Como reviver um bairro: com imaginação, beleza e arte
-
0:02 - 0:04Eu sou um oleiro,
-
0:05 - 0:09o que parece ser uma vocação bem modesta.
-
0:10 - 0:13Sei muito sobre vasos.
-
0:13 - 0:16Gastei mais ou menos 15 anos fazendo-os.
-
0:16 - 0:19Uma das coisas que me estimula
em minha atividade artística, -
0:19 - 0:22e sendo treinado como oleiro,
-
0:22 - 0:28é que você rapidamente aprende como fazer
coisas grandiosas a partir do nada; -
0:28 - 0:34passei muito tempo na minha roda
tentando fazer coisas com argila; -
0:34 - 0:38e as limitações da minha capacidade,
minha habilidade, -
0:38 - 0:41estavam nas minhas mãos
e minha imaginação; -
0:41 - 0:43se quisesse fazer um vaso bem bonito
-
0:43 - 0:45e não soubesse como fazer o pé ainda,
-
0:45 - 0:47teria que aprender como fazê-lo;
-
0:48 - 0:52esse processo de aprendizagem
tem sido muito, muito útil na minha vida. -
0:53 - 0:55Eu sinto, como oleiro,
-
0:55 - 0:58que você também começa
a aprender a moldar o mundo. -
0:59 - 1:02Houve ocasiões,
em minha aptidão artística, -
1:02 - 1:05que quis refletir
-
1:05 - 1:08sobre outros momentos importantes
-
1:08 - 1:11na história dos EUA, na história do mundo
-
1:11 - 1:13em que coisas árduas aconteceram,
-
1:13 - 1:16mas como você fala sobre ideias difíceis
-
1:16 - 1:19sem separar as pessoas deste contexto?
-
1:20 - 1:25Eu poderia usar a arte, como estas velhas
mangueiras de incêndio do Alabama, -
1:25 - 1:31para falar sobre as complexidades
dos direitos civis nos anos 60? -
1:32 - 1:37É possível falar sobre meu pai e eu
fazendo projetos de trabalho? -
1:37 - 1:41Meu pai era telhador, uma cara
da construção, tinha pequenos negócios -
1:41 - 1:46e nos anos 80, ao se aposentar, deixou
sua caldeira de asfalto como herança. -
1:48 - 1:52Bom, uma caldeira de asfalto não parecia
ser bem uma herança, e não era. -
1:52 - 1:56Cheirava mal e ocupou bastante
espaço no meu estúdio. -
1:56 - 2:00Mas perguntei ao meu pai
se ele gostaria de fazer arte comigo, -
2:00 - 2:04se poderíamos reinventar
este tipo de material inútil -
2:04 - 2:06como algo muito especial.
-
2:06 - 2:10E ao dar valor a este material,
e a habilidade do meu pai, -
2:10 - 2:15poderíamos pensar no piche
como barro, de um novo jeito, -
2:16 - 2:20moldando-o de modo diferente, ajudando-nos
a imaginar o que seria possível? -
2:22 - 2:26Depois do barro, fiquei interessado
em vários tipos de materiais diferentes -
2:26 - 2:29e meu estúdio cresceu muito
porque pensei: "Bem, -
2:29 - 2:33não é o material,
mas a capacidade de moldar coisas." -
2:33 - 2:36Fiquei cada vez mais
interessado nas ideias -
2:36 - 2:41e nas coisas que estavam
acontecendo fora do meu estúdio. -
2:42 - 2:45Só para dar um pouco de contexto,
eu moro em Chicago. -
2:45 - 2:48Eu moro no Lado Sul agora.
Eu era do Lado Oeste. -
2:48 - 2:51Para quem não é de Chicago,
isso não quer dizer nada. -
2:51 - 2:54Mas, se eu não dissesse
que era do Lado Oeste, -
2:54 - 2:57muita gente na cidade
ficaria bem chateada. -
2:58 - 3:01O bairro onde eu moro é Grand Crossing.
-
3:01 - 3:04É um bairro que já teve dias melhores.
-
3:05 - 3:09Está longe de ser um condomínio fechado.
-
3:09 - 3:12Há muito abandono em meu bairro,
-
3:12 - 3:16e enquanto eu estava ocupado
fazendo vasos e arte, -
3:16 - 3:18e fazendo uma boa carreira artística,
-
3:18 - 3:20estavam acontecendo várias coisas
-
3:20 - 3:22no lado de fora do meu estúdio.
-
3:22 - 3:25Todos nós sabemos sobre o fracasso
do mercado imobiliário -
3:25 - 3:27e os desafios da deterioração urbana,
-
3:27 - 3:31e sinto que falamos mais sobre isso
em algumas cidades do que em outras, -
3:31 - 3:33mas eu penso que muitas
cidades nos EUA, e outras, -
3:33 - 3:36enfrentam o desafio da deterioração,
-
3:36 - 3:40construções abandonadas
com as quais não se sabe o que fazer. -
3:40 - 3:43Então pensei: "Há uma maneira
de começar a ver -
3:43 - 3:48estes lugares como uma extensão
ou expansão da minha prática artística?" -
3:48 - 3:51E se eu estivesse pensando
com outros criadores, -
3:51 - 3:55arquitetos, engenheiros,
financiadores imobiliários, -
3:55 - 3:58que, juntos, seríamos capazes de pensar,
-
3:58 - 4:02de modo mais complexo,
sobre a reformulação das cidades? -
4:03 - 4:05E então eu comprei um sobrado.
-
4:05 - 4:07O preço era acessível.
-
4:07 - 4:09Nós o decoramos.
-
4:09 - 4:14Nós o deixamos o mais bonito possível
para ter alguma atividade acontecendo -
4:14 - 4:16no meu quarteirão.
-
4:16 - 4:19Depois que o comprei
por cerca de US$ 18 mil, -
4:19 - 4:20fiquei sem dinheiro.
-
4:20 - 4:25Então eu comecei a varrê-lo
como um tipo de performance. -
4:26 - 4:28Isto é performance artística,
e as pessoas chegariam -
4:28 - 4:30e eu começaria a varrer.
-
4:30 - 4:33Porque a vassoura era de graça
e varrer também. -
4:33 - 4:35E deu certo.
-
4:35 - 4:37(Risos)
-
4:37 - 4:42Usamos este lugar para organizar
exposições, pequenos jantares, -
4:42 - 4:46e descobrimos que aquele sobrado
no meu quarteirão, Dorchester, -
4:46 - 4:49nos referimos ao quarteirão agora
como "projeto Dorchester", -
4:49 - 4:53poderia se tornar um tipo
de área de encontro -
4:53 - 4:55para vários tipos
de atividades diferentes. -
4:55 - 4:59Transformamos o lugar
no que chamamos de "Casa do Arquivo". -
4:59 - 5:02A Casa do Arquivo poderia
fazer várias coisas incríveis. -
5:02 - 5:06Pessoas importantes da cidade
e de outros lugares -
5:06 - 5:08se encontrariam no meio do gueto.
-
5:08 - 5:10E foi quando eu senti
-
5:10 - 5:14que talvez houvesse uma relação
entre minha história com o barro -
5:14 - 5:16e esta coisa nova que estava
começando a desenvolver, -
5:16 - 5:19que estávamos começando lentamente
-
5:19 - 5:22a remodelar o modo como as pessoas
imaginavam o Lado Sul da cidade. -
5:23 - 5:26Uma casa acabou virando várias,
-
5:26 - 5:28e sempre tentamos propor
-
5:28 - 5:32que não basta apenas criar
um ambiente bonito, -
5:32 - 5:36mas o que acontece dentro
desses lugares também é importante. -
5:36 - 5:39Não estávamos pensando
apenas em empreendimentos, -
5:39 - 5:41mas estávamos pensando sobre o programa,
-
5:41 - 5:44pensando sobre o tipo de conexões
que poderiam acontecer -
5:44 - 5:49entre uma casa e outra;
entre um vizinho e outro. -
5:49 - 5:53Esse lugar se transformou
no que chamamos de "Casa da Escuta", -
5:53 - 5:56e tem uma coleção de livros descartados
-
5:56 - 5:59da Johnson Publishing Corporation,
-
5:59 - 6:03e outro livros de uma antiga livraria
que estava fechando. -
6:03 - 6:07Na verdade, eu queria ativar
esses lugares o máximo possível -
6:07 - 6:11com o que tivesse
e com quem quisesse se juntar a mim. -
6:12 - 6:15Em Chicago há prédios incríveis.
-
6:15 - 6:19Este lugar havia sido
uma casa de drogados no quarteirão, -
6:19 - 6:21e quando ela ficou abandonada,
-
6:21 - 6:25se tornou uma grande oportunidade
para imaginar o que poderia acontecer lá. -
6:25 - 6:29Este espaço transformamos
no que chamamos de "Casa do Cinema Negro". -
6:29 - 6:33A Casa do Cinema Negro
foi uma chance de exibir filmes no gueto -
6:33 - 6:38que eram muito importantes e relevantes
para as pessoas que viviam ali; -
6:38 - 6:41se quiséssemos mostrar um filme antigo
do Melvin Van Peebles, nós podíamos; -
6:41 - 6:44se quiséssemos mostrar
"Car Wash", tudo bem. -
6:44 - 6:46Isso seria incrível!
-
6:46 - 6:49O lugar logo ficou pequeno,
-
6:49 - 6:51e tivemos que mudar para um espaço maior.
-
6:51 - 6:55A Casa do Cinema Negro, que foi feita
a partir de um pequeno pedaço de barro, -
6:55 - 7:02tinha se tornado algo muito maior,
que é agora o meu estúdio. -
7:03 - 7:07Notei que, para quem
é viciado em zoneamento, -
7:07 - 7:09algumas das coisas que eu estava fazendo
-
7:09 - 7:12nesses lugares que tinham
sido abandonados, -
7:12 - 7:15não eram a destinação
original dos prédios. -
7:15 - 7:18e que há políticas da cidade que dizem:
-
7:18 - 7:21"Ei, uma casa residencial
deve permanecer residencial." -
7:21 - 7:26Mas o que fazer em bairros
onde ninguém tem interesse em viver lá? -
7:26 - 7:30Onde as pessoas que têm condições
para sair, já saíram. -
7:30 - 7:32O que fazer com essas
construções abandonadas? -
7:32 - 7:36Eu estava tentando reerguê-las
por meio da cultura. -
7:36 - 7:39Descobrimos que isso era tão
animador para as pessoas -
7:39 - 7:43e elas eram tão receptivas ao trabalho,
que tivemos que encontrar lugares maiores. -
7:43 - 7:45No momento em que
achamos lugares maiores, -
7:45 - 7:50havia, em parte os recursos necessários
para pensar sobre aquelas coisas. -
7:50 - 7:54Este banco, que chamamos de "Banco
das Artes", estava em mau estado. -
7:54 - 7:57Havia dois metros de água parada.
-
7:57 - 8:00Foi um projeto difícil de financiar,
-
8:00 - 8:02já que os bancos não tinham
interesse no bairro; -
8:02 - 8:05porque as pessoas não tinham
interesse no bairro; -
8:05 - 8:07porque nada acontecia lá.
-
8:07 - 8:11Era sujo, não tinha nada. Era um vazio.
-
8:11 - 8:16Então começamos a imaginar,
o que mais poderia acontecer lá? -
8:16 - 8:22(Aplausos)
-
8:22 - 8:25E agora que a fama
do meu quarteirão se espalhou, -
8:25 - 8:27e muitas pessoas estão
começando a visitar, -
8:27 - 8:29descobrimos que o banco
pode agora ser um centro -
8:29 - 8:32para exposições, arquivos,
performances musicais; -
8:32 - 8:35e que agora há pessoas interessadas
-
8:35 - 8:38em ser vizinhas desses lugares
porque trouxemos calor, -
8:38 - 8:41nós aquecemos o lugar.
-
8:41 - 8:45Um dos arquivos que nós temos lá
é o Johnson Publishing Corporation. -
8:45 - 8:49Também começamos a juntar
“memorabilia” da historia americana, -
8:49 - 8:52de pessoas que vivem ou viveram no bairro.
-
8:52 - 8:56Algumas dessas imagens
são imagens degradadas de pessoas negras, -
8:56 - 8:59histórias de conteúdo
bastante desafiador, -
8:59 - 9:02e onde melhor do que um bairro,
-
9:02 - 9:06com jovens que estão constantemente
se perguntando sobre sua identidade, -
9:06 - 9:08para falar sobre algumas das complexidades
-
9:08 - 9:10de raça e classe?
-
9:11 - 9:15Em alguns aspectos
o Banco representa um centro, -
9:15 - 9:20estamos tentando criar uma intensa
atmosfera de atividade cultural, -
9:20 - 9:23e se pudéssemos começar
a fazer vários centros -
9:23 - 9:26e conectá-los com um pouco de verde,
-
9:26 - 9:29os lugares que compramos e reformamos,
-
9:29 - 9:32que agora são por volta
de 60 ou 70 unidades, -
9:32 - 9:37se pudéssemos colocar
pequenas "Versalhes" por lá, -
9:37 - 9:41e conectar esses lugares
com um belo cinturão verde... -
9:41 - 9:44(Aplausos)
-
9:44 - 9:47Este lugar onde as pessoas
nunca quiseram estar, -
9:47 - 9:50se tornaria um importante destino
-
9:50 - 9:52para as pessoas de todo o país e do mundo.
-
9:53 - 9:57De algum modo, me pareço
muito com um oleiro, -
9:57 - 10:00nós lidamos com as coisas
que estão na nossa roda, -
10:00 - 10:02tentamos, com a habilidade que temos,
-
10:02 - 10:07pensar sobre o próximo vaso
que quero fazer. -
10:07 - 10:12E foi de um vaso para uma casa,
para um bloco, para um bairro, -
10:12 - 10:15para um distrito cultural,
para pensar sobre a cidade, -
10:15 - 10:19e a cada ponto, havia coisas
que eu não sabia que tinha que aprender. -
10:19 - 10:22Eu nunca aprendi tanto sobre
lei de zoneamento na minha vida. -
10:22 - 10:23Nunca pensei que precisasse aprender.
-
10:23 - 10:26Mas, como resultado disso,
estou achando que não há espaço apenas -
10:26 - 10:28para a minha atividade artística,
-
10:28 - 10:31há espaço para muitas
outras atividades artísticas. -
10:31 - 10:33Então as pessoas começaram a perguntar:
-
10:33 - 10:36"Bom, Theaster, como você
vai escalar isso?" -
10:36 - 10:38"Qual é o seu plano de sustentabilidade?"
-
10:38 - 10:43(Risos)
(Aplausos) -
10:43 - 10:47E eu descobri
que eu não poderia me exportar, -
10:47 - 10:50que o que parece necessário
em cidades como Akron em Ohio, -
10:50 - 10:53Detroit em Michigan e Gary em Indiana,
-
10:53 - 10:57é que já existem pessoas
nesses lugares que acreditam neles, -
10:57 - 11:00que já estão dando o máximo
para torná-los belos; -
11:00 - 11:03e frequentemente, aquelas pessoas
que são apaixonadas por um lugar -
11:03 - 11:07estão desconectadas dos recursos
para fazer coisas legais acontecerem, -
11:07 - 11:10ou desconectadas de uma
contingência de pessoas -
11:10 - 11:12que poderiam ajudar
a fazer as coisas acontecerem. -
11:12 - 11:16Então agora, começamos
a aconselhar, pelo país, -
11:16 - 11:18como começar com o que você tem;
-
11:18 - 11:21como começar com as coisas
que estão à sua frente; -
11:21 - 11:24como criar algo do nada;
-
11:24 - 11:28como remodelar o seu mundo
numa roda, ou no seu quarteirão -
11:28 - 11:31ou na escala da cidade.
-
11:31 - 11:32Muito obrigado.
-
11:32 - 11:38(Aplausos)
-
11:40 - 11:43June Cohen: Obrigada. Acho que muitas
pessoas que estão nos assistindo, -
11:43 - 11:46estão se perguntando sobre a questão
que você levantou no final: -
11:46 - 11:49"Como elas podem fazer isso
em sua própria cidade?" -
11:49 - 11:50Você não pode se exportar.
-
11:50 - 11:54Fale um pouco da sua estratégia
sobre o que alguém que se inspira -
11:54 - 11:57na própria cidade pode fazer
para adotar projetos como o seu? -
11:57 - 12:00Theaster Gates: Uma das coisas
que acho importante -
12:00 - 12:04é pensar não apenas no projeto individual,
-
12:04 - 12:07como uma casa velha,
-
12:07 - 12:10mas qual é a relação entre a casa velha,
-
12:10 - 12:13uma escola, uma pequena mercearia;
-
12:13 - 12:16há algum tipo de sinergia
entre essas coisas? -
12:16 - 12:18Você consegue fazer
essas pessoas conversarem? -
12:18 - 12:23Eu descobri que mesmo em casos
onde os bairros fracassaram, -
12:23 - 12:25eles ainda pulsavam.
-
12:25 - 12:28Como você identifica o pulso
desse lugar, as pessoas apaixonadas -
12:28 - 12:31e então, como você faz o povo
que esteve lutando, -
12:31 - 12:36trabalhando duro por 20 anos,
vibrar com o lugar que eles vivem? -
12:36 - 12:38Alguém tem que fazer este trabalho.
-
12:38 - 12:42Se eu fosse um empreendedor tradicional,
estaria falando somente sobre construções -
12:42 - 12:46e então, colocando placas
de "Aluga-se" na janela. -
12:46 - 12:49Eu acho que você tem
que fazer mais do que isso; -
12:49 - 12:52que há coisas das quais
você deve estar atento, -
12:52 - 12:55quais os tipos de negócio
que eu quero que cresçam aqui? -
12:55 - 12:57E então, há pessoas nesse lugar
-
12:57 - 12:59querem desenvolver esses negócios comigo?
-
12:59 - 13:02Porque eu acho que não se trata
apenas de um espaço cultural ou habitação; -
13:02 - 13:05tem que haver a recriação
de um núcleo econômico. -
13:05 - 13:09Então, pensar sobre essas coisas
juntas parece o certo. -
13:09 - 13:12JC: É difícil fazer com que as pessoas
se animem novamente -
13:12 - 13:13depois de trabalhar duro por 20 anos.
-
13:13 - 13:17Existem métodos que você descobriu
que tenha ajudado a romper com isso? -
13:17 - 13:20TG: Sim, eu creio que agora
há vários exemplos -
13:20 - 13:22de pessoas que estão
fazendo um trabalho incrível, -
13:22 - 13:26mas esses métodos são às vezes como...
Quando a mídia constantemente diz -
13:26 - 13:29que apenas coisas violentas
acontecem num lugar, -
13:29 - 13:32então, com base nas suas habilidades
e no contexto particular, -
13:32 - 13:36quais são as coisas que você
pode fazer no seu bairro -
13:36 - 13:38para lutar contra essas coisas?
-
13:38 - 13:41Eu descobri que se você
for uma pessoa do teatro, -
13:41 - 13:43pode fazer festivais de teatro
ao ar livre. -
13:43 - 13:47Em alguns casos, não temos os recursos,
em determinados bairros, -
13:47 - 13:50para fazer coisas deslumbrantes,
-
13:50 - 13:53mas se pudermos encontrar formas
de assegurar que as pessoas -
13:53 - 13:56de um lugar se juntem àquelas
-
13:56 - 13:58que podem apoiar
as coisas que acontecem localmente, -
13:58 - 14:00e quando essas pessoas se juntam,
-
14:00 - 14:02acho que coisas incríveis podem acontecer.
-
14:02 - 14:04JC: Interessante.
-
14:04 - 14:06Como se certificar que os projetos
que você está criando -
14:06 - 14:08sejam realmente para os desfavorecidos,
-
14:08 - 14:12e não apenas para um grupo
de vegetarianos de um filme hippie -
14:12 - 14:14que podem se mudar para lá
para tirar vantagem. -
14:14 - 14:19TG: Isso mesmo. Creio que aqui
é onde as coisas começam a ficar sérias. -
14:19 - 14:22JC: Vamos lá!
TG: Neste momento, o Grand Crossing -
14:22 - 14:25é 99% negro, ou pelo menos
os que vivem ali, -
14:25 - 14:28e nós sabemos que talvez
quem seja dono do imóvel -
14:28 - 14:31não seja quem anda
pelas ruas todos os dias. -
14:31 - 14:34Então é razoável dizer
que o Grand Crossing já está -
14:34 - 14:37no processo de ser algo
diferente do que é hoje. -
14:37 - 14:43Mas existem maneiras de pensar sobre
cooperativas de habitação -
14:43 - 14:45ou num empreendimento social
-
14:45 - 14:48que comece a proteger
alguma parte do espaço, -
14:48 - 14:53porque quando você tem
7.500 lotes vazios numa cidade, -
14:53 - 14:55você quer que alguma coisa aconteça ali,
-
14:55 - 14:58mas é necessário que haja
entidades não apenas interessadas -
14:58 - 15:02no empreendimento, mas na estabilização,
-
15:02 - 15:06acho que às vezes a parte do
empreendimento está bem motivada, -
15:06 - 15:09mas a parte da consciência de bairro,
-
15:09 - 15:11essa parte não existe mais.
-
15:11 - 15:15Então, como você começa a criar
defensores importantes -
15:15 - 15:18que assegurem que os recursos
que são disponibilizados -
15:18 - 15:20para os que estão chegando
-
15:20 - 15:23sejam também distribuídos aos que já
vivem num lugar há muito tempo? -
15:23 - 15:25JC: Faz sentido.
Mais uma pergunta: -
15:25 - 15:30Você advocou para a beleza,
a importância dela e também as artes. -
15:30 - 15:33Talvez outros argumentem
que os fundos seriam melhor gastos -
15:33 - 15:36em serviços básicos
para os desfavorecidos. -
15:36 - 15:40Como você combate esse ponto de vista,
ou como o contesta? -
15:40 - 15:43TG: Eu acredito que a beleza
é um serviço básico. -
15:43 - 15:49(Aplausos)
-
15:50 - 15:54Frequentemente, tenho visto
que quando há recursos -
15:54 - 15:58que não foram disponibilizados
a certas cidades, bairros, -
15:58 - 16:00ou comunidades desfavorecidas,
-
16:00 - 16:04às vezes a cultura é algo
que ajuda a incentivar, -
16:04 - 16:07e eu não posso fazer tudo sozinho;
-
16:07 - 16:10mas eu acho que há uma maneira
em que se pode começar com a cultura -
16:10 - 16:13e levar as pessoas
a reinvestirem no seu lugar; -
16:13 - 16:18outras instalações adjacentes
começam a surgir, -
16:18 - 16:22e, então, as pessoas podem fazer
uma exigência poética, -
16:22 - 16:27e as exigências políticas que são
necessárias para despertar nossas cidades -
16:27 - 16:29também se tornam bastante poéticas.
-
16:29 - 16:30JC: Isto faz sentido para mim.
-
16:30 - 16:33Theaster, muito obrigado por estar
hoje aqui conosco. -
16:33 - 16:34Obrigada. Theaster Gates.
-
16:34 - 16:39(Aplausos)
- Title:
- Como reviver um bairro: com imaginação, beleza e arte
- Speaker:
- Theaster Gates
- Description:
-
Theaster Gates, oleiro de profissão e ativista social por vocação, queria fazer algo com relação ao estado lamentável de seu bairro no lado sul de Chicago. E assim ele fez, transformando casas abandonadas para criar centros comunitários que conectam e inspiram aqueles que ainda vivem lá, e atraem quem vem de fora. Nesta apaixonante palestra, Gates fala sobre os seus esforços para construir uma "pequena Versalhes" em Chicago, e compartilha sua fervorosa crença de que a cultura pode ser uma catalisadora para a transformação social em qualquer cidade, em qualquer lugar.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:52
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira approved Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art | ||
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to revive a neighborhood: with imagination, beauty and art |