Minha vida em fontes tipográficas
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0:01 - 0:02Nós consumimos fontes
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0:02 - 0:04em quantidades enormes.
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0:04 - 0:05Em boa parte do mundo,
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0:05 - 0:07isso é completamente inevitável.
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0:07 - 0:10Mas poucos consumidores
estão interessados em saber -
0:10 - 0:12de onde veio uma determinada fonte,
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0:12 - 0:15quando ou quem a desenhou,
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0:15 - 0:19se existiu alguma ação humana envolvida
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0:19 - 0:21na sua criação,
ou não é apenas algo materializado -
0:21 - 0:25a partir de um programa de computador.
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0:25 - 0:29Mas eu preciso me preocupar
com esse tipo de coisa. -
0:29 - 0:30É o meu trabalho.
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0:30 - 0:32Faço parte do pequeno grupo de pessoas
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0:32 - 0:34que fica realmente desesperado
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0:34 - 0:37pelo mau espaçamento entre o T e o E
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0:37 - 0:39como se vê ali.
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0:39 - 0:40Eu preciso descartar esse slide.
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0:40 - 0:42Não posso suportar isso.
Nem Chris. -
0:42 - 0:44Assim está melhor.
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0:44 - 0:46Minha palestra é sobre a relação
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0:46 - 0:49entre tecnologia e design de fontes.
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0:49 - 0:52A tecnologia mudou
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0:52 - 0:55muitas vezes desde que
comecei a trabalhar: -
0:55 - 0:59foto, digital, desktop, tela, web.
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0:59 - 1:01Tive que sobreviver às mudanças, e tentar
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1:01 - 1:05entender suas implicações
dentro do que faço no design. -
1:05 - 1:10Este slide é sobre o efeito
das ferramentas de forma. -
1:10 - 1:13As duas letras, os dois K's,
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1:13 - 1:17o da esquerda é moderno,
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1:17 - 1:18feito no computador.
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1:18 - 1:20Todas as linhas retas são perfeitas.
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1:20 - 1:23As curvas tem uma suavidade matemática
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1:23 - 1:27imposta pela fórmula de Bézier.
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1:27 - 1:29À direita está o estilo gótico antigo,
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1:29 - 1:33cortado à mão em material de aço.
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1:33 - 1:35Nenhuma das linhas retas
são realmente retas. -
1:35 - 1:38As curvas são bem sutis.
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1:38 - 1:42Tem aquela centelha de vida humana
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1:42 - 1:44que a máquina ou o programa
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1:44 - 1:46nunca poderão capturar.
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1:46 - 1:48Que contraste.
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1:48 - 1:51Bem, estou dizendo uma mentira.
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1:51 - 1:54Uma mentira no TED. Eu sinto muito.
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1:54 - 1:56As duas foram feitas no computador,
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1:56 - 1:58mesmo software, mesmas curvas de Bézier,
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1:58 - 1:59mesmo formato de fonte.
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1:59 - 2:02A da esquerda
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2:02 - 2:04foi feita por Zuzana Licko, no Emigre
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2:04 - 2:06e eu fiz a outra.
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2:06 - 2:09Mesma ferramenta, letras diferentes.
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2:09 - 2:11As letras são diferentes
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2:11 - 2:12porque os designers são diferentes.
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2:12 - 2:15É isso. Zuzana queria a sua dessa forma.
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2:15 - 2:18Eu queria a minha de outra. Fim.
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2:18 - 2:20Fontes são muito adaptáveis.
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2:20 - 2:24Diferente das belas-artes,
como escultura ou arquitetura, -
2:24 - 2:27a fonte esconde seus métodos.
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2:27 - 2:30Eu penso que sou um designer industrial.
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2:30 - 2:31Aquilo que eu desenho é fabricado,
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2:31 - 2:33e possui uma função:
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2:33 - 2:35ser lido, transmitir significado.
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2:35 - 2:37Mas existe um pouco mais do que isso.
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2:37 - 2:39Existem muitos elementos estéticos.
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2:39 - 2:41O que faz essas duas letras
serem diferentes -
2:41 - 2:44e terem interpretações diferentes
entre os designers? -
2:44 - 2:46O que dá ao trabalho de alguns designers
-
2:46 - 2:49uma espécie de estilo pessoal,
-
2:49 - 2:52assim como no trabalho
de um designer de moda, -
2:52 - 2:55um designer de automóveis,
ou qualquer outra coisa? -
2:55 - 2:57Existiram momentos, eu admito,
-
2:57 - 2:58em que eu, como designer
-
2:58 - 3:01senti a influência da tecnologia.
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3:01 - 3:04Isso foi em meados da década de 60,
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3:04 - 3:06na mudança da fonte
de metal para a fotografia, -
3:06 - 3:08como do quente para frio.
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3:08 - 3:09Isso trouxe alguns benefícios
-
3:09 - 3:12mas também uma desvantagem:
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3:12 - 3:15um sistema de espaçamento
que fornecia apenas -
3:15 - 3:1818 pequenas unidades,
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3:18 - 3:22para acomodar as letras.
-
3:22 - 3:24Nessa época, me pediram para desenhar
-
3:24 - 3:26uma série de fontes
“sans serif” condensadas -
3:26 - 3:29com o maior número de variedades possíveis
-
3:29 - 3:33dentro desta caixa de 18 unidades.
-
3:33 - 3:35Olhando rapidamente a aritmética,
-
3:35 - 3:38percebi que eu só poderia produzir três
-
3:38 - 3:42do mesmo tipo de design.
Aqui estão eles. -
3:42 - 3:44Nas fontes Helvetica Compressed,
Extra Compressed, -
3:44 - 3:48e Ultra Compressed,
este sistema rígido de 18 unidades -
3:48 - 3:50me deixou muito limitado.
-
3:50 - 3:51Isso determinou as proporções
-
3:51 - 3:53do design.
-
3:54 - 3:58Aqui estão os caracteres
das letras minúsculas. -
3:58 - 4:00Você olha, e pensa,
-
4:00 - 4:04“Pobre Matthew, ele precisou
se submeter a um problema, -
4:04 - 4:07que definitivamente
está visível nos resultados.” -
4:07 - 4:09Espero que não pensem isso.
-
4:09 - 4:11Se eu estivesse fazendo
este mesmo trabalho hoje, -
4:11 - 4:14ao invés de ter um espaço de 18 unidades,
-
4:14 - 4:17eu teria 1000.
-
4:17 - 4:19Eu poderia fazer mais variações,
-
4:19 - 4:24mas será que esses três membros
da família não seriam melhores? -
4:24 - 4:26É difícil dizer sem necessariamente fazer,
-
4:26 - 4:28mas não seriam melhor na proporção
-
4:28 - 4:31de 1000 para 18, isso eu posso afirmar.
-
4:31 - 4:33Meu instinto diz que qualquer melhoria
-
4:33 - 4:36seria pequena,
porque elas foram desenhadas -
4:36 - 4:39como funções do sistema
para o qual foram projetadas -
4:39 - 4:41e como eu disse,
fontes são muito adaptáveis. -
4:41 - 4:44Também escondem seus métodos.
-
4:44 - 4:46Todos os designers industriais
trabalham com limitações. -
4:46 - 4:49Não é como belas-artes.
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4:49 - 4:51A pergunta é, será que a limitação
-
4:51 - 4:53gera comprometimento?
-
4:53 - 4:55Quando aceita a limitação
-
4:55 - 4:57você acaba trabalhando
em um padrão inferior? -
4:57 - 5:00Eu não acredito nisso,
e sempre fui encorajado -
5:00 - 5:02por algo que Charles Eames disse.
-
5:02 - 5:04Ele estava consciente
de que trabalhava com limitações, -
5:04 - 5:07mas não comprometia o trabalho.
-
5:07 - 5:10A diferença entre uma limitação
-
5:10 - 5:12e o comprometimento é muito sutil,
-
5:12 - 5:17mas é muito determinante
na minha atitude no trabalho. -
5:18 - 5:21Lembram-se desta experiência de leitura?
-
5:21 - 5:23A lista telefônica.
Vou manter o slide -
5:23 - 5:26para vocês curtirem a nostalgia.
-
5:27 - 5:30Tirei isto das primeiras amostras
da década de 70, -
5:30 - 5:32da fonte Bell Centennial que eu desenhei
-
5:32 - 5:34para as listas dos Estados Unidos,
-
5:34 - 5:37e foi minha primeira experiência
com fonte digital, -
5:37 - 5:41quase um batizado.
-
5:41 - 5:43Desenhada para listas telefônicas,
-
5:43 - 5:46para ser impressa em tamanho pequeno
em papel de jornal -
5:46 - 5:49em impressoras rotativas
de alta velocidade -
5:49 - 5:51com tinta de querosene e fuligem.
-
5:51 - 5:55Este não era um ambiente hospitaleiro
-
5:55 - 5:59para um designer tipográfico.
-
5:59 - 6:00O desafio era desenhar fontes
-
6:00 - 6:02que funcionariam o melhor possível
-
6:02 - 6:07dentro dessas condições
de produção adversas. -
6:07 - 6:10Costumo dizer que estávamos
na infância da fonte digital. -
6:10 - 6:12Eu tinha que desenhar cada caractere à mão
-
6:12 - 6:14em papel milimétrico --
-
6:14 - 6:16existiam quatro espessuras
da Bell Centennial – -
6:16 - 6:19pixel por pixel,
e codificar cada linha raster -
6:19 - 6:20para o teclado.
-
6:20 - 6:24Levou dois anos, mas aprendi muito.
-
6:24 - 6:26Parece que essas letras foram mastigadas
-
6:26 - 6:28por um cachorro,
-
6:28 - 6:30mas os pixels faltando nas interseções
-
6:30 - 6:31dos traços e ângulos internos
-
6:31 - 6:35são o resultado dos meus estudos
sobre os efeitos -
6:35 - 6:38da tinta em papel barato,
-
6:38 - 6:41sua reação, e minha revisão
sobre a fonte apropriada. -
6:41 - 6:44Estes artefatos estranhos
são feitos para compensar -
6:44 - 6:47os efeitos indesejáveis
do redimensionamento -
6:47 - 6:50e do processo de produção.
-
6:50 - 6:52No início, a AT&T queria
-
6:52 - 6:55produzir as listas telefônicas
com a fonte Helvetica, -
6:55 - 6:57mas, como meu amigo
Erik Spiekermann disse, -
6:57 - 7:00na sequência da Helvetica,
não sei se já viram isso, -
7:00 - 7:02as letras foram desenhadas para serem
-
7:02 - 7:05as mais parecidas possíveis.
-
7:05 - 7:08Esta não é a receita para legibilidade
em tamanhos pequenos. -
7:08 - 7:10Parece muito elegante em um slide.
-
7:10 - 7:13Eu tive que diferenciar essas formas
-
7:13 - 7:16da melhor maneira possível,
na Bell Centennial, -
7:16 - 7:18abrindo um pouco as formas,
como podem ver -
7:18 - 7:21na parte debaixo do slide.
-
7:21 - 7:23Então, agora estamos nos anos 80,
-
7:23 - 7:26nos primeiros momentos
das fontes digitais, -
7:26 - 7:28a tecnologia vetorial.
-
7:28 - 7:30Havia um problema nessa época
-
7:30 - 7:32em relação ao tamanho das fontes
-
7:32 - 7:35e a quantidade necessária
de dados para encontrar -
7:35 - 7:40e armazenar uma fonte
na memória do computador. -
7:40 - 7:42Isso limitava a quantidade
de fontes arquivadas -
7:42 - 7:45de uma vez só no seu sistema de fontes.
-
7:45 - 7:49Eu fiz uma análise dos dados,
-
7:49 - 7:51e descobri que uma fonte serif típica,
-
7:51 - 7:53a que vocês veem à esquerda,
-
7:53 - 7:55precisava de quase o dobro de dados
-
7:55 - 7:57do que a sans serif do meio,
-
7:57 - 8:00devido à quantidade de pontos necessários
-
8:00 - 8:04para definir a curvatura elegante
dos caracteres. -
8:04 - 8:07Os números na parte debaixo do slide
-
8:07 - 8:09representam a quantidade
de dados necessária -
8:09 - 8:13para armazenar cada uma dessas fontes.
-
8:13 - 8:15Então, a sans serif, no meio,
-
8:15 - 8:18sem as serifas,
era muito mais econômica, -
8:18 - 8:20de 81 para 151.
-
8:20 - 8:24“A-há,” eu pensei.
“Os engenheiros tem um problema. -
8:24 - 8:26Designers ao resgate.”
-
8:26 - 8:29Eu fiz uma fonte em estilo serif,
podem ver à direita, -
8:29 - 8:30sem as curvas das serifas.
-
8:30 - 8:33Fiz em forma de polígono,
com segmentos retos, -
8:33 - 8:35caracteres chanfrados.
-
8:35 - 8:39E vejam, tão econômica em dados
quanto a Sans Serif. -
8:39 - 8:42Nós chamamos o da direita de Charter.
-
8:42 - 8:44Então fui ao chefe da engenharia
-
8:44 - 8:46com meus números, e disse,
orgulhosamente, -
8:46 - 8:48“Eu resolvi o seu problema.”
-
8:48 - 8:52“Ah,” ele disse. “Que problema?”
-
8:52 - 8:54E eu disse: “Bom, você sabe, o problema
-
8:54 - 8:57com a quantidade de dados
para as fontes serif.” -
8:57 - 9:00“Ah,” ele disse. “Resolvemos esse problema
semana passada. -
9:00 - 9:03Elaboramos uma rotina
de compactação que reduz -
9:03 - 9:05o tamanho de todas as fontes,
por ordem de grandeza. -
9:05 - 9:07Você pode ter quantas fontes
no seu sistema -
9:07 - 9:09que você quiser.”
-
9:09 - 9:11“Bom, obrigado por me avisar,” eu disse.
-
9:11 - 9:13Frustrado novamente.
-
9:13 - 9:15Me deixaram com uma solução de design
-
9:15 - 9:19para um problema técnico que não existia.
-
9:19 - 9:22Mas aqui a história
fica interessante para mim. -
9:22 - 9:25Eu não simplesmente joguei fora meu design
-
9:25 - 9:26em um acesso de raiva.
-
9:26 - 9:28Eu fui em frente.
-
9:28 - 9:30O que começou como um exercício técnico
-
9:30 - 9:33se tornou um exercício estético.
-
9:33 - 9:36Em outras palavras,
passei a gostar desse tipo de fonte. -
9:36 - 9:38Esqueçam as origens.
Deixa pra lá. -
9:38 - 9:41Eu gostei do design por si só.
-
9:41 - 9:43As formas simplificadas do Charter
-
9:43 - 9:45deram uma qualidade sincera
-
9:45 - 9:47e uma simplicidade descomplicada
-
9:47 - 9:49que me agradou.
-
9:49 - 9:52Vocês sabem, em tempos
de inovação técnica, -
9:52 - 9:54os designers querem ser influenciados
-
9:54 - 9:55pelo que está acontecendo.
-
9:55 - 9:58Nós queremos responder.
Queremos ser pressionados -
9:58 - 10:01para explorar coisas novas.
-
10:01 - 10:04Então, o Charter é como
uma parábola para mim. -
10:04 - 10:08No final, não existe
uma conexão casual rápida -
10:08 - 10:11entre a tecnologia e o design do Charter.
-
10:11 - 10:15Eu realmente interpretei mal a tecnologia.
-
10:15 - 10:18A tecnologia sugeriu, sim, algo para mim,
-
10:18 - 10:20mas não me fez seguir um caminho,
-
10:20 - 10:23e acho que isso acontece
com muita frequência. -
10:23 - 10:25Sabem, os engenheiros
são muito inteligentes, -
10:25 - 10:27e, apesar das frustrações ocasionais,
-
10:27 - 10:28porque sou menos inteligente,
-
10:28 - 10:30sempre gostei de trabalhar com eles
-
10:30 - 10:32e de aprender com eles.
-
10:32 - 10:35A propósito, nos anos 90,
-
10:35 - 10:37comecei a conversar com a Microsoft
-
10:37 - 10:40sobre as fontes em telas.
-
10:40 - 10:42Até esse momento, todas as fontes em tela
-
10:42 - 10:45foram adaptadas de fontes pré-existentes,
-
10:45 - 10:47as fontes impressas, claro.
-
10:47 - 10:50Mas a Microsoft previu corretamente
-
10:50 - 10:52o movimento, a corrida
-
10:52 - 10:55rumo à comunicação eletrônica,
-
10:55 - 10:57à leitura e escrita em tela,
-
10:57 - 11:00e a produção impressa
ficando em segundo lugar -
11:00 - 11:02na ordem de importância.
-
11:02 - 11:06Então, as prioridades
estavam começando a mudar. -
11:06 - 11:08Eles queriam um pequeno conjunto de fontes
-
11:08 - 11:11que não eram adaptadas,
mas desenhadas para a tela -
11:11 - 11:14para enfrentar os problemas da tela,
-
11:14 - 11:18que eram os problemas
da resolução grosseira. -
11:18 - 11:21Eu disse à Microsoft
que uma fonte desenhada -
11:21 - 11:23para uma tecnologia em particular
-
11:23 - 11:26é uma fonte obsoleta por si só.
-
11:26 - 11:28Eu desenhei muitas fontes no passado
-
11:28 - 11:32que tinham o intuito
de corrigir problemas técnicos. -
11:32 - 11:35Graças aos engenheiros,
os problemas técnicos sumiram. -
11:35 - 11:37E minhas fontes também.
-
11:37 - 11:40Eram apenas um quebra-galho.
-
11:40 - 11:42A Microsoft voltou e disse
-
11:42 - 11:43que monitores de computador baratos
-
11:43 - 11:45e com melhor resolução
-
11:45 - 11:47surgiriam dentro de uma década.
-
11:47 - 11:50Pensei que uma década
não é tão ruim assim, -
11:50 - 11:52é melhor do que um quebra-galho.
-
11:52 - 11:54Então fui persuadido, fui convencido,
-
11:54 - 11:57e começamos a trabalhar
no que veio a se tornar a Verdana -
11:57 - 11:58e Georgia.
-
11:58 - 12:01Pela primeira vez não trabalhei no papel
-
12:01 - 12:04mas diretamente na tela,
em um programa de pixels. -
12:04 - 12:08Naquele tempo, as telas eram binárias.
-
12:08 - 12:11Ou o pixel estava lá, ou não estava.
-
12:11 - 12:14Aqui vocês veem o esboço de uma letra,
-
12:14 - 12:16o H maiúsculo,
-
12:16 - 12:18o contorno, essa linha fina e preta,
-
12:18 - 12:21é como a letra é armazenada na memória,
-
12:21 - 12:23sobreposta no bitmap,
-
12:23 - 12:25a área cinza,
-
12:25 - 12:27é como é mostrada na tela.
-
12:27 - 12:30O bitmap é rasterizado
a partir do contorno. -
12:30 - 12:32Aqui no H maiúsculo,
feito de linhas retas, -
12:32 - 12:34os dois estão quase em perfeita sincronia
-
12:34 - 12:38no plano cartesiano.
-
12:39 - 12:42O mesmo não acontece com um O.
-
12:42 - 12:45Parece mais com tijolos empilhados
do que design de fonte, -
12:45 - 12:48mas, acreditem em mim,
isto é um bom bitmap do O, -
12:48 - 12:50simplesmente porque é simétrico
-
12:50 - 12:52nos eixos X e Y.
-
12:52 - 12:55Em um bitmap binário,
você não pode esperar -
12:55 - 12:57muito mais do que isso.
-
12:57 - 12:59Algumas vezes eu faço,
-
12:59 - 13:02três ou quatro versões diferentes
de uma letra difícil -
13:02 - 13:03como um A minúsculo,
-
13:03 - 13:06e fico olhando para escolher
qual é o melhor. -
13:06 - 13:09Bom, não existe um melhor,
-
13:09 - 13:11então o julgamento do designer consiste
-
13:11 - 13:12em tentar decidir
-
13:12 - 13:15qual é o menos ruim.
-
13:15 - 13:17Isso é comprometimento?
-
13:17 - 13:20Não para mim, se você estiver trabalhando
-
13:20 - 13:23dentro dos melhores padrões
que a tecnologia permitir, -
13:23 - 13:25mesmo que esse padrão
-
13:25 - 13:27esteja distante do ideal.
-
13:27 - 13:29Vocês podem ver neste slide
-
13:29 - 13:31duas fontes bitmaps diferentes.
-
13:31 - 13:33O “a” na parte de cima, na minha opinião,
-
13:33 - 13:35é melhor do que o “a” na parte debaixo,
-
13:35 - 13:37mas ainda assim não é ótimo.
-
13:37 - 13:39Talvez vocês vejam melhor este efeito
-
13:39 - 13:42quando está reduzido.
Ou talvez não. -
13:42 - 13:45Eu sou um pragmático, não um idealista,
-
13:45 - 13:46por necessidade.
-
13:46 - 13:48Para um certo tipo de temperamento,
-
13:48 - 13:50existe um certo tipo de satisfação
-
13:50 - 13:54quando se faz algo
que não pode ser perfeito -
13:54 - 13:57mas que pode ser feito
da melhor forma possível. -
13:57 - 14:02Aqui temos um H minúsculo
da Georgia Italic. -
14:02 - 14:05O bitmap parece quebrado e irregular.
-
14:05 - 14:06Mas é realmente quebrado e irregular.
-
14:06 - 14:08Mas descobri, através de experimentos,
-
14:08 - 14:12que existe um ângulo
de inclinação excelente -
14:12 - 14:14para a fonte itálica na tela
-
14:14 - 14:16em que as linhas quebram muito bem
-
14:16 - 14:18dentro dos limites dos pixels.
-
14:18 - 14:21Vejam neste exemplo como,
mesmo sendo irregular, -
14:21 - 14:23as pernas da direita e da esquerda
-
14:23 - 14:25quebram no mesmo nível.
-
14:25 - 14:29Isso é uma vitória.
É muito bom. -
14:29 - 14:32E, claro, nos tamanhos menores,
-
14:32 - 14:34não temos muita escolha.
-
14:34 - 14:39Isto é um S, caso vocês estejam
se perguntando. -
14:39 - 14:41Bom, agora faz 18 anos
-
14:41 - 14:44desde que a Verdana e Georgia
foram lançadas. -
14:44 - 14:46A Microsoft estava correta,
-
14:46 - 14:48levou 10 anos,
-
14:48 - 14:50mas agora a visualização em tela
-
14:50 - 14:53está melhor em resolução espacial,
-
14:53 - 14:56e muito melhor em resolução fotométrica
-
14:56 - 15:00graças ao efeito de serrilhamento.
-
15:00 - 15:03Então, agora que a missão deles
foi alcançada, -
15:03 - 15:05será que levará ao fim
-
15:05 - 15:07das fontes de tela que eu desenhei
-
15:07 - 15:10para as antigas resoluções grosseiras?
-
15:10 - 15:13Será que elas vão sobreviver
às telas agora ultrapassadas -
15:13 - 15:15e à ascensão das novas fontes da web
-
15:15 - 15:17que estão surgindo no mercado?
-
15:17 - 15:19Ou será que conseguiram
estabelecer seu próprio -
15:19 - 15:21nicho de evolução
-
15:21 - 15:24independente da tecnologia?
-
15:24 - 15:26Em outras palavras,
será que foram absorvidas -
15:26 - 15:29pela corrente principal
das fontes tipográficas? -
15:29 - 15:33Não tenho certeza,
mas fizeram sucesso até agora. -
15:33 - 15:36Bom, 18 anos é uma boa idade
para qualquer coisa -
15:36 - 15:38em função da rotatividade
acelerada nos dias hoje, -
15:38 - 15:40por isso não reclamo.
-
15:40 - 15:42Obrigado.
-
15:42 - 15:45(Aplausos)
- Title:
- Minha vida em fontes tipográficas
- Speaker:
- Matthew Carter
- Description:
-
Pegue um livro, revista ou tela de computador, e com certeza você vai se deparar com alguma fonte tipográfica desenhada por Matthew Carter. Em uma palestra fascinante, o homem por trás de fontes tipográficas como Verdana, Georgia e Bell Centennial (desenhada para as listas telefônicas – se lembra?), nos leva a um passeio por uma carreira focada em cada pixel de cada letra de uma fonte.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:01
Jessica Ranft commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Juliana Satti commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Juliana Satti commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Gustavo Rocha commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Gustavo Rocha commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Jessica Ranft commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Juliana Satti commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces | ||
Juliana Satti commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My life in typefaces |
Gustavo Rocha
Boa legenda! Realizei somente alguns poucos ajustes, parabéns.
Juliana Satti
Oi Gustavo, tudo bem? (:
Neste vídeo aparece que a tradutora fui eu, mas acredito que tenha sido a Jessica Ranft.
Não tive tempo para revisar e por isso tive que recusá-lo (é por isso que o meu nome aparece no Histórico).
Obrigada!
Juliana
Gustavo Rocha
Juliana, você tem razão, no site aparece que você foi a tradutora e o Carlos Freitas foi o revisor.
Você tem certeza que não chegou a finalizar a tarefa? E você chegou a trabalhar na revisão e não na tradução, é isso?
Só confirma pra mim, por favor? Vou tentar contactar a Jessica também.
Obrigado pela honestidade :)
Juliana Satti
Gustavo, tenho certeza sim.
Na verdade não cheguei a fazer alterações por falta de tempo e questões de viagem.
Agradeço muito a gentileza ;)
Juliana Satti
Gustavo, tenho certeza sim.
Na verdade não cheguei a fazer alterações por falta de tempo e questões de viagem.
Agradeço muito a gentileza ;)
Jessica Ranft
Olá, realmente quem fez a tradução fui eu, obrigada pela observação, Juliana.
Eu fiz a tradução e finalizei e os nomes posteriores do histórico, da Juliana e do Carlos, são dos revisores.
Gustavo Rocha
Olá Jessica, obrigado pelos esclarecimentos, vou entrar em contato com o pessoal do TED pra resolver isso!
Gustavo Rocha
Créditos corrigidos!
Juliana Satti
Obrigada pela correção, Gustavo! (:
Juliana Satti
Jessica, fico feliz que esteja tudo certo agora!
Jessica Ranft
Obrigada Gustavo e Juliana!