia?
  • 15:18 - 15:23
    Minha mãe casou aos nove anos,
    e eu sou a mulher solteira mais velha
  • 15:23 - 15:27
    e não fazendo nada da vida
    na minha aldeia.
  • 15:27 - 15:30
    CA: Espera, espera, não fazendo nada?
  • 15:30 - 15:33
    KB: Não.
  • 15:33 - 15:36
    KB: As pessoas sentem pena de mim.
  • 15:36 - 15:39
    CA: Mas quanto tempo você passa
    em Balochistan agora?
  • 15:39 - 15:41
    KB: Eu moro lá.
  • 15:41 - 15:44
    Ainda moramos entre Carachi e Balochistan.
  • 15:44 - 15:47
    Meus irmãos todos vão à escola.
  • 15:47 - 15:49
    Eu ainda sou a mais velha de oito irmãos.
  • 15:49 - 15:54
    CA: Mas o que você está fazendo
    com certeza ameaça algumas pessoas lá.
  • 15:54 - 15:58
    Como você se mantém segura?
    Você se sente segura?
  • 15:58 - 16:00
    Há problemas com isso lá?
  • 16:00 - 16:04
    KB: Já me perguntei isso muitas vezes,
  • 16:04 - 16:10
    e eu sinto que a palavra "medo"
    bate em mim e cai,
  • 16:10 - 16:14
    mas tem um medo que eu tenho,
    diferente disso.
  • 16:14 - 16:18
    Meu medo é que se eu for assassinada,
    o que aconteceria com as pessoas
  • 16:18 - 16:20
    que tanto me amam?
  • 16:20 - 16:24
    Minha mãe espera até tarde da noite
    eu chegar em casa.
  • 16:24 - 16:27
    Minhas irmãs querem aprender muito comigo,
  • 16:27 - 16:30
    e há muitas meninas na comunidade
    que querem falar comigo
  • 16:30 - 16:32
    e me perguntar coisas diferentes,
  • 16:32 - 16:35
    e eu recentemente fiquei noiva. (Risos)
  • 16:35 - 16:37
    (Aplausos)
  • 16:37 - 16:41
    CA: Ele está aqui? Você precisa levantar.
  • 16:41 - 16:44
    (Aplausos)
  • 16:48 - 16:52
    KB: Escapando de casamentos arranjados,
    eu escolhi meu próprio marido
  • 16:52 - 16:56
    do outro lado do mundo, em LA,
    um mundo muito diferente.
  • 16:56 - 16:59
    Eu tive que brigar por um ano inteiro.
    Essa é outra história.
  • 16:59 - 17:04
    Mas eu acho que isso é a única coisa
    que me dá medo,
  • 17:04 - 17:10
    não quero que minha mãe não veja
    ninguém quando me espera à noite.
  • 17:10 - 17:12
    CA: Então, as pessoas que querem ajudá-la,
  • 17:12 - 17:15
    podem comprar essas roupas
  • 17:15 - 17:18
    que você trouxe,
  • 17:18 - 17:21
    feitas por costureiras em Balochistan?
  • 17:21 - 17:22
    KB: Sim.
  • 17:22 - 17:25
    CA: Ou elas podem se envolver
    com a fundação.
  • 17:25 - 17:27
    KB: Com certeza, quanto mais gente melhor,
  • 17:27 - 17:31
    porque agora que a fundação
    está no início do processo,
  • 17:31 - 17:34
    eu estou tentando aprender bastante
    sobre como operar,
  • 17:34 - 17:38
    arrecadar fundos ou contatar
    mais organizações,
  • 17:38 - 17:41
    e especialmente no "e-commerce",
    que é muito novo para mim.
  • 17:41 - 17:44
    Eu não sou uma pessoa
    da moda, podem crer.
  • 17:44 - 17:47
    CA: Bom, foi incrível ter você aqui.
  • 17:47 - 17:52
    Por favor continue sendo corajosa,
    inteligente, e por favor, tome cuidado.
  • 17:52 - 17:56
    KB: Muito Obrigada.
    CA: Obrigado você, Khalida. (Aplausos)
Title:
Como eu trabalho para proteger mulheres dos crimes de honra.
Speaker:
Khalida Brohi
Description:

Cerca de mil crimes de honra são registrados no Paquistão todo ano, assassinatos cometidos por membros da própria família por comportamentos considerados "vergonhosos", como relações fora do casamento. Quando Khalida Brohi perdeu uma grande amiga para essa prática, ela resolveu criar uma campanha contra os crimes de honra. No entanto ela encontrou resistência de uma fonte improvável: a mesma comunidade que ela queria proteger. Nesse conversa poderosa e honesta, Brohi compartilha como ela pôde analisar minuciosamente seu próprio processo, e oferece ideias importantes para outros ativistas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:13

Portuguese, Brazilian subtitles

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