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Como lutar com o próximo vírus mortífero

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    Podem nunca ter ouvido falar
    de Kenema, na Serra Leoa
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    ou de Arua, na Nigéria.
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    Mas eu conheço-as como dois
    dos locais mais extraordinários do mundo.
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    Ali, nos hospitais, há uma comunidade
    de enfermeiros, médicos e cientistas
  • 0:15 - 0:17
    que têm vindo a lutar,
    silenciosamente, há anos,
  • 0:17 - 0:20
    com uma das ameaças mais mortíferas
    da humanidade,
  • 0:20 - 0:21
    o vírus Lassa.
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    O vírus Lassa é muito parecido com o Ébola.
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    Pode causar uma febre alta
    e, muitas vezes, é fatal.
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    Estes indivíduos arriscam
    a vida todos os dias,
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    para proteger os indivíduos
    das suas comunidades
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    e, ao fazerem isso, protegem-nos a todos.
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    Uma das coisas mais extraordinárias
    que eu aprendi com eles,
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    numa das minhas primeiras visitas
    há muitos anos,
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    foi que eles começam todas as manhãs
  • 0:45 - 0:49
    — esses extraordinários dias de luta,
    na linha da frente — a cantar.
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    Reúnem-se todos e exibem a sua alegria.
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    Exibem o seu espírito.
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    Ao longo dos anos, ano após ano,
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    sempre que os visito e eles me visitam,
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    reúno-me com eles e canto,
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    escrevemos e adoramos isso,
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    porque nos lembra que não estamos ali
    apenas para fazermos ciência juntos,
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    estamos ligados através
    duma humanidade partilhada.
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    Claro que, como podem imaginar,
    isso torna-se muito importante,
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    essencial mesmo, à medida
    que as coisas começam a mudar.
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    E mudaram muito em março de 2014,
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    quando foi declarado
    o surto do Ébola na Guiné.
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    Esse foi o primeiro surto
    na África Ocidental,
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    perto da fronteira
    da Serra Leoa com a Libéria.
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    Foi assustador para todos nós.
  • 1:33 - 1:35
    Já suspeitávamos há algum tempo
  • 1:35 - 1:38
    que o Lassa e o Ébola estavam
    mais espalhados do que se pensava
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    e pensávamos que um dia
    podia chegar a Kenema.
  • 1:40 - 1:43
    Por isso, membros da minha equipa
    partiram imediatamente
  • 1:43 - 1:45
    e foram ter com o Dr. Humarr Khan
    e com a sua equipa.
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    Instituímos diagnósticos para podermos
    ter exames moleculares sensíveis
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    a detetar o Ébola, se ele atravessasse
    a fronteira para a Serra Leoa.
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    Já tínhamos feito a mesma coisa
    para o vírus Lassa,
  • 1:56 - 1:58
    sabíamos como fazê-lo,
    a equipa é excecional.
  • 1:58 - 2:01
    Só tínhamos que lhes dar os instrumentos
    e o local para vigiarem o Ébola.
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    Infelizmente, esse dia chegou.
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    A 23 de maio, uma mulher foi fazer análises
    na maternidade do hospital,
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    e a equipa fez essas análises
    moleculares importantes.
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    Identificaram o primeiro caso confirmado
    de Ébola na Serra Leoa.
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    Foi um trabalho excecional.
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    Puderam diagnosticar o caso
    imediatamente,
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    para tratarem a doente, com segurança,
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    e começarem a detetar os contactos
    para acompanhar o que se passava.
  • 2:26 - 2:28
    Isso podia ter impedido qualquer coisa.
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    Mas quando esse dia chegou,
  • 2:31 - 2:33
    o surto já estava em evolução há meses.
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    Com centenas de casos, já tinha
    eclipsado todos os surtos anteriores.
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    E chegou à Serra Leoa,
    não como um único caso,
  • 2:41 - 2:42
    mas como uma onda gigantesca.
  • 2:42 - 2:45
    Tivemos que trabalhar
    com a comunidade internacional,
  • 2:45 - 2:48
    com o ministro da Saúde, com Kenema,
    para começar a tratar dos casos,
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    quando a semana seguinte trouxe 31,
    depois 92, depois 147 casos
  • 2:53 - 2:54
    — todos a chegar a Kenema,
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    um dos únicos locais na Serra Leoa
    que podia tratar disso.
  • 2:58 - 3:01
    Trabalhámos dia e noite,
    tentando fazer tudo o que podíamos,
  • 3:01 - 3:04
    tentando ajudar os indivíduos,
    tentando chamar a atenção,
  • 3:04 - 3:06
    mas também fizemos
    uma coisa muito simples.
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    Quanto ao sangue que colhemos
    duma paciente, para detetar o Ébola
  • 3:10 - 3:12
    — claro, podemos deitá-lo fora —
  • 3:12 - 3:16
    mas podemos usar
    um produto químico e desativá-lo,
  • 3:16 - 3:19
    metê-lo numa caixa e enviá-lo por mar.
  • 3:19 - 3:20
    Foi o que fizemos.
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    Enviámo-lo para Boston,
    onde trabalha a minha equipa.
  • 3:23 - 3:27
    Também trabalhámos dia e noite,
    fazendo turnos, dia após dia.
  • 3:27 - 3:31
    Rapidamente gerámos
    99 genomas do vírus Ébola.
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    Este é o diagrama — o genoma
    de um vírus é o diagrama.
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    Todos temos um.
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    Diz tudo o que nos constitui
    e dá-nos imensas informações.
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    Os resultados deste tipo de trabalho
    são simples e poderosos.
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    Pudemos agarrar
    nestes 99 vírus diferentes,
  • 3:45 - 3:47
    observá-los e compará-los.
  • 3:47 - 3:49
    Pudemos ver,
    em comparação com três genomas
  • 3:49 - 3:52
    que tinham sido publicados na Guiné,
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    pudemos ver que o surto
    surgido na Guiné, meses antes,
  • 3:56 - 3:58
    na população humana,
  • 3:58 - 4:00
    tinha-se transmitido
    de pessoa para pessoa.
  • 4:00 - 4:02
    Isto é extremamente importante
  • 4:02 - 4:04
    quando estamos a tentar
    perceber como intervir,
  • 4:04 - 4:07
    mas o importante é detetar os contactos.
  • 4:07 - 4:10
    Também pudemos ver que, à medida
    que o vírus passa entre as pessoas,
  • 4:10 - 4:11
    vai sofrendo mutações.
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    Cada uma dessas mutações
    é muito importante,
  • 4:14 - 4:16
    porque os diagnósticos, as vacinas,
  • 4:16 - 4:17
    as terapias que usamos
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    baseiam-se todas, fundamentalmente,
    na sequência do genoma,
  • 4:21 - 4:22
    — são de acordo com ele.
  • 4:22 - 4:25
    Os especialistas mundiais de saúde
    precisavam de responder,
  • 4:25 - 4:29
    precisavam de desenvolver,
    para recalibrar tudo o que estavam a fazer .
  • 4:29 - 4:32
    Segundo a forma como a ciência funciona,
  • 4:32 - 4:33
    naquela altura, eu tinha os dados
  • 4:33 - 4:36
    e podia ter trabalhado num silo
    durante muitos meses,
  • 4:36 - 4:38
    analisando os dados cuidadosa
    e vagarosamente,
  • 4:38 - 4:42
    apresentava o artigo para publicação,
    andava para a frente e para trás
  • 4:42 - 4:45
    e só depois de o documento sair,
    podíamos divulgar esses dados.
  • 4:45 - 4:47
    É assim que funciona o status quo.
  • 4:47 - 4:50
    Mas, naquela altura,
    isso não podia funcionar.
  • 4:50 - 4:52
    Tínhamos amigos nas linhas da frente,
  • 4:52 - 4:56
    para nós era óbvio
    que precisávamos de ajuda, muita ajuda.
  • 4:56 - 4:58
    Portanto, a primeira coisa que fizemos.
  • 4:58 - 5:00
    logo que as sequências
    saíram das máquinas,
  • 5:00 - 5:02
    foi publicá-las na Internet.
  • 5:02 - 5:04
    Divulgámo-las por todo o mundo
    e dissemos: "Ajudem-nos".
  • 5:04 - 5:06
    E a ajuda chegou.
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    Antes de darmos por isso,
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    estávamos a ser contactados
    por gente de todo o lado,
  • 5:10 - 5:12
    surpreendidos por ver os dados publicados.
  • 5:12 - 5:14
    Alguns dos maiores pesquisadores
    de vírus do mundo
  • 5:14 - 5:17
    subitamente faziam parte
    da nossa comunidade.
  • 5:17 - 5:19
    Estávamos a trabalhar em conjunto
    de modo virtual,
  • 5:19 - 5:22
    partilhando, com telefonemas
    e comunicações regulares,
  • 5:22 - 5:24
    tentando seguir o vírus,
    de minuto em minuto,
  • 5:24 - 5:27
    para conseguir formas de o podermos deter.
  • 5:27 - 5:31
    Há tantas maneiras de podermos formar
    comunidades como esta.
  • 5:31 - 5:36
    Toda a gente, em especial quando o surto
    começou a espalhar-se a nível mundial,
  • 5:36 - 5:39
    estava a querer aprender,
    a participar, a empenhar-se.
  • 5:40 - 5:42
    Toda a gente quer desempenhar um papel.
  • 5:42 - 5:44
    A quantidade de capacidade humana
    que existe é espantosa
  • 5:44 - 5:46
    e a Internet liga-nos a todos.
  • 5:46 - 5:49
    Podem calcular que, em vez
    de termos medo uns dos outros,
  • 5:49 - 5:51
    dizíamos: "Vamos fazer isto.
  • 5:51 - 5:54
    "Vamos trabalhar juntos
    e conseguir resolver isto".
  • 5:54 - 5:57
    O problema é que os dados
    que todos estamos a usar,
  • 5:57 - 6:01
    através do Google, são demasiado
    limitados para fazer o que é preciso fazer.
  • 6:01 - 6:03
    Perdem-se muitas oportunidades
    quando isso acontece.
  • 6:03 - 6:06
    Na primeira parte da epidemia em Kenema,
  • 6:06 - 6:08
    tínhamos 106 registos clínicos
    de pacientes
  • 6:08 - 6:11
    e, de novo, publicámos isso.
  • 6:11 - 6:16
    No nosso laboratório, mostrámos
    que podíamos agarrar nesses 106 registos,
  • 6:16 - 6:19
    podíamos ensinar os computadores
    a prever o prognóstico para doentes do Ébola
  • 6:19 - 6:21
    com um rigor de quase 100%.
  • 6:21 - 6:23
    Fizemos uma aplicação
    que produzisse isso
  • 6:23 - 6:26
    para ser usada pelos técnicos
    de saúde no terreno.
  • 6:26 - 6:30
    Só que 106 casos não são suficientes
    para ter força, para ser validada.
  • 6:30 - 6:32
    Portanto, estamos à espera
    de mais dados para a divulgar
  • 6:32 - 6:35
    e esses dados ainda não chegaram.
  • 6:35 - 6:37
    Continuamos à espera, para a melhorar,
  • 6:37 - 6:40
    em silos, em vez de trabalharmos
    em conjunto.
  • 6:40 - 6:42
    Não podemos aceitar isto.
  • 6:42 - 6:46
    Não acham?
    Ninguém pode aceitar isto.
  • 6:46 - 6:48
    É a nossa vida que está em jogo.
  • 6:48 - 6:50
    Na verdade,
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    perderam-se muitas vidas,
    de muitos técnicos de saúde,
  • 6:52 - 6:55
    incluindo queridos colegas meus,
    cinco colegas,
  • 6:55 - 6:58
    Mbalu Fonnie, Alex Moigboi,
  • 6:58 - 7:02
    Dr. Humarr Khan, Alice Kovoma
    e Mohamed Fullah.
  • 7:02 - 7:04
    São apenas cinco de muitos
    técnicos de saúde
  • 7:04 - 7:06
    em Kerena e não só
  • 7:06 - 7:09
    que morreram enquanto o mundo esperava
    e enquanto nós trabalhávamos,
  • 7:09 - 7:11
    silenciosa e isoladamente.
  • 7:11 - 7:14
    O Ébola, como todas
    as ameaças para a humanidade,
  • 7:14 - 7:17
    é alimentado pela desconfiança,
    pelo desinteresse e pela divisão.
  • 7:17 - 7:21
    Quando construímos barreiras entre nós,
    e lutamos entre nós,
  • 7:21 - 7:23
    o vírus prospera.
  • 7:23 - 7:25
    Mas, ao contrário de todas
    as ameaças para a humanidade,
  • 7:25 - 7:28
    o Ébola é uma ameaça
    em que todos somos iguais.
  • 7:28 - 7:29
    Estamos todos juntos nesta luta.
  • 7:29 - 7:32
    O Ébola espreita atrás da porta,
    que em breve poderá ser a nossa.
  • 7:33 - 7:35
    Por isso, neste local,
    com a mesma vulnerabilidade,
  • 7:35 - 7:38
    as mesmas forças, os mesmos medos,
    a mesma esperança,
  • 7:38 - 7:41
    eu espero que trabalhemos
    juntos, com alegria.
  • 7:42 - 7:45
    Uma aluna minha estava a ler
    um livro sobre a Serra Leoa
  • 7:46 - 7:48
    e descobriu que a palavra "Kenema",
  • 7:48 - 7:51
    o hospital onde trabalhamos
    e a cidade onde trabalhamos na Serra Leoa
  • 7:51 - 7:56
    vem da palavra do povo mende para
    "clara como um rio, translúcida
  • 7:56 - 7:58
    "e aberta à contemplação do público".
  • 7:58 - 7:59
    Isso, para nós, foi muito profundo,
  • 7:59 - 8:01
    porque, sem o sabermos,
    sempre sentimos
  • 8:01 - 8:04
    que, para honra dos indivíduos
    de Kenema, onde trabalhávamos,
  • 8:04 - 8:06
    tínhamos que trabalhar abertamente,
  • 8:06 - 8:09
    tínhamos que partilhar
    e tínhamos que trabalhar juntos.
  • 8:09 - 8:11
    Temos que fazer assim.
  • 8:11 - 8:14
    Temos que exigir de nós e dos outros
  • 8:14 - 8:17
    sermos abertos uns com os outros,
    quando ocorre um surto,
  • 8:17 - 8:19
    para travarmos juntos esta luta.
  • 8:19 - 8:22
    Porque este não foi
    o primeiro surto do Ébola
  • 8:22 - 8:23
    e não será o último.
  • 8:23 - 8:26
    Há muitos outros micróbios
    que estão à espera,
  • 8:26 - 8:28
    como o vírus Lassa e outros.
  • 8:28 - 8:30
    Da próxima vez que acontecer
  • 8:30 - 8:33
    pode ocorrer numa cidade de milhões,
    pode começar aqui.
  • 8:33 - 8:35
    Pode ser uma coisa transmitida pelo ar.
  • 8:35 - 8:38
    Pode até ser espalhado intencionalmente.
  • 8:38 - 8:40
    Sei que é assustador, percebo-o,
  • 8:40 - 8:43
    mas também sei
    — e esta experiência demonstra-o —
  • 8:43 - 8:46
    que temos a tecnologia,
    temos a capacidade
  • 8:46 - 8:48
    para ganhar esta coisa,
  • 8:48 - 8:51
    para ganhá-la e dominar os vírus.
  • 8:51 - 8:53
    Mas só o podemos fazer,
    se o fizermos em conjunto
  • 8:53 - 8:55
    e o fizermos com alegria.
  • 8:55 - 8:57
    Pelo Dr. Khan
  • 8:57 - 9:01
    e por todos os que sacrificaram
    a sua vida na linha da frente,
  • 9:01 - 9:03
    nesta luta sempre connosco,
  • 9:03 - 9:06
    vamos lutar sempre com eles.
  • 9:06 - 9:08
    E não deixemos que o mundo seja definido
  • 9:08 - 9:10
    pela destruição provocada por um só vírus,
  • 9:10 - 9:13
    mas iluminado por milhares
    de milhões de corações e espíritos
  • 9:13 - 9:15
    a trabalhar em uníssono.
  • 9:15 - 9:16
    Obrigada.
  • 9:16 - 9:19
    (Aplausos)
Title:
Como lutar com o próximo vírus mortífero
Speaker:
Pardis Sabeti
Description:

Quando o Ébola irrompeu em março de 2014, Pardis Sabeti e a sua equipa deitaram-se ao trabalho de sequenciar o genoma do vírus, aprendendo como ele sofria mutações e se espalhava, Sabeti divulgou imediatamente online a sua investigação, para que os investigadores de vírus e os cientistas de todo o mundo pudessem juntar-se àquela batalha urgente. Nesta palestra, mostra como a cooperação aberta foi fundamental para deter o vírus... e para atacar o próximo que se aproxima. "Tivemos que trabalhar abertamente, tivemos que partilhar e tivemos que trabalhar em conjunto", diz Saeti. " Não deixemos que o mundo seja definido pela destruição provocada por um só vírus, mas iluminado por milhares de milhões de corações e espíritos a trabalhar em uníssono".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
09:37

Portuguese subtitles

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