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Como reduzimos a violência em Boston em 79%

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    Aprendi algumas das maiores
    lições da minha vida
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    com traficantes de drogas,
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    com membros de gangues
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    e com prostitutas.
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    Tive uma das minhas mais profundas
    conversas teológicas
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    não nos sagrados salões de um seminário
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    mas numa esquina da rua,
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    numa sexta-feira à noite,
    à 1 hora da manhã.
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    Isto é pouco vulgar, visto que sou
    pastor batista, formado num seminário
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    e pastor numa igreja
    durante mais de 20 anos,
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    mas é verdade.
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    Aconteceu devido à minha participação
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    na estratégia de redução dos crimes
    e de segurança pública
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    que reduziu em 79%
    o índice de crimes violentos
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    num período de oito anos
    numa grande cidade.
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    Mas não comecei por querer fazer parte
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    da estratégia de redução de crimes
    definida por qualquer um.
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    Eu tinha 25 anos,
    tinha a minha primeira igreja.
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    Se me tivessem perguntado
    qual era a minha ambição,
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    eu teria dito que queria ser pastor
    duma enorme igreja.
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    Queria uma igreja com 15 a 20 mil membros.
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    Queria ter um canal de televisão
    para o meu ministério.
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    Queria uma marca de roupa só minha.
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    (Risos)
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    Queria ser um transporte
    de longa distância.
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    Estão a ver, empenhar-me a fundo.
  • 1:26 - 1:29
    (Risos)
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    Ao fim de um ano como pastor,
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    a minha comunidade
    aumentou apenas uns 20 membros.
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    Portanto, lá se foi a enorme igreja
    por água abaixo.
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    A sério, se perguntassem:
    "Qual é a sua ambição?"
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    eu diria que queria ser
    apenas um bom pastor,
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    conseguir acompanhar as pessoas
    durante todas as fases da sua vida,
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    pregar mensagens que tivessem
    um sentido diário para as pessoas
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    e, na tradição afro-americana,
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    poder representar a comunidade que sirvo.
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    Mas estava a acontecer
    uma coisa na minha cidade,
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    em toda a área metropolitana
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    e na maior parte das áreas metropolitanas
    dos Estados Unidos da América.
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    A taxa de homicídios começou
    a aumentar em flecha.
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    Havia jovens a matar-se uns aos outros
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    por razões que me pareciam muito banais,
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    como empurrar alguém
    nos corredores da escola
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    e, depois das aulas,
    abater a pessoa a tiro.
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    Alguém com uma camisa da cor errada,
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    na esquina errada, à hora errada.
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    Era preciso fazer qualquer coisa
    quanto a isso.
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    Chegou ao ponto de começar
    a alterar o carácter da cidade.
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    Podíamos ir a qualquer bairro social,
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    por exemplo, um que havia
    na rua da minha igreja,
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    entrávamos lá,
    e era como uma cidade fantasma,
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    porque os pais não permitiam
    que os miúdos brincassem na rua,
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    nem sequer no verão,
    por causa da violência.
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    Púnhamo-nos à escuta no bairro,
    em qualquer noite.
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    e o que parecia fogo de artifício
    a um ouvido desprevenido,
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    era tiroteio.
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    Ouvíamos aquilo quase todas as noites,
    quando tratávamos do jantar,
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    quando contávamos histórias às crianças
    ou quando víamos TV.
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    Se fôssemos à urgência
    de qualquer hospital,
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    víamos estendidos nas macas
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    jovens negros, jovens latinos,
    alvejados e moribundos,
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    Eu fazia os funerais,
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    mas não das venerandas matriarcas
    e patriarcas, que viviam uma longa vida
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    e dos quais havia muito a dizer.
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    Fazia funerais de jovens de 18 anos,
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    de 17 anos
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    e de 16 anos.
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    Ficava especado numa igreja
    ou numa casa funerária
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    com dificuldade em dizer qualquer coisa
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    que tivesse um impacto significativo.
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    Enquanto os meus colegas
    construíam catedrais grandes e altas,
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    compravam terrenos fora da cidade
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    e mudavam para lá as suas congregações,
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    para poderem criar ou recriar
    as cidades de Deus,
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    o tecido social do centro da cidades
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    ia-se desfazendo sob o peso
    de toda esta violência.
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    Por isso, fiquei, porque alguém
    tinha que fazer alguma coisa.
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    Portanto, olhei para o que tinha
    e dediquei-me a isso.
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    Comecei a pregar, denunciando
    a violência na comunidade.
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    Comecei a observar
    o programa da minha igreja
  • 4:33 - 4:37
    e comecei a arranjar programas
    que captassem a juventude em risco,
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    os que se encontravam
    à beira da violência.
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    Até tentei ser inovador nos meus sermões.
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    Já ouviram falar da música "rap",
    não ouviram? Música "rap"?
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    Uma vez, até tentei fazer um sermão "rap".
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    Não funcionou, mas pelo menos tentei.
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    Nunca esquecerei o jovem
    que veio ter comigo depois do sermão.
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    Esperou até todos
    se terem ido embora e disse:
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    "Reverendo, um sermão rap, hem?"
    E eu: "Foi, o que é que achas?"
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    E ele: "Não volte a fazer isso, Reverendo".
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    (Risos)
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    Mas preguei e arranjei esses programas,
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    pensando que, se os meus colegas
    fizessem o mesmo,
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    talvez isso fizesse a diferença.
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    Mas a violência avançava descontrolada,
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    mesmo as pessoas
    que não se envolviam na violência
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    estavam a ser alvejadas e mortas:
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    quem fosse comprar um maço de cigarros
    numa loja de conveniência,
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    ou quem estivesse à espera,
    numa paragem do autocarro,
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    ou os miúdos a brincar no parque,
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    alheios à violência
    do outro lado do parque
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    que se aproximava e os visitava.
  • 5:42 - 5:45
    As coisas estavam fora de controlo
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    e eu não sabia que fazer.
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    Então, aconteceu uma coisa
    que mudou tudo para mim.
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    Foi um miúdo chamado Jesse McKie,
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    que ia para casa com o amigo,
    Rigoberto Carrion,
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    no bairro social,
    no fim da rua da minha igreja.
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    Cruzaram-se com um grupo de jovens
    que pertenciam a um gangue de Dorchester
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    e foram mortos.
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    Mas, quando Jesse fugiu do local,
    mortalmente ferido,
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    correu na direção da minha igreja
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    e morreu a 100, 150 metros de distância.
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    Se ele tivesse entrado na igreja,
    não teria alterado nada
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    porque as luzes estavam apagadas,
    não estava lá ninguém.
  • 6:24 - 6:26
    Mas entendi aquilo como um sinal.
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    Quando apanharam alguns dos jovens
    que os tinham matado,
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    para minha surpresa, eles tinham
    mais ou menos a minha idade,
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    mas o fosso entre nós era enorme.
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    Era como se vivêssemos
    em dois mundos totalmente diferentes.
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    Assim, quando refleti sobre tudo aquilo
  • 6:44 - 6:46
    e olhei para o que estava a acontecer,
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    subitamente percebi que havia
    um paradoxo dentro de mim.
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    O paradoxo era este:
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    em todos os sermões que eu fazia,
    censurando a violência,
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    eu também falava
    em construir uma comunidade,
  • 7:02 - 7:04
    mas, de repente, percebi
  • 7:04 - 7:06
    que havia um certo segmento da população
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    que eu não incluía
    na minha definição de comunidade.
  • 7:11 - 7:12
    O paradoxo era este.
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    Se eu queria mesmo a comunidade
    que estava a pregar,
  • 7:16 - 7:19
    precisava de atingir e incluir
  • 7:19 - 7:22
    este grupo que eu tinha riscado
    da minha definição.
  • 7:24 - 7:26
    Não valia a pena arranjar programas
  • 7:26 - 7:29
    para captar aqueles que eram
    as sementes da violência,
  • 7:29 - 7:35
    o que era preciso era atingir e incluir
    os que praticavam os atos de violência,
  • 7:35 - 7:37
    os membros dos gangues,
    os traficantes de droga.
  • 7:37 - 7:41
    Logo que cheguei a esta conclusão,
    surgiu-me a pergunta:
  • 7:42 - 7:43
    Porquê eu?
  • 7:44 - 7:46
    Ou seja, isso não é
    um problema da polícia?
  • 7:46 - 7:48
    É para isso que temos polícia, não é?
  • 7:48 - 7:53
    A resposta chegou
    tão depressa como a pergunta.
  • 7:53 - 7:57
    Porquê eu? Porque sou o único
    que não consigo dormir por causa disso.
  • 7:58 - 8:03
    Porque sou o único que olha em volta
    dizendo que alguém tem que agir
  • 8:03 - 8:06
    e começo a perceber
    que esse alguém sou eu.
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    De resto, não é assim
    que começam os movimentos?
  • 8:09 - 8:13
    Não começam com um grande congresso,
    com as pessoas reunidas,
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    e depois a marcharem, compactas,
    com um slogan.
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    Começam só com alguns,
    talvez mesmo só com um.
  • 8:22 - 8:25
    Neste caso, começou só comigo.
  • 8:24 - 8:29
    Decidi perceber a cultura da violência
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    em que viviam aqueles jovens
    que a estavam a praticar.
  • 8:31 - 8:34
    Comecei por ser voluntário
    na escola secundária.
  • 8:34 - 8:37
    Ao fim de duas semanas
    de trabalho voluntário nessa escola
  • 8:37 - 8:39
    percebi que a juventude
    que eu queria atingir
  • 8:39 - 8:41
    não ia à escola.
  • 8:41 - 8:44
    Comecei a passear pela comunidade
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    e não precisei de ser cientista nuclear
    para perceber
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    que eles não apareciam durante o dia.
  • 8:50 - 8:54
    Por isso, comecei a andar pelas ruas
    à noite, a altas horas da noite,
  • 8:54 - 8:57
    indo aos parques onde eles estavam,
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    estabelecendo as relações
    que eram necessárias.
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    Aconteceu uma tragédia em Boston,
    que fez reunir muitos clérigos
  • 9:05 - 9:09
    e houve um pequeno grupo
    que chegou à conclusão
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    de que tínhamos que sair
    das quatro paredes do nosso santuário
  • 9:12 - 9:15
    e contactar os jovens onde quer
    que eles estivessem,
  • 9:15 - 9:18
    em vez de tentar imaginar
    como atraí-los.
  • 9:18 - 9:21
    Por isso decidimos caminhar juntos.
  • 9:21 - 9:25
    Reuníamo-nos num dos bairros
    mais perigosos da cidade
  • 9:25 - 9:28
    às sextas-feiras e aos domingos, à noite,
  • 9:28 - 9:30
    às 10 horas da noite.
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    e andávamos por lá
    até às 2 ou 3 horas da manhã.
  • 9:33 - 9:36
    Devíamos parecer estranhos
    quando começámos a fazer isso.
  • 9:36 - 9:38
    Não éramos traficantes de droga,
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    não éramos consumidores de droga.
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    Não éramos polícias, embora
    alguns usássemos colarinhos.
  • 9:43 - 9:45
    Provavelmente,
    era uma coisa muito esquisita.
  • 9:46 - 9:48
    Mas, pouco depois,
    eles começaram a falar connosco
  • 9:48 - 9:53
    e descobrimos que,
    enquanto nós passeávamos,
  • 9:53 - 9:55
    eles estavam a observar-nos.
  • 9:54 - 9:57
    Queriam ter a certeza de certas coisas:
  • 9:57 - 10:01
    número um, que íamos ser coerentes
    no nosso comportamento,
  • 10:01 - 10:04
    que iríamos continuar a aparecer;
  • 10:04 - 10:08
    depois, queriam ter a certeza de que
    não estávamos ali para os explorar.
  • 10:08 - 10:10
    Porque há sempre alguém que diz:
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    "Vamos reconquistar as ruas"
  • 10:12 - 10:15
    mas parecia que eles tinham sempre
    um aparelho de televisão,
  • 10:15 - 10:17
    ou um repórter,
  • 10:17 - 10:22
    e melhoravam a sua reputação
    em detrimento aos que andavam das ruas.
  • 10:22 - 10:25
    Quando viram que nós não éramos desses,
  • 10:25 - 10:27
    decidiram falar connosco.
  • 10:27 - 10:31
    Nessa altura, fizemos uma coisa
    espantosa para pregadores,
  • 10:31 - 10:35
    decidimos escutar em vez de pregar.
  • 10:35 - 10:36
    (Risos)
  • 10:36 - 10:37
    Vá lá, mereço um aplauso.
  • 10:37 - 10:39
    (Aplausos)
  • 10:41 - 10:43
    Ok, chega, vocês estão a reduzir
    o meu tempo.
  • 10:43 - 10:45
    (Risos)
  • 10:45 - 10:46
    Mas foi espantoso.
  • 10:46 - 10:52
    Dissemos-lhes:
    "Não conhecemos a nossa comunidade,
  • 10:53 - 10:56
    "entre as 9 da noite e as 5 da manhã,
  • 10:56 - 10:57
    "mas vocês conhecem.
  • 10:57 - 11:02
    "Vocês são especialistas na matéria,
    durante essas horas.
  • 11:03 - 11:06
    "Portanto, falem connosco, Ensinem-nos.
  • 11:06 - 11:08
    "Ajudem-nos a ver o que nós não vemos.
  • 11:08 - 11:11
    "Ajudem-nos a perceber
    o que não percebemos".
  • 11:11 - 11:14
    Eles ficaram mais que felizes com isso
  • 11:14 - 11:18
    e nós ficámos com uma ideia
    de como era a vida na rua,
  • 11:18 - 11:22
    muito diferente daquilo que vemos
    no noticiário das 11,
  • 11:23 - 11:28
    muito diferente do que nos é transmitido
    nos "media" populares e redes sociais.
  • 11:29 - 11:32
    À medida que falávamos com eles
  • 11:32 - 11:35
    foram-se dissipando
    uma série de mitos sobre eles.
  • 11:35 - 11:41
    Um dos maiores mitos era que
    aqueles miúdos eram frios e sem coração
  • 11:41 - 11:45
    e anormalmente temerários
    na sua violência.
  • 11:45 - 11:49
    Descobrimos que era exatamente o oposto.
  • 11:49 - 11:52
    Muitos dos jovens que andavam ali pela rua
  • 11:52 - 11:55
    estão apenas a tentar safar-se nas ruas.
  • 11:55 - 11:57
    Também descobrimos
  • 11:57 - 12:01
    que algumas das pessoas
    mais inteligentes e criativas,
  • 12:01 - 12:07
    mais magníficas e sábias
  • 12:07 - 12:11
    que jamais conhecêramos,
  • 12:11 - 12:14
    estavam na rua,
    empenhadas numa luta.
  • 12:14 - 12:18
    Sei que alguns lhe chamam sobrevivência,
    mas eu chamo-lhes vencedores,
  • 12:18 - 12:21
    porque, quando vivemos
    nas condições em que eles vivem,
  • 12:21 - 12:27
    conseguirem viver cada dia
    é uma façanha de vencedor.
  • 12:28 - 12:30
    Em resultado, dissemos-lhes:
  • 12:30 - 12:33
    "Como é que veem esta igreja,
    esta instituição
  • 12:33 - 12:36
    "a ajudar a melhorar a situação?"
  • 12:36 - 12:40
    Desenvolvemos um plano
    conversando com estes jovens.
  • 12:41 - 12:45
    Deixámos de os considerar
    como o problema a resolver,
  • 12:45 - 12:50
    e começámos a olhar para eles
    como parceiros, como trunfos,
  • 12:50 - 12:56
    como colaboradores na luta
    para reduzir a violência na comunidade.
  • 12:56 - 12:58
    Imaginem desenvolver um plano,
  • 12:58 - 13:03
    com um pastor numa mesa
    e um traficante de heroína na outra mesa,
  • 13:03 - 13:09
    a procurar uma forma de a igreja
    poder ajudar toda a comunidade.
  • 13:10 - 13:14
    O Milagre de Boston esteve
    em começar a reunir as pessoas.
  • 13:14 - 13:16
    Tivemos outros parceiros.
  • 13:16 - 13:18
    Tivemos parceiros das forças policiais.
  • 13:18 - 13:20
    Tivemos agentes da polícia.
  • 13:20 - 13:23
    Não foi toda a força policial,
  • 13:23 - 13:27
    porque ainda havia alguns
    com mentalidade de "prendam-nos",
  • 13:27 - 13:29
    mas havia outros polícias
  • 13:29 - 13:34
    que se sentiram honrados
    por fazerem parte da comunidade.
  • 13:34 - 13:37
    que sentiam a responsabilidade
  • 13:37 - 13:44
    de trabalharem com os líderes
    da comunidade e dos credos
  • 13:45 - 13:47
    para reduzir a violência na comunidade.
  • 13:47 - 13:49
    O mesmo com os funcionários
    da liberdade condicional,
  • 13:49 - 13:51
    o mesmo com os juízes,
  • 13:51 - 13:55
    o mesmo com pessoas no topo
    da cadeia das forças policiais,
  • 13:55 - 13:57
    porque tinham percebido, tal como nós,
  • 13:57 - 14:00
    que por mais detenções que houvesse,
  • 14:01 - 14:05
    por mais processos criminais que houvesse,
  • 14:07 - 14:11
    por mais que enchessem as cadeias,
  • 14:11 - 14:14
    o problema não se resolveria.
  • 14:16 - 14:21
    Ajudei a iniciar uma organização,
    há 20 anos,
  • 14:21 - 14:25
    uma organização com base na fé,
    para tratar deste problema.
  • 14:25 - 14:28
    Saí de lá há quatro anos
  • 14:28 - 14:31
    e comecei a trabalhar em cidades,
    pelos EUA,
  • 14:31 - 14:33
    ao todo, foram 19.
  • 14:33 - 14:36
    Descobri que, nessas cidades,
  • 14:36 - 14:40
    havia sempre uma componente:
    líderes comunitários
  • 14:40 - 14:45
    que se empenhavam,
    atiravam-se ao trabalho,
  • 14:45 - 14:47
    que deixavam o ego em casa,
  • 14:47 - 14:51
    que viam o todo como maior
    do que a soma das partes,
  • 14:51 - 14:56
    que se juntavam e encontravam formas
    de trabalhar com os jovens da rua.
  • 14:57 - 15:01
    A solução não é mais polícias,
  • 15:01 - 15:07
    a solução é descobrir os trunfos
    que existem na comunidade,
  • 15:07 - 15:11
    ter uma forte componente comunitária
  • 15:11 - 15:15
    na colaboração para
    a redução da violência.
  • 15:16 - 15:21
    Há hoje, nos EUA, um movimento de jovens
  • 15:21 - 15:26
    — em quem tenho muito orgulho —
    que estão a tratar de questões estruturais
  • 15:26 - 15:31
    que é preciso mudar
    se queremos ser uma sociedade melhor.
  • 15:31 - 15:36
    Mas há um estratagema politico
    que tenta opor-se à brutalidade policial
  • 15:36 - 15:41
    e à má atitude da polícia
    contra a violência entre negros.
  • 15:41 - 15:42
    Mas isso é ficção.
  • 15:43 - 15:45
    Está tudo ligado.
  • 15:45 - 15:50
    Quando pensamos nas décadas
    de políticas de habitação falhadas
  • 15:50 - 15:53
    de fracas estruturas educativas,
  • 15:53 - 15:57
    quando pensamos no desemprego persistente
  • 15:57 - 16:00
    e no subemprego, numa comunidade,
  • 16:00 - 16:02
    quando pensamos
    nos deficientes cuidados de saúde,
  • 16:02 - 16:05
    e depois atiramos drogas
    para este cozinhado
  • 16:05 - 16:08
    e sacos cheios de armas,
  • 16:08 - 16:12
    não admira vermos surgir
    esta cultura de violência.
  • 16:13 - 16:17
    E depois, a resposta que vem do estado
    é mais polícias,
  • 16:17 - 16:21
    e mais repressão nos bairros quentes.
  • 16:21 - 16:23
    Está tudo ligado.
  • 16:24 - 16:26
    Uma das coisas espantosas
    que conseguimos fazer,
  • 16:26 - 16:32
    foi mostrar o valor das parcerias
  • 16:32 - 16:37
    — a comunidade, as forças policiais,
    o setor privado, a cidade —
  • 16:37 - 16:39
    a fim de reduzir a violência.
  • 16:39 - 16:42
    Temos que dar valor
    a essa componente comunitária.
  • 16:43 - 16:49
    Acredito que podemos acabar
    com a era de violência nas cidades.
  • 16:49 - 16:55
    Acredito que é possível e que as pessoas
    estão a fazê-lo neste momento.
  • 16:55 - 16:58
    Mas preciso da vossa ajuda.
  • 16:58 - 17:00
    Não pode ser apenas da responsabilidade
  • 17:00 - 17:04
    das pessoas que se esforçam na comunidade.
  • 17:04 - 17:07
    Precisam de apoio. Precisam de ajuda.
  • 17:07 - 17:09
    Voltem para a vossa cidade.
  • 17:09 - 17:11
    Encontrem essas pessoas.
  • 17:11 - 17:13
    "Precisam de ajuda? Eu ajudo".
  • 17:13 - 17:16
    Encontrem essas pessoas. Elas estão lá.
  • 17:16 - 17:22
    Reúnam-nas com os representantes da lei,
    com o setor privado, com a cidade,
  • 17:22 - 17:24
    com o objetivo de reduzir a violência,
  • 17:24 - 17:28
    mas certifiquem-se de que
    a componente comunitária é forte.
  • 17:28 - 17:32
    Porque o antigo ditado
    que vem do Burundi está certo:
  • 17:32 - 17:38
    "O que fizeres para mim,
    sem mim, é para mim".
  • 17:40 - 17:42
    Deus vos abençoe. Obrigado.
  • 17:42 - 17:46
    (Aplausos)
Title:
Como reduzimos a violência em Boston em 79%
Speaker:
Reverendo Jeffrey Brown
Description:

Arquiteto do "Milagre de Boston", o Reverendo Jeffrey Brown começou como um jovem pastor perplexo, a assistir o seu bairro a desintegrar-se à sua volta, enquanto a droga e a violência de gangues invadia os miúdos da rua. O primeiro passo para a recuperação: Escutem esses miúdos, não lhes façam sermões e ajudem-nos a reduzir a violência nos seus bairros. É uma palestra poderosa sobre fazer a diferença, através de ouvir com atenção.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:03

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