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Baratas "zombie" e outras histórias de parasitas

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    Uma manada de animais selvagens,
    um cardume de peixes,
  • 0:04 - 0:05
    um bando de aves.
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    Muitos animais juntam-se
    em grandes grupos,
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    que fazem parte
    dos espectáculos mais maravilhosos
  • 0:10 - 0:11
    do mundo natural.
  • 0:11 - 0:14
    Mas porque se formam estes grupos?
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    As respostas mais frequentes são
  • 0:15 - 0:18
    a procura da segurança na multidão
    ou a caça em matilhas
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    ou reunir-se para acasalar
    ou produzir descendência,
  • 0:21 - 0:22
    e todas estas explicações,
  • 0:22 - 0:23
    por vezes verdadeiras,
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    partem de um enorme pressuposto
    quanto ao comportamento animal,
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    de que os animais controlam
    as suas próprias acções,
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    de que mandam nos seus corpos.
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    E muitas vezes não é esse o caso.
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    Esta é a Artemia, um crustáceo
    de águas salobras.
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    Provavelmente conhecem-no
    melhor como pulga de água.
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    É pequeno e tipicamente vive sozinho,
  • 0:44 - 0:47
    mas pode reunir-se nestes
    grandes enxames vermelhos
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    que se estendem ao longo de metros,
  • 0:48 - 0:51
    e que se formam por causa de um parasita.
  • 0:52 - 0:54
    Estes crustáceos estão infectados
    com uma ténia.
  • 0:54 - 0:57
    Uma ténia é na verdade
    um intestino longo e vivo
  • 0:57 - 1:00
    com órgãos genitais numa ponta
    e uma boca com ganchos na outra.
  • 1:00 - 1:02
    Como jornalista "freelance",
    percebo-as.
  • 1:02 - 1:04
    (Risos)
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    A ténia drena nutrientes
    do corpo da Artemia,
  • 1:08 - 1:09
    mas também faz outras coisas.
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    Castra-as,
  • 1:11 - 1:15
    muda-lhes a cor de transparente
    para vermelho-vivo,
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    faz com que vivam mais tempo,
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    e, como descobriu o biólogo Nicolas Rode,
  • 1:20 - 1:23
    fá-las nadar em grupo.
  • 1:23 - 1:26
    Porquê? Porque a ténia,
    tal como muitos outros parasitas,
  • 1:26 - 1:28
    tem um ciclo de vida complicado
  • 1:28 - 1:30
    que envolve muitos hospedeiros diferentes.
  • 1:30 - 1:32
    O crustáceo é apenas
    uma etapa no seu caminho.
  • 1:32 - 1:35
    O seu destino final é este,
  • 1:35 - 1:37
    o flamingo.
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    Só no flamingo é que
    a ténia se consegue reproduzir,
  • 1:40 - 1:43
    portanto, para lá chegar, manipula
    os seus crustáceos hospedeiros
  • 1:43 - 1:46
    para formarem estes enxames
    coloridos e bem visíveis
  • 1:46 - 1:49
    que são mais fáceis para o flamingo ver
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    e devorar.
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    É esse o segredo do enxame de Artemia.
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    Não são sociáveis por sua própria vontade,
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    mas porque estão a ser controladas.
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    Não é a segurança da multidão.
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    É precisamente o contrário.
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    A ténia rapta-lhes o cérebro e o corpo,
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    transformando-as em veículos
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    para chegar ao interior de um flamingo.
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    E aqui está outro exemplo
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    de uma manipulação parasítica.
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    Este é um grilo suicida.
  • 2:17 - 2:20
    Este grilo engoliu
    as larvas de um nematomorfo,
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    ou verme crina-de-cavalo.
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    O verme cresceu até ao
    tamanho adulto no interior,
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    mas precisa de chegar
    à água para acasalar,
  • 2:27 - 2:29
    e faz isso libertando proteínas
  • 2:29 - 2:31
    que desorientam o cérebro do grilo,
  • 2:31 - 2:34
    fazendo com que se comporte
    de forma errática.
  • 2:34 - 2:35
    Quando o grilo se aproxima da água,
  • 2:35 - 2:37
    como por exemplo esta piscina,
  • 2:37 - 2:39
    salta lá para dentro e afoga-se.
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    O verme sai para o exterior
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    do seu cadáver suicida.
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    Os grilos são mesmo espaçosos. Quem diria?
  • 2:48 - 2:52
    A ténia e o nematomorfo
    não estão sozinhos.
  • 2:52 - 2:54
    Fazem parte de toda uma cavalgada
  • 2:54 - 2:56
    de parasitas controladores da mente,
  • 2:56 - 2:59
    de fungos, vírus, vermes,
    insectos e outros
  • 2:59 - 3:02
    que se especializam
    em subverter e sobrepor-se
  • 3:02 - 3:04
    à vontade dos seus hospedeiros.
  • 3:04 - 3:07
    A primeira vez que ouvi falar
    desta forma de vida
  • 3:07 - 3:09
    foi nos "Desafios da Vida",
    de David Attenborough,
  • 3:09 - 3:10
    há cerca de 20 anos.
  • 3:10 - 3:12
    E mais tarde num belo livro chamado
  • 3:12 - 3:14
    "Parasita Rex", do meu amigo Carl Zimmer.
  • 3:14 - 3:17
    Escrevo sobre estas criaturas
    desde essa altura.
  • 3:17 - 3:20
    Há poucos tópicos na Biologia
    que me enfeiticem mais.
  • 3:20 - 3:23
    É como se os parasitas tivessem
    subvertido o meu próprio cérebro.
  • 3:23 - 3:26
    Porque, no fim de contas,
    são sempre irresistíveis,
  • 3:26 - 3:27
    deliciosamente macabros.
  • 3:27 - 3:29
    Quando escrevemos sobre parasitas,
  • 3:29 - 3:31
    temos o vocabulário cheio de frases
  • 3:31 - 3:34
    "devorado vivo" e
    "explode para fora do seu corpo".
  • 3:34 - 3:35
    (Risos)
  • 3:35 - 3:36
    Mas há mais do que isso.
  • 3:36 - 3:39
    Sou um escritor
    e os meus colegas escritores
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    saberão que nós adoramos histórias.
  • 3:41 - 3:44
    Os parasitas convidam-nos
    a resistir à tentação
  • 3:44 - 3:45
    das histórias óbvias.
  • 3:45 - 3:48
    O seu mundo é feito
    de reviravoltas no enredo
  • 3:48 - 3:51
    e de explicações inesperadas.
  • 3:51 - 3:53
    Por exemplo,
  • 3:53 - 3:55
    porque é que esta lagarta
  • 3:55 - 3:57
    começa a sacudir-se violentamente
  • 3:57 - 3:59
    quando outro insecto se aproxima dela
  • 3:59 - 4:01
    e daqueles casulos brancos que parece
  • 4:01 - 4:02
    estar a guardar?
  • 4:02 - 4:06
    Estará talvez a proteger os seus irmãos?
  • 4:06 - 4:07
    Não.
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    Esta lagarta foi atacada
  • 4:08 - 4:12
    por uma vespa parasita
    que colocou ovos no seu interior.
  • 4:12 - 4:14
    Os ovos eclodiram e as vespas
    devoraram a lagarta viva
  • 4:14 - 4:16
    antes de explodir para fora do seu corpo.
  • 4:16 - 4:18
    Estão a ver o que eu quero dizer?
  • 4:18 - 4:21
    Agora, a lagarta não morreu.
  • 4:21 - 4:24
    Parece que algumas das vespas
    ficaram para trás
  • 4:24 - 4:27
    e controlaram-na para
    defender as suas irmãs,
  • 4:27 - 4:29
    que se estão a metamorfosear
  • 4:29 - 4:31
    em adultos
    no interior daqueles casulos.
  • 4:31 - 4:34
    Esta lagarta é um guarda-costas "zombie"
    que anda a bater com a cabeça
  • 4:34 - 4:36
    para defender a descendência
  • 4:36 - 4:38
    da criatura que a matou.
  • 4:38 - 4:41
    (Aplausos)
  • 4:42 - 4:44
    Ainda temos muito que andar.
    Só tenho 13 minutos.
  • 4:44 - 4:46
    (Risos)
  • 4:46 - 4:48
    Agora, provavelmente, há quem esteja
  • 4:48 - 4:50
    a tentar agarrar-se a algum consolo
  • 4:50 - 4:52
    julgando que estas coisas são uma raridade
  • 4:52 - 4:54
    no mundo natural, os pontos fora da curva,
  • 4:54 - 4:56
    e esse ponto de vista é compreensível,
  • 4:56 - 4:58
    porque os parasitas são bastante pequenos
  • 4:58 - 5:00
    e passam muito do seu tempo
  • 5:00 - 5:03
    no interior do corpo de outras coisas.
  • 5:03 - 5:04
    É fácil não dar por eles,
  • 5:04 - 5:07
    mas isso não significa
    que não sejam importantes.
  • 5:07 - 5:09
    Há uns anos, um homem
    chamado Kevin Lafferty
  • 5:09 - 5:12
    levou um grupo de cientistas
    a três estuários na Califórnia
  • 5:12 - 5:15
    e eles pesaram, dissecaram e registaram
  • 5:15 - 5:17
    tudo aquilo que conseguiram encontrar,
  • 5:17 - 5:18
    e o que encontraram
  • 5:18 - 5:21
    foi uma extrema abundância de parasitas.
  • 5:21 - 5:23
    Os tremátodes eram muito frequentes,
  • 5:23 - 5:26
    uns vermezinhos especializados
    em castrar os seus hospedeiros
  • 5:26 - 5:28
    como este infeliz caracol.
  • 5:28 - 5:31
    Um só tremátode é minúsculo, microscópico,
  • 5:31 - 5:33
    mas colectivamente pesavam tanto
  • 5:33 - 5:35
    quanto todos os peixes dos estuários
  • 5:35 - 5:38
    e três a nove vezes mais
    do que todas as aves.
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    Lembram-se do nematomorfo que mostrei,
  • 5:41 - 5:43
    o do grilo?
  • 5:43 - 5:45
    Um cientista japonês chamado Takuya Sato
  • 5:45 - 5:46
    descobriu que, num rio,
  • 5:46 - 5:48
    estas coisas levam tantos grilos
  • 5:48 - 5:50
    e gafanhotos para a água
  • 5:50 - 5:51
    que os insectos afogados
  • 5:51 - 5:55
    constituem cerca de 60 por cento
    da alimentação da truta local.
  • 5:55 - 5:58
    A manipulação não é uma raridade.
  • 5:58 - 6:00
    É uma parte crucial e frequente
  • 6:00 - 6:02
    do mundo à nossa volta.
  • 6:02 - 6:04
    Os cientistas descobriram agora
  • 6:04 - 6:06
    centenas de exemplos destes manipuladores,
  • 6:06 - 6:09
    e, o mais entusiasmante,
    estão a começar a compreender
  • 6:09 - 6:12
    como é que estas criaturas
    controlam os seus hospedeiros.
  • 6:13 - 6:16
    Este é um dos meus exemplos preferidos.
  • 6:16 - 6:17
    Esta é a Ampulex compressa,
  • 6:17 - 6:20
    a vespa-esmeralda da barata.
  • 6:20 - 6:22
    É uma verdade reconhecida universalmente
  • 6:22 - 6:24
    que uma vespa-esmeralda da barata
  • 6:24 - 6:26
    na posse de alguns ovos fertilizados
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    estará certamente
    a precisar de uma barata.
  • 6:28 - 6:30
    Quando encontra uma,
  • 6:30 - 6:31
    apunhala-a com um ferrão
  • 6:31 - 6:33
    que também é um órgão sensorial.
  • 6:33 - 6:35
    Esta descoberta foi feita há três semanas.
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    Apunhala-a com um ferrão,
    um órgão sensorial
  • 6:38 - 6:40
    equipado com pequenos altos sensoriais
  • 6:40 - 6:42
    que lhe permitem sentir a textura distinta
  • 6:42 - 6:44
    do cérebro da barata.
  • 6:44 - 6:47
    Portanto, tal como uma pessoa
    a procurar às cegas num saco,
  • 6:47 - 6:50
    a vespa encontra o cérebro
    e injecta-lhe o veneno
  • 6:50 - 6:54
    em dois conjuntos
    muito específicos de neurónios.
  • 6:54 - 6:58
    Os cientistas israelitas
    Federic Libersat e Ram Gal
  • 6:58 - 7:01
    descobriram que o veneno é
    uma arma química muito específica.
  • 7:01 - 7:03
    Não mata a barata, nem a anestesia.
  • 7:03 - 7:05
    A barata podia ir-se embora,
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    ou voar, ou correr, se escolhesse fazê-lo,
  • 7:08 - 7:10
    mas não escolhe fazê-lo,
  • 7:10 - 7:14
    porque o veneno anula
    a sua motivação para andar,
  • 7:14 - 7:15
    só isso.
  • 7:15 - 7:19
    A vespa basicamente apaga
    a instrução de "fugir-do-perigo"
  • 7:19 - 7:20
    no sistema operativo da barata,
  • 7:20 - 7:24
    permitindo-lhe conduzir
    a sua vítima impotente
  • 7:24 - 7:26
    de volta ao seu covil, pelas antenas,
  • 7:26 - 7:28
    como uma pessoa que passeia um cão.
  • 7:28 - 7:30
    Quando chegam,
    a vespa põe os ovos na barata,
  • 7:30 - 7:33
    os ovos eclodem, devoram-na viva,
    explodem para fora do corpo,
  • 7:33 - 7:35
    etc., etc., etc., já sabem o resto.
  • 7:35 - 7:38
    (Risos) (Aplausos)
  • 7:38 - 7:41
    Eu argumentaria que, uma vez picada,
  • 7:41 - 7:43
    a barata deixa de ser uma barata.
  • 7:43 - 7:46
    É mais uma extensão da vespa,
  • 7:46 - 7:48
    tal como o grilo era uma
    extensão do nematomorfo.
  • 7:48 - 7:51
    Estes hospedeiros já não vão
    sobreviver nem reproduzir-se.
  • 7:51 - 7:53
    Têm tanto controlo sobre
    o seu próprio destino
  • 7:53 - 7:54
    quanto o meu carro.
  • 7:54 - 7:56
    Assim que os parasitas entram,
  • 7:56 - 7:58
    os hospedeiros já não têm
    mais nada a dizer.
  • 7:58 - 8:00
    Já os seres humanos, é claro,
  • 8:00 - 8:02
    não são alheios à manipulação.
  • 8:02 - 8:04
    Tomamos substâncias que alteram
    a química do cérebro
  • 8:04 - 8:06
    e para alterar a nossa disposição.
  • 8:06 - 8:10
    O que são os argumentos,
    ou a publicidade ou as grandes ideias
  • 8:10 - 8:13
    senão uma tentativa para
    influenciar a mente dos outros?
  • 8:13 - 8:14
    Mas as nossas tentativas para isso
  • 8:14 - 8:16
    são rudes e disparatadas,
    quando comparadas
  • 8:16 - 8:19
    com a especificidade
    minuciosa dos parasitas.
  • 8:19 - 8:22
    Don Draper bem gostaria
    de ser tão elegante
  • 8:22 - 8:25
    e preciso quanto uma
    vespa-esmeralda da barata.
  • 8:27 - 8:30
    Acho que isto faz parte
    do que torna os parasitas
  • 8:30 - 8:33
    tão sinistros e tão irresistíveis.
  • 8:33 - 8:36
    Damos tanto valor ao nosso livre arbítrio
  • 8:36 - 8:37
    e à nossa independência
  • 8:37 - 8:39
    que a ideia de perder estas qualidades
  • 8:39 - 8:40
    para forças invisíveis
  • 8:40 - 8:43
    nos avisa quanto a muitos dos nossos
    medos sociais mais profundos.
  • 8:43 - 8:45
    As distopias orwellianas,
    as cabalas sombrias
  • 8:45 - 8:47
    e os super-vilões que controlam a mente
  • 8:47 - 8:51
    — são estas as metáforas que
    enchem a nossa ficção mais obscura,
  • 8:51 - 8:54
    mas, na Natureza,
    estão sempre a acontecer.
  • 8:55 - 8:58
    O que me leva a uma pergunta
  • 8:58 - 9:00
    óbvia e inquietante:
  • 9:00 - 9:02
    Haverá parasitas sombrios e sinistros
  • 9:02 - 9:04
    que estão a influenciar
    o nosso comportamento
  • 9:04 - 9:06
    sem nós sabermos,
  • 9:06 - 9:08
    — para além da NSA?
    (Risos)
  • 9:08 - 9:09
    Se os há...
  • 9:09 - 9:12
    (Risos) (Aplausos)
  • 9:13 - 9:16
    Agora tenho um pontinho vermelho
    na testa, não tenho?
  • 9:16 - 9:18
    (Risos)
  • 9:18 - 9:21
    Se os há, este é um bom candidato.
  • 9:21 - 9:24
    Apresento-vos o Toxoplasma gondii,
    ou Toxo, para abreviar,
  • 9:24 - 9:26
    porque uma criatura assustadora
  • 9:26 - 9:28
    merece sempre uma alcunha fofinha.
  • 9:29 - 9:30
    O Toxo infecta os mamíferos,
  • 9:30 - 9:32
    uma grande diversidade de mamíferos,
  • 9:32 - 9:35
    mas só se consegue reproduzir
    sexualmente no gato.
  • 9:35 - 9:38
    E cientistas como a Joanne Webster
    mostraram que,
  • 9:38 - 9:40
    se o Toxo apanhar uma ratazana ou um rato,
  • 9:40 - 9:43
    transforma o roedor num míssil
    à procura de um gato.
  • 9:43 - 9:47
    Se a ratazana infectada
    cheirar o maravilhoso odor
  • 9:47 - 9:48
    da urina de gato,
  • 9:48 - 9:50
    corre para a origem do cheiro
  • 9:50 - 9:54
    em vez de correr na direcção
    mais sensata, em sentido contrário.
  • 9:54 - 9:57
    O gato come a ratazana.
    O Toxo consegue ter relações sexuais.
  • 9:57 - 10:00
    É um conto clássico de
    "Comer, Devorar, Amar".
  • 10:00 - 10:03
    (Risos) (Aplausos)
  • 10:08 - 10:11
    Vocês são pessoas
    muito caridosas e generosas.
  • 10:11 - 10:13
    Olá, Elizabeth, adorei a sua apresentação.
  • 10:13 - 10:17
    Como é que o parasita
    controla o seu hospedeiro
  • 10:17 - 10:18
    desta forma?
  • 10:18 - 10:19
    Na verdade, não sabemos.
  • 10:19 - 10:21
    Sabemos que o Toxo liberta uma enzima
  • 10:21 - 10:23
    que fabrica dopamina,
    uma substância envolvida
  • 10:23 - 10:25
    na recompensa e na motivação.
  • 10:25 - 10:27
    Sabemos que se dirige
    a certas partes do cérebro do rato,
  • 10:27 - 10:30
    incluindo as que envolvem
    a excitação sexual.
  • 10:30 - 10:32
    Mas como é que essas
    peças do "puzzle" se encaixam
  • 10:32 - 10:34
    ainda não é claro.
  • 10:34 - 10:36
    O que é claro é que esta coisa
  • 10:36 - 10:37
    é uma única célula.
  • 10:37 - 10:39
    Não tem sistema nervoso.
  • 10:39 - 10:40
    Não tem consciência.
  • 10:40 - 10:41
    Nem sequer tem um corpo.
  • 10:41 - 10:44
    Mas está a manipular um mamífero?
  • 10:44 - 10:45
    Nós somos mamíferos.
  • 10:45 - 10:48
    Nós somos mais inteligentes
    que uma mera ratazana,
  • 10:48 - 10:50
    mas os nossos cérebros
    têm a mesma estrutura básica,
  • 10:50 - 10:52
    o mesmo tipo de células,
  • 10:52 - 10:54
    as mesmas substâncias
    químicas a percorrê-las,
  • 10:54 - 10:56
    e os mesmos parasitas.
  • 10:56 - 10:58
    As estimativas variam muito,
    mas alguns valores sugerem
  • 10:58 - 11:00
    que uma em cada três pessoas no mundo
  • 11:00 - 11:02
    têm o Toxo no cérebro.
  • 11:02 - 11:05
    Mas isso não leva
    a nenhuma doença evidente.
  • 11:05 - 11:07
    O parasita mantém-se
    num estado de dormência
  • 11:07 - 11:09
    durante um longo período.
  • 11:09 - 11:11
    Mas há alguma evidência de que as pessoas
  • 11:11 - 11:14
    que são portadoras têm uma
    pontuação um tanto diferente
  • 11:14 - 11:17
    nos questionários de personalidade
    do que as outras pessoas,
  • 11:17 - 11:20
    têm um risco mais elevado
    de acidentes rodoviários,
  • 11:20 - 11:23
    e há indícios de que
    as pessoas com esquizofrenia
  • 11:23 - 11:25
    têm maior probabilidade
    de estar infectadas.
  • 11:25 - 11:27
    Penso que esta evidência
    é ainda inconclusiva,
  • 11:27 - 11:29
    e, mesmo entre os investigadores do Toxo,
  • 11:29 - 11:32
    as opiniões dividem-se
    quanto a se o parasita
  • 11:32 - 11:34
    está a influenciar
    o nosso comportamento ou não.
  • 11:34 - 11:37
    Dada a natureza tão alargada
    das manipulações deste tipo,
  • 11:37 - 11:38
    seria completamente implausível
  • 11:38 - 11:40
    que os humanos fossem a única espécie
  • 11:40 - 11:43
    que não fosse afectada
    de forma semelhante.
  • 11:43 - 11:47
    E acho que esta capacidade de subverter
  • 11:47 - 11:50
    constantemente o nosso
    pensamento sobre o mundo
  • 11:50 - 11:52
    faz com que os parasitas
    sejam extraordinários.
  • 11:52 - 11:56
    Estão sempre a convidar-nos
    a olhar para o mundo natural de lado,
  • 11:56 - 11:58
    e a perguntar se os
    comportamentos que observamos,
  • 11:58 - 11:59
    quer sejam simples e óbvios
  • 11:59 - 12:01
    ou desconcertantes e intrigantes,
  • 12:01 - 12:03
    não serão o resultado de os indivíduos
  • 12:03 - 12:05
    estarem a agir de moto próprio
  • 12:05 - 12:06
    mas por estarem a ser submetidos
  • 12:06 - 12:08
    ao controlo de alguma outra coisa.
  • 12:08 - 12:10
    Ainda que essa ideia
    possa ser inquietante,
  • 12:10 - 12:13
    e por muito que os hábitos dos parasitas
    possam ser macabros,
  • 12:13 - 12:15
    a capacidade de nos surpreenderem
  • 12:15 - 12:19
    faz com que sejam tão maravilhosos
    e tão carismáticos
  • 12:19 - 12:22
    quanto qualquer panda
    ou borboleta ou golfinho.
  • 12:22 - 12:24
    No fim da "Origem das Espécies",
  • 12:24 - 12:27
    Charles Darwin escreve
    sobre a grandeza da vida,
  • 12:27 - 12:30
    e sobre as intermináveis
    formas mais bonitas
  • 12:30 - 12:31
    e mais maravilhosas.
  • 12:31 - 12:34
    Gosto de pensar
    que ele poderia estar a falar
  • 12:34 - 12:37
    de uma ténia que faz com que
    um crustáceo fique sociável
  • 12:37 - 12:40
    ou de uma vespa
    que leva baratas a dar um passeio.
  • 12:40 - 12:43
    Mas, se calhar,
    isso é só um parasita a falar.
  • 12:43 - 12:45
    Obrigado.
  • 12:45 - 12:48
    (Aplausos)
  • 12:55 - 12:57
    (Aplausos)
Title:
Baratas "zombie" e outras histórias de parasitas
Speaker:
Ed Yong
Description:

Nós, os seres humanos, damos imenso valor ao nosso livre arbítrio e à nossa independência... e, no entanto, há uma influência sombria que podemos não estar a considerar. Conforme nos explica o autor científico Ed Yong nesta apresentação fascinante, hilariante e perturbante, os parasitas aperfeiçoaram a arte da manipulação a um grau incrível. Então, estarão a influenciar-nos? É mais do que provável.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:14
  • Contatei o prof. Edgar Fernandes a 10 de maio, dado ter comprimido bastantes legendas que excediam em muito os 21 caracteres por segundo. No entanto,até hoje não recebi resposta.

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