Por que um bom livro é uma porta secreta
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0:00 - 0:03Oi pessoal. Meu nome é Mac.
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0:03 - 0:07O meu trabalho é mentir para as crianças,
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0:07 - 0:09mas são mentiras honestas.
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0:09 - 0:10Escrevo livros infantis,
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0:10 - 0:14e há uma citação de Pablo Picasso:
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0:14 - 0:17"Todos sabemos que a Arte não é verdade.
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0:17 - 0:20A arte é uma mentira que nos
faz compreender a verdade, -
0:20 - 0:23ou ao menos a verdade que
nos é dada a entender. -
0:23 - 0:25O artista deve conhecer a maneira
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0:25 - 0:30de convencer os outros
da veracidade de suas mentiras." -
0:30 - 0:33Ouvi isso pela primeira vez
quando era criança, -
0:33 - 0:35e adorei,
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0:35 - 0:37mas não fazia ideia do significado.
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0:37 - 0:39(Risos)
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0:39 - 0:41é por isso que estou aqui
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0:41 - 0:43para falar com vocês
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0:43 - 0:45sobre verdade e mentira,
ficção e realidade. -
0:45 - 0:47Então como desatar
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0:47 - 0:49esse emaranhado de frases?
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0:49 - 0:53Pensei, tenho PowerPoint.
Vamos fazer um diagrama de Venn. -
0:53 - 0:55["Verdade. Mentira."]
(Risos) -
0:55 - 0:57Aí está ele, aí mesmo, bum!
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0:57 - 0:58Temos verdade e mentira,
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0:58 - 1:01e esse pequeno espaço, o limite, no meio.
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1:01 - 1:05Esse espaço liminar, é arte.
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1:05 - 1:08(Risos)
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1:08 - 1:13Certo. Diagrama de Venn.
(Aplausos) -
1:13 - 1:16Mas isso também não ajuda muito.
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1:16 - 1:20O que me fez entender
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1:20 - 1:23a citação e o tipo de arte,
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1:23 - 1:25pelo menos a arte da ficção,
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1:25 - 1:26foi trabalhar com crianças.
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1:26 - 1:29Eu era monitor de colônia de férias.
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1:29 - 1:31Fazia isso nas férias de
verão da faculdade, -
1:31 - 1:34e adorava.
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1:34 - 1:36Era uma colônia de férias esportiva
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1:36 - 1:38para crianças de quatro a seis anos.
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1:38 - 1:40Eu ficava com os de quatro anos,
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1:40 - 1:41o que era bom,
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1:41 - 1:45porque eles não conseguem
praticar esporte e nem eu. -
1:45 - 1:46(Risos)
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1:46 - 1:49Pratico esportes como uma
criança de quatro anos, -
1:49 - 1:53e o que acontecia era que as crianças
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1:53 - 1:55driblavam uns cones, suavam,
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1:55 - 1:57e sentavam sob a árvore
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1:57 - 2:00em que eu já estava sentado. (Risos)
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2:00 - 2:02Eu inventava histórias e contava a elas,
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2:02 - 2:04e também contava sobre a minha vida.
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2:04 - 2:06Contava que nos fins de semana,
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2:06 - 2:09eu ia para casa e era espião
da rainha da Inglaterra. -
2:09 - 2:12E logo, outras crianças
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2:12 - 2:14que não eram do grupo
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2:14 - 2:16começaram a se aproximar,
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2:16 - 2:18e dizer: "Você é Mac Barnett, certo?
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2:18 - 2:21Você é o espião da rainha da Inglaterra."
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2:21 - 2:24Tinha esperado a vida toda,
para estranhos virem até mim, -
2:24 - 2:26e me fazerem essa pergunta.
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2:26 - 2:29Nos meus sonhos, eram
mulheres russas esbeltas, -
2:29 - 2:30mas crianças de quatro anos ...
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2:30 - 2:35Você tem o que pode
em Berkeley, Califórnia. -
2:35 - 2:39Percebi que as histórias que eu contava
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2:39 - 2:42eram reais para mim de um jeito familiar
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2:42 - 2:44e muito empolgantes.
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2:44 - 2:46Acho que o ápice de tudo...
Nunca vou esquecer -
2:46 - 2:49uma menina chamada Riley.
Ela era muito pequena, -
2:49 - 2:51e sempre levava o almoço
lá fora todos os dias, -
2:51 - 2:53e jogava a fruta fora.
-
2:53 - 2:56Ela pegava a fruta,
sua mãe mandava melão todo dia, -
2:56 - 2:58e ela o jogava na hera,
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2:58 - 3:00e depois comia snacks de frutas
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3:00 - 3:03e pudim, e eu dizia, "Riley,
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3:03 - 3:06você não pode fazer isso,
tem que comer a fruta." -
3:06 - 3:08Ela disse: "Por quê?"
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3:08 - 3:09E eu: ao jogar a fruta na hera,
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3:09 - 3:13logo ela estará coberta de melões.
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3:13 - 3:15Acho que é por isso que acabei
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3:15 - 3:20contando histórias para crianças,
em vez de ser nutricionista infantil. -
3:21 - 3:24E Riley falou: "Isso nunca vai acontecer.
Não vai acontecer." -
3:24 - 3:27Então, no último dia do acampamento,
-
3:27 - 3:29acordei cedo, comprei um melão enorme
-
3:29 - 3:31no mercado
-
3:31 - 3:33e o escondi na hera.
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3:33 - 3:35Na hora do almoço, disse:
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3:35 - 3:38"Riley, porque não vai ali ver o que fez?"
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3:38 - 3:41E... (Risos)
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3:41 - 3:43Ela começou a procurar,
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3:43 - 3:46abriu bem os olhos
e apontou para o melão -
3:46 - 3:48que era maior do que a cabeça dela.
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3:48 - 3:51Todas as crianças correram
e ficaram ao redor dela. -
3:51 - 3:52Um dos meninos disse:
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3:52 - 3:54"Porque isso tem etiqueta?"
-
3:54 - 3:57(Risos)
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3:57 - 4:00E eu: "É por isso que também digo
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4:00 - 4:03"para não jogarem etiqueta na hera.
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4:03 - 4:07Coloquem na lixeira.
Isso prejudica a natureza. -
4:08 - 4:14Riley carregou o melão o dia todo
-
4:14 - 4:16e estava muito orgulhosa.
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4:16 - 4:21Riley sabia que não tinha feito
o melão crescer em sete dias, -
4:21 - 4:23mas também sabia que tinha feito,
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4:23 - 4:26e é um lugar estranho,
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4:26 - 4:28mas não é apenas um lugar
em que as crianças vão. -
4:28 - 4:32É tudo. A arte pode
nos levar a esse lugar. -
4:32 - 4:34Ela estava bem nesse lugar, no meio,
-
4:34 - 4:37esse lugar a que podemos
chamar de arte ou ficção. -
4:37 - 4:39Chamarei de maravilha.
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4:39 - 4:42O que Coleridge chamava
de suspensão da descrença -
4:42 - 4:44ou fé poética,
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4:44 - 4:46esses momentos em que
uma história, mesmo estranha, -
4:46 - 4:48tem semelhança com a verdade,
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4:48 - 4:50e somos capazes de acreditar nela.
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4:50 - 4:52Não só as crianças chegam lá.
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4:52 - 4:54Os adultos também podem
e chegamos lá quando lemos. -
4:54 - 4:57É por isso que, daqui a dois dias,
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4:57 - 5:00as pessoas irão a Dublin fazer a caminhada
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5:00 - 5:06de Bloomsday e ver
o que aconteceu em "Ulisses", -
5:06 - 5:08apesar de nada disso ter acontecido.
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5:08 - 5:10Ou irão a Londres visitar Baker Street
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5:10 - 5:12para ver o apartamento de Sherlock Holmes,
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5:12 - 5:14apesar de 221B ser um número pintado
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5:14 - 5:17em um prédio que nunca teve
esse apartamento. -
5:17 - 5:19Esses personagens não são reais,
-
5:19 - 5:21mas temos sentimentos reais
em relação a eles, -
5:21 - 5:22e somos capazes disso.
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5:22 - 5:24Sabemos que eles não são reais,
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5:24 - 5:27e também sabemos que são.
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5:28 - 5:31As crianças percebem isso
mais facilmente do que os adultos. -
5:31 - 5:33Por isso amo escrever para elas.
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5:33 - 5:35Acho que elas são a melhor plateia
-
5:35 - 5:38para a ficção literária séria.
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5:39 - 5:41Quando eu era criança,
-
5:41 - 5:44era obcecado por histórias
de portas secretas, -
5:44 - 5:46como "Nárnia",
-
5:46 - 5:50em que abrimos um guarda-roupa
e chegamos a uma terra mágica. -
5:50 - 5:52Estava convencido de que
portas secretas existiam, -
5:52 - 5:54procurava e tentava passar por elas.
-
5:54 - 5:58Queria viver e passar
para esse mundo de ficção. -
5:58 - 6:04Sempre abria as portas
dos armários das pessoas. (Risos) -
6:04 - 6:07Entrei no armário
do namorado da minha mãe, -
6:07 - 6:09e não havia terra mágica lá.
-
6:09 - 6:12Havia outras coisas estranhas
que minha mãe deveria saber. -
6:12 - 6:13(Risos)
-
6:13 - 6:17E fui contar a ela, todo contente.
-
6:20 - 6:23Depois da faculdade, meu primeiro emprego
-
6:23 - 6:26foi trabalhar atrás de portas secretas.
-
6:26 - 6:28Esse é um lugar chamado 826 Valencia.
-
6:28 - 6:30É na Rua Valencia, nº 826,
-
6:30 - 6:33em Mission, São Francisco.
-
6:33 - 6:35Quando trabalhei lá, havia a sede
-
6:35 - 6:37de uma editora chamada McSweeney's,
-
6:37 - 6:41um centro de escrita filantrópico,
chamado 826 Valencia. -
6:41 - 6:43Mas, na parte da frente,
-
6:43 - 6:44havia uma loja estranha.
-
6:44 - 6:46Era uma região comercial
-
6:46 - 6:49e em São Francisco
não autorizariam algo diferente. -
6:49 - 6:52Por isso, quem a fundou,
um escritor chamado Dave Eggers, -
6:52 - 6:54para cumprir a lei, disse:
-
6:54 - 6:59"Ok, montarei uma loja
de produtos para piratas". -
6:59 - 7:02E assim o fez. (Risos)
-
7:02 - 7:04Ela é linda. Toda em madeira.
-
7:04 - 7:05Há frutos cítricos nas gavetas
-
7:05 - 7:08para não termos escorbuto.
-
7:08 - 7:11Há tapa-olhos de todas as cores,
-
7:11 - 7:13porque, na primavera,
os piratas querem se aventurar. -
7:13 - 7:18O preto não tem graça. Cores pastel.
-
7:18 - 7:20Ou olhos, também de muitas cores.
-
7:20 - 7:24olhos de vidro, dependendo de como
quiserem encarar a situação -
7:25 - 7:28E a loja, curiosamente,
-
7:28 - 7:32as pessoas iam lá e compravam coisas,
-
7:32 - 7:34e acabavam pagando o aluguel
-
7:34 - 7:37do centro de formação,
que era nos fundos. -
7:37 - 7:39Mas, para mim, penso
que o mais importante -
7:39 - 7:42era a qualidade do trabalho que fazíamos,
-
7:42 - 7:44as crianças vinham e aprendiam a escrever,
-
7:44 - 7:49e ao percorrer esse espaço
estranho, liminar, fictício até a escrita, -
7:49 - 7:52o seu trabalho é afetado.
-
7:52 - 7:55É a passagem secreta
que você pode atravessar. -
7:55 - 7:57Eu gerenciei a 826 em Los Angeles
-
7:57 - 8:01e meu trabalho foi montar a loja de lá.
-
8:01 - 8:04Temos "The Echo Park Time Travel Mart".
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8:04 - 8:07É nosso lema:
"Quando você estiver, já estamos." -
8:07 - 8:11(Risos)
-
8:11 - 8:16Fica no Sunset Boulevard, em Los Angeles.
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8:16 - 8:18Nossa amável equipe
está pronta a ajudá-los. -
8:18 - 8:20Eles são de todas as épocas,
-
8:20 - 8:24incluindo os anos 80,
aquele cara ali por último, -
8:24 - 8:26é de um passado muito recente.
-
8:26 - 8:28Temos os Funcionários do Mês,
-
8:28 - 8:31incluindo Genghis Khan, Charles Dickens.
-
8:31 - 8:34Muita gente importante passou por lá.
-
8:34 - 8:36Esta é a seção farmácia.
-
8:36 - 8:37Há medicamentos patenteados,
-
8:37 - 8:40vasos canópicos para órgãos,
-
8:40 - 8:41sabão comunista que diz:
-
8:41 - 8:46"Este sabão é para o ano todo." (Risos)
-
8:46 - 8:48A nossa máquina de raspadinhas quebrou
-
8:48 - 8:51na inauguração e não sabíamos que fazer.
-
8:51 - 8:53O arquiteto ficou coberto
de xarope vermelho -
8:53 - 8:55Parecia que tinha matado alguém,
-
8:55 - 8:57o que não era de se admirar
-
8:57 - 8:59nesse arquiteto em especial,
-
8:59 - 9:02e não sabíamos que fazer.
Era a atração da loja. -
9:02 - 9:03Então pusemos o cartaz:
-
9:03 - 9:07"Quebrada. Voltem ontem".
(Risos) -
9:07 - 9:10Foi uma piada melhor do que a raspadinha,
-
9:10 - 9:14por isso deixamos lá para sempre.
-
9:14 - 9:18"Pedaços de Mamute".
Estas coisas pesam 3 kg cada. -
9:18 - 9:20"Repelente de Bárbaros". Cheio de salada
-
9:20 - 9:24e flores, coisas que os bárbaros odeiam.
-
9:25 - 9:27Línguas mortas.
-
9:27 - 9:29(Risos)
-
9:29 - 9:32Sanguessugas, os pequenos
médicos da Natureza. -
9:32 - 9:36E Fragância Viking, que vem
em aromas ótimos: -
9:36 - 9:40unhas dos pés, vegetais
suados e podres, cinzas de pira. -
9:40 - 9:42Porque cremos que o desodorante Axe
-
9:42 - 9:44só deve ser achado no campo de batalha,
-
9:44 - 9:48e não debaixo dos braços.
(Risos) -
9:48 - 9:50Isto são chips de emoção para robôs,
-
9:50 - 9:52para que possam sentir amor ou medo.
-
9:52 - 9:54A nossa maior venda é Schadenfreude,
-
9:54 - 9:55algo que não esperávamos.
-
9:55 - 9:56(Risos)
-
9:56 - 9:58Não pensamos que isso fosse acontecer.
-
9:58 - 10:00Mas há algo beneficente por trás,
-
10:00 - 10:02as crianças cruzam a porta:
Apenas Funcionários -
10:02 - 10:04e chegam a esse espaço
-
10:04 - 10:06onde fazem dever de casa,
escrevem histórias, -
10:06 - 10:08fazem filmes e aí
é o lançamento de um livro -
10:08 - 10:10com leitura das crianças.
-
10:10 - 10:12Há uma publicação trimestral
-
10:12 - 10:14só com textos das crianças
que vêm após a aula -
10:14 - 10:16e temos festas de lançamento
-
10:16 - 10:19e comem bolo, leem para os pais
-
10:19 - 10:22e bebem leite em taças de champagne.
-
10:22 - 10:25É um espaço muito especial,
-
10:25 - 10:28por causa desse espaço estranho na frente.
-
10:28 - 10:31A piada não é uma piada.
-
10:31 - 10:34Não fica claro onde acaba a ficção,
-
10:34 - 10:37e eu adoro isso. É esse pontinho de ficção
-
10:37 - 10:40que colonizou o mundo real.
-
10:40 - 10:44Eu a vejo como uma espécie
de livro em três dimensões. -
10:44 - 10:46Há um termo chamado metaficção
-
10:46 - 10:50e trata-se apenas de histórias
sobre histórias. -
10:50 - 10:52'Meta' está tendo o seu momento.
-
10:52 - 10:54Seu último grande momento
foi nos anos 60, -
10:54 - 10:57com romancistas como John Barth
e William Gaddis, -
10:57 - 10:58mas está aí de novo.
-
10:58 - 11:01Quase tão antiga quanto contar histórias.
-
11:01 - 11:04Uma técnica metafictícia
-
11:04 - 11:06é derrubar a quarta parede.
-
11:06 - 11:09É quando um ator se vira para a plateia
-
11:09 - 11:10e diz: "Sou um ator,
-
11:10 - 11:13esses são acessórios."
-
11:13 - 11:15E esse momento supostamente honesto,
-
11:15 - 11:17está a serviço da mentira,
-
11:17 - 11:21mas, deveria evidenciar
a artificialidade da ficção. -
11:21 - 11:23Para mim, prefiro o oposto.
-
11:23 - 11:26Vou derrubar a quarta parede.
-
11:26 - 11:28Quero que a ficção escape
-
11:28 - 11:30e venha para o mundo real.
-
11:30 - 11:35Quero que o livro seja
uma porta secreta que se abre -
11:35 - 11:37e deixe as histórias
entrarem na realidade. -
11:37 - 11:40Então, tento fazer isso em meus livros.
-
11:40 - 11:42E este é apenas um exemplo.
-
11:42 - 11:44Este é o primeiro livro que fiz.
-
11:44 - 11:47Chama-se "Billy Twitters
and his Blue Whale Problem", -
11:47 - 11:49sobre um menino que ganhou uma baleia,
-
11:49 - 11:50mas é um castigo
-
11:50 - 11:53e isso destrói sua vida.
-
11:53 - 11:56Então, a baleia chega, pelo FedUp,
-
11:56 - 11:58(Risos)
-
11:58 - 12:00ele tem que levá-la à escola.
-
12:00 - 12:01Ele mora em São Francisco,
-
12:01 - 12:04uma cidade difícil
para quem tem uma baleia azul. -
12:04 - 12:08Muitas ladeiras, os imóveis são caros.
-
12:08 - 12:11Esse mercado é doido, gente.
-
12:11 - 12:15Mas, por baixo do pano, é isso,
-
12:15 - 12:19e essa é a capa por baixo do livro,
-
12:19 - 12:20e há um anúncio
-
12:20 - 12:24que oferece uma experiência grátis
de 30 dias, sem riscos, -
12:24 - 12:25com uma baleia azul.
-
12:25 - 12:28É só você enviar um envelope
endereçado e selado -
12:28 - 12:32e nós lhe enviaremos a baleia.
-
12:32 - 12:37E as crianças nos escrevem.
-
12:37 - 12:40Aqui está uma carta. Diz assim:
"Prezada gente, -
12:40 - 12:43aposto 10 dólares que não irão
me enviar uma baleia azul. -
12:43 - 12:46Eliot Gannon (seis anos).
-
12:46 - 12:49(Risos) (Aplausos)
-
12:51 - 12:53Eliot e outras crianças
-
12:53 - 12:55que enviam isso, recebem em troca
-
12:55 - 12:59uma carta, com letras pequenas,
de advogados noruegueses. -
12:59 - 13:01(Risos)
-
13:02 - 13:05Ela diz que devido a uma mudança
nas leis alfandegárias, -
13:05 - 13:08a baleia ficou retida no fiorde de Sogn,
-
13:08 - 13:09que é um fiorde charmoso,
-
13:09 - 13:11e aí fala um pouco sobre o fiorde de Sogn,
-
13:11 - 13:13comida norueguesa. Divaga.
-
13:13 - 13:15(Risos)
-
13:17 - 13:19Termina dizendo
-
13:19 - 13:21que a baleia adoraria ter notícias suas.
-
13:21 - 13:23Ela tem um número telefônico
-
13:23 - 13:28e você pode ligar e deixar
uma mensagem para ela. -
13:28 - 13:30Ao ligar e deixar a mensagem,
-
13:30 - 13:32antes da gravação da mensagem,
-
13:32 - 13:37você só ouve sons de baleia e um bip,
-
13:37 - 13:41que parece bastante com som de baleia.
-
13:41 - 13:43E eles recebem uma foto
da baleia também. -
13:43 - 13:45Este é Randolph,
-
13:45 - 13:49e ele pertence a um menino chamado Nico
-
13:49 - 13:53que foi uma das primeiras crianças a ligar
-
13:53 - 13:55Vou passar a mensagem de Nico.
-
13:55 - 13:59Esta é a primeira mensagem
que recebi de Nico. -
14:00 - 14:02(Áudio) Nico: Oi, aqui é Nico.
-
14:02 - 14:06Sou seu dono, Randolph. Oi.
-
14:06 - 14:09É a primeira vez que falo com você,
-
14:09 - 14:15e talvez fale com você em breve. Tchau.
-
14:16 - 14:18Mac Barnett: Nico ligou
novamente, uma hora depois. -
14:18 - 14:20(Risos)
-
14:20 - 14:24Esta é outra mensagem de Nico.
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14:24 - 14:28(Áudio) Nico: Oi, Randolph, aqui é Nico.
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14:28 - 14:33Não falo com você há tanto tempo,
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14:33 - 14:38mas falei com você no sábado ou domingo,
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14:38 - 14:40foi no sábado ou domingo,
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14:40 - 14:43por isso, estou ligando outra vez
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14:43 - 14:48para dizer oi e saber
o que você está fazendo, -
14:48 - 14:51e é provável que eu ligue outra vez
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14:51 - 14:53amanhã ou hoje,
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14:53 - 14:57então, falo com você depois. Tchau.
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14:57 - 15:01MB: E ligou outra vez no mesmo dia.
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15:01 - 15:05Deixou 25 mensagens para Randolph
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15:05 - 15:08durante quatro anos.
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15:08 - 15:10Ficamos sabendo tudo sobre ele
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15:10 - 15:12e a avó que ele adora
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15:12 - 15:14e a avó que ele gosta um pouco menos,
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15:14 - 15:16(Risos)
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15:16 - 15:19e das palavras cruzadas que ele faz,
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15:19 - 15:23Vou mostrar mais uma mensagem de Nico.
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15:23 - 15:26Esta é a mensagem de Natal de Nico.
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15:26 - 15:28(Áudio): Nico: Oi, Randolph,
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15:28 - 15:32desculpe não ter ligado em tanto tempo.
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15:32 - 15:34É que tenho andado muito ocupado
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15:34 - 15:37porque as aulas começaram,
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15:37 - 15:40como você não deve saber, provavelmente,
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15:40 - 15:44já que você é uma baleia, não sabe,
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15:44 - 15:48e estou ligando só para dizer,
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15:48 - 15:52para te desejar um bom Natal.
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15:52 - 15:57Então, Feliz Natal,
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15:57 - 16:04e tchau, Randolph. Tchau.
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16:04 - 16:05MB: Encontrei Nico.
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16:05 - 16:08Estava sem notícias dele há 18 meses,
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16:08 - 16:12e ele deixou uma mensagem há dois dias.
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16:12 - 16:15A voz dele está completamente diferente,
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16:15 - 16:18mas pôs sua babá ao telefone,
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16:18 - 16:22e ela também foi muito simpática
com Randolph. -
16:22 - 16:27Mas Nico é o melhor leitor
que eu poderia querer. -
16:27 - 16:30Gostaria que as pessoas
para quem eu escrevo -
16:30 - 16:32estivessem emocionalmente nesse lugar
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16:32 - 16:35com as coisas que eu crio.
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16:35 - 16:38Tenho sorte. Crianças como Nico
são os melhores leitores, -
16:38 - 16:42e merecem as melhores histórias
que eu possa lhes dar. -
16:42 - 16:44Muito obrigado.
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16:44 - 16:47(Aplausos)
- Title:
- Por que um bom livro é uma porta secreta
- Speaker:
- Mac Barnett
- Description:
-
A infância é surreal. Por que livros infantis não o seriam? Nessa palestra divertida, o premiado autor Mac Barnett fala sobre a escrita que escapa da página, da arte como entrada para o mundo da maravilha, e o que as crianças reais dizem a uma baleia fictícia.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:59
Elena Crescia approved Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door | ||
Gustavo Rocha edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door | ||
Gustavo Rocha accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door | ||
Gustavo Rocha edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door | ||
Gustavo Rocha edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door | ||
Gustavo Rocha edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door | ||
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Viviane Ferraz Matos edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why a good book is a secret door |