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O futuro das notícias? Realidade virtual

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    E se eu pudesse apresentar
    a vocês uma história
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    da qual poderiam se lembrar
    com o corpo todo
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    e não apenas com suas mentes?
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    Em minha vida toda como jornalista,
    tenho me sentido obrigada
  • 0:10 - 0:13
    a tentar criar histórias
    que possam fazer uma diferença
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    e, talvez, inspirar
    as pessoas a se importar.
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    Já trabalhei na imprensa,
    com documentários
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    e trabalhei com radiodifusão,
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    mas foi apenas quando me envolvi
    com realidade virtual,
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    que passei a notar as reações das pessoas,
    reações realmente intensas e autênticas
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    que me surpreenderam muito.
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    A questão é que com a RV,
    realidade virtual,
  • 0:33 - 0:36
    eu posso colocar você na cena,
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    no meio da história.
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    Ao colocar os óculos de RV,
    que acompanham onde quer que você olhe,
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    você tem uma sensação corporal total,
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    como se estivesse lá, na verdade.
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    Então, há cinco anos,
    comecei a expandir os limites
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    usando a realidade virtual
    e o jornalismo juntos.
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    E eu queria fazer
    uma reportagem sobre a fome.
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    Famílias nos EUA estão passando fome;
    bancos de alimentos, sobrecarregados,
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    muitas vezes ficam sem comida.
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    Eu sabia que não poderia fazer
    com que as pessoas sentissem fome,
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    mas, talvez pudesse descobrir
    como fazer com que sentissem algo físico.
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    Bem, novamente, isso foi há cinco anos...
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    e juntar jornalismo e realidade virtual
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    era considerado uma ideia
    sem pé nem cabeça,
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    e eu não tinha capital.
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    Acreditem, havia muitos
    de meus colegas rindo de mim.
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    Mas eu tinha uma estagiária muito boa,
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    uma mulher chamada Michaela Kobsa-Mark.
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    E juntas fomos a banco de alimentos
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    e começamos a fazer gravações
    de áudio e a tirar fotos.
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    Até que um dia ela veio ao meu escritório
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    e estava berrando e chorando.
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    Ela esteve no local, numa fila longa,
  • 1:42 - 1:46
    e a mulher organizando a fila
    sentia-se extremamente sobrecarregada,
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    e gritava: "Tem muita gente! Muita gente!"
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    E um homem com diabete,
    que não recebe alimento a tempo,
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    tem uma crise de hipoglicemia,
    e entra em coma.
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    Assim que ouvi a gravação,
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    sabia que aquele seria
    o tipo de cena evocativa
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    que poderia descrever, de fato,
    o que acontecia nos bancos de alimentos.
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    Então aqui está a fila de verdade.
    Podem ver como era longa, certo?
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    Ainda assim, como eu disse,
    não tínhamos muito capital,
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    então tive que reproduzi-la
    com humanos virtuais que foram doados,
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    e pessoas imploraram e pediram favores
    para me ajudar a criar os modelos
  • 2:21 - 2:24
    e fazer tudo do modo mais preciso
    que nós poderíamos.
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    E, então, tentamos transmitir
    o que aconteceu naquele dia
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    com a maior precisão possível.
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    (Vídeo) Voz: "Tem muita gente!
    Muita gente!
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    Voz: Ele está tendo uma crise.
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    Voz: Precisamos de uma ambulância.
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    Nonny de la Peña: O homem à direita...
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    para ele, ele está caminhando
    ao redor do homem.
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    Para ele, ele está no local
    com aquele homem.
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    Como se aquele homem
    estivesse aos pés dele.
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    Ainda assim, com sua visão periférica,
    ele pode ver que está num laboratório,
  • 3:16 - 3:20
    e pode perceber que não está na rua,
  • 3:20 - 3:23
    mas ele sente que está lá
    com aquelas pessoas.
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    Ele toma muito cuidado para não pisar
    no homem que, na verdade, não está ali.
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    Esse vídeo acabou indo
    para Sundance em 2012,
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    uma coisa incrível, e foi o primeiro
    filme de realidade virtual
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    já feito, basicamente.
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    E quando fomos, eu estava aterrorizada.
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    Eu não sabia como as pessoas
    iriam reagir e o que iria acontecer.
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    E aparecemos com um par
    de óculos de RV com fita adesiva...
  • 3:46 - 3:50
    (Vídeo) Você está chorando!
    Você está chorando. Gina, está chorando!?
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    Podem ouvir a surpresa
    na minha voz, certo?
  • 3:53 - 3:59
    E esse foi o tipo de reação que vimos
    repetindo-se várias vezes:
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    pessoas no chão tentando confortar
    a vítima tendo a crise,
  • 4:03 - 4:05
    tentando sussurrar algo no ouvido dela
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    ou, de algum modo, ajudar mesmo sem poder.
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    E muitas pessoas naquele vídeo disseram:
  • 4:11 - 4:14
    "Oh, meu Deus, foi tão frustrante.
    Não consegui ajudar aquele cara",
  • 4:14 - 4:17
    agregando isso a suas vidas.
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    Então, depois que esse vídeo foi feito,
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    o reitor da escola de cinema
    da Universidade do Sul da Califórnia,
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    trouxe o diretor do Fórum Econômico
    Mundial para experimentar o "Hunger",
  • 4:28 - 4:30
    e ele tirou os óculos de RV,
  • 4:30 - 4:32
    e encomendou um vídeo
    sobre a Síria ali mesmo.
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    E eu realmente queria fazer algo
    sobre as crianças sírias refugiadas,
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    porque elas têm sido as mais afetadas
    pela guerra civil na Síria.
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    Enviei um time à fronteira do Iraque
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    para gravar material
    nos campos de refugiados,
  • 4:45 - 4:48
    uma área para a qual
    não enviaria um time agora,
  • 4:48 - 4:50
    já que o ISIS está operando lá.
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    E depois recriamos a cena da rua,
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    na qual uma jovem está cantando
    e uma bomba explode.
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    Quando você está no meio daquela cena,
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    escuta todos aqueles sons,
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    e vê os feridos a sua volta,
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    é uma sensação incrivelmente
    assustadora e legítima.
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    Indivíduos que já estiveram envolvidos
    em ataques com bomba reais me disseram
  • 5:12 - 5:15
    que os virtuais despertam
    o mesmo tipo de medo.
  • 5:15 - 5:21
    [A guerra civil na Síria
    pode parecer distante]
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    [até você vivenciá-la.]
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    (Garota cantando)
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    (Explosão)
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    [Projeto Síria:]
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    [uma experiência de realidade virtual]
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    NP: Aí fomos convidados a levar o vídeo
    ao Museu Vitória e Alberto, em Londres.
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    Ele não foi divulgado.
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    E fomos colocados numa sala de tapeçaria.
  • 5:55 - 5:56
    Não houve veiculação na imprensa,
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    então qualquer um visitando
    o museu naquele dia
  • 6:00 - 6:01
    nos veria com aquela iluminação toda.
  • 6:01 - 6:05
    Talvez eles quisessem ver
    as antigas histórias nas tapeçarias,
  • 6:05 - 6:08
    mas foram confrontados
    por nossas câmeras de realidade virtual.
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    Muitas pessoas experimentaram
    e, num período de cinco dias,
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    obtivemos 54 páginas de comentários
    no livro de visitantes,
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    e os curadores nos disseram
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    que jamais tinham visto
    tantos comentários assim.
  • 6:21 - 6:26
    Coisas como: "É tão real!",
    "Incrivelmente possível!",
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    ou, é claro, a que mais me empolgou:
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    "Uma sensação real, como se você
    estivesse no meio de algo
  • 6:31 - 6:34
    que normalmente vê nos noticiários da TV".
  • 6:34 - 6:38
    Então, isso funciona, certo?
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    E não importa de onde você é,
    ou a idade que tem...
  • 6:42 - 6:44
    é realmente evocativo.
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    E não me entendam mal, não estou dizendo
    que quando você está numa cena
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    você se esquece de onde está.
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    Mas podemos sentir como se estivéssemos
    em dois lugares ao mesmo tempo.
  • 6:55 - 6:58
    Podemos ter o que eu chamo
    de dualidade de presença,
  • 6:58 - 7:03
    e acho que isso me permite tocar
    nesses sentimentos de empatia.
  • 7:03 - 7:04
    Certo?
  • 7:04 - 7:07
    Então, isso significa, claro,
  • 7:07 - 7:12
    que preciso ser cuidadosa
    ao criar as cenas.
  • 7:12 - 7:16
    Sou obrigada a seguir
    as melhores práticas do jornalismo,
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    e ter a segurança
    de que essas histórias influentes
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    sejam construídas com integridade.
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    Se não capturamos o material nós mesmos,
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    temos que ser extremamente exatos
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    quanto a descobrir a proveniência,
    de onde o material vem,
  • 7:31 - 7:32
    e sua autenticidade.
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    Vou dar um exemplo a vocês
    com o caso de Trayvon Martin.
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    Esse é um garoto de 17 anos que comprou
    refrigerante e doce numa loja,
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    e a caminho de casa foi seguido
    por um vigia do bairro
  • 7:44 - 7:48
    chamado George Zimmerman,
    que acabou atirando e matando o garoto.
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    Para fazer essa cena,
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    o projeto arquitetônico
    de toda a área foi conseguido
  • 7:52 - 7:57
    e reconstruímos a cena toda,
    dentro e fora, baseada no projeto.
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    Toda a ação
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    é informada pela gravação legítima
    das chamadas feitas à polícia.
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    O mais interessante foi que revelamos
    novos fatos com essa história.
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    A agência pericial forense que reconstruiu
    o áudio, Primeau Productions,
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    disse que eles testemunhariam
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    dizendo que quando George Zimmerman
    saiu de seu carro,
  • 8:16 - 8:19
    ele engatilhou sua arma
    antes de perseguir o Martin.
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    Então, podem ver
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    que os princípios básicos do jornalismo
  • 8:23 - 8:25
    não são alterados aqui, certo?
  • 8:25 - 8:29
    Estamos ainda seguindo os mesmos
    princípios que sempre seguiríamos.
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    A diferença está na sensação
    de estar na cena,
  • 8:32 - 8:35
    seja quando você está vendo
    um cara desmaiando de fome,
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    ou sentindo como se estivesse
    numa cena de ataque com bomba.
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    E isso é o tipo de coisa que me incentiva
    a seguir adiante com esses vídeos,
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    e a pensar em como executá-los.
  • 8:44 - 8:48
    Estamos tentando tornar isso, obviamente,
    mais disponível, além do fone de ouvidos;
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    estamos criando cenas móveis,
    como o vídeo de Trayvon Martin.
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    E essas coisas têm sido impactantes.
  • 8:54 - 8:58
    Alguns americanos me disseram
    que doaram débitos autorizados
  • 8:58 - 9:01
    de suas contas bancárias para
    as crianças refugiadas da Síria.
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    O vídeo "Hunger in L.A." ajudou a começar
    uma nova forma de fazer jornalismo
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    que eu acredito irá unir todas as outras
    plataformas convencionais no futuro.
  • 9:10 - 9:12
    Obrigada.
  • 9:12 - 9:14
    (Aplausos)
Title:
O futuro das notícias? Realidade virtual
Speaker:
Nonny de la Peña
Description:

E se você pudesse sentir uma história com todo seu corpo, e não apenas com sua mente? Nonny de la Peña está trabalhando em uma nova forma de jornalismo que combina as reportagens tradicionais com tecnologias de realidade virtual emergentes para colocar o público dentro da história. O resultado é uma experiência evocativa que, de la Peña espera, irá ajudar as pessoas a entender a notícia de uma maneira totalmente nova.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
09:27

Portuguese, Brazilian subtitles

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