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Como o tédio pode nos levar às ideias mais brilhantes

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    Meu filho e o iPhone
    nasceram em junho de 2007,
  • 0:05 - 0:07
    com apenas três semanas de diferença.
  • 0:07 - 0:08
    (Risos)
  • 0:08 - 0:11
    Enquanto os primeiros compradores
    faziam fila na porta das lojas,
  • 0:11 - 0:14
    ansiosos para porem as mãos
    naquela novidade incrível,
  • 0:14 - 0:18
    eu estava presa em casa
    com minhas mãos cheias de outra coisa,
  • 0:18 - 0:20
    que me enviava constantes notificações --
  • 0:20 - 0:22
    (Risos)
  • 0:22 - 0:25
    um bebê sofrendo com cólica,
  • 0:25 - 0:29
    que só conseguia dormir num carrinho
    em movimento e com silêncio absoluto.
  • 0:29 - 0:30
    (Risos)
  • 0:30 - 0:33
    Eu andava literalmente
    de 16 a 24 km por dia,
  • 0:33 - 0:35
    e perdi o que engordei na gravidez.
  • 0:35 - 0:37
    Essa parte foi ótima.
  • 0:37 - 0:39
    Mas, gente, eu estava entediada.
  • 0:39 - 0:42
    Antes da maternidade,
    eu era aquela jornalista
  • 0:42 - 0:44
    que corria para cobrir
    a queda do Concorde.
  • 0:44 - 0:47
    Fui uma das primeiras pessoas
    a entrar em Belgrado
  • 0:47 - 0:49
    quando houve uma revolução na Sérvia.
  • 0:49 - 0:52
    Nossa, eu estava exausta.
  • 0:52 - 0:55
    Aquela andança continuou por semanas.
  • 0:55 - 1:01
    No entanto, somente
    três meses depois é que algo mudou.
  • 1:01 - 1:03
    Enquanto eu andava sem parar,
  • 1:03 - 1:06
    minha mente também ficava vagando.
  • 1:06 - 1:10
    Comecei a imaginar o que faria
    quando finalmente dormisse de novo.
  • 1:10 - 1:12
    Um dia, a cólica sumiu,
  • 1:12 - 1:15
    e finalmente comprei um IPhone
  • 1:15 - 1:18
    e fiz algo com o resultado
    de todas aquelas horas vagando.
  • 1:18 - 1:22
    Criei meu emprego dos sonhos apresentando
    um programa numa rádio pública.
  • 1:22 - 1:24
    Acabou-se a correria para zonas de guerra,
  • 1:24 - 1:26
    mas, graças a meu novo smartphone,
  • 1:26 - 1:28
    eu podia ser mãe e jornalista.
  • 1:28 - 1:33
    Podia estar no parquinho
    e no Twitter ao mesmo tempo.
  • 1:34 - 1:35
    Mas, enquanto pensava nisso,
  • 1:35 - 1:38
    veio a tecnologia e tomou conta,
  • 1:38 - 1:40
    e me vi num impasse.
  • 1:40 - 1:44
    Imaginem só isto:
    eu apresentava um "podcast"
  • 1:44 - 1:48
    e tinha de provar que o investimento
    do precioso dinheiro público em mim
  • 1:48 - 1:49
    estava valendo a pena.
  • 1:50 - 1:54
    Meu objetivo era aumentar
    dez vezes mais minha audiência.
  • 1:54 - 1:56
    Então, um dia me sentei
    para uma "brainstorm",
  • 1:56 - 2:00
    como se faz nesses casos, e não saiu nada.
  • 2:00 - 2:02
    Era diferente de um bloqueio criativo.
  • 2:02 - 2:04
    Não havia nada ali para ser descoberto.
  • 2:04 - 2:06
    Simplesmente não havia nada.
  • 2:06 - 2:08
    Então comecei a olhar pra trás:
  • 2:08 - 2:11
    qual foi a última vez
    que eu tinha tido uma boa ideia?
  • 2:11 - 2:13
    É... foi quando estava empurrando
    o danado daquele carrinho.
  • 2:14 - 2:17
    Bem, todas as brechas do meu dia
    estavam preenchidas pelo celular.
  • 2:17 - 2:21
    Eu checava as notícias
    enquanto esperava meu café com leite.
  • 2:21 - 2:25
    Atualizava meu calendário
    enquanto estava no sofá.
  • 2:25 - 2:28
    Teclar transformou todo tempo livre
  • 2:28 - 2:31
    numa chance para mostrar
    aos meus colegas e ao meu querido marido
  • 2:31 - 2:33
    como eu era uma pessoa atenciosa,
  • 2:34 - 2:36
    ou no mínimo era uma chance
    de encontrar outro sofá perfeito
  • 2:36 - 2:39
    para minha página no Pinterest.
  • 2:39 - 2:42
    Percebi que nunca ficava entediada.
  • 2:42 - 2:45
    Afinal, só pessoas tediosas
    é que ficam entediadas, certo?
  • 2:45 - 2:47
    Mas aí comecei a imaginar:
  • 2:47 - 2:49
    o que acontece conosco
    quando ficamos entediados?
  • 2:49 - 2:53
    Ou, melhor ainda, o que aconteceria
    conosco se nunca ficássemos entediados?
  • 2:53 - 2:58
    O que poderia acontecer se nos livrássemos
    completamente dessa emoção humana?
  • 2:58 - 3:02
    Comecei a conversar com neurocientistas
    e psicólogos cognitivos,
  • 3:02 - 3:05
    e o que ouvi deles foi fascinante.
  • 3:05 - 3:07
    Ocorre que, quando ficamos entediados,
  • 3:07 - 3:11
    ativamos uma rede em nosso cérebro
    chamada "modo-padrão".
  • 3:11 - 3:16
    Assim, o corpo entra no piloto automático
    quando estamos guardando a roupa
  • 3:16 - 3:17
    ou andando para o trabalho,
  • 3:17 - 3:20
    mas, na verdade, é aí que nosso cérebro
    fica realmente ocupado.
  • 3:20 - 3:23
    Ouçam o que diz a Dra. Sandi Mann,
    estudiosa do cérebro.
  • 3:24 - 3:27
    (Áudio) Dra. Sandi Mann:
    Quando sonhamos acordados
  • 3:27 - 3:28
    e permitimos que a mente vagueie,
  • 3:28 - 3:31
    começamos a ir
    um pouco além do consciente,
  • 3:31 - 3:33
    a entrar um pouco no inconsciente,
  • 3:33 - 3:36
    permitindo que diversos tipos
    de conexões aconteçam.
  • 3:36 - 3:37
    É realmente incrível.
  • 3:37 - 3:40
    Manoush Zomorodi: Totalmente demais, né?
  • 3:40 - 3:42
    Este é meu cérebro numa tomografia,
  • 3:42 - 3:46
    e descobri que no modo-padrão
    é quando conectamos ideias díspares,
  • 3:46 - 3:49
    resolvemos os problemas mais recorrentes
  • 3:49 - 3:52
    e fazemos algo chamado
    "planejamento autobiográfico".
  • 3:52 - 3:54
    É quando olhamos para nosso passado,
  • 3:54 - 3:57
    vemos os momentos importantes,
    criamos uma narrativa pessoal,
  • 3:57 - 3:58
    e aí estabelecemos objetivos
  • 3:59 - 4:02
    e descobrimos que passos
    precisamos dar para alcançá-los.
  • 4:02 - 4:06
    Mas hoje, enquanto relaxamos no sofá,
    também atualizamos um Google Doc
  • 4:06 - 4:08
    ou respondemos a um e-mail.
  • 4:08 - 4:11
    Chamamos isso de "resolver pepinos",
  • 4:11 - 4:14
    mas eis o que o neurocientista
    Dr. Daniel Levitin afirma
  • 4:14 - 4:15
    que estamos fazendo de verdade.
  • 4:16 - 4:18
    (Áudio) Dr. Daniel Levitin:
    Cada vez que desviamos a atenção
  • 4:18 - 4:20
    de uma coisa pra outra,
  • 4:20 - 4:23
    o cérebro tem de ligar
    um interruptor neuroquímico,
  • 4:23 - 4:26
    que usa nutrientes do cérebro
    para realizar essa ação.
  • 4:26 - 4:29
    Assim, quando tentamos ser multitarefa,
  • 4:29 - 4:31
    fazendo quatro ou cinco
    coisas ao mesmo tempo,
  • 4:31 - 4:33
    não estamos fazendo
    isso tudo ao mesmo tempo,
  • 4:33 - 4:35
    pois o cérebro não funciona assim.
  • 4:35 - 4:38
    Na verdade, passamos rapidamente
    de uma coisa pra outra,
  • 4:38 - 4:40
    esgotando recursos neurais ao fazer isso.
  • 4:40 - 4:44
    (Áudio) MZ: Assim, ligar, ligar,
    estamos usando glicose, glicose.
  • 4:44 - 4:47
    (Áudio) DL: Exato, e temos
    um estoque limitado disso.
  • 4:47 - 4:51
    MZ: Dez anos atrás, no trabalho,
    mudávamos nosso foco a cada três minutos.
  • 4:51 - 4:54
    Agora, isso ocorre a cada 45 segundos,
  • 4:54 - 4:56
    e fazemos isso o dia todo.
  • 4:56 - 4:59
    A pessoa comum checa
    e-mails 74 vezes por dia,
  • 4:59 - 5:02
    e muda de tarefa em seu computador
  • 5:02 - 5:06
    566 vezes por dia.
  • 5:06 - 5:09
    Descobri tudo isso conversando
    com uma professora de informática,
  • 5:09 - 5:11
    a Dra. Gloria Mark.
  • 5:11 - 5:15
    (Áudio) Dra. Gloria Mark: Descobrimos
    que, quando as pessoas estão estressadas,
  • 5:15 - 5:18
    elas tendem a mudar
    o foco mais rapidamente.
  • 5:18 - 5:20
    Também descobrimos,
    por mais estranho que pareça,
  • 5:20 - 5:26
    que, quanto menos uma pessoa dorme,
  • 5:26 - 5:28
    mais probabilidade tem
    de checar o Facebook.
  • 5:28 - 5:32
    Assim, estamos num ciclo vicioso, diário.
  • 5:32 - 5:34
    MZ: Mas esse ciclo pode ser interrompido?
  • 5:34 - 5:38
    O que aconteceria se interrompêssemos
    esse ciclo vicioso?
  • 5:39 - 5:43
    Talvez meus ouvintes
    me ajudassem a descobrir.
  • 5:43 - 5:46
    E se recuperássemos
    essas brechas em nosso dia?
  • 5:47 - 5:50
    Será que isso nos ajudaria
    a estimular nossa criatividade?
  • 5:51 - 5:55
    Aí veio o projeto "Bored
    and Brilliant", entediado e genial.
  • 5:56 - 5:59
    E achava que iam participar
    em torno de umas 200 pessoas,
  • 5:59 - 6:02
    mas milhares de pessoas
    começaram a se registrar.
  • 6:02 - 6:05
    E disseram que decidiram participar
  • 6:05 - 6:08
    porque estavam receosas
    de que seu relacionamento com o celular
  • 6:08 - 6:12
    tenha ficado meio... "codependente",
    vamos colocar assim.
  • 6:12 - 6:16
    (Áudio) Homem: O relacionamento
    entre um bebê e seu ursinho de pelúcia
  • 6:16 - 6:18
    ou de um bebê e sua chupeta,
  • 6:18 - 6:21
    ou um bebê que quer o colo da mãe
  • 6:21 - 6:24
    quando se cansa de ser segurado
    por um estranho...
  • 6:24 - 6:25
    (Risos)
  • 6:25 - 6:28
    é o relacionamento
    entre mim e meu celular.
  • 6:28 - 6:31
    (Áudio) Mulher: Vejo meu celular
    como uma ferramenta poderosa,
  • 6:31 - 6:35
    extremamente útil, mas perigosa,
    se não lidar com ela adequadamente.
  • 6:35 - 6:37
    (Áudio) Mulher 2: Se eu não tiver cuidado,
  • 6:37 - 6:40
    vejo que, de repente,
    perdi uma hora do meu tempo
  • 6:40 - 6:42
    fazendo algo totalmente sem sentido.
  • 6:42 - 6:44
    MZ: Tá, mas para avaliar
    qualquer progresso,
  • 6:44 - 6:45
    precisamos de dados, certo?
  • 6:45 - 6:48
    Porque é o que fazemos hoje em dia.
  • 6:48 - 6:51
    Assim, fizemos parceria com alguns apps
    que mediriam quanto tempo
  • 6:51 - 6:53
    estávamos gastando todo dia no celular.
  • 6:53 - 6:57
    Parece ironia eu ter pedido às pessoas
    pra baixarem outro app,
  • 6:57 - 6:59
    para que pudessem passar
    menos tempo no celular:
  • 6:59 - 7:02
    sim, mas "temos de ir aonde o povo está".
  • 7:02 - 7:03
    (Risos)
  • 7:03 - 7:05
    Assim, antes da semana do desafio,
  • 7:05 - 7:08
    passávamos em média
    duas horas por dia no celular
  • 7:08 - 7:09
    e dávamos 60 olhadinhas,
  • 7:09 - 7:12
    tipo checar rapidinho
    se chegou algum e-mail.
  • 7:12 - 7:16
    Ouçam o que Tina, uma aluna
    do Bard College, descobriu sobre si mesma.
  • 7:17 - 7:19
    (Áudio) Tina: Até agora, tenho gasto
  • 7:19 - 7:22
    entre 150 a 200 minutos
    por dia no celular,
  • 7:22 - 7:26
    e tenho checado meu telefone
    de 70 a 100 vezes por dia.
  • 7:26 - 7:28
    E é realmente preocupante,
  • 7:28 - 7:30
    pois é muito tempo que poderia ser usado
  • 7:30 - 7:34
    fazendo algo mais produtivo,
    mais criativo, algo pra mim mesma,
  • 7:34 - 7:37
    pois, quando estou ao telefone,
    não estou fazendo nada importante.
  • 7:37 - 7:41
    MZ: Como Tina, as pessoas passaram
    a observar seu comportamento.
  • 7:41 - 7:43
    Elas estavam se preparando
    para a semana do desafio.
  • 7:43 - 7:45
    E, naquela segunda-feira,
  • 7:45 - 7:48
    acordaram com instruções
    em sua caixa de entrada,
  • 7:48 - 7:50
    com um experimento a ser feito.
  • 7:50 - 7:52
    Primeiro dia:
  • 7:52 - 7:53
    "Coloque o celular no bolso.
  • 7:53 - 7:56
    Tire esse telefone da mão
  • 7:56 - 7:59
    e veja se consegue eliminar
    o reflexo para checá-lo o dia todo,
  • 7:59 - 8:00
    por um dia apenas".
  • 8:00 - 8:03
    Se isso lhes parece fácil,
    é porque ainda não tentaram.
  • 8:03 - 8:05
    Ouçam Amanda Itzko.
  • 8:05 - 8:09
    (Áudio) Amanda Itzko:
    Estou simplesmente me coçando toda.
  • 8:09 - 8:11
    Me sinto um pouco louca,
  • 8:11 - 8:16
    porque notei que pego meu telefone
  • 8:16 - 8:20
    até quando estou indo
    de um cômodo para o outro,
  • 8:20 - 8:21
    entrando no elevador,
  • 8:21 - 8:25
    e até -- e esta parte
    é realmente constrangedora
  • 8:25 - 8:27
    de dizer em voz alta --
  • 8:27 - 8:28
    no carro.
  • 8:28 - 8:31
    MZ: Ai! Pois é...
    mas como a Amanda descobriu,
  • 8:31 - 8:35
    esse sentimento de coceira
    na verdade não é culpa dela.
  • 8:35 - 8:39
    É exatamente esse o comportamento
    que a tecnologia quer provocar.
  • 8:39 - 8:42
    (Risos)
  • 8:44 - 8:46
    Não é?
  • 8:46 - 8:49
    Aqui está Tristan Harris,
    um ex-designer do Google.
  • 8:49 - 8:53
    (Áudio) Tristan Harris: Se sou
    Facebook, Netflix ou Snapchat,
  • 8:53 - 8:55
    vou colocar literalmente mil engenheiros
  • 8:55 - 8:57
    com a função de atrair
    mais atenção de vocês.
  • 8:57 - 9:01
    Sou muito bom nisso,
    e não quero que vocês parem nunca.
  • 9:01 - 9:02
    Recentemente, o CEO da Netflix disse:
  • 9:02 - 9:05
    "Nossos maiores competidores
    são o Facebook, YouTube e o sono".
  • 9:05 - 9:06
    (Risos)
  • 9:06 - 9:09
    Ou seja, há milhões de lugares
    para direcionar sua atenção,
  • 9:09 - 9:11
    mas há uma guerra para consegui-la.
  • 9:11 - 9:13
    MZ: Sabemos bem como é:
  • 9:13 - 9:17
    um episódio incrível de "Transparent"
    termina, e o próximo começa a passar,
  • 9:17 - 9:20
    e a gente: "Tudo bem, vou ficar
    acordado e assistir a mais um".
  • 9:20 - 9:21
    Ou a barra de progresso do Linkedin
  • 9:21 - 9:25
    diz que estamos a esse tantinho
    de ter o perfil perfeito.
  • 9:25 - 9:28
    Daí, adicionamos um pouco
    mais de informação pessoal.
  • 9:28 - 9:30
    Como me disse um designer
    de experiência do usuário,
  • 9:30 - 9:34
    as únicas pessoas que tratam
    seus clientes como "usuários"
  • 9:34 - 9:36
    são os traficantes e os tecnólogos.
  • 9:36 - 9:37
    (Risos)
  • 9:37 - 9:40
    (Aplausos) (Vivas)
  • 9:43 - 9:47
    E "usuários", como sabemos,
    custam muito dinheiro.
  • 9:47 - 9:53
    Ouçam Antonio García Martínez, ex-gerente
    de produto do Facebook e escritor:
  • 9:53 - 9:56
    (Áudio) AGM: Se um produto
    é gratuito, você é o produto.
  • 9:56 - 9:58
    O que é verdade, sua atenção é o produto.
  • 9:58 - 10:00
    Mas quanto vale a sua atenção?
  • 10:00 - 10:03
    Por isso, cada vez que carregamos
    uma página, não só no Facebook,
  • 10:03 - 10:04
    mas em qualquer app,
  • 10:04 - 10:07
    há um leilão realizado instantaneamente,
    bilhões de vezes por dia,
  • 10:07 - 10:10
    para determinar exatamente
    o valor daquele anúncio.
  • 10:10 - 10:15
    MZ: A propósito, a pessoa comum
    vai gastar dois anos da vida no Facebook.
  • 10:15 - 10:17
    De volta para a semana do desafio.
  • 10:17 - 10:20
    Vimos surgir, de imediato,
    alguma criatividade.
  • 10:20 - 10:23
    Eis aqui a nova-iorquina LIsa Alpert.
  • 10:23 - 10:25
    (Áudio) Lisa Alpert: Acho
    que eu estava entediada.
  • 10:25 - 10:30
    Aí, de repente, olhei para a escada
    e subi até a parte de cima da estação
  • 10:30 - 10:31
    e pensei, sabe,
  • 10:31 - 10:34
    eu tinha acabado de descer
    aquela escada, mas eu podia subir
  • 10:34 - 10:37
    e depois descer,
    e fazer um exercício aeróbico.
  • 10:37 - 10:38
    E assim eu fiz.
  • 10:38 - 10:42
    E, como tinha um pouco
    mais de tempo, fiz de novo,
  • 10:42 - 10:44
    e repeti isso dez vezes.
  • 10:44 - 10:46
    Fiz um exercício cardiovascular completo.
  • 10:46 - 10:49
    Peguei aquele trem
    me sentindo meio que exausta,
  • 10:49 - 10:51
    mas, puxa, eu nunca tinha
    pensado em fazer aquilo antes.
  • 10:51 - 10:53
    Será possível?
  • 10:53 - 10:54
    (Risos)
  • 10:54 - 10:56
    MZ: Então descobri
    que criatividade significa
  • 10:56 - 10:58
    coisas diferentes para pessoas diferentes.
  • 10:58 - 10:59
    (Risos)
  • 10:59 - 11:02
    Mas todos acharam o desafio
    do terceiro dia o mais difícil.
  • 11:03 - 11:05
    Era o "Exclua aquele aplicativo".
  • 11:05 - 11:09
    Peguem aquele app, aquele,
    sabe, que sempre te pega, te suga,
  • 11:09 - 11:12
    apague-o do seu celular,
    mesmo que só por um dia.
  • 11:12 - 11:15
    Eu excluí o jogo Two Dots e quase chorei.
  • 11:15 - 11:16
    (Risos)
  • 11:16 - 11:19
    Sim, jogadores de Two Dots
    sabem do que estou falando.
  • 11:19 - 11:22
    Mas eu não sofri sozinha.
  • 11:24 - 11:27
    (Áudio) Homem 2:
    Este é Liam, em Los Angeles,
  • 11:27 - 11:31
    e eu apaguei o Twitter, Facebook
    Instagram, Tumblr, Snapchat e Vine
  • 11:32 - 11:33
    do meu telefone
  • 11:33 - 11:34
    de uma leva só.
  • 11:34 - 11:39
    E primeiro foi tipo uma experiência
    emocional constrangedora.
  • 11:39 - 11:43
    Me senti estranhamente sozinho
    ao olhar aquela tela bloqueada
  • 11:43 - 11:45
    sem novas notificações.
  • 11:45 - 11:48
    Mas realmente gostei
    de poder decidir por mim mesmo
  • 11:48 - 11:52
    quando pensar sobre ou acessar
    minhas redes sociais,
  • 11:52 - 11:55
    e tirar do meu telefone
    o poder de decidir isso por mim.
  • 11:56 - 11:57
    Então, obrigado.
  • 11:57 - 11:59
    (Áudio) Mulher 3: Deletar
    o Twitter foi muito triste,
  • 11:59 - 12:03
    e sinto que talvez, ano passado,
    quando estava no Twitter,
  • 12:03 - 12:08
    tenha me viciado nele, e o desafio "Bored
    and Brilliant" me fez perceber isso.
  • 12:08 - 12:11
    Depois de um breve e terrível
    período de abstinência,
  • 12:11 - 12:15
    como aquela dor de cabeça
    por falta de café, agora me sinto ótima.
  • 12:15 - 12:17
    Tive um ótimo jantar com minha família,
  • 12:17 - 12:22
    e espero continuar esse uso esquematizado
    dessas poderosas ferramentas.
  • 12:22 - 12:24
    (Áudio) Mulher 4: Não tenho
    mais o sentimento de culpa
  • 12:24 - 12:26
    de estar desperdiçando tempo no telefone.
  • 12:26 - 12:30
    Talvez comece a dar a mim mesma
    desafios e lembretes assim toda manhã.
  • 12:30 - 12:33
    MZ: Quer dizer, sim, isso é progresso.
  • 12:33 - 12:35
    Mal podia esperar para ver
    o que os números diziam
  • 12:35 - 12:37
    no fim daquela semana.
  • 12:38 - 12:43
    Mas, quando os dados chegaram,
    mostraram que cortamos, em média,
  • 12:43 - 12:46
    apenas seis minutos:
  • 12:46 - 12:51
    passamos de 120 minutos diários
    em nossos telefones para 114.
  • 12:52 - 12:53
    Isso! Que "beleza".
  • 12:53 - 12:57
    Daí, fui conversar com os cientistas
    me sentindo meio pra baixo,
  • 12:57 - 12:59
    e eles riram de mim
  • 12:59 - 13:01
    e disseram: "Sabe, mudar
    o comportamento das pessoas
  • 13:01 - 13:05
    num período de tempo tão curto
    foi tremendamente ambicioso,
  • 13:05 - 13:10
    e na verdade o que você conseguiu
    está bem além do que esperávamos.
  • 13:10 - 13:14
    Porque, mais importante do que os números,
    foram as histórias das pessoas.
  • 13:14 - 13:16
    Elas se sentiram empoderadas.
  • 13:16 - 13:18
    Seus telefones tinham passado
  • 13:18 - 13:22
    de gerenciadores de tarefas
    para ferramentas de novo.
  • 13:23 - 13:27
    Na verdade, o mais intrigante
    foi o que os jovens disseram.
  • 13:27 - 13:30
    Alguns me falaram que não
    tinham reconhecido algumas das emoções
  • 13:30 - 13:32
    que sentiram durante o desafio,
  • 13:32 - 13:36
    porque, se pensarmos bem,
    se nunca viveram desconectados,
  • 13:36 - 13:39
    talvez nunca tenham experimentado o tédio.
  • 13:39 - 13:42
    E isso pode ter consequências.
  • 13:42 - 13:45
    Pesquisadores da USC descobriram,
    estudando adolescentes
  • 13:45 - 13:48
    que ficam nas mídias sociais
    enquanto conversam com os amigos
  • 13:48 - 13:49
    ou fazem o dever de casa,
  • 13:49 - 13:53
    que, dois anos depois, eles ficam
    menos criativos e imaginativos
  • 13:53 - 13:55
    sobre seu próprio futuro pessoal
  • 13:55 - 13:59
    e sobre resolver problemas sociais,
    como a violência em seu bairro.
  • 14:00 - 14:02
    E precisamos muito que essa nova geração
  • 14:02 - 14:05
    seja capaz de focar grandes problemas:
  • 14:05 - 14:07
    mudança climática, desigualdade econômica,
  • 14:07 - 14:09
    abismos culturais enormes.
  • 14:10 - 14:12
    Não espanta que CEOs,
    numa pesquisa da IBM,
  • 14:12 - 14:17
    apontaram a criatividade como
    a competência de liderança número um.
  • 14:18 - 14:20
    Mas temos boas notícias também:
  • 14:20 - 14:24
    no final, 20 mil pessoas participaram
    do "Bored and Brilliant" aquela semana.
  • 14:24 - 14:29
    E 90% diminuíram seus minutos;
    70% conseguiram mais tempo para pensar.
  • 14:29 - 14:33
    As pessoas me contaram que dormiram
    melhor, que se sentiram mais felizes.
  • 14:33 - 14:35
    Meu comentário favorito
    foi de um cara que falou
  • 14:35 - 14:38
    que sentia como se tivesse
    despertado de uma hibernação mental.
  • 14:38 - 14:40
    (Risos)
  • 14:40 - 14:43
    Alguns dados pessoais
    e alguma neurociência
  • 14:43 - 14:46
    nos deram permissão
    para ficarmos off-line um pouco mais,
  • 14:46 - 14:49
    e um pouco de tédio nos deu alguma clareza
  • 14:49 - 14:51
    e ajudou alguns de nós
    a estabelecer alguns objetivos.
  • 14:52 - 14:57
    Quer dizer, talvez conectividade constante
    não vá ser uma coisa boa em alguns anos.
  • 14:58 - 15:02
    Mas, enquanto isso, ensinar as pessoas,
    especialmente as crianças,
  • 15:02 - 15:05
    a usar a tecnologia
    para melhorar suas vidas
  • 15:05 - 15:09
    e se controlarem precisa fazer
    parte do letramento digital.
  • 15:11 - 15:13
    Por isso, da próxima vez
    que forem checar seu celular,
  • 15:14 - 15:18
    lembrem-se de que, se não decidirem
    como vão usar a tecnologia,
  • 15:18 - 15:20
    as plataformas vão decidir por vocês.
  • 15:21 - 15:23
    E perguntem a si mesmos:
  • 15:23 - 15:24
    o que estou realmente procurando?
  • 15:24 - 15:28
    Porque, se for pra checar e-mail,
    tudo bem -- façam isso e pronto.
  • 15:28 - 15:31
    Mas se for distraí-los do trabalho duro
  • 15:31 - 15:33
    que vem com pensar mais profundamente,
  • 15:33 - 15:35
    façam uma pausa,
  • 15:35 - 15:36
    olhem pela janela
  • 15:37 - 15:40
    e saibam que, quando não fazem nada,
  • 15:40 - 15:44
    vocês estão na verdade sendo
    seu "eu" mais produtivo e criativo.
  • 15:44 - 15:47
    Pode parecer estranho
    e desconfortável a princípio,
  • 15:47 - 15:50
    mas o tédio pode, de verdade,
    levar a ideias brilhantes.
  • 15:50 - 15:52
    Obrigada.
  • 15:52 - 15:54
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Como o tédio pode nos levar às ideias mais brilhantes
Speaker:
Manoush Zomorodi
Description:

Às vezes acontece de você ter as ideias mais criativas enquanto está guardando a roupa passada, lavando pratos ou não fazendo nada em especial? É porque, quando seu corpo está no piloto automático, seu cérebro fica ocupado formando novas conexões neurais que conectam ideias e resolve problemas. Aprenda a amar o tédio com a explicação de Manoush Zomorodi sobre a conexão entre divagação e criatividade.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:13

Portuguese, Brazilian subtitles

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