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O que fazer quando os antibióticos não funcionam mais?

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    Este é o meu tio-avô,
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    irmão mais novo do pai do meu pai.
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    Seu nome era Joe McKenna.
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    Ele era um jovem marido,
    jogador de basquete semiprofissional
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    e bombeiro em Nova Iorque.
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    A história familiar diz que
    ele adorava ser bombeiro,
  • 0:20 - 0:24
    e então, em 1938,
    em um de seus dias de folga,
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    ele optou por ir ao quartel.
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    Para ser útil naquele dia,
    ele começou a polir todo o bronze,
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    as grades do caminhão,
    os encaixes nas paredes,
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    e um dos bocais de mangueiras,
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    um pedaço de metal gigante, pesado,
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    tombou de uma prateleira e o acertou.
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    Poucos dias depois,
    seu ombro começou a doer.
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    Dois dias depois disso, ele teve febre.
  • 0:51 - 0:53
    A febre aumentou e aumentou.
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    Sua esposa estava cuidando dele,
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    mas nada que ela fez adiantou,
    e quando ele chamou o médico local,
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    ele também não conseguiu ajudar em nada.
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    Eles chamaram um táxi
    e levaram-no para o hospital.
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    Imediatamente as enfermeiras
    viram que ele tinha uma infecção,
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    que naquela época eles chamavam
    de "envenenamento do sangue",
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    e, embora eles não devam ter dito isso,
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    de cara eles sabiam
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    que não havia nada que pudessem fazer.
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    Eles não podiam fazer nada,
    porque as coisas que usamos agora
  • 1:25 - 1:27
    para curar infecções ainda não existiam.
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    O primeiro teste de penicilina,
    o primeiro antibiótico,
  • 1:31 - 1:34
    veio três anos depois.
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    Pessoas que tiveram infecções,
    ou se recuperavam, se tivessem sorte,
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    ou morriam.
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    Meu tio-avô não teve sorte.
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    Ele ficou no hospital por uma semana,
    tremendo com calafrios,
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    desidratado e delirante,
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    afundando em um coma,
    enquanto seus órgãos falhavam.
  • 1:50 - 1:53
    Sua condição tornou-se tão desesperadora
  • 1:53 - 1:57
    que as pessoas de seu quartel fizeram fila
    para dar-lhe transfusões
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    na expectativa de diluir
    a infecção de seu sangue.
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    Nada funcionou. Ele morreu.
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    Ele tinha 30 anos.
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    Se você olhar para trás na história,
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    a maioria das pessoas morreu como ele.
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    A maioria não morreu
    de câncer ou doença cardíaca,
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    as doenças de estilo de vida
    que hoje nos afligem no Ocidente.
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    Eles não morreram dessas doenças
    porque não viveram tempo suficiente
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    para desenvolvê-las.
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    Eles morreram por ferimentos --
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    por serem chifrados por um touro,
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    baleados em campo de batalha,
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    esmagados em uma das novas fábricas
    da Revolução Industrial --
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    e na maior parte do tempo por infecção,
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    que terminava o que aquelas lesões
    começaram.
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    Tudo isso mudou quando
    os antibióticos chegaram.
  • 2:49 - 2:52
    De repente, infecções que um dia
    foram uma sentença de morte
  • 2:52 - 2:56
    tornaram-se algo de que você
    se recuperava em dias.
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    Parecia um milagre,
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    e desde então, vivemos na época
    de ouro dos remédios milagrosos.
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    E agora, estamos chegando ao final dela.
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    Meu tio-avô morreu nos últimos dias
    da era pré-antibiótica.
  • 3:14 - 3:19
    Estamos hoje no limiar
    da era pós-antibiótica,
  • 3:19 - 3:23
    nos primeiros dias de uma era
    em que simples infecções,
  • 3:23 - 3:28
    tais como a que Joe teve,
    vão matar as pessoas mais uma vez.
  • 3:29 - 3:32
    De fato, elas já estão matando.
  • 3:33 - 3:36
    As infecções estão matando novamente
    por causa do fenômeno
  • 3:36 - 3:38
    chamado de resistência aos antibióticos.
  • 3:38 - 3:40
    Resumidamente, funciona assim.
  • 3:40 - 3:45
    As bactérias competem entre si
    por recursos, por comida,
  • 3:45 - 3:50
    fabricando compostos letais
    que lançam umas contra outras.
  • 3:50 - 3:52
    Outras bactérias, para se proteger,
  • 3:52 - 3:55
    desenvolvem defesas
    contra aquele ataque químico.
  • 3:55 - 3:58
    Quando fizemos antibióticos
    pela primeira vez,
  • 3:58 - 4:02
    nós pegamos esses compostos
    e fizemos nossas próprias versões deles,
  • 4:02 - 4:06
    e as bactérias responderam ao ataque
    do jeito que sempre fizeram.
  • 4:08 - 4:10
    Eis o que aconteceu a seguir:
  • 4:10 - 4:13
    a penicilina foi distribuída em 1943,
  • 4:13 - 4:19
    e a resistência generalizada
    à penicilina chegou em 1945.
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    A vancomicina chegou em 1972;
  • 4:22 - 4:25
    a resistência à ela, em 1988.
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    O Imipenem, em 1985,
  • 4:27 - 4:30
    e a resistência a ele, em 1998.
  • 4:30 - 4:34
    A Daptomicina, uma das drogas
    mais recentes, em 2003,
  • 4:34 - 4:38
    e a resistência à ela, apenas
    um ano depois, em 2004.
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    Por 70 anos, brincamos de cão e gato --
  • 4:42 - 4:45
    nossa droga e a resistência à ela,
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    e então, uma outra droga,
    e então, a resistência de novo --
  • 4:49 - 4:51
    e agora o jogo está terminando.
  • 4:51 - 4:55
    As bactérias desenvolvem resistência
    tão rápido, que as empresas farmacêuticas
  • 4:55 - 5:00
    decidiram que fazer antibióticos
    não é mais vantajoso.
  • 5:00 - 5:03
    Por isso, há infecções em todo o mundo
  • 5:03 - 5:06
    para as quais,
    dos mais de 100 antibióticos
  • 5:06 - 5:08
    disponíveis no mercado,
  • 5:08 - 5:12
    dois remédios podem funcionar,
    com efeitos colaterais,
  • 5:12 - 5:14
    ou um remédio,
  • 5:14 - 5:16
    ou nenhum.
  • 5:16 - 5:18
    O cenário é o seguinte.
  • 5:18 - 5:22
    Em 2000, os Centros de Controle
    e Prevenção de Doenças - CPD,
  • 5:22 - 5:25
    identificou um único caso
  • 5:25 - 5:27
    em um hospital na Carolina do Norte,
  • 5:27 - 5:30
    de uma infecção resistente
    a todos, menos dois remédios.
  • 5:31 - 5:35
    Hoje, aquela infecção conhecida como KPC,
  • 5:35 - 5:38
    se espalhou para todos
    os estados, menos três,
  • 5:38 - 5:40
    e para a América do Sul, Europa
  • 5:40 - 5:42
    e Oriente Médio.
  • 5:43 - 5:45
    Em 2008, médicos na Suécia
  • 5:45 - 5:48
    diagnosticaram um indiano
    com uma infecção diferente,
  • 5:48 - 5:52
    resistentes a todos, menos
    a um remédio naquela época.
  • 5:52 - 5:54
    O gene que cria esta resistência,
  • 5:54 - 6:00
    conhecido como NDM, já se espalhou
    da Índia para a China, Ásia, África,
  • 6:00 - 6:05
    Europa, Canadá e os Estados Unidos.
  • 6:05 - 6:08
    Seria natural esperar
  • 6:08 - 6:11
    que estas infecções fossem
    casos extraordinários,
  • 6:11 - 6:13
    mas de fato,
  • 6:13 - 6:16
    nos Estados Unidos e na Europa,
  • 6:16 - 6:18
    50 mil pessoas por ano
  • 6:18 - 6:22
    morrem de infecções para as quais
    não há medicamentos que ajudem.
  • 6:23 - 6:26
    Um projeto bancado pelo governo britânico
  • 6:26 - 6:30
    conhecido como "Estudo sobre
    a Resistência Antimicrobiana"
  • 6:30 - 6:37
    estima que o número de vítimas
    no mundo agora é de 700 mil ao ano.
  • 6:38 - 6:41
    Isso é um monte de mortes,
  • 6:42 - 6:46
    e ainda assim, há uma boa chance
    de que você não se sinta em risco,
  • 6:46 - 6:49
    de que você imagine que essas pessoas
    são pacientes hospitalares,
  • 6:49 - 6:51
    em unidades de terapia intensiva
  • 6:51 - 6:54
    ou os residentes dos lares de idosos,
    perto do fim de suas vidas,
  • 6:55 - 6:58
    pessoas cujas infecções
    estão distantes de nós,
  • 6:58 - 7:01
    em situações
    com que não nos identificamos.
  • 7:02 - 7:06
    O que você não pensou,
    nenhum de nós pensou,
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    é que os antibióticos ajudam
    em quase tudo da vida moderna.
  • 7:12 - 7:14
    Se perdêssemos os antibióticos,
  • 7:14 - 7:15
    eis o que também perderíamos:
  • 7:16 - 7:20
    primeiro, qualquer proteção para pessoas
    com sistemas imunitários enfraquecidos --
  • 7:20 - 7:23
    pacientes de câncer, AIDS,
  • 7:23 - 7:27
    receptores de transplantes,
    bebês prematuros.
  • 7:28 - 7:32
    Depois, qualquer tratamento que instala
    objetos estranhos no corpo:
  • 7:32 - 7:36
    "stents" para o AVC,
    bombas para a diabetes,
  • 7:36 - 7:40
    diálise, substituição de articulações.
  • 7:40 - 7:44
    Quantos atletas "baby boomers",
    precisaram de novos quadris e joelhos?
  • 7:44 - 7:47
    Um estudo recente estima
    que, sem antibióticos,
  • 7:47 - 7:50
    uma em cada seis pessoas morreria.
  • 7:51 - 7:54
    Nós provavelmente perderíamos a cirurgia.
  • 7:54 - 7:56
    Muitas operações são precedidas
  • 7:56 - 7:59
    de doses profiláticas de antibióticos.
  • 7:59 - 8:01
    Sem essa proteção,
  • 8:01 - 8:05
    não poderíamos mais abrir
    as áreas internas do corpo.
  • 8:05 - 8:08
    Então, nada de operações cardíacas,
  • 8:08 - 8:11
    nada de biópsias da próstata,
  • 8:11 - 8:13
    nada de cesarianas.
  • 8:14 - 8:18
    Teríamos que aprender a temer
    infecções que agora parecem pequenas.
  • 8:19 - 8:23
    Infecções na garganta costumam
    causar insuficiência cardíaca.
  • 8:23 - 8:25
    Infecções de pele levam a amputações.
  • 8:26 - 8:29
    Dar à luz já matou,
    nos hospitais mais limpos,
  • 8:29 - 8:31
    quase uma mulher em cada 100.
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    A pneumonia matou três crianças
    em cada 10.
  • 8:37 - 8:39
    Mais que qualquer coisa,
  • 8:39 - 8:44
    perderíamos a confiança na forma
    como vivemos nossas vidas hoje.
  • 8:45 - 8:49
    Se você soubesse que qualquer machucado
    poderia matá-lo,
  • 8:49 - 8:52
    você dirigiria uma motocicleta?
  • 8:52 - 8:55
    Desceria numa pista de esqui?
  • 8:55 - 8:58
    Subiria uma escada para pendurar
    as luzes de Natal?
  • 8:59 - 9:03
    Deixaria seu filho jogar futebol?
  • 9:04 - 9:07
    Afinal, a primeira pessoa
    a receber penicilina,
  • 9:07 - 9:10
    um policial britânico
    chamado Albert Alexander,
  • 9:10 - 9:15
    que foi tão devastado por uma infecção
    que pus escorria do seu couro cabeludo
  • 9:15 - 9:18
    e os médicos tiveram
    que tirar-lhe um olho,
  • 9:18 - 9:21
    foi infectado ao fazer algo muito simples.
  • 9:22 - 9:27
    Ele foi no jardim
    e arranhou o rosto em um espinho.
  • 9:29 - 9:33
    O projeto britânico que eu mencionei,
    que estima o número mundial de vítimas
  • 9:33 - 9:36
    em 700 mil mortes por ano,
  • 9:36 - 9:42
    também prevê
    que se não controlarmos isso até 2050,
  • 9:43 - 9:49
    em breve, serão 10 milhões
    de mortes por ano no mundo.
  • 9:51 - 9:53
    Como chegamos a esse ponto
  • 9:53 - 9:55
    onde o que temos que visualizar
  • 9:55 - 9:58
    são esses números terríveis?
  • 9:58 - 10:03
    A resposta difícil é que
    nós fizemos isso a nós mesmos.
  • 10:03 - 10:06
    A resistência é um processo
    biológico inevitável,
  • 10:06 - 10:09
    mas nós carregamos a responsabilidade
    de acelerá-lo.
  • 10:10 - 10:14
    Fizemos isso ao desperdiçarmos
    os antibióticos
  • 10:14 - 10:18
    com uma negligência
    que agora parece chocante.
  • 10:19 - 10:23
    A penicilina era vendida
    no balcão até a década de 1950.
  • 10:23 - 10:27
    Em boa parte do mundo em desenvolvimento
    muitos antibióticos ainda são.
  • 10:27 - 10:31
    Nos Estados Unidos,
    50% dos antibióticos administrados
  • 10:31 - 10:34
    em hospitais são desnecessários.
  • 10:35 - 10:39
    Quarenta e cinco por cento das prescrições
    dos consultórios médicos
  • 10:39 - 10:43
    são para condições
    que os antibióticos não podem ajudar.
  • 10:44 - 10:47
    E isso é só na área da saúde.
  • 10:47 - 10:52
    A maioria dos animais que comemos
    recebe antibióticos todos os dias,
  • 10:52 - 10:54
    não para curar doenças,
  • 10:54 - 10:58
    mas para engordá-los e protegê-los
  • 10:58 - 11:02
    contra as condições da "fábrica-fazenda"
    onde são criados.
  • 11:02 - 11:05
    Nos Estados Unidos, possivelmente 80%
  • 11:05 - 11:11
    dos antibióticos vendidos todos os anos
    vão para os animais, não para os humanos,
  • 11:12 - 11:15
    criando bactérias resistentes
    que saem da fazenda
  • 11:15 - 11:18
    e vão para a água, a poeira,
  • 11:18 - 11:21
    para a carne que os animais se tornam.
  • 11:21 - 11:24
    A aquicultura também
    depende de antibióticos,
  • 11:24 - 11:26
    especialmente na Ásia,
  • 11:26 - 11:29
    a fruticultura baseia-se em antibióticos
  • 11:29 - 11:33
    para proteger maçãs, peras e cítricos
    contra doenças.
  • 11:34 - 11:40
    E já que as bactérias podem passar
    seu DNA umas para as outras
  • 11:40 - 11:44
    como um viajante que entrega
    a mala de viagem em um aeroporto,
  • 11:44 - 11:49
    uma vez que incentivamos essa resistência,
  • 11:49 - 11:52
    não há como saber onde
    ela vai se espalhar.
  • 11:54 - 11:55
    Isto era previsível.
  • 11:56 - 11:59
    De fato, foi previsto
  • 11:59 - 12:02
    por Alexander Fleming,
    o homem que descobriu a penicilina.
  • 12:03 - 12:07
    Ele recebeu o Prêmio Nobel
    em 1945, em reconhecimento,
  • 12:07 - 12:11
    e logo após, em uma entrevista,
    eis o que ele disse:
  • 12:11 - 12:16
    "A pessoa imprudente que brinca
    com tratamento com penicilina
  • 12:16 - 12:19
    é moralmente responsável
    pela morte de um homem
  • 12:19 - 12:21
    que sucumbe à infecção
  • 12:21 - 12:24
    com um organismo resistente à penicilina".
  • 12:24 - 12:28
    E acrescentou: "Espero que este mal
    possa ser evitado."
  • 12:29 - 12:31
    Podemos evitá-lo?
  • 12:32 - 12:36
    Há empresas trabalhando
    em novos antibióticos,
  • 12:36 - 12:38
    coisas que as superbactérias
    nunca viram antes.
  • 12:39 - 12:42
    Precisamos muito dessas novas drogas,
  • 12:42 - 12:44
    e precisamos de incentivos:
  • 12:44 - 12:47
    subvenções de descoberta,
    patentes prolongadas,
  • 12:47 - 12:53
    prêmios, para atrair outras empresas
    a fazerem antibióticos de novo.
  • 12:53 - 12:56
    Mas isso provavelmente
    não será suficiente.
  • 12:56 - 13:00
    Eis o porquê: a evolução sempre vence.
  • 13:01 - 13:05
    A cada 20 minutos nasce
    uma nova geração de bactérias.
  • 13:05 - 13:09
    A química farmacêutica leva 10 anos
    para conseguir uma nova droga.
  • 13:09 - 13:12
    Cada vez que usamos um antibiótico,
  • 13:12 - 13:16
    damos às bactérias bilhões de chances
  • 13:16 - 13:17
    para quebrar os códigos
  • 13:17 - 13:20
    das defesas que construímos.
  • 13:20 - 13:23
    Nunca houve um remédio
  • 13:23 - 13:25
    do qual elas não conseguissem se defender.
  • 13:26 - 13:29
    Esta é uma guerra assimétrica,
  • 13:29 - 13:33
    mas podemos mudar o resultado.
  • 13:34 - 13:40
    Podemos construir sistemas de informações
    que nos digam automática e especificamente
  • 13:40 - 13:43
    como os antibióticos estão sendo usados.
  • 13:43 - 13:46
    Construir revisores
    em sistemas de venda de remédios,
  • 13:46 - 13:49
    de modo que cada prescrição
    receba uma segunda olhada.
  • 13:50 - 13:56
    Poderíamos exigir que a agricultura
    desista do uso de antibióticos.
  • 13:56 - 13:59
    Poderíamos construir
    sistemas de vigilância
  • 13:59 - 14:04
    para nos dizer onde a resistência
    surgirá em seguida.
  • 14:04 - 14:06
    Essas são as soluções técnicas.
  • 14:06 - 14:09
    Mas elas provavelmente
    não são suficientes,
  • 14:09 - 14:12
    a menos que ajudemos.
  • 14:16 - 14:18
    A resistência aos antibióticos
    é um hábito.
  • 14:18 - 14:22
    Todos sabemos como é difícil
    mudar um hábito.
  • 14:22 - 14:25
    Mas, como sociedade,
    nós fizemos isso no passado.
  • 14:26 - 14:30
    As pessoas costumavam jogar lixo nas ruas,
  • 14:30 - 14:32
    não usavam cinto de segurança,
  • 14:32 - 14:36
    costumavam fumar no interior
    dos edifícios públicos.
  • 14:36 - 14:39
    Nós não fazemos mais essas coisas.
  • 14:39 - 14:41
    Nós não entulhamos o ambiente,
  • 14:41 - 14:45
    ou arriscamos acidentes devastadores,
  • 14:45 - 14:48
    ou expomos os outros
    à possibilidade de câncer
  • 14:48 - 14:51
    porque decidimos
    que essas coisas eram caras,
  • 14:51 - 14:55
    destrutivas, não vantajosas.
  • 14:56 - 14:59
    Nós mudamos as normas sociais.
  • 14:59 - 15:03
    Poderíamos mudar normas sociais
    quanto ao uso de antibióticos também.
  • 15:05 - 15:08
    Sei que a escala
    de resistência a antibióticos
  • 15:08 - 15:10
    parece esmagadora,
  • 15:10 - 15:13
    mas se você já comprou
    uma lâmpada fluorescente
  • 15:13 - 15:16
    porque estava preocupado
    com a mudança climática,
  • 15:16 - 15:19
    ou leu o rótulo de uma caixa de biscoitos
  • 15:19 - 15:23
    porque você pensa no desmatamento
    do azeite de dendê,
  • 15:23 - 15:26
    você já sabe como é
  • 15:26 - 15:31
    dar um pequeno passo para resolver
    um problema esmagador.
  • 15:32 - 15:36
    Nós poderíamos tomar medidas como essas
    para o uso de antibióticos também.
  • 15:36 - 15:43
    Poderíamos não receitar um antibiótico
    se não tivermos certeza de que é o certo.
  • 15:44 - 15:50
    Poderíamos parar de insistir em receitas
    para a infecção de ouvido de nossos filhos
  • 15:50 - 15:52
    antes de termos certeza da causa.
  • 15:53 - 15:57
    Poderíamos perguntar a cada restaurante,
  • 15:57 - 15:59
    a cada supermercado,
  • 15:59 - 16:00
    de onde a carne deles vem.
  • 16:01 - 16:03
    Poderíamos prometer uns aos outros
  • 16:03 - 16:07
    nunca mais comprar frango,
    ou camarão ou frutas
  • 16:07 - 16:10
    criados com a rotina de antibióticos,
  • 16:10 - 16:12
    e, se fizéssemos essas coisas,
  • 16:12 - 16:17
    poderíamos retardar a chegada
    do mundo pós-antibiótico.
  • 16:18 - 16:22
    Mas temos que fazer isso logo.
  • 16:22 - 16:26
    A penicilina deu início
    à era do antibiótico em 1943.
  • 16:26 - 16:32
    Em apenas 70 anos, conduzimos
    a nós mesmos à beira do desastre.
  • 16:32 - 16:35
    Nós não teremos 70 anos
  • 16:35 - 16:38
    para encontrar o nosso caminho de volta.
  • 16:39 - 16:40
    Muito obrigada.
  • 16:40 - 16:45
    (Aplausos)
Title:
O que fazer quando os antibióticos não funcionam mais?
Speaker:
Maryn McKenna
Description:

A penicilina mudou tudo. As infecções que anteriormente matavam, de repente ficaram curáveis rapidamente. No entanto, como Maryn McKenna explana nesta palestra direta, nós desperdiçamos as vantagens oferecidas por este e posteriores antibióticos. Bactérias resistentes a drogas significam que estamos entrando em um mundo pós-antibiótico, e isso não vai ser bonito. Há, no entanto, coisas que podemos fazer... se começarmos agora.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:59

Portuguese, Brazilian subtitles

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