Terminando com a busca pela perfeição | Iskra Lawrence | TEDxUniversityofNevada

Nesta palestra inspiradora, a modelo Iskra Lawrence afirma que todos nós precisamos ser ensinados a cuidar de si mental, física e emocionalmente e nos encoraja a investir em nós mesmos. Ela dá exemplos de técnicas de cuidado próprio como o "desafio do espelho" e a "lista de gratidão", que funcionam para qualquer pessoa, idade ou hora. Se aprendermos e praticarmos o cuidado próprio, poderemos apresentá-lo a outras pessoas.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Engraçado, minha palestra
começava com: "Há um problema".

E quase houve um, eu estava
com soluços bem fortes,

mas, felizmente, está tudo bem
e podemos começar.

Mas, realmente temos um problema,

pois o relacionamento mais importante
que temos em nossas vidas

é aquele com nós mesmos
e não somos ensinados sobre isso.

Quero desafiá-los a pensar que,

se fossemos ensinados a zelar
por nós mesmos com cuidado próprio,

poderíamos enriquecer nossas vidas,
nos fazer mais felizes,

lutar contra nossas inseguranças

e nos prepararmos para alcançar
nosso potencial máximo.

Por exemplo, você já culpou
seu próprio corpo?

"Meu Deus, que vestido lindo!

Não consigo usá-lo,
tenho essas gordurinhas."

"Sei por que ele não me ligou.

Engordei 4 kg na semana passada.

Malditas batatas fritas!"

(Risos)

O fato é

que a imagem corporal é usualmente
associada à garotas adolescentes.

Mas, na realidade, homens e meninos
também sofrem com isso.

Distúrbio alimentar e saúde mental
podem afetar a todos

em qualquer idade ou momento.

Por isso essa causa
é tão importante para mim

e estou aqui hoje me conectando
com todos vocês.

Muitos caras estão indo à academia
e exagerando nos esteroides,

pois talvez suas "selfies"
terão mais curtidas,

se tiverem uma barriga tanquinho
e não de cerveja.

(Risos)

Sei que, quando eu era jovem,
olhava para o espelho todo santo dia

e odiava o que via.

"Porque tenho as coxas coladas?"

"Por que parece que esta coxa
comeu a outra?"

(Risos)

"Ah... Mais espinhas? Tá de brincadeira?"

"Eu me odeio."

Isso é muito triste,

pois não teremos de volta aqueles anos

de autodesprezo, inveja
e obsessão com calorias.

Decidi usar as minhas experiências

para ter um melhor entendimento
do relacionamento que possuo

com meu corpo e comigo.

Praticando o cuidado próprio,
fui capaz de mudar minha vida.

Espero que hoje possa encorajá-los,
se ainda não começaram,

a iniciarem a jornada de amor-próprio.

Está tudo louco, atualmente.

Estamos diante de tantas pressões,
e agora temos as redes sociais.

Com o aumento das redes sociais,
nós literalmente temos

uma arma de destruição
de nossa autoestima 24 horas ao dia.

Todos vocês usam redes sociais.

Já perderam uma, duas,
talvez três horas de sua vida,

fascinados com o perfil de alguém?

Sim?

Pensando: "Uau, olha só,
estão tão apaixonados".

"Oh, estão tendo todos
esses feriados incríveis!"

"Eles têm o trabalho dos sonhos!
Têm a vida perfeita!"

"Porque a minha vida não é assim?"

O assustador é que isso não é real.

As redes sociais são mediadas,
filtradas, manipuladas,

e, às vezes, são até uma ilusão
de um estilo de vida.

Precisamos ser ensinados sobre isso.

Precisamos ser ensinados a lidar
com essa pressão nas escolas.

Tornou-se minha missão
ensinar o cuidado próprio

e colocá-lo no sistema educacional.

Pois precisamos ser educados
sobre como cuidar de nós mesmos

mental, física e emocionalmente.

Sou muito grata por ter
mais de 3 milhões de seguidores,

e me empenho para ser autêntica
e honesta com eles,

e não retocar nenhuma das minhas fotos,
pois tenho que me perdoar.

Estou na indústria de modelos há 13 anos.

Recebia fotos minhas

que minha família não conseguia
me reconhecer, nas páginas da revista.

Sequer me achavam!

Olhava para as fotos e pensava:

"Uau! Onde está metade dos meus braços?
Minhas pernas estão muito mais finas!

Não tenho falhas.

É assim que tenho que ser?

Tenho que ser essa imagem aperfeiçoada?"

Nem eu consigo ser desse jeito,
e esta sou eu!"

Isso é errado!

Em primeiro lugar, por que temos
essas inseguranças?

Porque, desde cedo,
somos levados a acreditar

que nosso sucesso e felicidade
dependem muito de quão atraentes somos.

Pensem nos príncipes
e princesas que vocês já viram:

magros, musculosos, altos e proporcionais.

As revistas... celebrando perdas de peso
excessivas, nada saudáveis.

Ou os que fizeram cirurgia plástica
para rejuvenescer 20 anos.

Pois, se somos inseguros,
somos um consumidor motivado.

Nos oferecem creme antirrugas aos 13 anos;

ou sutiã "push up", que é
absolutamente ridículo;

estive em sets anos atrás, em que usavam
um sutiã debaixo de outro

para conseguir um decote inalcançável.

(Risos)

Sim. Também usam calcinhas de enchimento.

Essas calcinhas são usadas
em todos os comerciais de jeans.

(Risos)

Recentemente fui treinada

pela Associação Nacional
de Distúrbios Alimentares dos E.U.A.,

da qual sou embaixadora,
em algo chamado "The Body Project".

É o primeiro curso,
cientificamente provado,

que ajuda a prevenir
distúrbios alimentar em jovens.

São apenas quatro sessões de um hora,

o impacto nos estudantes foi incrível,

e confirmei que é
necessário falar sobre isso.

Pensei em compartilhar
algumas dessas coisas com vocês.

O principal conceito que ensinamos
é o "mito da beleza ideal".

Fazemos todas as crianças usarem revistas
e escolherem os corpos perfeitos.

Depois, fazemos o mito cair por terra.

"Certo, qual é o corpo perfeito?"

"É alto com grandes peitos, cintura fina,

ou com abdomens perfeitos,
bronzeado, cabelo liso, sem falhas".

"Isto é real?"

"Não."

"Isto é alcançável?"

"Não."

Quais são os sacrifícios e custos
para tentar obter isso?

É prejudicial à sua saúde mental e física.

E adivinha?

Quem ganha com essa batalha?

As marcas, as revistas,
a indústria farmacêutica.

E quem perde?

Nós perdemos!

Precisamos aceitar
nossos corpos acima de tudo.

Precisamos parar
de tentar obter a perfeição,

pois já somos bons o bastante.

Se começarmos a redefinir
o ideal de beleza,

imaginem celebrar as conquistas de alguém,

suas realizações, personalidade,
morais e valores.

Para mim, isso é lindo.

Recentemente, fui desafiada
a fazer três mulheres,

que nunca aceitariam vestir um biquíni,

usarem um, ao vivo na TV,
diante de 3 milhões de pessoas,

e nas ruas de Londres,
em frente a multidões.

Eram mulheres mais velhas,
geralmente, falo com crianças de escola.

Tinha uma senhora nos seus 70 anos,

que perdera há pouco
seu parceiro e tinha excesso de pele.

Tinha outra senhora, uma mãe
que tivera distúrbio alimentar

e sofreu a vida toda
com sua imagem corporal.

A outra tinha sido horrivelmente humilhada
pelo ex-parceiro por causa de seu corpo.

Então, nos bastidores, pensei:
"Certo, espero que eu consiga fazer isso".

Me ligaram, falando: "Iskra,
você precisa ir ao vestiário agora.

Elas estão em pânico".

É óbvio!

Prenderam três mulheres em um quarto
com um espelho, cinco biquínis e falaram:

"Precisam escolher
um desses e sair com ele".

Qual é, isso é muita pressão.

Fui até lá e falei com elas sobre uma
das maiores áreas do cuidado próprio,

que chamo de "desafio do espelho".

Ao ficarem de frente para o espelho,
a primeira coisa que elas veem,

e tenho certeza que muitos aqui também,
são as inseguranças.

Precisamos mudar a conversa.

Coloquei-as em frente ao espelho,
vestindo os biquínis, e disse a elas:

"Escolham cinco coisas
que vocês amam sobre si mesmas".

Demonstrei com alguns exemplos
e elas disseram:

"Bem, sou a vida da festa".

"Sou uma ótima amiga."

"Sou criativa, independente,
trabalhadora, corajosa."

Então, elas começam a pensar:
"Uau, sou bem legal!"

Sentiram orgulho de si mesmas.

Depois eu disse:
"Agora, escolham cinco coisas

que seu corpo faz por vocês,
que vocês amam".

Pois queremos mudar a conversa,
e não é só sobre como seu corpo é.

Seu corpo é uma coisa incrível.

Elas começaram a falar.
Foi muito inspirador para mim também.

Nunca sabemos
o que as pessoas irão dizer.

Uma disse: "Essas estrias,

apesar de ser superinsegura
sobre elas, são muito significativas.

Essa barriga me possibilitou
parir meu filhos.

Hoje tenho netos, e eles são
a melhor parte da minha vida".

Outra mulher disse:
"Sou grata a essas mãos,

pois fui capaz de ser uma costureira
e cuidar da minha família".

A última mulher disse: "Amo minhas pernas,

pois amo correr pelos campos britânicos;

me acalma e é o que me faz feliz".

Essas mulheres sorriam.

Sentiram-se valorizadas.

Estavam tão orgulhosas de si.

Continuei dizendo a elas que isso
não irá mudar só a vida delas,

ser capaz de aceitar seus corpos,
sair daqui e ser confiante,

mas também a vida
de outras mulheres e homens,

que se sentem da mesma maneira.

Também irá ajudá-los.

O fato de conseguirem fazer isso,

possivelmente vai empoderá-los também.

Eu não tinha completa certeza
se elas iriam realmente conseguir,

mas fomos lá fora, bem ao lado
do Rio Tâmisa, em Londres,

e todas elas tiraram seus roupões.

Houve lágrimas, abraços,

duas delas nem sequer
vestiram os roupões de volta.

Foram diretamente ao programa de TV,

de volta ao vestiário,

e falaram: "Aqui estou,
está acontecendo, então não vou voltar!"

(Risos)

Foi transformador.

Nunca me senti com tanto propósito,
tão cheia de esperança.

Por isso estou tão feliz
de estar aqui com vocês

para contar essas histórias.

Essa é uma das principais formas
que pratico o cuidado próprio.

A próxima se chama "lista de gratidão".

Tenho um exemplo,
tive que usá-la há pouco tempo,

estava em L.A. com meu namorado
e estávamos fazendo compras.

Fomos a uma loja, vi um jeans
lindo, de grife, e pensei:

"Vou me premiar".

Uma vendedora da loja disse:
"Qual é o seu tamanho?"

Falei: "Eu uso 12. Não sei
que tamanho é aqui, talvez 31".

Ela continua: "Bem, o maior
tamanho que temos é este,

é um 29, mas é bem elástico.

Definitivamente vai caber.
Todo mundo cabe nele".

Pensei: "Tudo bem".

Vou ao vestiário,
que é o pior lugar do mundo.

Primeiro: é muito claustrofóbico,
normalmente é quente,

a iluminação vem de cima,
o espelho é terrível,

e parece que seus demônios internos
estão lá esperando para te atacar.

(Risos)

Estou lá dentro com o jeans,
como se fosse eu contra ele.

Estou lá e penso:
"Isso não está indo bem".

E ela está gritando:
"Aposto que está ótimo!"

E falo: "Ainda não! Quase lá!"

(Risos)

Só chegou até aqui, e pensei:

"Iskra, você tem que desistir".

E foi aí que aconteceu.

Eu quebrei.

A Iskra de 15 anos voltou e disse:

"Você não merece usar esse jeans.

Você é gorda demais.
Qual é o seu problema?

Por que não consegue caber
no maior jeans de toda a loja?"

E aí, pensei: "Qual é, Iskra, vamos!
Use o cuidado próprio, vai, vai!"

Tirei a minha lista de gratidão.

Quero que todos criem uma hoje à noite,

pois foi o que me salvou no momento.

"Uau, certo, estou de férias;
tenho um namorado de verdade,

que me ama mesmo sendo deste tamanho,
então isso, claramente, é bom".

(Risos)

"Estou em L.A., sou da Inglaterra,
isso é incrível".

"Sou saudável, estou viva,
tenho água potável."

E comecei a pensar: "Que diabos?

Este jeans aqui, este pedaço de pano

está tentando me quebrar.

Ele não arruinará meu dia.

Eu me recuso a deixar que isso
destrua como eu me sinto sobre mim".

Então, usei o cuidado próprio;
graças a Deus eu tinha isso.

Ao contrário, teria voltado para a loja
fungando e lacrimejando

e meu namorado perguntaria:
"O que há de errado?"

Essa é uma outra forma
de cuidado próprio que sugiro.

Se voltarmos, a razão disso
pode parecer superficial,

mas, na realidade, é muito importante,

por causa das chocantes
estatísticas que existem.

Vocês sabiam que uma adolescente

tem 12 vezes mais chances
de morrer de distúrbio alimentar

que de qualquer outra doença?

Que há mais de 30 milhões de pessoas

só nos E.U.A, que têm distúrbio alimentar?

E 90% de todas as crianças que se suicidam

têm problemas de saúde mental.

Como mencionei,
as redes sociais estão crescendo.

A pressão só piora.

Hoje, 52% de jovens norte-americanos
dizem que sofrem de "cyberbullying".

Eu tive experiências de ódio na internet.

Também precisamos falar sobre isso.
Isso faz parte do cuidado próprio.

Pois os assediadores

estão apenas jogando
as inseguranças deles sobre você.

Sei que quando alguém fala algo horrível
para mim, é um reflexo de como se sente.

Mas precisamos educar as pessoas,
as vítimas e os assediadores,

para que isso pare de acontecer.

Uma forma de fazer isso é:
ignorar, denunciar, bloquear,

deletar, fingir que nunca aconteceu.

Mas achei outra maneira boa.

Recentemente recebi um comentário
que, para mim, foi hilário,

mas alguns dos meus seguidores
ficaram chateados,

porque dizia: "Por sua causa
o sistema de saúde está uma bagunça.

Você precisa parar de ir ao McDonald's
e comer batatinhas".

Isso é muito ridículo.

Eu estava no set, de roupa de baixo,
fazendo um ensaio com batatinhas ao redor.

Pensei: "Esta parece uma boa oportunidade
para mostrar a eles do que sou feita".

Decidi tirar uma foto coberta
de batatinhas, comendo-as,

como um "VSF".

Tipo: "Não mesmo!
Você vai me deixar pra baixo?

Vou continuar comendo batatinhas,
ainda mais agora, eu amo batatinhas".

(Risos)

Queria me empoderar.

Queria ser capaz de usar algo negativo
e transformá-lo em positivo.

Esse vídeo teve
18 milhões de visualizações,

pois é isso que queremos ver;
queremos fortalecer uns aos outros.

Queremos nos empoderar.

Estou muito grata por estar aqui hoje,
e ter sido capaz de me conectar com vocês,

pois quero encorajar cada um de vocês

a investir em si mesmo agora.

Quero que entendam que se vocês
aprenderem e praticarem o cuidado próprio,

poderão, então, distribuí-lo.

Imaginem ser capaz de dar
a seus amados o dom do amor-próprio.

Falem com seu corpo de um jeito amável,

pois é o único que vocês possuem,
é sua casa e merece seu respeito.

Se virem alguém se destruindo,
fortaleçam-nos de volta.

E vejam sua vida crescer positivamente

ao desistirem de procurar a perfeição.

Pois o ideal de beleza de verdade
é ser o você imperfeito.

Obrigada a todos.

(Aplausos)

Obrigada.

(Vivas) (Aplausos)