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Por que pessoas comuns têm que compreender o poder

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    Eu sou professor e praticante
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    de Educação Cívica nos Estados Unidos.
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    Agora, vou pedir gentilmente aos
    que caíram no sono
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    para que acordem. (Risos)
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    Por que será que
    a menção da palavra "cívica"
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    tem um efeito tão soporífero,
    até narcoléptico em nós?
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    Eu acho que é porque
    a palavra em si significa algo
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    extremamente virtuoso,
    extremamente importante
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    e extremamente chato.
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    Bom, eu acho que é responsabilidade
    de pessoas como nós,
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    que vêm a reuniões como esta,
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    ao vivo ou online, seja como for,
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    fazer a Cívica ser sexy de novo,
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    tão sexy quanto era
    na Revolução Americana,
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    ou durante o Movimento dos Direitos Civis.
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    E eu creio que a maneira de tornar
    a Cívica sexy de novo
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    é associá-la claramente
    ao ensino do poder.
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    O jeito de fazer isso, creio eu,
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    é ao nível de cidade.
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    É sobre isso que eu quero falar hoje,
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    e quero começar definindo alguns termos,
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    para depois descrever o tamanho
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    do problema que temos em mão,
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    e então sugerir jeitos para as cidades
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    serem a base da solução.
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    Então, comecemos com algumas definições.
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    Cívica quer dizer, simplesmente, a arte
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    de ser um contribuinte pró-sociedade
    solucionador de problemas
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    em uma comunidade autônoma.
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    A Cívica é a arte da cidadania,
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    que Bill Gates Pai chama, simplesmente,
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    de comparecer à vida.
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    E ela engloba três coisas:
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    um alicerce de valores,
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    uma compreensão dos sistemas
    que fazem o mundo girar
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    e um grupo de habilidades
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    que lhe permitem perseguir objetivos
  • 1:40 - 1:43
    e fazer outros se juntarem
    a você nessa busca.
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    E isso me traz à minha definição de poder,
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    que é, basicamente,
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    a capacidade de fazer outros
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    fazerem o que você quer que eles façam.
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    Soa ameaçador, não é?
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    Nós não gostamos de falar de poder.
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    É assustador, maligno por alguma razão.
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    É desconfortável dar nomes a ele.
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    Na cultura e mitologia da democracia,
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    o poder reside no povo.
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    Ponto final. Fim da história.
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    Quaisquer dúvidas não são necessárias
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    e não muito bem-vindas.
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    O poder tem um valor moral negativo.
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    Soa maquiavélico por natureza.
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    Parece maligno por natureza.
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    Mas, na verdade, o poder não é
    por natureza melhor ou pior
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    do que o fogo ou as leis da física.
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    Ele só existe.
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    E o poder dita
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    como qualquer forma de governo funciona,
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    seja uma democracia ou uma ditadura.
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    E o problema que enfrentamos hoje,
    aqui nos EUA em particular,
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    mas em qualquer lugar do mundo,
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    é que pessoas demais
    são profundamente analfabetas
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    sobre o poder --
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    o que ele é, quem o detém,
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    como ele funciona, como ele flui,
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    que parte dele é visível,
    que parte dele não é,
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    por que algumas pessoas o têm,
    por que isso tende a se repetir.
  • 3:01 - 3:04
    E como consequência
    desse analfabetismo,
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    os poucos que de fato entendem
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    como o poder funciona na vida cívica,
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    esses que entendem
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    como uma proposta vira uma lei, sim,
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    mas também como uma amizade
    se torna um subsídio,
  • 3:17 - 3:20
    como um preconceito
    se torna uma política
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    ou como um slogan se torna um movimento.
  • 3:22 - 3:25
    As pessoas que entendem essas coisas
  • 3:25 - 3:27
    exercem uma influência desproporcional
  • 3:27 - 3:28
    e elas estão mais do que felizes
  • 3:28 - 3:31
    em preencher esse vácuo
    criado pela ignorância
  • 3:31 - 3:33
    da grande maioria.
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    É por isso que é fundamental
    para nós nesse exato momento
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    agarrar essa ideia de poder
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    e democratizá-la.
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    Uma das coisas que é
    tão profundamente empolgante
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    e desafiadora sobre esse momento
  • 3:52 - 3:55
    é que, como resultado desse
    analfabetismo sobre o poder
  • 3:55 - 3:57
    que é tão prevalente,
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    há uma concentração
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    de conhecimento, de compreensão
    e de influência.
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    Quer dizer, pare para pensar:
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    Como se transforma a amizade num subsídio?
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    Perfeitamente,
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    quando um funcionário veterano do governo
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    decide deixar a esfera pública
    e se tornar um lobista
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    para um interesse privado
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    e converter seus contatos em capital
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    para seus novos mestres.
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    Como um preconceito
    vira uma política?
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    Traiçoeiramente, assim como
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    as revistas aleatórias, por exemplo,
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    se tornaram um jogo de números
    burocrático com o passar do tempo.
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    Como um slogan se torna um movimento?
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    Como um vírus, do jeito
    que o Tea Party, por exemplo,
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    conseguiu usar a bandeira do
    "Não Pise em Mim"
  • 4:45 - 4:47
    da Revolução Americana,
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    ou como, na outra ponta,
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    um grupo ativista conseguiu
    tornar uma manchete de revista,
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    "Ocupe Wall Street",
  • 4:54 - 4:56
    em um meme e movimento globais.
  • 4:57 - 4:59
    O que acontece é que
    a maioria das pessoas
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    não estão procurando
    e nem querem ver essas realidades.
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    Uma grande parte dessa ignorância,
    desse analfabetismo cívico
  • 5:05 - 5:07
    é voluntário.
  • 5:07 - 5:10
    Alguns jovens nascidos
    no Novo Milênio, por exemplo,
  • 5:10 - 5:12
    acham que a história toda é podre.
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    Eles não querem nem saber de política.
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    Preferem pular fora
  • 5:15 - 5:18
    e se dedicar a trabalho voluntário.
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    Há alguns geeks por aí
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    que acham que o santo remédio
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    para qualquer abuso
    ou desequilíbrio de poder
  • 5:23 - 5:25
    é simplesmente mais dados,
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    mais transparência.
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    Alguns na esquerda acham que o poder
  • 5:30 - 5:33
    reside só com as corporações,
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    e alguns na direita acham que o poder
  • 5:35 - 5:36
    reside só com o governo,
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    os dois lados cegos
    por seu ultraje seletivo.
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    Há os ingênuos que acreditam
    que coisas boas simplesmente acontecem
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    e os cínicos que acreditam
    que coisas ruins simplesmente acontecem,
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    tanto os sortudos quanto os azarados
  • 5:49 - 5:53
    que acham que seu lugar
    é simplesmente o que eles merecem
  • 5:53 - 5:57
    ao invés do inerentemente
    alterável resultado
  • 5:57 - 6:00
    de um acordo anterior,
    uma alocação herdada
  • 6:00 - 6:02
    de poder.
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    Como resultado de todo esse fatalismo
    rastejante na vida pública,
  • 6:07 - 6:10
    nós aqui, particularmente nos
    Estados Unidos hoje,
  • 6:10 - 6:11
    temos níveis depressivamente baixos
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    de educação cívica, engajamento,
    participação social,
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    consciência.
  • 6:17 - 6:19
    Todo o negócio da política foi
  • 6:19 - 6:23
    efetivamente terceirizado
    para um grupo de profissionais,
  • 6:23 - 6:25
    os caras do dinheiro,
    das relações públicas,
  • 6:25 - 6:27
    das mensagens, da pesquisa.
  • 6:27 - 6:30
    É para o resto de nós
    se sentir como amadores,
  • 6:30 - 6:32
    no sentido de otários.
  • 6:32 - 6:36
    Ficamos desmotivados a aprender mais
    sobre como as coisas funcionam.
  • 6:36 - 6:39
    Começamos a pular fora.
  • 6:42 - 6:45
    Bom, esse problema, esse desafio,
  • 6:45 - 6:48
    é algo que temos que confrontar,
  • 6:48 - 6:50
    e eu acho que quando se tem
  • 6:50 - 6:52
    esse tipo de alienação,
    essa ignorância voluntária,
  • 6:52 - 6:56
    ela se torna tanto uma causa
    quanto uma consequência
  • 6:56 - 6:59
    dessa concentração de oportunidade
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    de riqueza e influência que
    mencionei agora há pouco,
  • 7:01 - 7:05
    essa profunda desigualdade cívica.
  • 7:05 - 7:08
    É por isso que é tão importante
    no nosso tempo de vida, agora mesmo,
  • 7:08 - 7:12
    reimaginar a Educação Cívica
    como a educação sobre o poder.
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    Talvez nunca tenha sido tão importante
  • 7:14 - 7:17
    em outro momento de nossas vidas.
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    Se as pessoas não aprenderem sobre poder,
  • 7:21 - 7:23
    elas não vão acordar,
  • 7:23 - 7:24
    e se elas não acordarem,
  • 7:24 - 7:26
    vão ser deixadas de fora.
  • 7:27 - 7:28
    Agora...
  • 7:29 - 7:32
    Parte da arte de exercer o poder
  • 7:32 - 7:34
    significa estar acordado e ter uma voz,
  • 7:34 - 7:36
    mas também significa ter uma arena
  • 7:36 - 7:40
    onde se pode plausivelmente
    praticar a tomada de decisões.
  • 7:40 - 7:42
    Toda a Cívica se resume à questão
  • 7:42 - 7:44
    de quem decide,
  • 7:44 - 7:46
    e você tem que executar isso
  • 7:46 - 7:48
    em um lugar, em uma arena.
  • 7:48 - 7:51
    E isso nos traz ao terceiro
    comentário que eu quero fazer hoje,
  • 7:51 - 7:54
    que é o de que não existe arena melhor
  • 7:54 - 7:57
    na nossa época para o exercício do poder
  • 7:57 - 7:59
    que as cidades.
  • 8:00 - 8:02
    Pense na cidade onde você vive,
  • 8:02 - 8:03
    de onde você é.
  • 8:04 - 8:07
    Pense em um problema
    no cotidiano da sua cidade.
  • 8:07 - 8:09
    Pode ser algo pequeno,
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    como onde se deve
    instalar um poste de luz,
  • 8:11 - 8:12
    algo médio como
  • 8:12 - 8:17
    qual biblioteca deve ficar aberta
    por mais ou menos tempo
  • 8:17 - 8:18
    ou talvez algo maior,
  • 8:18 - 8:20
    como se uma margem de rio deteriorada
  • 8:20 - 8:23
    deve ser transformada em
    uma rodovia ou uma reserva,
  • 8:23 - 8:25
    ou se todos os comércios da cidade
  • 8:25 - 8:28
    devem ser obrigados
    a pagar salários dignos.
  • 8:29 - 8:32
    Pensem na mudança que
    você quer na sua cidade,
  • 8:32 - 8:35
    e aí pense como você
    faria para realizá-la,
  • 8:35 - 8:37
    como você a faria acontecer.
  • 8:39 - 8:42
    Faça uma lista de todas as formas de poder
  • 8:42 - 8:45
    que operam na situação da sua cidade:
  • 8:45 - 8:48
    Dinheiro, claro. Pessoas, sim,
  • 8:49 - 8:54
    ideias, informação, desinformação,
  • 8:54 - 8:57
    a ameaça de coação, a força das leis.
  • 8:58 - 9:01
    Todas essas formas de poder estão atuando,
    agora pense como você ativaria
  • 9:01 - 9:05
    ou mesmo neutralizaria essas
    várias formas de poder.
  • 9:05 - 9:07
    Essas não são questões
  • 9:07 - 9:11
    a um nível de império de Game of Thrones.
  • 9:11 - 9:13
    São questões que surgem
  • 9:13 - 9:16
    em todos os lugares do planeta.
  • 9:16 - 9:18
    Eu vou contar, rapidamente, duas histórias
  • 9:18 - 9:20
    extraídas de manchetes recentes.
  • 9:20 - 9:22
    Na cidade de Boulder, Colorado,
  • 9:22 - 9:25
    os eleitores aprovaram
    há pouco tempo um processo
  • 9:26 - 9:28
    para substituir a empresa de energia,
  • 9:28 - 9:31
    a concessionária de força,
    a empresa Xcel,
  • 9:31 - 9:33
    por um serviço público
  • 9:33 - 9:35
    sem fins lucrativos
  • 9:35 - 9:37
    e com muito mais atenção
    a mudanças climáticas.
  • 9:38 - 9:40
    Bom, a Xcel comprou a briga,
  • 9:40 - 9:43
    e está organizando um referendo
  • 9:43 - 9:45
    que prejudicaria ou eliminaria
  • 9:45 - 9:46
    a municipalização.
  • 9:46 - 9:49
    Então, os ativistas de Boulder
    que estiveram militando por isso
  • 9:49 - 9:51
    agora vão ter que brigar com a força
  • 9:51 - 9:54
    para brigar pela energia.
  • 9:55 - 9:58
    Em Tuscaloosa, na Universidade do Alabama,
  • 9:58 - 10:01
    há uma organização no campus
  • 10:01 - 10:04
    chamada de "A Máquina",
    o que é meio assustador,
  • 10:04 - 10:07
    que vem de fraternidades
  • 10:07 - 10:10
    e organizações majoritariamente brancas,
  • 10:10 - 10:12
    e por décadas, A Máquina tem dominado
  • 10:12 - 10:14
    as eleições para representantes de alunos.
  • 10:14 - 10:16
    Recentemente, a Máquina
  • 10:16 - 10:18
    começou a se envolver
  • 10:18 - 10:19
    na política da própria cidade,
  • 10:19 - 10:21
    e eles arquitetaram a eleição
  • 10:21 - 10:22
    de um ex-membro,
  • 10:22 - 10:25
    um jovem recém-formado e pró-comércio,
  • 10:25 - 10:28
    para o corpo de diretores da
    escola municipal de Tuscaloosa.
  • 10:28 - 10:31
    Agora, como eu disse,
    esses são só dois exemplos
  • 10:31 - 10:34
    retirados quase que a esmo das manchetes.
  • 10:34 - 10:37
    A cada dia, há milhares mais como eles.
  • 10:37 - 10:39
    E vocês podem gostar ou não
  • 10:39 - 10:41
    das ações que eu estou descrevendo
  • 10:41 - 10:43
    ocorridas em Boulder e Tuscaloosa,
  • 10:43 - 10:45
    mas não dá para deixar de admirar
  • 10:45 - 10:47
    a compreensão do poder
    que os envolvidos têm,
  • 10:48 - 10:49
    sua habilidade.
  • 10:49 - 10:52
    Não dá para não reconhecer e compreender
  • 10:52 - 10:53
    o domínio que eles têm
  • 10:53 - 10:56
    das questões elementares
  • 10:56 - 10:58
    do poder cívico --
  • 10:58 - 11:02
    qual é o objetivo, qual é a estratégia,
    quais são as táticas,
  • 11:02 - 11:04
    onde é o campo de batalha,
    quem são seus inimigos,
  • 11:04 - 11:06
    quem são seus aliados?
  • 11:07 - 11:09
    Agora, eu quero que voltem
  • 11:09 - 11:12
    a pensar sobre aquele problema,
    aquela oportunidade
  • 11:12 - 11:14
    ou aquele desafio na sua cidade,
  • 11:14 - 11:16
    e aquilo que você gostaria de consertar
  • 11:16 - 11:18
    ou criar nela,
  • 11:18 - 11:20
    e pergunte-se:
  • 11:20 - 11:23
    você tem o domínio dessas
    questões fundamentais do poder?
  • 11:24 - 11:27
    Você conseguiria colocar
    em prática efetivamente
  • 11:27 - 11:29
    o que você sabe?
  • 11:30 - 11:34
    Esse é o nosso desafio e oportunidade.
  • 11:34 - 11:37
    Nós vivemos em uma época
  • 11:37 - 11:40
    em que, apesar da globalização,
  • 11:40 - 11:42
    ou talvez por causa dela,
  • 11:42 - 11:44
    toda cidadania é ainda mais
  • 11:44 - 11:46
    profunda e poderosamente local.
  • 11:46 - 11:49
    De fato, o poder na nossa época flui
  • 11:49 - 11:51
    cada vez mais rápido para a cidade.
  • 11:51 - 11:52
    Aqui nos EUA, o governo federal
  • 11:52 - 11:56
    se enroscou num nó cego.
  • 11:56 - 11:59
    A imaginação, a inovação
    e a criatividade cívicas
  • 11:59 - 12:01
    estão aflorando dos ecossistemas locais
  • 12:01 - 12:03
    e se espalhando para fora,
  • 12:04 - 12:06
    e essa grande inovação,
  • 12:07 - 12:09
    essa grande onda
  • 12:09 - 12:12
    de localismo que está chegando,
  • 12:12 - 12:15
    que pode ser vista
    no jeito que as pessoas comem,
  • 12:15 - 12:17
    trabalham, compartilham,
    compram, se movem
  • 12:17 - 12:19
    e vivem seu cotidiano.
  • 12:19 - 12:22
    Isso não é um paroquialismo,
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    um retorno à insularidade, não.
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    Isso é emergente.
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    O localismo da nossa época
    é interconectado, forte.
  • 12:32 - 12:34
    Sendo assim, por exemplo,
  • 12:34 - 12:36
    pensem no jeito como as estratégias
  • 12:36 - 12:38
    para favorecer o uso
    de bicicletas nas cidades
  • 12:38 - 12:41
    se espalharam tão rápido de Copenhagen
  • 12:41 - 12:44
    para Nova Iorque, Austin, Boston e Seattle.
  • 12:45 - 12:49
    Pensem nos experimentos
    de orçamento participativo,
  • 12:49 - 12:53
    onde todos os dias os cidadãos
    têm a chance de alocar e decidir
  • 12:53 - 12:56
    sobre a alocação de verbas municipais.
  • 12:56 - 12:59
    Esses experimentos se
    espalharam de Porto Alegre, Brasil
  • 12:59 - 13:03
    para aqui em Nova Iorque,
    para os bairros de Chicago.
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    Trabalhadores imigrantes
    de Roma a Los Angeles
  • 13:06 - 13:09
    e várias cidades no meio
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    estão organizando greves gerais
  • 13:11 - 13:13
    para lembrar aos moradores das cidades
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    como é um dia sem imigrantes.
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    Na China, por todo o país,
  • 13:19 - 13:21
    membros do Movimento dos Novos Cidadãos
  • 13:21 - 13:23
    estão entrando em ação e se organizando
  • 13:23 - 13:25
    para combater a corrupção
    e improbidade oficiais,
  • 13:25 - 13:27
    e estão ganhando o ódio
    dos oficiais de lá,
  • 13:27 - 13:29
    mas também estão ganhando a atenção
  • 13:29 - 13:32
    de ativistas anticorrupção
    por todo o mundo.
  • 13:32 - 13:34
    Em Seattle, de onde eu sou,
  • 13:34 - 13:37
    nós nos tornamos parte de uma
    enorme rede global de cidades
  • 13:37 - 13:39
    que estão trabalhando juntas
  • 13:39 - 13:40
    suprimindo totalmente o governo,
  • 13:40 - 13:42
    o governo federal,
  • 13:42 - 13:45
    para tentar cumprir as metas
    de redução de carbono
  • 13:45 - 13:47
    do Protocolo de Quioto.
  • 13:47 - 13:50
    Todos esses cidadãos unidos
  • 13:50 - 13:51
    estão formando uma teia,
  • 13:51 - 13:53
    um grande arquipélago de poder
  • 13:53 - 13:55
    que nos permite transpassar
  • 13:56 - 13:59
    as falhas e os monopólios de controle.
  • 14:00 - 14:03
    E agora, nosso dever
    é acelerar esse processo.
  • 14:03 - 14:05
    Nosso dever é trazer mais e mais pessoas
  • 14:05 - 14:07
    para esse meio.
  • 14:07 - 14:10
    É por isso que minha organização,
    a Universidade Cidadã,
  • 14:10 - 14:12
    iniciou um projeto
  • 14:12 - 14:14
    para criar um curso
    de ensino de poder cívico
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    acessível a qualquer um.
  • 14:17 - 14:20
    E esse curso começa com
    essa trindade que eu descrevi
  • 14:20 - 14:23
    de valores, sistemas e habilidades.
  • 14:24 - 14:27
    E eu gostaria de convidar todos vocês
  • 14:27 - 14:30
    a ajudar a criar esse curso
  • 14:30 - 14:32
    com as histórias, experiências
  • 14:32 - 14:35
    e desafios que cada um
    de vocês vive e enfrenta,
  • 14:35 - 14:38
    para criar algo poderosamente coletivo.
  • 14:38 - 14:41
    E quero convidá-los,
    em especial, a fazer
  • 14:41 - 14:43
    um simples exercício criado
  • 14:43 - 14:45
    dos esboços iniciais desse curso.
  • 14:45 - 14:48
    Eu quero que vocês escrevam uma narrativa,
  • 14:48 - 14:50
    situada no futuro da sua cidade,
  • 14:51 - 14:54
    e você pode datá-la um ano no futuro,
  • 14:54 - 14:56
    cinco anos no futuro, uma década,
  • 14:56 - 14:58
    uma geração,
  • 14:58 - 15:01
    e escrevê-la como
    uma análise do passado,
  • 15:01 - 15:04
    uma retrospectiva da mudança
  • 15:04 - 15:06
    que você queria na sua cidade,
  • 15:06 - 15:08
    da causa que você estava promovendo
  • 15:08 - 15:11
    e descrevendo como aquela mudança
  • 15:11 - 15:14
    e aquela causa se tornaram realidade.
  • 15:15 - 15:17
    Descreva os valores
  • 15:17 - 15:20
    que você inspirou
    em seus concidadãos,
  • 15:20 - 15:23
    e a sensação de propósito moral
    que você conseguiu despertar.
  • 15:23 - 15:25
    Conte todos os jeitos diferentes
  • 15:25 - 15:27
    que você fez uso
    dos sistemas de governo,
  • 15:27 - 15:29
    do mercado,
  • 15:29 - 15:31
    das instituições sociais e religiosas,
  • 15:31 - 15:33
    da mídia.
  • 15:34 - 15:38
    Catalogue as habilidades
    que você teve que usar,
  • 15:39 - 15:41
    como negociar, como promover,
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    como definir problemas,
  • 15:42 - 15:44
    como ultrapassar os diversos conflitos,
  • 15:44 - 15:47
    todas essas habilidades que lhe permitiram
  • 15:47 - 15:49
    fazer as pessoas embarcarem na sua ideia
  • 15:49 - 15:51
    e superar a resistência.
  • 15:51 - 15:55
    O que você vai estar fazendo
    enquanto escreve essa narrativa
  • 15:55 - 15:58
    é descobrindo como ler o poder,
  • 15:58 - 16:02
    e, no caminho, como escrever o poder.
  • 16:04 - 16:06
    Então compartilhe o que você escreve,
  • 16:06 - 16:08
    faça o que você escreve,
  • 16:08 - 16:10
    e então compartilhe o que você faz.
  • 16:11 - 16:13
    Eu os convido literalmente a compartilhar
  • 16:13 - 16:16
    as narrativas que vocês criarem
  • 16:16 - 16:18
    na página da Universidade Cidadã
    no Facebook.
  • 16:18 - 16:21
    Mas além disso, o segredo
    está nas conversas
  • 16:21 - 16:22
    que temos hoje
  • 16:22 - 16:24
    por todo o mundo nos encontros
  • 16:24 - 16:27
    que estão acontecendo simultaneamente
    nesse exato momento,
  • 16:27 - 16:29
    e no pensar no que podemos nos tornar
  • 16:29 - 16:33
    os professores e alunos
    uns dos outros sobre o poder.
  • 16:33 - 16:35
    Se fizermos isso, então juntos
  • 16:35 - 16:37
    podemos fazer a Cívica ser sexy de novo.
  • 16:37 - 16:40
    Juntos, podemos democratizar a democracia
  • 16:40 - 16:43
    e torná-la segura para amadores de novo.
  • 16:43 - 16:47
    Juntos, podemos criar uma
    grande cidade interligada
  • 16:47 - 16:50
    que vai ser o mais poderoso
    laboratório coletivo
  • 16:50 - 16:53
    de autogoverno que o mundo já viu.
  • 16:53 - 16:56
    Nós temos o poder de fazer isso.
  • 16:56 - 16:57
    Muito obrigado.
  • 16:57 - 17:01
    (Aplausos)
Title:
Por que pessoas comuns têm que compreender o poder
Speaker:
Eric Liu
Description:

Um número grande demais de americanos são analfabetos sobre o poder -- o que ele é, como ele funciona e porque algumas pessoas o têm. Como resultado, os poucos que de fato entendem exercem uma influência desproporcional sobre todos os outros. "Temos que fazer a Cívica ser sexy de novo" diz o Educador Cívico Eric Liu. "Tão sexy quanto durante a Revolução Americana ou o Movimento dos Direitos Civis"

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:19

Portuguese, Brazilian subtitles

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