Será que há crise da possibilidade de reprodução na ciência? — Matt Anticole
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0:06 - 0:11Em 2011, uma equipa de físicos
anunciou uma descoberta espantosa: -
0:11 - 0:14os neutrinos tinham viajado
mais depressa do que a velocidade da luz -
0:14 - 0:16por 60 mil milionésimos de segundo
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0:16 - 0:21no seu percurso de 730 km
de Genebra até a um detetor em Itália. -
0:21 - 0:25Apesar de seis meses de dupla verificação,
esta estranha descoberta manteve-se de pé. -
0:25 - 0:28Mas, em vez de festejar
uma revolução na física, -
0:28 - 0:30os investigadores publicaram
um artigo cauteloso, -
0:30 - 0:33defendendo a continuação da investigação
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0:33 - 0:35na tentativa de explicar
a anomalia observada. -
0:35 - 0:38Com o tempo, o erro foi detetado
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0:38 - 0:41num simples cabo de fibra ótica
incorretamente ligado. -
0:41 - 0:46Este exemplo recorda-nos que a ciência real
é mais do que manuais estáticos. -
0:46 - 0:50Pelo contrário, os investigadores
estão sempre a publicar -
0:50 - 0:51as suas descobertas mais recentes
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0:51 - 0:55em que cada artigo contribui
para o diálogo científico. -
0:55 - 0:58Estudos publicados
podem motivar investigações futuras, -
0:58 - 0:59inspirar novos produtos,
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0:59 - 1:01e influenciar políticas governamentais.
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1:01 - 1:05Assim, é importante que tenhamos confiança
nos resultados publicados. -
1:05 - 1:07Se as conclusões estiverem erradas,
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1:07 - 1:08pomos em risco o tempo,
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1:08 - 1:09os recursos
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1:09 - 1:12e até a nossa saúde,
ao seguirmos pistas falsas. -
1:12 - 1:14Quando as descobertas são significativas,
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1:14 - 1:17são duplamente verificadas
por outros investigadores, -
1:17 - 1:19quer reanalisando os dados,
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1:19 - 1:22quer refazendo toda a experiência.
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1:22 - 1:26Por exemplo, foi precisa uma investigação
repetida dos dados do CERN -
1:26 - 1:29antes de ser detetado o erro.
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1:29 - 1:33Infelizmente, atualmente não há
recursos nem incentivos profissionais -
1:33 - 1:37para a verificação dupla de mais
de um milhão de artigos científicos -
1:37 - 1:39publicados anualmente.
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1:39 - 1:41Mesmo quando os artigos
são postos em causa, -
1:41 - 1:43os resultados não são tranquilizadores.
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1:43 - 1:47Estudos recentes que examinaram
dezenas de artigos farmacêuticos publicados -
1:47 - 1:51só conseguiram reproduzir os resultados
de menos de 25%. -
1:51 - 1:54Encontraram-se resultados idênticos
noutras áreas científicas. -
1:55 - 1:58Há uma série de razões para ser impossível
reproduzir resultados. -
1:58 - 2:01Os erros podem estar escondidos
na conceção original, -
2:01 - 2:04na execução, ou na análise dos dados.
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2:04 - 2:05Fatores desconhecidos,
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2:05 - 2:08como a situação confidencial
de um doente num estudo médico, -
2:08 - 2:12podem produzir resultados impossíveis
de repetir em sujeitos de novos testes. -
2:12 - 2:14Por vezes, o segundo grupo de investigação
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2:14 - 2:16não consegue reproduzir
os resultados originais -
2:16 - 2:20apenas porque não sabe exatamente
o que fez o grupo inicial. -
2:20 - 2:24No entanto, alguns problemas
podem ter origem em decisões sistemáticas -
2:24 - 2:26na forma como fazemos ciência.
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2:26 - 2:28Espera-se que os investigadores,
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2:28 - 2:30as instituições que os contratam,
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2:30 - 2:32e as revistas científicas
que publicam as descobertas, -
2:32 - 2:35produzam grandes resultados
com frequência. -
2:35 - 2:37Artigos importantes podem
fazer progredir carreiras, -
2:37 - 2:39gerar o interesse dos "media",
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2:39 - 2:41e assegurar financiamentos essenciais,
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2:41 - 2:43por isso, os investigadores
não têm motivo -
2:43 - 2:46para contestarem
os seus resultados entusiasmantes. -
2:46 - 2:48Para além disso, há poucos incentivos
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2:48 - 2:52para publicar resultados
que não apoiem a hipótese esperada. -
2:52 - 2:54Isso resulta numa enxurrada
de concordância -
2:54 - 2:57entre o que era esperado
e o que se encontrou. -
2:57 - 3:00Em raras ocasiões, até pode levar
a falsificação deliberada -
3:00 - 3:02como, em 2013, quando um investigador
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3:02 - 3:05enriqueceu sangue de coelho
com sangue humano, -
3:05 - 3:09para dar uma prova falsa
de que a sua vacina VIH estava a funcionar. -
3:09 - 3:11A mentalidade de "publicar ou morrer",
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3:11 - 3:12também pode comprometer
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3:12 - 3:15os processos académicos tradicionais
de revisão pelos pares -
3:15 - 3:17que são verificações de segurança
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3:17 - 3:19feitas por especialistas
aos artigos apresentados, -
3:19 - 3:21procurando possíveis lacunas.
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3:21 - 3:22O atual sistema
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3:22 - 3:24que pode envolver apenas
um ou dois revisores, -
3:24 - 3:26pode ser terrivelmente ineficaz.
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3:26 - 3:29Isso ficou demonstrado num estudo de 1998
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3:29 - 3:33em que foram introduzidas deliberadamente
oito defeitos em artigos, -
3:33 - 3:36mas só cerca de 25%
foram detetados na revisão. -
3:36 - 3:38Muitos cientistas estão a trabalhar
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3:38 - 3:41para melhorar a possibilidade
de reprodução nas suas áreas. -
3:41 - 3:43Há a tendência para tornar
mais acessíveis -
3:43 - 3:45os investigadores de dados em bruto,
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3:45 - 3:47os procedimentos experimentais,
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3:47 - 3:49e as técnicas analíticas,
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3:49 - 3:51para facilitar estas tentativas
de reprodução. -
3:51 - 3:54O processo de revisão pelos pares
também pode ser reforçado -
3:54 - 3:57para eliminar mais eficazmente
os artigos fracos, antes da publicação. -
3:57 - 4:00Podemos equilibrar a pressão
para encontrar grandes resultados, -
4:00 - 4:04publicando mais artigos em que
não se confirma a hipótese inicial, -
4:04 - 4:06uma coisa que acontece muito mais vezes
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4:06 - 4:09do que sugere
a atual literatura científica. -
4:09 - 4:12A ciência sempre encontrou,
e sempre irá encontrar, falsas partidas, -
4:12 - 4:15o que faz parte da aquisição coletiva
de novos conhecimentos. -
4:15 - 4:17Encontrar formas de melhorar
-
4:17 - 4:19a possibilidade de reprodução
dos resultados -
4:19 - 4:22pode ajudar-nos a eliminar
essas falsas partidas mais eficazmente, -
4:22 - 4:25e a avançar com segurança
para novas descobertas empolgantes.
- Title:
- Será que há crise da possibilidade de reprodução na ciência? — Matt Anticole
- Description:
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Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/is-there-a-reproducibility-crisis-in-science-matt-anticole
Os estudos científicos publicados podem motivar a investigação, inspirar produtos e influenciar políticas. No entanto, recentes estudos que examinaram dezenas de artigos farmacêuticos publicados, só conseguiram reproduzir menos de 25% deles — e encontraram-se resultados idênticos noutras áreas científicas. Como combatemos esta crise de capacidade de reprodução científica? Matt Anticole investiga.
Lição de Matt Anticole, animação de Brett Underhill
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:47
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