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Minha vida em fontes tipográficas

  • 0:01 - 0:02
    Nós consumimos fontes
  • 0:02 - 0:04
    em quantidades enormes.
  • 0:04 - 0:05
    Em boa parte do mundo,
  • 0:05 - 0:07
    isso é completamente inevitável.
  • 0:07 - 0:10
    Mas poucos consumidores
    estão interessados em saber
  • 0:10 - 0:12
    de onde veio uma determinada fonte,
  • 0:12 - 0:15
    quando ou quem a desenhou,
  • 0:15 - 0:19
    se existiu alguma ação humana envolvida
  • 0:19 - 0:21
    na sua criação,
    ou não é apenas algo materializado
  • 0:21 - 0:25
    a partir de um programa de computador.
  • 0:25 - 0:29
    Mas eu preciso me preocupar
    com esse tipo de coisa.
  • 0:29 - 0:30
    É o meu trabalho.
  • 0:30 - 0:32
    Faço parte do pequeno grupo de pessoas
  • 0:32 - 0:34
    que fica realmente desesperado
  • 0:34 - 0:37
    pelo mau espaçamento entre o T e o E
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    como se vê ali.
  • 0:39 - 0:40
    Eu preciso descartar esse slide.
  • 0:40 - 0:42
    Não posso suportar isso.
    Nem Chris.
  • 0:42 - 0:44
    Assim está melhor.
  • 0:44 - 0:46
    Minha palestra é sobre a relação
  • 0:46 - 0:49
    entre tecnologia e design de fontes.
  • 0:49 - 0:52
    A tecnologia mudou
  • 0:52 - 0:55
    muitas vezes desde que
    comecei a trabalhar:
  • 0:55 - 0:59
    foto, digital, desktop, tela, web.
  • 0:59 - 1:01
    Tive que sobreviver às mudanças, e tentar
  • 1:01 - 1:05
    entender suas implicações
    dentro do que faço no design.
  • 1:05 - 1:10
    Este slide é sobre o efeito
    das ferramentas de forma.
  • 1:10 - 1:13
    As duas letras, os dois K's,
  • 1:13 - 1:17
    o da esquerda é moderno,
  • 1:17 - 1:18
    feito no computador.
  • 1:18 - 1:20
    Todas as linhas retas são perfeitas.
  • 1:20 - 1:23
    As curvas tem uma suavidade matemática
  • 1:23 - 1:27
    imposta pela fórmula de Bézier.
  • 1:27 - 1:29
    À direita está o estilo gótico antigo,
  • 1:29 - 1:33
    cortado à mão em material de aço.
  • 1:33 - 1:35
    Nenhuma das linhas retas
    são realmente retas.
  • 1:35 - 1:38
    As curvas são bem sutis.
  • 1:38 - 1:42
    Tem aquela centelha de vida humana
  • 1:42 - 1:44
    que a máquina ou o programa
  • 1:44 - 1:46
    nunca poderão capturar.
  • 1:46 - 1:48
    Que contraste.
  • 1:48 - 1:51
    Bem, estou dizendo uma mentira.
  • 1:51 - 1:54
    Uma mentira no TED. Eu sinto muito.
  • 1:54 - 1:56
    As duas foram feitas no computador,
  • 1:56 - 1:58
    mesmo software, mesmas curvas de Bézier,
  • 1:58 - 1:59
    mesmo formato de fonte.
  • 1:59 - 2:02
    A da esquerda
  • 2:02 - 2:04
    foi feita por Zuzana Licko, no Emigre
  • 2:04 - 2:06
    e eu fiz a outra.
  • 2:06 - 2:09
    Mesma ferramenta, letras diferentes.
  • 2:09 - 2:11
    As letras são diferentes
  • 2:11 - 2:12
    porque os designers são diferentes.
  • 2:12 - 2:15
    É isso. Zuzana queria a sua dessa forma.
  • 2:15 - 2:18
    Eu queria a minha de outra. Fim.
  • 2:18 - 2:20
    Fontes são muito adaptáveis.
  • 2:20 - 2:24
    Diferente das belas-artes,
    como escultura ou arquitetura,
  • 2:24 - 2:27
    a fonte esconde seus métodos.
  • 2:27 - 2:30
    Eu penso que sou um designer industrial.
  • 2:30 - 2:31
    Aquilo que eu desenho é fabricado,
  • 2:31 - 2:33
    e possui uma função:
  • 2:33 - 2:35
    ser lido, transmitir significado.
  • 2:35 - 2:37
    Mas existe um pouco mais do que isso.
  • 2:37 - 2:39
    Existem muitos elementos estéticos.
  • 2:39 - 2:41
    O que faz essas duas letras
    serem diferentes
  • 2:41 - 2:44
    e terem interpretações diferentes
    entre os designers?
  • 2:44 - 2:46
    O que dá ao trabalho de alguns designers
  • 2:46 - 2:49
    uma espécie de estilo pessoal,
  • 2:49 - 2:52
    assim como no trabalho
    de um designer de moda,
  • 2:52 - 2:55
    um designer de automóveis,
    ou qualquer outra coisa?
  • 2:55 - 2:57
    Existiram momentos, eu admito,
  • 2:57 - 2:58
    em que eu, como designer
  • 2:58 - 3:01
    senti a influência da tecnologia.
  • 3:01 - 3:04
    Isso foi em meados da década de 60,
  • 3:04 - 3:06
    na mudança da fonte
    de metal para a fotografia,
  • 3:06 - 3:08
    como do quente para frio.
  • 3:08 - 3:09
    Isso trouxe alguns benefícios
  • 3:09 - 3:12
    mas também uma desvantagem:
  • 3:12 - 3:15
    um sistema de espaçamento
    que fornecia apenas
  • 3:15 - 3:18
    18 pequenas unidades,
  • 3:18 - 3:22
    para acomodar as letras.
  • 3:22 - 3:24
    Nessa época, me pediram para desenhar
  • 3:24 - 3:26
    uma série de fontes
    “sans serif” condensadas
  • 3:26 - 3:29
    com o maior número de variedades possíveis
  • 3:29 - 3:33
    dentro desta caixa de 18 unidades.
  • 3:33 - 3:35
    Olhando rapidamente a aritmética,
  • 3:35 - 3:38
    percebi que eu só poderia produzir três
  • 3:38 - 3:42
    do mesmo tipo de design.
    Aqui estão eles.
  • 3:42 - 3:44
    Nas fontes Helvetica Compressed,
    Extra Compressed,
  • 3:44 - 3:48
    e Ultra Compressed,
    este sistema rígido de 18 unidades
  • 3:48 - 3:50
    me deixou muito limitado.
  • 3:50 - 3:51
    Isso determinou as proporções
  • 3:51 - 3:53
    do design.
  • 3:54 - 3:58
    Aqui estão os caracteres
    das letras minúsculas.
  • 3:58 - 4:00
    Você olha, e pensa,
  • 4:00 - 4:04
    “Pobre Matthew, ele precisou
    se submeter a um problema,
  • 4:04 - 4:07
    que definitivamente
    está visível nos resultados.”
  • 4:07 - 4:09
    Espero que não pensem isso.
  • 4:09 - 4:11
    Se eu estivesse fazendo
    este mesmo trabalho hoje,
  • 4:11 - 4:14
    ao invés de ter um espaço de 18 unidades,
  • 4:14 - 4:17
    eu teria 1000.
  • 4:17 - 4:19
    Eu poderia fazer mais variações,
  • 4:19 - 4:24
    mas será que esses três membros
    da família não seriam melhores?
  • 4:24 - 4:26
    É difícil dizer sem necessariamente fazer,
  • 4:26 - 4:28
    mas não seriam melhor na proporção
  • 4:28 - 4:31
    de 1000 para 18, isso eu posso afirmar.
  • 4:31 - 4:33
    Meu instinto diz que qualquer melhoria
  • 4:33 - 4:36
    seria pequena,
    porque elas foram desenhadas
  • 4:36 - 4:39
    como funções do sistema
    para o qual foram projetadas
  • 4:39 - 4:41
    e como eu disse,
    fontes são muito adaptáveis.
  • 4:41 - 4:44
    Também escondem seus métodos.
  • 4:44 - 4:46
    Todos os designers industriais
    trabalham com limitações.
  • 4:46 - 4:49
    Não é como belas-artes.
  • 4:49 - 4:51
    A pergunta é, será que a limitação
  • 4:51 - 4:53
    gera comprometimento?
  • 4:53 - 4:55
    Quando aceita a limitação
  • 4:55 - 4:57
    você acaba trabalhando
    em um padrão inferior?
  • 4:57 - 5:00
    Eu não acredito nisso,
    e sempre fui encorajado
  • 5:00 - 5:02
    por algo que Charles Eames disse.
  • 5:02 - 5:04
    Ele estava consciente
    de que trabalhava com limitações,
  • 5:04 - 5:07
    mas não comprometia o trabalho.
  • 5:07 - 5:10
    A diferença entre uma limitação
  • 5:10 - 5:12
    e o comprometimento é muito sutil,
  • 5:12 - 5:17
    mas é muito determinante
    na minha atitude no trabalho.
  • 5:18 - 5:21
    Lembram-se desta experiência de leitura?
  • 5:21 - 5:23
    A lista telefônica.
    Vou manter o slide
  • 5:23 - 5:26
    para vocês curtirem a nostalgia.
  • 5:27 - 5:30
    Tirei isto das primeiras amostras
    da década de 70,
  • 5:30 - 5:32
    da fonte Bell Centennial que eu desenhei
  • 5:32 - 5:34
    para as listas dos Estados Unidos,
  • 5:34 - 5:37
    e foi minha primeira experiência
    com fonte digital,
  • 5:37 - 5:41
    quase um batizado.
  • 5:41 - 5:43
    Desenhada para listas telefônicas,
  • 5:43 - 5:46
    para ser impressa em tamanho pequeno
    em papel de jornal
  • 5:46 - 5:49
    em impressoras rotativas
    de alta velocidade
  • 5:49 - 5:51
    com tinta de querosene e fuligem.
  • 5:51 - 5:55
    Este não era um ambiente hospitaleiro
  • 5:55 - 5:59
    para um designer tipográfico.
  • 5:59 - 6:00
    O desafio era desenhar fontes
  • 6:00 - 6:02
    que funcionariam o melhor possível
  • 6:02 - 6:07
    dentro dessas condições
    de produção adversas.
  • 6:07 - 6:10
    Costumo dizer que estávamos
    na infância da fonte digital.
  • 6:10 - 6:12
    Eu tinha que desenhar cada caractere à mão
  • 6:12 - 6:14
    em papel milimétrico --
  • 6:14 - 6:16
    existiam quatro espessuras
    da Bell Centennial –
  • 6:16 - 6:19
    pixel por pixel,
    e codificar cada linha raster
  • 6:19 - 6:20
    para o teclado.
  • 6:20 - 6:24
    Levou dois anos, mas aprendi muito.
  • 6:24 - 6:26
    Parece que essas letras foram mastigadas
  • 6:26 - 6:28
    por um cachorro,
  • 6:28 - 6:30
    mas os pixels faltando nas interseções
  • 6:30 - 6:31
    dos traços e ângulos internos
  • 6:31 - 6:35
    são o resultado dos meus estudos
    sobre os efeitos
  • 6:35 - 6:38
    da tinta em papel barato,
  • 6:38 - 6:41
    sua reação, e minha revisão
    sobre a fonte apropriada.
  • 6:41 - 6:44
    Estes artefatos estranhos
    são feitos para compensar
  • 6:44 - 6:47
    os efeitos indesejáveis
    do redimensionamento
  • 6:47 - 6:50
    e do processo de produção.
  • 6:50 - 6:52
    No início, a AT&T queria
  • 6:52 - 6:55
    produzir as listas telefônicas
    com a fonte Helvetica,
  • 6:55 - 6:57
    mas, como meu amigo
    Erik Spiekermann disse,
  • 6:57 - 7:00
    na sequência da Helvetica,
    não sei se já viram isso,
  • 7:00 - 7:02
    as letras foram desenhadas para serem
  • 7:02 - 7:05
    as mais parecidas possíveis.
  • 7:05 - 7:08
    Esta não é a receita para legibilidade
    em tamanhos pequenos.
  • 7:08 - 7:10
    Parece muito elegante em um slide.
  • 7:10 - 7:13
    Eu tive que diferenciar essas formas
  • 7:13 - 7:16
    da melhor maneira possível,
    na Bell Centennial,
  • 7:16 - 7:18
    abrindo um pouco as formas,
    como podem ver
  • 7:18 - 7:21
    na parte debaixo do slide.
  • 7:21 - 7:23
    Então, agora estamos nos anos 80,
  • 7:23 - 7:26
    nos primeiros momentos
    das fontes digitais,
  • 7:26 - 7:28
    a tecnologia vetorial.
  • 7:28 - 7:30
    Havia um problema nessa época
  • 7:30 - 7:32
    em relação ao tamanho das fontes
  • 7:32 - 7:35
    e a quantidade necessária
    de dados para encontrar
  • 7:35 - 7:40
    e armazenar uma fonte
    na memória do computador.
  • 7:40 - 7:42
    Isso limitava a quantidade
    de fontes arquivadas
  • 7:42 - 7:45
    de uma vez só no seu sistema de fontes.
  • 7:45 - 7:49
    Eu fiz uma análise dos dados,
  • 7:49 - 7:51
    e descobri que uma fonte serif típica,
  • 7:51 - 7:53
    a que vocês veem à esquerda,
  • 7:53 - 7:55
    precisava de quase o dobro de dados
  • 7:55 - 7:57
    do que a sans serif do meio,
  • 7:57 - 8:00
    devido à quantidade de pontos necessários
  • 8:00 - 8:04
    para definir a curvatura elegante
    dos caracteres.
  • 8:04 - 8:07
    Os números na parte debaixo do slide
  • 8:07 - 8:09
    representam a quantidade
    de dados necessária
  • 8:09 - 8:13
    para armazenar cada uma dessas fontes.
  • 8:13 - 8:15
    Então, a sans serif, no meio,
  • 8:15 - 8:18
    sem as serifas,
    era muito mais econômica,
  • 8:18 - 8:20
    de 81 para 151.
  • 8:20 - 8:24
    “A-há,” eu pensei.
    “Os engenheiros tem um problema.
  • 8:24 - 8:26
    Designers ao resgate.”
  • 8:26 - 8:29
    Eu fiz uma fonte em estilo serif,
    podem ver à direita,
  • 8:29 - 8:30
    sem as curvas das serifas.
  • 8:30 - 8:33
    Fiz em forma de polígono,
    com segmentos retos,
  • 8:33 - 8:35
    caracteres chanfrados.
  • 8:35 - 8:39
    E vejam, tão econômica em dados
    quanto a Sans Serif.
  • 8:39 - 8:42
    Nós chamamos o da direita de Charter.
  • 8:42 - 8:44
    Então fui ao chefe da engenharia
  • 8:44 - 8:46
    com meus números, e disse,
    orgulhosamente,
  • 8:46 - 8:48
    “Eu resolvi o seu problema.”
  • 8:48 - 8:52
    “Ah,” ele disse. “Que problema?”
  • 8:52 - 8:54
    E eu disse: “Bom, você sabe, o problema
  • 8:54 - 8:57
    com a quantidade de dados
    para as fontes serif.”
  • 8:57 - 9:00
    “Ah,” ele disse. “Resolvemos esse problema
    semana passada.
  • 9:00 - 9:03
    Elaboramos uma rotina
    de compactação que reduz
  • 9:03 - 9:05
    o tamanho de todas as fontes,
    por ordem de grandeza.
  • 9:05 - 9:07
    Você pode ter quantas fontes
    no seu sistema
  • 9:07 - 9:09
    que você quiser.”
  • 9:09 - 9:11
    “Bom, obrigado por me avisar,” eu disse.
  • 9:11 - 9:13
    Frustrado novamente.
  • 9:13 - 9:15
    Me deixaram com uma solução de design
  • 9:15 - 9:19
    para um problema técnico que não existia.
  • 9:19 - 9:22
    Mas aqui a história
    fica interessante para mim.
  • 9:22 - 9:25
    Eu não simplesmente joguei fora meu design
  • 9:25 - 9:26
    em um acesso de raiva.
  • 9:26 - 9:28
    Eu fui em frente.
  • 9:28 - 9:30
    O que começou como um exercício técnico
  • 9:30 - 9:33
    se tornou um exercício estético.
  • 9:33 - 9:36
    Em outras palavras,
    passei a gostar desse tipo de fonte.
  • 9:36 - 9:38
    Esqueçam as origens.
    Deixa pra lá.
  • 9:38 - 9:41
    Eu gostei do design por si só.
  • 9:41 - 9:43
    As formas simplificadas do Charter
  • 9:43 - 9:45
    deram uma qualidade sincera
  • 9:45 - 9:47
    e uma simplicidade descomplicada
  • 9:47 - 9:49
    que me agradou.
  • 9:49 - 9:52
    Vocês sabem, em tempos
    de inovação técnica,
  • 9:52 - 9:54
    os designers querem ser influenciados
  • 9:54 - 9:55
    pelo que está acontecendo.
  • 9:55 - 9:58
    Nós queremos responder.
    Queremos ser pressionados
  • 9:58 - 10:01
    para explorar coisas novas.
  • 10:01 - 10:04
    Então, o Charter é como
    uma parábola para mim.
  • 10:04 - 10:08
    No final, não existe
    uma conexão casual rápida
  • 10:08 - 10:11
    entre a tecnologia e o design do Charter.
  • 10:11 - 10:15
    Eu realmente interpretei mal a tecnologia.
  • 10:15 - 10:18
    A tecnologia sugeriu, sim, algo para mim,
  • 10:18 - 10:20
    mas não me fez seguir um caminho,
  • 10:20 - 10:23
    e acho que isso acontece
    com muita frequência.
  • 10:23 - 10:25
    Sabem, os engenheiros
    são muito inteligentes,
  • 10:25 - 10:27
    e, apesar das frustrações ocasionais,
  • 10:27 - 10:28
    porque sou menos inteligente,
  • 10:28 - 10:30
    sempre gostei de trabalhar com eles
  • 10:30 - 10:32
    e de aprender com eles.
  • 10:32 - 10:35
    A propósito, nos anos 90,
  • 10:35 - 10:37
    comecei a conversar com a Microsoft
  • 10:37 - 10:40
    sobre as fontes em telas.
  • 10:40 - 10:42
    Até esse momento, todas as fontes em tela
  • 10:42 - 10:45
    foram adaptadas de fontes pré-existentes,
  • 10:45 - 10:47
    as fontes impressas, claro.
  • 10:47 - 10:50
    Mas a Microsoft previu corretamente
  • 10:50 - 10:52
    o movimento, a corrida
  • 10:52 - 10:55
    rumo à comunicação eletrônica,
  • 10:55 - 10:57
    à leitura e escrita em tela,
  • 10:57 - 11:00
    e a produção impressa
    ficando em segundo lugar
  • 11:00 - 11:02
    na ordem de importância.
  • 11:02 - 11:06
    Então, as prioridades
    estavam começando a mudar.
  • 11:06 - 11:08
    Eles queriam um pequeno conjunto de fontes
  • 11:08 - 11:11
    que não eram adaptadas,
    mas desenhadas para a tela
  • 11:11 - 11:14
    para enfrentar os problemas da tela,
  • 11:14 - 11:18
    que eram os problemas
    da resolução grosseira.
  • 11:18 - 11:21
    Eu disse à Microsoft
    que uma fonte desenhada
  • 11:21 - 11:23
    para uma tecnologia em particular
  • 11:23 - 11:26
    é uma fonte obsoleta por si só.
  • 11:26 - 11:28
    Eu desenhei muitas fontes no passado
  • 11:28 - 11:32
    que tinham o intuito
    de corrigir problemas técnicos.
  • 11:32 - 11:35
    Graças aos engenheiros,
    os problemas técnicos sumiram.
  • 11:35 - 11:37
    E minhas fontes também.
  • 11:37 - 11:40
    Eram apenas um quebra-galho.
  • 11:40 - 11:42
    A Microsoft voltou e disse
  • 11:42 - 11:43
    que monitores de computador baratos
  • 11:43 - 11:45
    e com melhor resolução
  • 11:45 - 11:47
    surgiriam dentro de uma década.
  • 11:47 - 11:50
    Pensei que uma década
    não é tão ruim assim,
  • 11:50 - 11:52
    é melhor do que um quebra-galho.
  • 11:52 - 11:54
    Então fui persuadido, fui convencido,
  • 11:54 - 11:57
    e começamos a trabalhar
    no que veio a se tornar a Verdana
  • 11:57 - 11:58
    e Georgia.
  • 11:58 - 12:01
    Pela primeira vez não trabalhei no papel
  • 12:01 - 12:04
    mas diretamente na tela,
    em um programa de pixels.
  • 12:04 - 12:08
    Naquele tempo, as telas eram binárias.
  • 12:08 - 12:11
    Ou o pixel estava lá, ou não estava.
  • 12:11 - 12:14
    Aqui vocês veem o esboço de uma letra,
  • 12:14 - 12:16
    o H maiúsculo,
  • 12:16 - 12:18
    o contorno, essa linha fina e preta,
  • 12:18 - 12:21
    é como a letra é armazenada na memória,
  • 12:21 - 12:23
    sobreposta no bitmap,
  • 12:23 - 12:25
    a área cinza,
  • 12:25 - 12:27
    é como é mostrada na tela.
  • 12:27 - 12:30
    O bitmap é rasterizado
    a partir do contorno.
  • 12:30 - 12:32
    Aqui no H maiúsculo,
    feito de linhas retas,
  • 12:32 - 12:34
    os dois estão quase em perfeita sincronia
  • 12:34 - 12:38
    no plano cartesiano.
  • 12:39 - 12:42
    O mesmo não acontece com um O.
  • 12:42 - 12:45
    Parece mais com tijolos empilhados
    do que design de fonte,
  • 12:45 - 12:48
    mas, acreditem em mim,
    isto é um bom bitmap do O,
  • 12:48 - 12:50
    simplesmente porque é simétrico
  • 12:50 - 12:52
    nos eixos X e Y.
  • 12:52 - 12:55
    Em um bitmap binário,
    você não pode esperar
  • 12:55 - 12:57
    muito mais do que isso.
  • 12:57 - 12:59
    Algumas vezes eu faço,
  • 12:59 - 13:02
    três ou quatro versões diferentes
    de uma letra difícil
  • 13:02 - 13:03
    como um A minúsculo,
  • 13:03 - 13:06
    e fico olhando para escolher
    qual é o melhor.
  • 13:06 - 13:09
    Bom, não existe um melhor,
  • 13:09 - 13:11
    então o julgamento do designer consiste
  • 13:11 - 13:12
    em tentar decidir
  • 13:12 - 13:15
    qual é o menos ruim.
  • 13:15 - 13:17
    Isso é comprometimento?
  • 13:17 - 13:20
    Não para mim, se você estiver trabalhando
  • 13:20 - 13:23
    dentro dos melhores padrões
    que a tecnologia permitir,
  • 13:23 - 13:25
    mesmo que esse padrão
  • 13:25 - 13:27
    esteja distante do ideal.
  • 13:27 - 13:29
    Vocês podem ver neste slide
  • 13:29 - 13:31
    duas fontes bitmaps diferentes.
  • 13:31 - 13:33
    O “a” na parte de cima, na minha opinião,
  • 13:33 - 13:35
    é melhor do que o “a” na parte debaixo,
  • 13:35 - 13:37
    mas ainda assim não é ótimo.
  • 13:37 - 13:39
    Talvez vocês vejam melhor este efeito
  • 13:39 - 13:42
    quando está reduzido.
    Ou talvez não.
  • 13:42 - 13:45
    Eu sou um pragmático, não um idealista,
  • 13:45 - 13:46
    por necessidade.
  • 13:46 - 13:48
    Para um certo tipo de temperamento,
  • 13:48 - 13:50
    existe um certo tipo de satisfação
  • 13:50 - 13:54
    quando se faz algo
    que não pode ser perfeito
  • 13:54 - 13:57
    mas que pode ser feito
    da melhor forma possível.
  • 13:57 - 14:02
    Aqui temos um H minúsculo
    da Georgia Italic.
  • 14:02 - 14:05
    O bitmap parece quebrado e irregular.
  • 14:05 - 14:06
    Mas é realmente quebrado e irregular.
  • 14:06 - 14:08
    Mas descobri, através de experimentos,
  • 14:08 - 14:12
    que existe um ângulo
    de inclinação excelente
  • 14:12 - 14:14
    para a fonte itálica na tela
  • 14:14 - 14:16
    em que as linhas quebram muito bem
  • 14:16 - 14:18
    dentro dos limites dos pixels.
  • 14:18 - 14:21
    Vejam neste exemplo como,
    mesmo sendo irregular,
  • 14:21 - 14:23
    as pernas da direita e da esquerda
  • 14:23 - 14:25
    quebram no mesmo nível.
  • 14:25 - 14:29
    Isso é uma vitória.
    É muito bom.
  • 14:29 - 14:32
    E, claro, nos tamanhos menores,
  • 14:32 - 14:34
    não temos muita escolha.
  • 14:34 - 14:39
    Isto é um S, caso vocês estejam
    se perguntando.
  • 14:39 - 14:41
    Bom, agora faz 18 anos
  • 14:41 - 14:44
    desde que a Verdana e Georgia
    foram lançadas.
  • 14:44 - 14:46
    A Microsoft estava correta,
  • 14:46 - 14:48
    levou 10 anos,
  • 14:48 - 14:50
    mas agora a visualização em tela
  • 14:50 - 14:53
    está melhor em resolução espacial,
  • 14:53 - 14:56
    e muito melhor em resolução fotométrica
  • 14:56 - 15:00
    graças ao efeito de serrilhamento.
  • 15:00 - 15:03
    Então, agora que a missão deles
    foi alcançada,
  • 15:03 - 15:05
    será que levará ao fim
  • 15:05 - 15:07
    das fontes de tela que eu desenhei
  • 15:07 - 15:10
    para as antigas resoluções grosseiras?
  • 15:10 - 15:13
    Será que elas vão sobreviver
    às telas agora ultrapassadas
  • 15:13 - 15:15
    e à ascensão das novas fontes da web
  • 15:15 - 15:17
    que estão surgindo no mercado?
  • 15:17 - 15:19
    Ou será que conseguiram
    estabelecer seu próprio
  • 15:19 - 15:21
    nicho de evolução
  • 15:21 - 15:24
    independente da tecnologia?
  • 15:24 - 15:26
    Em outras palavras,
    será que foram absorvidas
  • 15:26 - 15:29
    pela corrente principal
    das fontes tipográficas?
  • 15:29 - 15:33
    Não tenho certeza,
    mas fizeram sucesso até agora.
  • 15:33 - 15:36
    Bom, 18 anos é uma boa idade
    para qualquer coisa
  • 15:36 - 15:38
    em função da rotatividade
    acelerada nos dias hoje,
  • 15:38 - 15:40
    por isso não reclamo.
  • 15:40 - 15:42
    Obrigado.
  • 15:42 - 15:45
    (Aplausos)
Title:
Minha vida em fontes tipográficas
Speaker:
Matthew Carter
Description:

Pegue um livro, revista ou tela de computador, e com certeza você vai se deparar com alguma fonte tipográfica desenhada por Matthew Carter. Em uma palestra fascinante, o homem por trás de fontes tipográficas como Verdana, Georgia e Bell Centennial (desenhada para as listas telefônicas – se lembra?), nos leva a um passeio por uma carreira focada em cada pixel de cada letra de uma fonte.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:01
  • Boa legenda! Realizei somente alguns poucos ajustes, parabéns.

  • Oi Gustavo, tudo bem? (:
    Neste vídeo aparece que a tradutora fui eu, mas acredito que tenha sido a Jessica Ranft.
    Não tive tempo para revisar e por isso tive que recusá-lo (é por isso que o meu nome aparece no Histórico).
    Obrigada!
    Juliana

  • Juliana, você tem razão, no site aparece que você foi a tradutora e o Carlos Freitas foi o revisor.
    Você tem certeza que não chegou a finalizar a tarefa? E você chegou a trabalhar na revisão e não na tradução, é isso?

    Só confirma pra mim, por favor? Vou tentar contactar a Jessica também.
    Obrigado pela honestidade :)

  • Gustavo, tenho certeza sim.
    Na verdade não cheguei a fazer alterações por falta de tempo e questões de viagem.
    Agradeço muito a gentileza ;)

  • Gustavo, tenho certeza sim.
    Na verdade não cheguei a fazer alterações por falta de tempo e questões de viagem.
    Agradeço muito a gentileza ;)

  • Olá, realmente quem fez a tradução fui eu, obrigada pela observação, Juliana.
    Eu fiz a tradução e finalizei e os nomes posteriores do histórico, da Juliana e do Carlos, são dos revisores.

  • Olá Jessica, obrigado pelos esclarecimentos, vou entrar em contato com o pessoal do TED pra resolver isso!

  • Créditos corrigidos!

  • Obrigada pela correção, Gustavo! (:

  • Jessica, fico feliz que esteja tudo certo agora!

  • Obrigada Gustavo e Juliana!

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions