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Como fazer escolhas difíceis

  • 0:01 - 0:02
    Pensem numa escolha difícil
  • 0:02 - 0:05
    que podem vir a enfrentar
    no futuro próximo.
  • 0:05 - 0:07
    Pode ser entre duas carreiras
  • 0:07 - 0:08
    — artista ou contabilista —
  • 0:09 - 0:11
    entre locais onde viver
    — na cidade ou no campo —
  • 0:11 - 0:13
    ou entre duas pessoas com quem casar
  • 0:13 - 0:16
    — casar com Betty ou casar com Lolita.
  • 0:17 - 0:19
    Pode ser uma escolha quanto a ter filhos,
  • 0:20 - 0:22
    receber em casa um dos pais doente,
  • 0:22 - 0:24
    educar um filho numa religião
  • 0:24 - 0:26
    que o vosso parceiro professa
  • 0:26 - 0:27
    mas que vos deixa indiferentes.
  • 0:27 - 0:30
    Ou doar as vossas poupanças
    a uma obra de caridade.
  • 0:31 - 0:33
    Provavelmente, a escolha difícil
    em que pensaram
  • 0:33 - 0:35
    foi uma coisa grande,
    uma coisa importante,
  • 0:35 - 0:37
    uma coisa que vos preocupa.
  • 0:37 - 0:39
    As escolhas difíceis parecem ser ocasiões
  • 0:39 - 0:42
    de agonia, de desespero,
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    de ranger de dentes.
  • 0:44 - 0:46
    Penso que interpretamos mal
    as escolhas difíceis
  • 0:46 - 0:48
    e o papel que desempenham na nossa vida.
  • 0:48 - 0:50
    Compreender as escolhas difíceis
  • 0:50 - 0:52
    revela um poder escondido
  • 0:52 - 0:54
    que todos nós possuímos.
  • 0:55 - 0:57
    O que torna a escolha difícil
  • 0:57 - 0:59
    é a forma como
    as alternativas se relacionam.
  • 0:59 - 1:00
    Numa escolha fácil,
  • 1:00 - 1:03
    uma alternativa é melhor do que a outra.
  • 1:03 - 1:05
    Numa escolha difícil,
  • 1:05 - 1:07
    uma alternativa é melhor nalguns aspetos
  • 1:07 - 1:09
    e a outra alternativa
    é melhor noutros aspetos.
  • 1:09 - 1:12
    Nenhuma delas é melhor que a outra,
    em termos gerais.
  • 1:13 - 1:15
    Ficamos cheios de angústia para escolher
  • 1:15 - 1:17
    se nos mantemos no emprego da cidade
  • 1:17 - 1:19
    ou alteramos a nossa vida
  • 1:19 - 1:22
    com um trabalho
    mais gratificante no campo,
  • 1:22 - 1:24
    porque há vantagens em ficar
  • 1:24 - 1:26
    e outras vantagens em mudar
  • 1:26 - 1:28
    e nenhuma é totalmente
    melhor do que a outra.
  • 1:29 - 1:33
    Não devemos pensar que todas
    as escolhas difíceis são importantes.
  • 1:33 - 1:36
    Por exemplo, decidir o que comer
    ao pequeno-almoço.
  • 1:36 - 1:39
    Podemos comer cereais
    com rico teor em fibra
  • 1:39 - 1:40
    ou um "donut" de chocolate.
  • 1:40 - 1:42
    Suponhamos que
    o que interessa na escolha
  • 1:42 - 1:44
    é o sabor e a saúde.
  • 1:45 - 1:47
    O cereal é melhor para a saúde
  • 1:47 - 1:49
    o "donut" é mais saboroso,
  • 1:49 - 1:51
    mas nenhum deles é melhor
    do que o outro em tudo.
  • 1:51 - 1:53
    É uma escolha difícil.
  • 1:53 - 1:55
    Perceber que as pequenas escolhas
  • 1:55 - 1:58
    também podem ser difíceis,
  • 1:58 - 2:01
    faz com que as grandes escolhas difíceis
    pareçam menos insolúveis.
  • 2:02 - 2:05
    Se acabamos por decidir o que
    vamos comer ao pequeno-almoço,
  • 2:05 - 2:06
    talvez consigamos decidir
  • 2:06 - 2:08
    se ficamos na cidade
  • 2:08 - 2:10
    ou se partimos para
    o novo trabalho no campo.
  • 2:12 - 2:16
    Também não devemos pensar
    que as escolhas difíceis
  • 2:16 - 2:18
    são difíceis porque nós somos estúpidos.
  • 2:19 - 2:21
    Quando acabei a faculdade.
  • 2:21 - 2:23
    não conseguia decidir-me
    entre duas carreiras,
  • 2:23 - 2:24
    filosofia e advocacia.
  • 2:24 - 2:25
    (Risos)
  • 2:25 - 2:27
    Eu adorava filosofia.
  • 2:28 - 2:29
    Há coisas espantosas que aprendemos
  • 2:29 - 2:31
    enquanto filósofos,
  • 2:31 - 2:33
    no conforto duma poltrona.
  • 2:34 - 2:37
    Mas eu pertenço
    a uma modesta família de imigrantes
  • 2:37 - 2:39
    em que a minha ideia de luxo
  • 2:39 - 2:41
    era ter uma língua de porco
    e uma sanduíche de geleia
  • 2:41 - 2:43
    na minha lancheira da escola.
  • 2:43 - 2:46
    Por isso, a ideia de passar toda a vida
  • 2:46 - 2:49
    sentada numa poltrona, a pensar,
  • 2:49 - 2:53
    chocava-me como o cúmulo
    da extravagância e da frivolidade.
  • 2:53 - 2:55
    Por isso, agarrei no meu bloco amarelo,
  • 2:55 - 2:57
    tracei uma linha vertical ao meio
  • 2:57 - 3:00
    e esforcei-me por pensar nas razões
  • 3:00 - 3:02
    a favor e contra cada alternativa.
  • 3:03 - 3:05
    Lembro-me de pensar:
  • 3:06 - 3:08
    "Se ao menos eu soubesse
  • 3:08 - 3:11
    "como seria a minha vida em cada carreira,
  • 3:11 - 3:13
    "Se Deus ou a Netflix
    me enviassem um DVD...
  • 3:13 - 3:14
    (Risos)
  • 3:14 - 3:17
    "... das duas possíveis carreiras,
    estava safa.
  • 3:17 - 3:20
    "Comparava-as lado a lado,
  • 3:20 - 3:21
    "veria qual era a melhor
  • 3:21 - 3:23
    "e a escolha seria fácil".
  • 3:24 - 3:26
    Mas não recebi nenhum DVD
  • 3:26 - 3:29
    e como não conseguia ver
    qual delas era a melhor,
  • 3:29 - 3:32
    fiz o que muita gente faz
    nas escolhas difíceis:
  • 3:32 - 3:34
    escolhi a opção mais segura.
  • 3:35 - 3:37
    O medo de ser uma filósofa desempregada
  • 3:37 - 3:39
    levou-me a ser advogada.
  • 3:40 - 3:42
    E, como vim a descobrir,
  • 3:42 - 3:44
    a advocacia não me convinha.
  • 3:44 - 3:46
    Não era quem eu era.
  • 3:46 - 3:48
    Por isso, agora sou uma filósofa
  • 3:48 - 3:50
    e estudo as escolhas difíceis.
  • 3:50 - 3:53
    Posso dizer-vos que
    o medo do desconhecido,
  • 3:53 - 3:56
    embora seja um padrão de motivação vulgar
  • 3:56 - 3:58
    que influi nas escolhas difíceis,
  • 3:58 - 4:00
    baseia-se na má interpretação delas.
  • 4:00 - 4:03
    É um erro pensar que,
    nas escolhas difíceis,
  • 4:03 - 4:06
    uma alternativa é realmente
    melhor do que a outra,
  • 4:06 - 4:09
    mas que nós somos estúpidos demais
    para saber qual delas é.
  • 4:09 - 4:10
    E, como não sabemos qual delas é,
  • 4:10 - 4:12
    o melhor é escolher a opção
    menos arriscada.
  • 4:13 - 4:16
    Mesmo que ponhamos
    duas alternativas lado a lado
  • 4:16 - 4:18
    com todas as informações,
  • 4:18 - 4:20
    uma escolha pode continuar a ser difícil.
  • 4:20 - 4:22
    As escolhas difíceis não são difíceis
  • 4:22 - 4:25
    por causa da nossa ignorância.
  • 4:25 - 4:28
    São difíceis porque nenhuma
    das opções é a melhor.
  • 4:29 - 4:31
    Ora bem, se não há uma opção melhor,
  • 4:31 - 4:35
    se os pratos da balança não se inclinam
    a favor duma alternativa
  • 4:35 - 4:36
    em relação a outra,
  • 4:36 - 4:39
    então as alternativas
    têm que ser igualmente boas.
  • 4:40 - 4:42
    O melhor que se pode dizer
    das escolhas difíceis
  • 4:42 - 4:45
    é que elas são entre opções
    igualmente boas.
  • 4:45 - 4:46
    Mas isso não pode estar certo.
  • 4:46 - 4:48
    Se as alternativas são iguais,
  • 4:48 - 4:50
    bastava atirar uma moeda ao ar,
  • 4:50 - 4:52
    e pensar isso parece ser um erro.
  • 4:52 - 4:55
    Será assim que devemos
    decidir entre carreiras,
  • 4:55 - 4:57
    locais onde viver,
    pessoas com quem casar:
  • 4:57 - 4:59
    atirar a moeda ao ar?
  • 4:59 - 5:01
    Há outra razão para pensar
  • 5:01 - 5:03
    que as escolhas difíceis não são escolhas
  • 5:03 - 5:05
    entre opções igualmente boas.
  • 5:06 - 5:09
    Suponhamos que temos
    que escolher entre duas profissões:
  • 5:10 - 5:13
    podemos ser um banqueiro de investimentos
  • 5:13 - 5:15
    ou um artista gráfico.
  • 5:15 - 5:18
    Há uma série de coisas
    que importam numa escolha destas,
  • 5:18 - 5:21
    como o entusiasmo pela profissão,
  • 5:21 - 5:23
    conseguir segurança financeira,
  • 5:23 - 5:25
    ter tempo para criar uma família, etc.
  • 5:25 - 5:29
    Talvez que a carreira de artista
    nos ponha na vanguarda
  • 5:29 - 5:32
    de novas formas da expressão pictórica.
  • 5:32 - 5:35
    Talvez que a carreira de banqueiro
    nos ponha na vanguarda
  • 5:35 - 5:38
    de novas formas de manipulação financeira.
  • 5:38 - 5:40
    Risos)
  • 5:40 - 5:43
    Imaginemos as duas profissões
    como quisermos,
  • 5:43 - 5:45
    nenhuma delas é melhor do que a outra.
  • 5:46 - 5:49
    Agora suponhamos que melhoramos
    um pouco uma delas.
  • 5:49 - 5:52
    Suponhamos que o banco,
    para nos aliciar,
  • 5:52 - 5:54
    acrescenta 500 dólares
    ao salário mensal.
  • 5:55 - 5:58
    Esse dinheiro extra
    torna a profissão de banqueiro
  • 5:58 - 6:00
    melhor do que a de artista?
  • 6:01 - 6:03
    Não necessariamente.
  • 6:03 - 6:06
    Um salário mais alto faz com que
    a profissão de banqueiro
  • 6:06 - 6:07
    seja melhor do que era anteriormente,
  • 6:07 - 6:09
    mas pode não ser suficiente
  • 6:09 - 6:12
    para fazer com que ser banqueiro
    seja melhor do que ser artista.
  • 6:13 - 6:16
    Mas, se a melhoria numa das profissões
  • 6:16 - 6:18
    não a torna melhor do que a outra,
  • 6:18 - 6:19
    então as duas profissões iniciais
  • 6:19 - 6:21
    não podiam ser igualmente boas.
  • 6:22 - 6:24
    Se começamos com duas coisas
    que são igualmente boas
  • 6:24 - 6:26
    e melhoramos uma delas,
  • 6:26 - 6:28
    essa devia passar a ser
    melhor do que a outra.
  • 6:29 - 6:32
    Não é o que acontece com as opções
    nas escolhas difíceis.
  • 6:33 - 6:36
    Portanto, temos um quebra-cabeças
  • 6:36 - 6:38
    Temos duas profissões.
  • 6:38 - 6:39
    Nenhuma é melhor do que a outra,
  • 6:39 - 6:41
    mas não são igualmente boas.
  • 6:42 - 6:44
    Então como é que podemos escolher?
  • 6:44 - 6:46
    Parece que há aqui
    qualquer coisa de errado.
  • 6:49 - 6:51
    Talvez que o problema
    seja a própria escolha
  • 6:51 - 6:53
    e a comparação seja impossível.
  • 6:54 - 6:56
    Mas isso não pode estar certo.
  • 6:56 - 6:57
    Não é o mesmo que tentar escolher
  • 6:57 - 7:00
    entre duas coisas
    que não podem ser comparadas.
  • 7:00 - 7:03
    Afinal, estamos a pesar
    os méritos de duas profissões,
  • 7:03 - 7:05
    não são os méritos do número nove
  • 7:05 - 7:07
    ou de uma travessa de ovos estrelados.
  • 7:08 - 7:11
    Uma comparação dos méritos gerais
    das duas profissões
  • 7:11 - 7:13
    é uma coisa que podemos fazer
  • 7:13 - 7:15
    e que fazemos muitas vezes.
  • 7:17 - 7:20
    Penso que o quebra-cabeças surge
  • 7:20 - 7:22
    por causa dum pressuposto irrefletido
  • 7:22 - 7:24
    que fazemos acerca do valor.
  • 7:24 - 7:27
    Sem querer, assumimos que valores
  • 7:27 - 7:30
    como a justiça, a beleza, a simpatia,
  • 7:30 - 7:33
    podem ser quantificados cientificamente,
  • 7:33 - 7:35
    como o comprimento, a massa e o peso.
  • 7:37 - 7:41
    Analisem qualquer questão
    que não envolva valores,
  • 7:41 - 7:43
    como qual de duas malas é mais pesada.
  • 7:44 - 7:46
    Só há três possibilidades.
  • 7:47 - 7:50
    O peso de uma delas é maior, é menor
  • 7:50 - 7:52
    ou é igual ao peso da outra.
  • 7:52 - 7:55
    As propriedades como o peso
    podem ser representadas
  • 7:55 - 7:58
    por números reais
    — um, dois, três, etc. —
  • 7:58 - 8:01
    e só há três comparações possíveis
  • 8:01 - 8:03
    entre quaisquer dois números reais:
  • 8:03 - 8:07
    um número é maior, é menor
    ou é igual ao outro.
  • 8:09 - 8:11
    Com os valores não é assim.
  • 8:12 - 8:14
    Enquanto criaturas do pós-Iluminismo
  • 8:14 - 8:15
    temos tendência para assumir
  • 8:15 - 8:18
    que o pensamento científico detém a chave
  • 8:18 - 8:21
    de tudo o que é importante no mundo,
  • 8:21 - 8:22
    mas o mundo dos valores
  • 8:22 - 8:25
    é diferente do mundo da ciência.
  • 8:25 - 8:26
    A matéria de um desses mundos
  • 8:26 - 8:28
    pode ser quantificada por números reais
  • 8:28 - 8:31
    A matéria do outro mundo não pode ser.
  • 8:32 - 8:33
    Não devemos assumir
  • 8:33 - 8:36
    que o mundo do "é"
    — de comprimentos e pesos —
  • 8:36 - 8:39
    tem a mesma estrutura
    que o mundo do "deve"
  • 8:39 - 8:41
    — do que devíamos fazer.
  • 8:41 - 8:43
    Por isso, se aquilo que
    para nós é importante
  • 8:43 - 8:47
    — o prazer duma criança, o amor
    que temos ao nosso parceiro —
  • 8:47 - 8:50
    não pode ser representado
    por números reais,
  • 8:50 - 8:52
    não há razão para crer
  • 8:52 - 8:55
    que, numa escolha,
    só haja três possibilidades:
  • 8:55 - 8:59
    que uma alternativa seja melhor,
    seja pior ou seja igual a outra.
  • 9:01 - 9:05
    Precisamos de introduzir
    uma nova quarta relação,
  • 9:05 - 9:08
    para além de ser melhor, pior ou igual,
  • 9:08 - 9:12
    que descreva o que se passa
    com as coisas difíceis.
  • 9:12 - 9:14
    Gosto de dizer que as alternativas
  • 9:14 - 9:15
    estão "par a par"
  • 9:15 - 9:17
    Quando as alternativas estão par a par,
  • 9:17 - 9:21
    pode ser muito importante
    qual delas escolhemos,
  • 9:21 - 9:23
    mas uma alternativa
    não é melhor do que a outra.
  • 9:23 - 9:25
    Pelo contrário, as alternativas
  • 9:25 - 9:28
    estão na mesma área de valores,
  • 9:28 - 9:30
    na mesma liga de valores
  • 9:30 - 9:33
    embora, ao mesmo tempo,
    sejam muito diferentes
  • 9:33 - 9:34
    no tipo de valores.
  • 9:35 - 9:37
    É por isso que a escolha é tão difícil.
  • 9:38 - 9:40
    Apreciar as escolhas difíceis desta maneira
  • 9:40 - 9:44
    revela uma coisa sobre
    nós próprios que não sabíamos.
  • 9:44 - 9:46
    Todos nós temos o poder
  • 9:46 - 9:48
    de criar razões.
  • 9:50 - 9:54
    Imaginem um mundo em que
    todas as escolhas que enfrentamos
  • 9:54 - 9:55
    são escolhas fáceis,
  • 9:55 - 9:57
    ou seja, há sempre uma alternativa melhor.
  • 9:57 - 9:59
    Se há uma alternativa melhor,
  • 9:59 - 10:01
    é essa mesma que devemos escolher,
  • 10:01 - 10:03
    porque ser racional
  • 10:03 - 10:06
    pressupõe fazer a melhor coisa
    e não a pior coisa,
  • 10:06 - 10:08
    escolher aquilo
    que é mais razoável escolher.
  • 10:09 - 10:10
    Num mundo desses
  • 10:10 - 10:13
    seria mais razoável
  • 10:13 - 10:15
    usar meias pretas
    do que meias cor-de-rosa,
  • 10:15 - 10:17
    comer cereais do que "donuts",
  • 10:17 - 10:19
    viver na cidade do que no campo,
  • 10:19 - 10:21
    casar com a Betty em vez da Lolita.
  • 10:21 - 10:24
    Um mundo cheio apenas de escolhas fáceis
  • 10:24 - 10:27
    tornar-nos-ia escravos das razões.
  • 10:28 - 10:30
    Se pensarmos nisso,
  • 10:30 - 10:31
    (Risos)
  • 10:31 - 10:34
    não custa nada a crer
  • 10:33 - 10:36
    que as razões que nos são dadas,
  • 10:36 - 10:40
    determinariam que havia mais razões
  • 10:40 - 10:44
    para continuar nas tarefas que fazemos,
  • 10:44 - 10:46
    para viver na casa em que vivemos,
  • 10:46 - 10:49
    para trabalhar na profissão que temos.
  • 10:50 - 10:52
    Em vez disso, consideramos alternativas
  • 10:52 - 10:55
    que estão par a par — escolhas difíceis —
  • 10:55 - 10:58
    e arranjamos razões para nós mesmos
  • 10:58 - 11:02
    para escolher aquela tarefa,
    aquela casa e aquela profissão.
  • 11:03 - 11:05
    Quando as alternativas estão par a par,
  • 11:05 - 11:07
    as razões que nos são dadas,
  • 11:07 - 11:10
    as que determinam
    se estamos a fazer um erro,
  • 11:10 - 11:12
    não nos dizem o que fazer.
  • 11:13 - 11:17
    É aqui, no espaço das escolhas difíceis,
  • 11:17 - 11:19
    que temos que exercitar
  • 11:19 - 11:21
    o nosso poder normativo,
  • 11:21 - 11:25
    o poder de criar razões para nós mesmos,
  • 11:25 - 11:28
    de nos tornarmos no tipo de pessoas
  • 11:28 - 11:31
    para quem viver no campo
  • 11:31 - 11:33
    é preferível à vida urbana.
  • 11:34 - 11:37
    Quando escolhemos
    entre opções que estão par a par,
  • 11:37 - 11:40
    podemos fazer uma coisa muito notável.
  • 11:41 - 11:43
    Podemos pôr-nos por detrás duma opção.
  • 11:44 - 11:46
    É aqui que eu me situo.
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    É aqui que eu sou eu.
  • 11:49 - 11:50
    Prefiro a banca.
  • 11:50 - 11:52
    Prefiro os "donuts" de chocolate.
  • 11:55 - 11:57
    Esta reação nas escolhas difíceis
  • 11:57 - 11:59
    é uma reação racional
  • 11:59 - 12:02
    mas não é ditada por razões
    que nos são dadas.
  • 12:02 - 12:05
    Pelo contrário, é sustentada
    por razões que nós criamos.
  • 12:08 - 12:11
    Quando criamos razões para nós próprios,
  • 12:11 - 12:14
    para nos tornarmos
    neste tipo de pessoa, em vez daquele,
  • 12:14 - 12:17
    tornamo-nos incondicionalmente
    na pessoa que somos.
  • 12:18 - 12:21
    Pode dizer-se que passamos
    a ser os autores da nossa vida.
  • 12:23 - 12:26
    Por isso, quando enfrentamos
    escolhas difíceis,
  • 12:26 - 12:28
    não devemos bater
    com a cabeça contra a parede
  • 12:28 - 12:30
    tentando imaginar
    qual é a melhor alternativa.
  • 12:30 - 12:32
    A melhor alternative não existe.
  • 12:33 - 12:35
    Em vez de olhar para as razões exteriores,
  • 12:35 - 12:38
    devemos procurar ver as razões cá dentro:
  • 12:38 - 12:40
    Quem é que eu vou ser?
  • 12:40 - 12:44
    Vocês podem decidir ser um banqueiro
  • 12:44 - 12:48
    que usa meias cor-de-rosa,
    gosta de cereais, gosta de viver no campo.
  • 12:48 - 12:50
    E eu posso decidir ser uma artista
  • 12:50 - 12:53
    que usa meias pretas, sou urbana,
    e gosto de "donuts".
  • 12:54 - 12:56
    O que fazemos nas escolhas difíceis
  • 12:56 - 12:59
    está muito mais relacionado
    com cada um de nós.
  • 13:01 - 13:03
    As pessoas que não exercitam
  • 13:03 - 13:06
    os seus poderes normativos
    nas escolhas difíceis.
  • 13:06 - 13:07
    andam à deriva.
  • 13:08 - 13:09
    Todos conhecemos pessoas dessas.
  • 13:09 - 13:11
    Eu encaminhei-me para ser advogada.
  • 13:11 - 13:14
    Não coloquei a minha ação
    por detrás da advocacia.
  • 13:14 - 13:16
    Não apreciava a advocacia.
  • 13:17 - 13:19
    Os que andam à deriva permitem
  • 13:19 - 13:21
    que seja o mundo a escrever
    a história da sua vida.
  • 13:22 - 13:25
    Deixam que os mecanismos
    de recompensa e de punição
  • 13:25 - 13:29
    — palmadinhas na cabeça, medo,
    facilidade duma opção —
  • 13:29 - 13:31
    determinem o que fazer.
  • 13:32 - 13:35
    Portanto, as escolhas difíceis ensinam-nos
  • 13:35 - 13:39
    a refletir em que é que podemos
    pôr a nossa ação
  • 13:39 - 13:41
    naquilo que preferimos.
  • 13:42 - 13:44
    Através das escolhas difíceis,
  • 13:44 - 13:46
    tornarmo-nos nessa pessoa.
  • 13:47 - 13:50
    Longe de ser uma fonte
    de angústia e terror,
  • 13:50 - 13:54
    as escolhas difíceis
    são oportunidades preciosas
  • 13:54 - 13:56
    de festejarmos o que é especial
  • 13:56 - 13:57
    na condição humana.
  • 13:58 - 14:00
    As razões que governam
    as nossas escolhas,
  • 14:00 - 14:03
    quer corretas quer incorretas,
  • 14:02 - 14:04
    por vezes deixam de ter sentido.
  • 14:04 - 14:07
    É aqui, no espaço das escolhas difíceis,
  • 14:07 - 14:11
    que temos o poder de
    criar razões para nós mesmos
  • 14:11 - 14:14
    de nos tornarmos
    nas pessoas distintas que somos.
  • 14:14 - 14:17
    É por isso que as escolhas difíceis
    não são uma maldição
  • 14:17 - 14:19
    mas uma bênção.
  • 14:19 - 14:20
    Obrigada.
  • 14:20 - 14:23
    (Aplausos)
Title:
Como fazer escolhas difíceis
Speaker:
Ruth Chang
Description:

Esta é uma palestra que pode, literalmente, mudar a nossa vida. Que carreira devo seguir? Devo romper — ou casar-me?! Onde devo viver? As grandes decisões como estas podem ser angustiantemente difíceis. Mas isso é porque pensamos nelas sob um ângulo errado, diz a filósofa Ruth Chang. Chang apresenta uma poderosa moldura para enquadrar quem somos realmente.

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Video Language:
English
Team:
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Project:
TEDTalks
Duration:
14:41
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    Deve ser revista para português de Portugal.

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