Doar a nossa fortuna foi a coisa mais gratificante que fizemos
-
0:02 - 0:05Chris Anderson:
Esta é uma entrevista diferente. -
0:05 - 0:09Já que uma foto vale mais
do que mil palavras, -
0:09 - 0:12decidi pedir ao Bill e à Melinda
-
0:12 - 0:14que desenterrassem dos seus arquivos
-
0:14 - 0:16algumas imagens que ajudassem a explicar
-
0:16 - 0:18um pouco daquilo que eles têm feito.
-
0:18 - 0:20Vamos fazer assim.
-
0:20 - 0:24Vamos começar com esta foto.
-
0:24 - 0:26Melinda, quando e onde foi isto,
-
0:26 - 0:28e quem é o simpático homem ao seu lado?
-
0:28 - 0:30Melinda: Com os óculos grandes, certo?
-
0:30 - 0:33Foi em África, a nossa primeira viagem.
-
0:33 - 0:35A primeira vez que lá estivemos
-
0:35 - 0:36no outono de 1993.
-
0:36 - 0:38Já estávamos noivos, estávamos para casar.
-
0:38 - 0:40Casámos uns meses depois.
-
0:40 - 0:44Nesta viagem queríamos ver
os animais e a savana africana. -
0:44 - 0:45Foi incrível!
-
0:45 - 0:47Bill nunca tinha estado
tanto tempo sem trabalhar. -
0:47 - 0:52Mas o que nos tocou foram as pessoas
-
0:52 - 0:54e a pobreza extrema.
-
0:54 - 0:56Começámos a pensar:
-
0:56 - 0:58É preciso ser assim?
-
0:58 - 1:01No final da viagem fomos a Zanzibar.
-
1:00 - 1:02Fomos passear na praia,
-
1:02 - 1:03coisa que fazíamos muitas vezes
-
1:03 - 1:04quando namorávamos.
-
1:05 - 1:08Naquela época, já pensávamos
-
1:08 - 1:09que a fortuna que resultara da Microsoft
-
1:09 - 1:10devia retornar à sociedade,
-
1:10 - 1:12mas foi naquela caminhada pela praia
-
1:12 - 1:13que começámos a falar
-
1:13 - 1:17do que podíamos fazer
e como pôr isso em prática. -
1:17 - 1:20CA: Considerando que essa viagem
-
1:20 - 1:24levou à criação da maior fundação
privada do mundo, -
1:25 - 1:27foi uma viagem muito cara
para umas simples férias. -
1:27 - 1:28(Risos)
-
1:28 - 1:30MG: Acho que sim. Nós gostámos.
-
1:30 - 1:33CA: Qual de vocês foi
o principal instigador? -
1:33 - 1:35Ou foi ideia de ambos?
-
1:36 - 1:38Bill Gates: Scho que estávamos animados
-
1:38 - 1:40de que haveria uma fase da nossa vida
-
1:40 - 1:43em que trabalharíamos juntos
-
1:43 - 1:46e descobriríamos como devolver
esse dinheiro à sociedade. -
1:48 - 1:52Nessa fase, estávamos
a falar dos mais pobres, -
1:52 - 1:54de como poderíamos causar
um grande impacto neles. -
1:54 - 1:56O que é que não estava a ser feito?
-
1:56 - 1:58Havia muitas coisas que não sabíamos.
-
1:58 - 2:00A nossa ingenuidade era inacreditável,
-
2:00 - 2:01quando olhamos para o passado.
-
2:01 - 2:04Mas tínhamos um certo entusiasmo
-
2:04 - 2:05de que aquela época seria a fase
-
2:05 - 2:08— a fase pós-Microsoft —
-
2:08 - 2:10da nossa filantropia.
-
2:10 - 2:13MG: Bill pensava que
essa fase seria aos 60 anos -
2:14 - 2:16mas ele ainda não tem 60.
-
2:16 - 2:19Portanto, há coisas que mudam entretanto.
-
2:19 - 2:21CA: Tudo começou aí,
mas depois acelerou. -
2:21 - 2:23Isso foi em 1993.
-
2:23 - 2:25Mas só em 1997 é que a fundação começou.
-
2:25 - 2:28MA: Sim, em 1997 lemos um artigo
-
2:28 - 2:31sobre a diarreia que causava
a morte de crianças no mundo inteiro, -
2:31 - 2:33e pensámos:
-
2:33 - 2:34"Não é possível.
-
2:34 - 2:36"Nos EUA, basta ir à farmácia."
-
2:36 - 2:39Começámos a reunir cientistas
-
2:39 - 2:41e começámos a estudar a população,
-
2:41 - 2:42as vacinas,
-
2:42 - 2:44o que havia funcionado
e o que havia falhado. -
2:44 - 2:46Foi então que começámos.
-
2:46 - 2:50Foi no fim de 1998, início de 1999.
-
2:50 - 2:53CA: Vocês tinham muito dinheiro
-
2:53 - 2:56e um mundo com muitos problemas diferentes.
-
2:56 - 2:59Como é que decidiram o que escolher?
-
3:00 - 3:02BG: Bom, decidimos escolher duas causas,
-
3:02 - 3:06em que houvesse
maior injustiça a nível global. -
3:06 - 3:07Vimos ali crianças a morrer,
-
3:07 - 3:10crianças que não tinham
nutrição suficiente para se desenvolver, -
3:10 - 3:12e países que estavam parados,
-
3:12 - 3:14porque a mortalidade era altíssima.
-
3:14 - 3:16Os pais tinham tantos filhos
-
3:16 - 3:18que o crescimento populacional era enorme.
-
3:18 - 3:21Aquelas crianças estavam tão doentes
-
3:21 - 3:23que não podiam ser educadas
-
3:23 - 3:25e não podiam sair dali.
-
3:25 - 3:27Foi essa a nossa causa global.
-
3:27 - 3:31Nos EUA, nós dois tivemos
uma educação excelente. -
3:32 - 3:34Vimos que os EUA só podem cumprir
-
3:34 - 3:38a promessa de oportunidades iguais
-
3:38 - 3:41tendo um sistema excecional de educação.
-
3:41 - 3:43Quanto mais aprendíamos, mais percebíamos
-
3:43 - 3:45que não estávamos a cumprir essa promessa.
-
3:45 - 3:47Assim, escolhemos essas duas coisas.
-
3:47 - 3:49Tudo que a fundação faz
-
3:49 - 3:51está concentrado nesses dois pontos.
-
3:52 - 3:54CA: Eu pedi-vos que escolhessem uma imagem
-
3:54 - 3:57que achassem que ilustram o vosso trabalho,
-
3:57 - 3:59Melinda, esta foi a que você escolheu.
-
3:59 - 4:01Fale um pouco sobre ela.
-
4:01 - 4:04MG: Uma das coisas
que adoro fazer quando viajo -
4:04 - 4:07é ir às zonas rurais
e falar com as mulheres, -
4:07 - 4:10seja em Bangladesh, na Índia,
nos longínquos países em África. -
4:10 - 4:12Apareço como uma mulher ocidental anónima.
-
4:12 - 4:16Não digo quem sou. Vou de calças de caqui.
-
4:16 - 4:18Estava sempre a ouvir as mulheres,
-
4:18 - 4:20inúmeras vezes, em cada viagem:
-
4:20 - 4:23"Quero usar aquela injeção."
-
4:23 - 4:25Começava a conversar
com elas sobre vacinas infantis -
4:25 - 4:27e elas voltavam à mesma:
-
4:27 - 4:30"Mas, e a injeção que recebi?"
-
4:30 - 4:32Era uma injeção que lhes davam,
chamada Depo-Provera -
4:32 - 4:34um contracetivo.
-
4:34 - 4:36Vim-me embora e conversei
com especialistas de saúde global. -
4:36 - 4:38Eles disseram: "Os contracetivos
-
4:38 - 4:40"são enviados para os países
em desenvolvimento." -
4:40 - 4:42Foi preciso pesquisar nos relatórios,
-
4:42 - 4:44e a equipa acabou por me trazer isto:
-
4:44 - 4:49quando uma coisa que as mulheres
em África querem usar -
4:49 - 4:52está esgotada durante
mais de 200 dias no ano -
4:52 - 4:54percebe-se porque é que
as mulheres me diziam: -
4:54 - 4:57"Eu caminhei 10 km sem o meu marido saber,
-
4:57 - 5:00"cheguei à clínica, e não havia lá nada."
-
5:01 - 5:03Também havia preservativos
armazenados em África, -
5:03 - 5:05por causa do trabalho
relacionado com a SIDA -
5:05 - 5:07que os EUA e outros países apoiavam.
-
5:07 - 5:09Mas as mulheres repetiam-me sempre:
-
5:09 - 5:11"Não posso convencer o meu marido
a usar um preservativo. -
5:11 - 5:15"Nem que lhe diga que ele tem SIDA
ou que eu tenho SIDA, -
5:15 - 5:18"e preciso dessa injeção,
porque assim posso espaçar -
5:18 - 5:21"os nascimentos dos meus filhos,
posso alimentá-los -
5:21 - 5:23"e ter hipótese de educá-los."
-
5:23 - 5:25CA: Melinda, você é católica romana,
-
5:25 - 5:29e já esteve envolvida com frequência
-
5:29 - 5:31neste assunto controverso
-
5:31 - 5:33e na questão do aborto‚
-
5:33 - 5:35de ambos os lados.
-
5:35 - 5:36Como é que se movimenta nesse meio?
-
5:36 - 5:39MG: Acho que esse é
um ponto muito importante. -
5:39 - 5:42Nós tínhamo-nos afastado dos contracetivos
-
5:42 - 5:44enquanto sociedade global.
-
5:44 - 5:47Sabíamos que 210 milhões de mulheres
-
5:47 - 5:49diziam que queriam ter
acesso aos contracetivos, -
5:49 - 5:52até mesmo os contracetivos
que temos nos EUA. -
5:52 - 5:54Mas não estávamos a fornecer-lhos,
-
5:54 - 5:58por causa da controvérsia
política no nosso país. -
5:58 - 6:00Para mim, isso era um crime.
-
6:00 - 6:03Continuei a tentar encontrar alguém
-
6:03 - 6:05que pudesse voltar a pôr
esse tema à discussão global. -
6:05 - 6:08Finalmente percebi que
era eu que tinha de fazer isso. -
6:08 - 6:09Embora eu seja católica,
-
6:09 - 6:10acredito em contracetivos,
-
6:10 - 6:13da mesma maneira que a maioria
das católicas nos EUA -
6:13 - 6:15dizem usar contracetivos.
-
6:15 - 6:17Não podia deixar que essa controvérsia
-
6:17 - 6:18fosse a coisa que nos prendia.
-
6:18 - 6:21Costumávamos ter um consenso nos EUA
-
6:21 - 6:22sobre contracetivos.
-
6:22 - 6:24Por isso voltámos a esse consenso global,
-
6:24 - 6:27e arrecadámos 2,6 mil milhões de dólares
-
6:27 - 6:29em volta do problema dessas mulheres.
-
6:29 - 6:33(Aplausos)
-
6:38 - 6:41CA: Bill, este é o seu gráfico.
Sobre o que é? -
6:41 - 6:43BG: Bom, o meu gráfico tem números.
-
6:43 - 6:45(Risos)
-
6:45 - 6:47Gosto mesmo deste gráfico.
-
6:47 - 6:50Esse é o número de crianças
-
6:50 - 6:53que morrem, em cada ano
antes de completarem 5 anos. -
6:53 - 6:55O que vemos é de facto
-
6:55 - 6:59uma história de um êxito extraordinário,
pouco conhecida. -
6:59 - 7:01Estamos a ter um progresso incrível.
-
7:01 - 7:04Passámos de 20 milhões,
-
7:04 - 7:06— pouco tempo depois de eu ter nascido —
-
7:06 - 7:09para chegar hoje a cerca de 6 milhões.
-
7:09 - 7:13Em grande parte, esta
é uma história de vacinação. -
7:13 - 7:16A varíola estava a matar
uns milhões de crianças por ano. -
7:16 - 7:18Foi erradicada, e esse número
caiu para zero. -
7:18 - 7:20O sarampo também
matava uns milhões por ano. -
7:20 - 7:22Agora está em poucas
centenas de milhares. -
7:22 - 7:24De qualquer forma, este é um gráfico
-
7:24 - 7:28em que queremos fazer
com que aquele número continue. -
7:28 - 7:30E isso será possível,
-
7:30 - 7:31usando a ciência de novas vacinas,
-
7:31 - 7:33e fazendo as vacinas chegar às crianças.
-
7:33 - 7:36Podemos acelerar esse progresso.
-
7:36 - 7:37Na última década,
-
7:37 - 7:38esse número caiu mais rapidamente
-
7:38 - 7:41do que em qualquer outro
momento na história. -
7:41 - 7:44Adoro o facto de podermos dizer:
-
7:44 - 7:46"Se nós inventamos novas vacinas,
-
7:46 - 7:47"podemos levá-las para lá,
-
7:47 - 7:50"usar os últimos conhecimentos
que temos sobre as vacinas, -
7:50 - 7:52"e fazer com que sejam bem distribuídas.
-
7:52 - 7:54"Podemos fazer um milagre".
-
7:54 - 7:55CA: Quer dizer, você faz os cálculos,
-
7:55 - 7:57e funciona, creio eu.
-
7:57 - 8:00Literalmente, milhares de crianças
que são salvas todos os dias -
8:00 - 8:01em comparação com o ano anterior.
-
8:01 - 8:03Isso não é divulgado.
-
8:03 - 8:06Por exemplo. um acidente aéreo
com 200 ou mais mortes -
8:06 - 8:09é uma história muito mais divulgada.
-
8:09 - 8:10Isso não o deixa irritado?
-
8:10 - 8:13BG: Deixa, porque é uma coisa
que acontece silenciosamente. -
8:13 - 8:16É uma criança, uma criança de cada vez.
-
8:16 - 8:17Em 98% dos casos
-
8:17 - 8:19não tem nada a ver com desastres naturais.
-
8:19 - 8:21Mas é incrível a caridade das pessoas,
-
8:21 - 8:23quando veem um desastre natural.
-
8:23 - 8:25É incrível a forma como as pessoas pensam:
-
8:25 - 8:27"Podia ser eu" e o dinheiro aparece.
-
8:27 - 8:31Estas causas têm sido um pouco invisíveis.
-
8:31 - 8:32Agora que estão a ser divulgados
-
8:32 - 8:35os "Objetivos de
Desenvolvimento do Milénio", -
8:35 - 8:38estamos a ver um certo aumento
na generosidade. -
8:38 - 8:41O objetivo é fazer com que esse número
chegue quase a um milhão, -
8:41 - 8:43o que deve ser possível na nossa geração.
-
8:43 - 8:45CA: Talvez fosse preciso alguém
-
8:45 - 8:46que gostasse de números e gráficos
-
8:46 - 8:49em vez de um grande rosto triste
-
8:49 - 8:50para as pessoas se envolverem.
-
8:50 - 8:52Este ano, você usou isso na sua carta,
-
8:52 - 8:55usou esse argumento
para dizer que essa ajuda, -
8:55 - 8:57— ao contrário do que as pessoas pensam,
-
8:57 - 9:00que essa ajuda não tem valor —
-
9:00 - 9:02está a ser eficaz.
-
9:02 - 9:05BG: Sim, as pessoas percebem
-
9:05 - 9:07que há ajudas que eram bem intencionadas
-
9:07 - 9:09mas que não funcionaram bem.
-
9:09 - 9:11Há um investimento de risco
-
9:11 - 9:14e algumas coisas bem intencionadas
não deram certo. -
9:14 - 9:17Lá por causa disso não devemos dizer
-
9:17 - 9:19que é uma má tentativa
-
9:19 - 9:22porque não termos um registo perfeito,
-
9:22 - 9:24Devemos olhar para qual
era o nosso objetivo. -
9:24 - 9:26Como estamos a tentar melhorar a nutrição,
-
9:26 - 9:29a sobrevivência, o analfabetismo
-
9:29 - 9:32para esses países
poderem cuidar de si, e dizer: -
9:32 - 9:33"Isto está a correr bem!",
-
9:33 - 9:35Temos que ser mais inteligentes.
-
9:35 - 9:37Podemos gastar em ajudas
de modo mais inteligente. -
9:37 - 9:39Não se trata de uma panaceia.
-
9:39 - 9:42Acho que podemos fazer melhor
do que capital de risco, -
9:42 - 9:45incluindo grandes acertos como este.
-
9:45 - 9:47CA: O conhecimento popular
-
9:47 - 9:52diz que é muito difícil casais
trabalharem juntos. -
9:52 - 9:53Como é que vocês gerem isso?
-
9:53 - 9:55MG: Já muitas mulheres me disseram:
-
9:55 - 9:58"Acho que não conseguiria
trabalhar com o meu marido. -
9:58 - 9:59"Simplesmente não daria certo."
-
9:59 - 10:03Mas sabe, nós gostamos.
-
10:03 - 10:06A fundação tem sido
uma grande experiência para nós. -
10:06 - 10:08É uma jornada de aprendizagem continua.
-
10:08 - 10:12Não viajamos juntos
com tanta frequência para a fundação, -
10:12 - 10:13como costumávamos fazer
-
10:13 - 10:15quando Bill trabalhava na Microsoft.
-
10:15 - 10:17Fazemos mais viagens em separado.
-
10:17 - 10:19Mas, quando chego a casa,
-
10:19 - 10:21sei que Bill estará interessado
no que aprendi, -
10:21 - 10:23seja sobre mulheres ou meninas
-
10:23 - 10:25ou qualquer novidade
sobre a distribuição de vacinas, -
10:25 - 10:28ou sobre uma pessoa
que é uma grande líder. -
10:28 - 10:30Ele ouve e interessa-se mesmo.
-
10:30 - 10:32E ele sabe que, quando chega a casa,
-
10:32 - 10:34mesmo que o assunto seja
o discurso que fez, -
10:34 - 10:35ou os dados, ou o que aprendeu,
-
10:35 - 10:37eu interesso-me mesmo.
-
10:37 - 10:39Acho que temos uma relação
muito colaborante. -
10:39 - 10:42Mas não passamos o tempo todo juntos,
isso é verdade. -
10:43 - 10:45(Risos)
-
10:46 - 10:49CA: Mas agora estão,
e sentimo-nos felizes por estarem. -
10:49 - 10:52Melinda, no início, era você
-
10:52 - 10:54quem administrava o projeto
como um todo. -
10:54 - 10:56Há 6 anos, suponho,
-
10:56 - 10:58Bill passou a dedicar-se a tempo inteiro,
-
10:58 - 10:59quando saiu da Microsoft.
-
10:59 - 11:01Deve ter sido difícil
-
11:01 - 11:02ajustar-se a essas mudanças. Não foi?
-
11:02 - 11:05MG: Sim. Na verdade,
-
11:05 - 11:07acho que os empregados da fundação
-
11:07 - 11:10ficaram mais ansiosos do que eu
-
11:10 - 11:11quanto à vinda do Bill.
-
11:11 - 11:13Eu estava entusiasmada.
-
11:13 - 11:14Obviamente, Bill tomou essa decisão
-
11:14 - 11:17antes de ela ser anunciada em 2006.
-
11:17 - 11:19Foi uma decisão só dele.
-
11:19 - 11:20Foi de novo, numa viagem de férias
-
11:20 - 11:22quando caminhávamos na praia,
-
11:22 - 11:25que ele começou a pensar no assunto.
-
11:25 - 11:26Para mim, o entusiasmo de Bill
-
11:26 - 11:29em colocar o seu cérebro e o seu coração
-
11:29 - 11:32na solução desses
grandes problemas globais, -
11:32 - 11:34dessas desigualdades,
para mim era excitante. -
11:34 - 11:37O pessoal da fundação sentia
uma certa angústia quanto a isso. -
11:37 - 11:39(Aplausos)
-
11:40 - 11:41CA: Isso é ótimo.
-
11:41 - 11:44MG: Mas isso acabou
três meses depois de ele chegar. -
11:45 - 11:46BG: Incluindo alguns dos empregados.
-
11:46 - 11:48MG: Foi o que eu disse, os empregados...
-
11:48 - 11:49BG: Estou a brincar!
-
11:49 - 11:51MG: Os empregados não se foram embora.
-
11:51 - 11:53BG: Alguns foram, mas...
-
11:53 - 11:55(Risos)
-
11:55 - 11:57CA: Sobre o que é que vocês discutem?
-
11:57 - 12:00Domingo, 11 horas,
-
12:00 - 12:01vocês não estão a trabalhar.
-
12:01 - 12:03Que tipo de assunto surge?
Que tipo de discussão? -
12:04 - 12:08BG: Como construímos
a fundação juntos, desde o início, -
12:08 - 12:10isto é uma grande parceria.
-
12:10 - 12:12Eu fiz isso com Paul Allen
-
12:12 - 12:14nos primeiros anos da Microsoft.
-
12:14 - 12:17Também fiz com Steve Ballmer,
quando a Microsoft cresceu -
12:17 - 12:19e agora com Melinda,
de maneira ainda mais forte. -
12:19 - 12:21Os dois lados iguais, é uma parceira.
-
12:21 - 12:25Falamos de coisas em que
devíamos investir mais, -
12:25 - 12:28quais os grupos que estão a funcionar bem.
-
12:28 - 12:30Ela tem muitas ideias.
-
12:30 - 12:31Conversa muito com os empregados.
-
12:31 - 12:33Fazemos as diferentes viagens
que ela descreveu. -
12:33 - 12:37Há muita colaboração.
-
12:37 - 12:38Não me lembro de nada
-
12:38 - 12:42em que qualquer de nós
tenha tido uma opinião predominante -
12:42 - 12:44sobre isto ou aquilo.
-
12:44 - 12:45CA: E você, Melinda? Consegue?
-
12:45 - 12:47(Risos)
-
12:47 - 12:48Nunca se sabe.
-
12:48 - 12:49MG: Bom, a questão é esta:
-
12:49 - 12:51Nós vemos as coisas de diferentes ângulos.
-
12:51 - 12:53Acho que isso é muito bom.
-
12:53 - 12:56Bill olha para os dados globais e diz:
-
12:56 - 12:58"Eu quero agir com base
nestas estatísticas globais." -
12:58 - 13:01Eu olho para as coisas
de forma mais intuitiva. -
13:01 - 13:02Encontro-me com muitas pessoas no terreno.
-
13:02 - 13:04Bill ensinou-me a agarrar nisso
-
13:04 - 13:06e a comparar com os dados globais
para ver se se ajustam, -
13:06 - 13:09Ensinei-lhe a olhar para os dados,
-
13:09 - 13:11encontrar-se com as pessoas e entender:
-
13:11 - 13:13Consegue entregar aquela vacina ou não?
-
13:13 - 13:15Consegue convencer uma mulher
-
13:15 - 13:17a dar a vacina
de poliomielite ao seu filho? -
13:17 - 13:19Porque a parte da distribuição
-
13:19 - 13:21é tão importante quanto a parte científica.
-
13:21 - 13:24Então, ao longo do tempo,
acho que tem sido uma combinação -
13:24 - 13:25dos nossos pontos de vista.
-
13:25 - 13:28Sinceramente, o trabalho
é melhor por causa disso. -
13:28 - 13:31CA: Então, em vacinas e poliomielite etc.,
-
13:31 - 13:34vocês têm tido um sucesso extraordinário.
-
13:34 - 13:35E quanto a fracassos?
-
13:35 - 13:37Podem falar sobre um fracasso
-
13:37 - 13:39e talvez sobre o que aprenderam com ele?
-
13:39 - 13:42BG: Sim. Felizmente, podemos
aguentar alguns fracassos, -
13:42 - 13:44porque claro que tivemos fracassos.
-
13:44 - 13:48Fazemos muito trabalho
envolvendo remédios ou vacinas -
13:48 - 13:51e sabemos que vamos ter
vários fracassos. -
13:51 - 13:54Por exemplo, uma coisa
a que demos muita publicidade -
13:54 - 13:56foi procurar um preservativo melhor.
-
13:56 - 13:57Bom, tivemos centenas de ideias.
-
13:57 - 14:00Algumas haviam de dar certo.
-
14:00 - 14:03Fomos ingénuos, claro que fui,
sobre uma droga -
14:03 - 14:06para uma doença na Índia,
Leishmaniose visceral. -
14:06 - 14:08Pensei: "Quando eu arranjar esta droga,
-
14:08 - 14:09"podemos acabar com a doença."
-
14:09 - 14:11O problema é que era precisa
-
14:11 - 14:13uma injeção diária durante 10 dias.
-
14:13 - 14:16Acabou por demorar mais três anos
do que esperávamos. -
14:16 - 14:17Por fim, não havia nenhuma maneira
-
14:17 - 14:19de a administrar.
-
14:19 - 14:21Felizmente, descobrimos que,
-
14:21 - 14:24se exterminássemos o mosquito,
-
14:24 - 14:26talvez tivéssemos êxito.
-
14:26 - 14:28Mas tínhamos gasto cinco anos.
-
14:28 - 14:29Desperdiçámos cinco anos
-
14:29 - 14:31e cerca de 60 milhões de dólares,
-
14:31 - 14:36num percurso que acabou
por ter resultados muito modestos. -
14:36 - 14:40CA: Vocês estão a gastar cerca
de mil milhões de dólares por ano -
14:40 - 14:42em educação, segundo suponho.
-
14:42 - 14:46No mínimo, essa história
-
14:46 - 14:48deve ser muito longa e complexa.
-
14:48 - 14:52Há algum fracasso
que vocês possam comentar? -
14:52 - 14:55MG: Eu diria que uma grande lição
logo no início -
14:55 - 14:58foi que pensávamos que a resposta
eram as escolas pequenas. -
14:58 - 15:00Claro que elas ajudam.
-
15:00 - 15:01Reduzem a taxa de evasão escolar.
-
15:01 - 15:04Também há menos violência
e crime nessas escolas. -
15:04 - 15:06Mas o que aprendemos com esse trabalho,
-
15:06 - 15:08e o que acabou por ser
um aspecto fundamental, -
15:08 - 15:10é um excelente professor
à frente de uma sala de aulas. -
15:10 - 15:13Se não tivermos um professor competente
à frente da sala de aula, -
15:13 - 15:16não interessa qual é o tamanho do edifício,
-
15:16 - 15:18não vamos alterar
a trajetória de qualquer aluno, -
15:18 - 15:20se ele ficará apto ou não
para a universidade. -
15:20 - 15:22(Aplausos)
-
15:23 - 15:28CA: Melinda, aqui é você
e a sua filha mais velha, Jenn. -
15:29 - 15:31A foto foi tirada há cerca
de 3 semanas, suponho. -
15:31 - 15:33Onde foi isso?
-
15:33 - 15:34MG: Nós fomos à Tanzânia.
-
15:34 - 15:36A Jenn já tinha ido à Tanzânia.
-
15:36 - 15:38Todos os nossos filhos
já foram a África algumas vezes, -
15:38 - 15:40E fizemos uma coisa muito diferente.
-
15:40 - 15:44Decidimos passar duas noites
e três dias com uma família. -
15:44 - 15:47Anna e Sanare são os pais.
-
15:47 - 15:50Convidaram-nos para ficar
na sua boma [aldeia] -
15:50 - 15:52Acho que as cabras já tinham estado a viver
-
15:52 - 15:54naquela pequena cabana
-
15:54 - 15:56antes de lá chegarmos.
-
15:56 - 15:58Ficámos com a família,
-
15:58 - 16:00e aprendemos, muito a sério,
-
16:00 - 16:02como é a vida na Tanzânia rural.
-
16:02 - 16:03A diferença entre uma visita
-
16:03 - 16:06de meio dia ou duma tarde inteira
-
16:06 - 16:10ou passar a noite foi
uma diferença profunda. -
16:10 - 16:12Vou explicar do que estou a falar.
-
16:12 - 16:14Tinham seis filhos.
-
16:14 - 16:15Eu estava com Anna na cozinha,
-
16:15 - 16:18— naquele dia cozinhámos
durante quase cinco horas — -
16:18 - 16:20Falando com ela, soube que
ela e o marido tinham planeado -
16:20 - 16:22o espaço entre os nascimentos dos filhos.
-
16:22 - 16:24Era uma relação com muito amor.
-
16:24 - 16:26Era um guerreiro maasai e a sua esposa,
-
16:26 - 16:28que decidiram casar.
-
16:28 - 16:31Tinham nitidamente respeito
e amor um pelo outro. -
16:32 - 16:33Dos seus seis filhos,
-
16:33 - 16:36os dois do meio eram gémeos, de 13 anos,
-
16:36 - 16:38um menino, e uma menina chamada Grace.
-
16:38 - 16:40Quando saímos para cortar lenha
-
16:40 - 16:42e fazer todas as coisas
que a Grace e a mãe faziam, -
16:42 - 16:44Grace não era uma criança,
não era uma adolescente, -
16:44 - 16:46mas ainda não era uma adulta.
-
16:46 - 16:48Era muito, muito tímida.
-
16:48 - 16:50Ela queria falar comigo e com Jenn.
-
16:50 - 16:52Tentámos um contato, mas ela era tímida.
-
16:52 - 16:54À noite, contudo,
-
16:54 - 16:57quando se apagaram
todas as luzes na Tanzânia rural -
16:57 - 16:58— não havia lua naquela noite,
-
16:58 - 17:00era a primeira noite, sem estrelas —
-
17:00 - 17:02Jenn saiu da nossa cabana
-
17:02 - 17:05com a lanterna de testa acesa,
-
17:05 - 17:07Grace saiu imediatamente
-
17:07 - 17:09em busca do tradutor,
-
17:09 - 17:10chegou ao pé de Jenn e disse:
-
17:10 - 17:12"Quando te fores embora,
-
17:12 - 17:13"posso ficar com a tua lanterna
-
17:13 - 17:14"para poder estudar à noite?"
-
17:14 - 17:15CA: Oh! uau!
-
17:15 - 17:17MG: E o pai da menina contou-me
-
17:17 - 17:19que receava que, ao contrário do filho,
-
17:19 - 17:21que já tinha passado nos exames,
-
17:21 - 17:22ela não se tinha saído muito bem
-
17:22 - 17:24devido às tarefas de casa,
-
17:24 - 17:25e ainda não estava na escola pública.
-
17:25 - 17:28E disse: "Não sei como
vou pagar a educação dela. -
17:28 - 17:30"Não posso pagar uma escola particular,
-
17:30 - 17:32"e ela talvez acabe na fazenda,
como a minha mulher." -
17:32 - 17:34Portanto, eles sabem
qual a diferença profunda -
17:34 - 17:37que a educação pode ter.
-
17:37 - 17:40CA: Esta é uma outra foto
-
17:40 - 17:42dos seus outros dois filhos,
Rory e Phoebe, -
17:42 - 17:45juntamente com Paul Farmer.
-
17:46 - 17:48Criar três crianças
-
17:48 - 17:51quando se é a família mais rica do mundo
-
17:51 - 17:53parece ser uma experiência social
-
17:53 - 17:56sem muita dificuldade.
-
17:56 - 17:57(Risos)
-
17:57 - 17:59Como é que vocês geriram isso?
-
17:59 - 18:01Qual tem sido a vossa abordagem?
-
18:01 - 18:03BG: Eu diria que, de modo geral
-
18:03 - 18:05as crianças têm uma boa educação,
-
18:05 - 18:07mas precisamos de ter a certeza
-
18:07 - 18:09de que eles têm a noção das suas capacidades
-
18:09 - 18:10e do que irão fazer.
-
18:10 - 18:13A nossa filosofia tem consistido
em sermos muito claros -
18:13 - 18:15— quase todo dinheiro vai para a fundação —
-
18:15 - 18:19e ajudá-los a encontrar uma coisa
de que eles gostem realmente. -
18:19 - 18:21Queremos um equilíbrio,
-
18:21 - 18:23em que eles tenham
a liberdade para fazer tudo -
18:23 - 18:26mas sem terem muito dinheiro,
-
18:26 - 18:29para que não acabem por não fazer nada.
-
18:29 - 18:32Até aqui, eles têm sido trabalhadores
-
18:32 - 18:35e estão animados em poder
escolher a sua própria direção. -
18:35 - 18:40CA: Vocês, obviamente, têm protegido
a privacidade deles, por razões óbvias. -
18:40 - 18:43Estou curioso: porque é que
me autorizaram -
18:43 - 18:44a mostrar esta foto aqui no TED?
-
18:44 - 18:46MG: Bom, é interessante.
-
18:46 - 18:48À medida que amadurecem
e percebem que -
18:48 - 18:51o princípio de nossa família é a
responsabilidade, -
18:51 - 18:53percebem que estamos
numa situação incrível -
18:53 - 18:54só porque vivemos nos EUA
-
18:54 - 18:56e porque têm uma ótima educação.
-
18:56 - 18:58E temos a responsabilidade
de devolver ao mundo. -
18:58 - 19:00À medida que crescem, nós ensinamos-lhes
-
19:00 - 19:02— já estiveram em tantos países do mundo —
-
19:02 - 19:03E eles dizem:
-
19:03 - 19:05"Queremos que as pessoas saibam
-
19:05 - 19:07"que acreditamos no que vocês fazem.
-
19:07 - 19:09"Podem apresentar-nos mais ao público".
-
19:09 - 19:11Por isso, temos a permissão
deles para mostrar esta foto. -
19:11 - 19:16Talvez Paul Farmer a coloque
nalgum dos seus trabalhos. -
19:16 - 19:17Mas eles também se importam muito
-
19:17 - 19:19com a missão da fundação.
-
19:19 - 19:22CA: Vocês ganharam
facilmente dinheiro suficiente -
19:22 - 19:24— apesar da vasta contribuição
para a fundação — -
19:24 - 19:26para os tornar multimilionários.
-
19:26 - 19:27É esse o plano que têm para eles?
-
19:27 - 19:30BG: Não. Não. Eles não terão nada disso.
-
19:30 - 19:32Eles precisam de ter o sentimento
-
19:32 - 19:36de que é o seu trabalho que é
significativo e importante. -
19:38 - 19:41Lemos um artigo há muito tempo,
antes de nos casarmos, -
19:41 - 19:44onde Warren Buffett falava sobre isso.
-
19:44 - 19:47Estamos convencidos de que
torná-los multimilionários -
19:47 - 19:49não seria um favor nem para a sociedade,
nem para eles mesmos. -
19:50 - 19:51CA: Falando em Warren Buffett,
-
19:51 - 19:54aconteceu uma coisa incrível em 2006,
-
19:54 - 19:57quando o vosso único rival
-
19:57 - 19:59para a pessoa mais rica da América
-
19:59 - 20:04de repente decidiu dar 80%
da sua fortuna à vossa fundação. -
20:05 - 20:06Como é que isso aconteceu?
-
20:06 - 20:08Imagino que há a versão longa e a curta.
-
20:08 - 20:10Temos tempo para a curta.
-
20:10 - 20:13BG: Certo. Warren era um amigo próximo,
-
20:13 - 20:18e ia fazer com que a sua mulher, Suzie,
-
20:18 - 20:20doasse toda a fortuna.
-
20:20 - 20:23Infelizmente, ela morreu antes dele,
-
20:23 - 20:26e ele adora delegar...
-
20:26 - 20:29(Risos)
-
20:29 - 20:31Ele disse:
-
20:31 - 20:34"Se houver alguém a fazer
uma coisa bem feita, -
20:34 - 20:40"disposto a fazê-lo de graça,
talvez esteja tudo bem". -
20:40 - 20:41Nós ficámos estupefactos.
-
20:41 - 20:43MG: Ficámos estupefactos.
-
20:43 - 20:45BG: Não estávamos à espera.
Foi realmente incrível. -
20:45 - 20:48A doação de Warren permitiu que
aumentássemos a nossa ambição -
20:48 - 20:51naquilo que a fundação pode
fazer drasticamente. -
20:51 - 20:53Metade dos recursos que temos
-
20:53 - 20:55vem da alucinante generosidade de Warren.
-
20:56 - 20:58CA: Vocês comprometeram-se,
até ao final do projeto, -
20:58 - 21:00a dar à fundação 95%
da vossa fortuna, ou mais. -
21:02 - 21:04BG: Sim.
-
21:04 - 21:07CA: Essa relação, é incrível.
-
21:07 - 21:10(Aplausos)
-
21:11 - 21:13Ultimamente, você e Warren
têm tentado convencer -
21:15 - 21:17outros multimilionários e pessoas com êxito
-
21:17 - 21:19a fazerem o mesmo,
-
21:19 - 21:24a doar mais da metade
dos seus bens por filantropia. -
21:24 - 21:26Como está esse projeto?
-
21:27 - 21:30BG: Bom, temos cerca de 120 pessoas
-
21:30 - 21:32que já disseram aderir à ideia.
-
21:32 - 21:36O que é ótimo é que nos reunimos anualmente
-
21:36 - 21:38e falamos sobre isso.
-
21:38 - 21:40Contratamos pessoas?
O que é que lhes vamos dar? -
21:40 - 21:41Não tentamos homogeneizar o processo.
-
21:41 - 21:42A beleza da filantropia
-
21:42 - 21:44é a fantástica diversidade envolvida.
-
21:44 - 21:45As pessoas doam para certas coisas.
-
21:45 - 21:47Olhamos e dizemos "Uau!"
-
21:47 - 21:48Mas isso é ótimo.
-
21:48 - 21:50É esse o papel da filantropia:
-
21:50 - 21:52captar diferentes abordagens
-
21:52 - 21:54incluindo um único foco, como a educação.
-
21:54 - 21:56Precisamos de mais experiência.
-
21:56 - 21:59Mas tem sido maravilhoso,
conhecer essas pessoas, -
21:59 - 22:01partilhar da sua jornada
para a filantropia, -
22:01 - 22:03como envolvem os seus filhos,
-
22:03 - 22:05o que estão a fazer de diferente.
-
22:05 - 22:07Tem sido muito melhor
do que imaginávamos. -
22:07 - 22:11Agora, parece que tudo continuará
a aumentar nos próximos anos. -
22:13 - 22:16MG: Mostrar às pessoas que outras pessoas
-
22:16 - 22:18estão a mudar o mundo com filantropia.
-
22:18 - 22:20Quer dizer, são pessoas que criaram
-
22:20 - 22:22os seus próprios negócios,
-
22:22 - 22:24que colocam o seu engenho
em ideias incríveis. -
22:24 - 22:26Se eles colocam as suas ideias
e os seus cérebros -
22:26 - 22:28por trás da filantropia, certamente
podem mudar o mundo. -
22:28 - 22:31Eles começam a ver outros
a fazê-lo, e dizem: -
22:31 - 22:33"Uau, eu quero fazer
isso com o meu dinheiro." -
22:33 - 22:35Para mim, essa é a parte incrível.
-
22:35 - 22:38CA: Parece-me que é realmente muito difícil,
-
22:38 - 22:39para algumas pessoas,
-
22:39 - 22:41descobrir como gastar tanto dinheiro
-
22:41 - 22:44noutra coisa qualquer.
-
22:44 - 22:46Provavelmente há
alguns multimilionários na plateia -
22:46 - 22:48e certamente algumas pessoas bem sucedidas.
-
22:48 - 22:50Estou curioso. Quer desafiá-los?
-
22:50 - 22:51Porquê doar?
-
22:51 - 22:54BG: É a coisa mais gratificante
que já fizemos -
22:54 - 22:57e não podemos levá-lo connosco
-
22:58 - 23:00e se não for bom para os nossos filhos,
-
23:00 - 23:04vamos unir-nos e pensar
no que podemos fazer. -
23:04 - 23:06O mundo é um lugar muito melhor
-
23:06 - 23:09por causa dos filantropos do passado.
-
23:09 - 23:12A tradição dos EUA aqui,
— que é a mais forte — -
23:12 - 23:13é invejada em todo o mundo.
-
23:13 - 23:15Parte da razão por que sou tão otimista
-
23:15 - 23:18é porque penso que
a filantropia vai aumentar -
23:18 - 23:20e agarrar nalgumas das coisas
-
23:20 - 23:23em que os governos não são tão bons
a administrar e a descobrir. -
23:23 - 23:27A filantropia pode lançar alguma luz
na direção certa. -
23:26 - 23:29CA: O mundo tem uma terrível desigualdade,
-
23:29 - 23:31um problema de desigualdade crescente
-
23:31 - 23:32que parece ser estrutural.
-
23:32 - 23:35Parece-me que, se mais pessoas como vocês
-
23:35 - 23:37escolherem a abordagem
que vocês escolheram, -
23:37 - 23:39isso faria uma grande diferença
-
23:39 - 23:42tanto no problema, como
na perceção desse problema. -
23:42 - 23:43Isso faz sentido?
-
23:43 - 23:45BG: Sim. Se você tirar aos mais ricos
-
23:45 - 23:48e der aos mais pobres, isso é bom.
-
23:48 - 23:50É uma forma de tentar
equilibrar e isso é justo. -
23:50 - 23:52MG: Mas temos que mudar os sistemas.
-
23:52 - 23:55Nos EUA, estamos a tentar
mudar o sistema de ensino -
23:55 - 23:57de maneira que seja justo para todos
-
23:57 - 23:58e funcione para todos os estudantes.
-
23:58 - 24:01Isso, para mim, muda
o equilíbrio da desigualdade. -
24:01 - 24:03BG: Isso é o mais importante.
-
24:03 - 24:06(Aplausos)
-
24:07 - 24:10CA: Bom, acho que a maior parte
das pessoas aqui -
24:10 - 24:12e milhões de pessoas em todo o mundo
-
24:12 - 24:15respeitam a trajetória
que a vossa vida tomou, -
24:15 - 24:19e a forma espetacular com que
vocês moldaram o futuro. -
24:21 - 24:22Muito obrigado por virem ao TED,
-
24:22 - 24:25por partilharem conosco,
e por tudo que vocês fazem. -
24:25 - 24:27BG: Obrigado.
MG: Obrigada. -
24:27 - 24:30(Aplausos)
-
24:36 - 24:38BG: Obrigado
MG: Muito obrigada. -
24:40 - 24:41BG: Bom trabalho.
-
24:42 - 24:44(Aplausos)
- Title:
- Doar a nossa fortuna foi a coisa mais gratificante que fizemos
- Speaker:
- Bill e Melinda Gates
- Description:
-
Em 1993, Bill e Melinda Gates — então noivos — passeavam pela praia em Zanzibar quando tomaram uma decisão ousada sobre o que fariam para que a fortuna gerada pela Microsoft retornasse à sociedade. Numa conversa com Chris Anderson, o casal fala do seu trabalho na Fundação Bill & Melinda Gates, assim como do seu casamento, dos seus filhos, dos seus fracassos, e da satisfação de doar a maior parte da sua fortuna.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 25:00
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why giving away our wealth has been the most satisfying thing we've done |
Retired user
This is a Brazilian Portuguese translation. So it might be necessary to switch the language label (it's 'Portuguese', currently).
César Trevisan
Pequenas correções de pontos que não estavam necessariamente errados, mas que pareciam que podiam ser melhorados. Excelente tradução de um excelente Talk. Parabéns!
Isabel Vaz Belchior
Guilherme, a tarefa é mesmo em português de Portugal, não em português do Brasil. Por favor, tenha um especial cuidado ao escolher o idioma, quando pretender desempenhar uma tarefa de tradução ou de revisão.
Retired user
Sim, comentei isso ali em cima. Inicialmente, meu cadastro aqui estava como "português". Meu pai é português e minha mãe é brasileira, e às vezes oscilo alguns itens lexicais em minha fala. Não achei que o TED separaria estritamente traduções de duas variáveis de uma mesma língua—já que não há, por exemplo, espanhol europeu vs. espanhol argentino/colombiano etc.—apesar de haver bastante variação lexical nesses casos. De qualquer forma, alterei meu cadastro para português brasileiro logo que dei conta.
Isabel Vaz Belchior
O que eu quis dizer, Guilherme, é que não é possível alterar a designação do idioma em que a tradução deveria ter sido feita. A tarefa era portuguesa e não brasileira. Devido às grandes diferenças de oralidade, no TED OTP e no Amara as variantes do nosso idioma comum encontram-se bem diferenciadas: Português e Português do Brasil.
Retired user
Por que a versão em português continua não publicada? Pelo que percebi, outras línguas são publicadas mais rapidamente... imaginava que o processo seria mais rápido. Se há um problema com a tradução, por que ele não é pontuado? Se não há, por que tanta demora? Não imaginava que o processo era tao lento... a versão e francês saiu de incomplete para complete em menos de 4 dias. Repito: se quem determina a publicação viu um problema, *pontue* o problema ou *o corrija*.
Isto não é uma crítica pessoal a ninguém. Apenas deixo aqui minha decepção com este sistema. Algo que pensei ser um trabalho dinâmico de disseminação de conteúdo acabou sendo maçante, lento e pouco estimulante.