O que seu médico não irá declarar
-
0:01 - 0:06Me disseram que eu sou uma traidora
da minha própria profissão, -
0:06 - 0:07que eu deveria ser demitida,
-
0:07 - 0:10ter minha licença médica cassada,
-
0:10 - 0:13que eu deveria voltar ao meu país.
-
0:14 - 0:16Invadiram meu e-mail.
-
0:16 - 0:19Em um fórum de discussão
para outros médicos, -
0:19 - 0:24alguém assumiu ter "bombardeado"
minha conta do Twitter -
0:24 - 0:26Não sabia se era bom ou ruim,
-
0:26 - 0:28mas então veio a resposta:
-
0:28 - 0:31"Pena que não foi uma bomba de verdade".
-
0:33 - 0:35Nunca pensei que faria algo
-
0:35 - 0:38que provocaria este nível
de raiva entre outros médicos. -
0:38 - 0:41Ser médica era meu sonho.
-
0:41 - 0:42Cresci na China,
-
0:42 - 0:45Em minhas primeiras recordações
eu era levada às pressas ao hospital, -
0:45 - 0:49tinha crises de asma
que eu estava lá quase toda semana. -
0:49 - 0:53Eu tinha uma médica, Dra. Sam,
que sempre cuidou de mim. -
0:53 - 0:55Ela tinha cerca da idade da minha mãe.
-
0:55 - 0:57Ela tinha cabelo curto, encaracolado,
-
0:57 - 1:00e ela sempre usava vestidos
floridos amarelo brilhante. -
1:00 - 1:02Ela era uma desses médicos que,
-
1:02 - 1:04se você caísse e quebrasse o braço,
-
1:04 - 1:06ela perguntaria por que
você não estava rindo -
1:06 - 1:09porque era seu úmero (osso). Sabe?
-
1:10 - 1:12Entenda, você resmungaria,
-
1:12 - 1:16mas ela sempre fazia você
sentir-se melhor depois de vê-la. -
1:16 - 1:18Bem, todos temos aquele herói de infância
-
1:18 - 1:20que queremos ser quando crescer, certo?
-
1:20 - 1:22Bem, eu queria ser como a Dra. Sam.
-
1:24 - 1:27Quando tinha oito anos, meus pais
e eu nos mudamos para os EUA, -
1:27 - 1:30e nos tornamos os típicos imigrantes.
-
1:30 - 1:34Meus pais limpavam quartos de hotel,
lavavam pratos, abasteciam carros -
1:34 - 1:36assim eu poderia perseguir meus sonhos.
-
1:37 - 1:39Até que aprendi o suficiente de inglês,
-
1:39 - 1:41e meus pais estavam tão felizes
-
1:41 - 1:45o dia em que entrei em medicina
e fiz meu juramento médico. -
1:46 - 1:49Mas então um dia, tudo mudou.
-
1:49 - 1:52Minha mãe me ligou para me dizer
que não estava se sentindo bem, -
1:52 - 1:56estava com uma tosse que não parava,
com falta de ar e cansada. -
1:56 - 1:59Eu sabia que minha mãe
não reclamava de qualquer coisa. -
1:59 - 2:02Para ela me dizer que algo
estava acontecendo, -
2:02 - 2:04sabia que algo tinha realmente
que estar errado. -
2:04 - 2:06E estava:
-
2:06 - 2:09descobrimos que ela estava no estágio IV
de câncer de mama, -
2:09 - 2:13que já tinha se espalhado para seus
pulmões, ossos e cérebro. -
2:14 - 2:16Minha mãe foi valente,
ela tinha esperança. -
2:16 - 2:18Ela passou por cirurgia e radioterapia,
-
2:18 - 2:21e estava na terceira
rodada de quimioterapia -
2:21 - 2:23quando perdeu seu livro de endereços.
-
2:23 - 2:26Ela tentou encontrar o telefone
do oncologista na Internet -
2:26 - 2:28ela encontrou, mas encontrou
algo a mais também. -
2:28 - 2:30Em diversos sites,
-
2:30 - 2:33ele estava listado como palestrante bem
pago de uma empresa farmacêutica, -
2:33 - 2:35e, de fato, muitas vezes palestrou sobre
-
2:35 - 2:39o mesmo tipo de regime de quimio
que tinha prescrito a ela. -
2:39 - 2:41Ela me ligou desesperada,
-
2:41 - 2:42e eu não sabia no que acreditar.
-
2:42 - 2:45Talvez fosse o regime
de quimio certo para ela, -
2:45 - 2:47mas talvez não fosse.
-
2:47 - 2:50Isso a deixou com medo e em dúvida.
-
2:50 - 2:52Quando se trata de medicina,
-
2:52 - 2:54ter confiança é essencial,
-
2:54 - 2:58e quando a confiança se vai,
então tudo o que fica é o medo. -
3:00 - 3:02Existe um outro lado deste medo.
-
3:02 - 3:05Quando era estudante, estava
cuidando de um jovem de 19 anos, -
3:05 - 3:07que voltava ao dormitório de bicicleta
-
3:07 - 3:09quando bateram nele,
-
3:09 - 3:11foi atropelado por uma picape.
-
3:11 - 3:13Ele teve sete costelas quebradas,
-
3:13 - 3:14ossos do quadril quebrados,
-
3:14 - 3:17estava sangrando internamente
na barriga e cérebro. -
3:17 - 3:19Agora, imaginem ser os pais
-
3:19 - 3:21que vieram de Seattle,
a 3.200 quilômetros. -
3:21 - 3:24para encontrar seu filho em coma.
-
3:24 - 3:27Vocês gostariam de saber o que
está acontecendo com ele, certo? -
3:27 - 3:29Pediram para participar das rondas
-
3:29 - 3:31onde discutíamos as
condições dele e seu plano, -
3:31 - 3:33o que me pareceu um pedido razoável,
-
3:33 - 3:35e também nos daria uma chance
de mostrarmos -
3:35 - 3:37quanto estávamos tentando
e que nos importávamos -
3:37 - 3:40O médico-chefe, embora, disse não.
-
3:40 - 3:42Ele deu todo tipo de motivo.
-
3:42 - 3:44Talvez ficariam no caminho da enfermeira.
-
3:44 - 3:48Talvez fossem inibir estudantes
de fazer perguntas. -
3:48 - 3:49Ele até disse:
-
3:49 - 3:53"E se vissem erros e nos processassem?"
-
3:54 - 3:57O que eu vi por trás de cada desculpa
foi um medo profundo, -
3:57 - 3:59e o que aprendi foi que
para se tornar médico, -
3:59 - 4:01temos que colocar nossos jalecos brancos,
-
4:01 - 4:04construir um muro
e nos esconder atrás dele. -
4:05 - 4:08Existe uma epidemia oculta na medicina.
-
4:08 - 4:11Claro, pacientes estão assustados
quando vão ao médico. -
4:11 - 4:14Imaginem acordar com uma
terrível dor de barriga, -
4:14 - 4:15você vai ao hospital,
-
4:15 - 4:18está nesse lugar estranho,
numa maca do hospital, -
4:18 - 4:20vestindo este roupão frágil,
-
4:20 - 4:22estranhos vindo pegar e cutucar você.
-
4:22 - 4:24Você não sabe o que vai acontecer.
-
4:24 - 4:27Não sabe nem se vai conseguir o
cobertor que pediu 30 minutos atrás. -
4:27 - 4:30Mas não são apenas os pacientes
que estão assustados; -
4:30 - 4:32os médicos também estão.
-
4:32 - 4:35Estamos com medo dos pacientes
descobrirem quem somos -
4:35 - 4:37e de que se trata a medicina.
-
4:37 - 4:38E então, o que fazemos?
-
4:38 - 4:41Colocamos nossos jalecos brancos
e nos encondemos neles. -
4:41 - 4:43Claro, quanto mais nos escondemos,
-
4:43 - 4:46mais as pessoas querem saber
o que estamos escondendo. -
4:46 - 4:49Quanto mais medo que gera
uma desconfiança e má assistência médica. -
4:49 - 4:51Não apenas temos medo de doença,
-
4:51 - 4:54temos uma doença do medo.
-
4:55 - 4:57Podemos acabar com essa desconexão
-
4:57 - 5:01entre o que pacientes precisam
e o que médicos fazem? -
5:01 - 5:03Podemos superar essa doença do medo?
-
5:04 - 5:05Vou perguntar de outra forma:
-
5:05 - 5:09Se esconder-se não é a resposta,
e se fizéssemos o contrário? -
5:09 - 5:13E se os médicos fossem totalmente
transparentes com seus pacientes? -
5:15 - 5:17Ano passado, conduzi
uma pesquisa para descobrir -
5:17 - 5:20o que as pessoas querem
saber sobre sua saúde. -
5:20 - 5:23Não queria estudar apenas
pacientes de um hospital, -
5:23 - 5:24mas pessoas no dia a dia.
-
5:24 - 5:27Então meus dois estudantes de medicina
Suhavi Tucker e Laura Johns, -
5:27 - 5:30literalmente levaram
a pesquisa para as ruas. -
5:30 - 5:33Foram a bancos, cafeterias, asilos,
-
5:33 - 5:36restaurantes chineses e estações de trem.
-
5:37 - 5:39O que descobriram?
-
5:39 - 5:40Bem, quando perguntávamos,
-
5:40 - 5:42"O que você quer saber
sobre seu sistema de saúde?" -
5:42 - 5:46pessoas respondiam sobre o que elas
queriam saber sobre seus médicos, -
5:46 - 5:49porque as pessoas consideram
o sistema de saúde -
5:49 - 5:52como a interação entre elas e seus médicos.
-
5:52 - 5:55Quando perguntávamos: "O que gostaria
de saber de seus médicos?" -
5:55 - 5:57nos davam três respostas.
-
5:57 - 5:59Alguns queriam saber que ele é competente
-
5:59 - 6:01e certificado para praticar medicina.
-
6:01 - 6:04Alguns queriam ter certeza
de que ele era imparcial -
6:04 - 6:07e estava tomando decisões
baseado em provas e ciência, -
6:07 - 6:09não em quem os pagam.
-
6:10 - 6:11Para nossa surpresa,
-
6:11 - 6:15muitas pessoas querem saber
algo mais sobre seus médicos. -
6:15 - 6:17Jonathan, 28 anos, estudante de direito,
-
6:17 - 6:22disse que gostaria de encontrar alguém
confortável com pacientes LGBT -
6:22 - 6:25e especializado em saúde LGBT.
-
6:25 - 6:26Serena, 32 anos, contadora,
-
6:26 - 6:30diz que é importante que seu médico
compartilhe de seus valores -
6:30 - 6:34quando se trata de escolha reprodutiva
e direitos das mulheres. -
6:34 - 6:36Frank, 59 anos, dono de loja de ferragens,
-
6:36 - 6:38não gosta nem de ir ao médico
-
6:38 - 6:42e quer encontrar alguém que
acredite em prevenção primeiro, -
6:42 - 6:45mas que esteja confortável
com tratamentos alternativos. -
6:45 - 6:47Um após o outro, nossos
entrevistados nos disseram -
6:47 - 6:50que a relação paciente-médico
é muito íntima, -
6:50 - 6:53que mostrar seus corpos aos seus médicos
-
6:53 - 6:55e contar-lhes seus segredos
mais profundos, -
6:55 - 6:58eles querem antes entender
os valores de seus médicos. -
6:58 - 7:01Não é porque os médicos devem
atender todos os pacientes -
7:01 - 7:03que os pacientes devem
procurar todos os médicos. -
7:03 - 7:05As pessoas querem saber
sobre seu médico antes -
7:05 - 7:08para poderem fazer uma escolha informada.
-
7:09 - 7:11Como resultado disso, criei uma campanha,
-
7:11 - 7:12Quem É Meu Médico?
-
7:12 - 7:15que chama uma total
transparência na medicina. -
7:15 - 7:18Médicos participantes
divulgam voluntariamente -
7:18 - 7:19em um site público
-
7:19 - 7:22não apenas informações sobre
onde cursamos medicina -
7:22 - 7:23e qual nossa especialização,
-
7:23 - 7:25mas também nossos conflitos de interesse.
-
7:25 - 7:27Vamos além do Ato
"Government in the Sunshine" -
7:27 - 7:30sobre afiliações a
companhias farmacêuticas, -
7:30 - 7:33e falamos sobre como somos pagos.
-
7:33 - 7:34Incentivos interessam.
-
7:34 - 7:37Se você vai ao médico
por dor nas costas, -
7:37 - 7:40talvez queira saber que ele recebe
5 mil dólares por cirurgia da coluna -
7:40 - 7:44contra 25 dólares para encaminhá-lo
a um fisioterapeuta, -
7:44 - 7:48ou se ele recebe o mesmo valor
independente do que recomendar. -
7:49 - 7:51Então, vamos um passo além.
-
7:51 - 7:54Adicionamos nossos valores,
a respeito de saúde da mulher, -
7:54 - 7:56saúde LGBT, medicina alternativa,
-
7:56 - 7:59saúde preventiva,
decisões de final de vida. -
7:59 - 8:03Garantimos a nossos pacientes que
estamos aqui para servi-los, -
8:03 - 8:05então vocês têm o direito
de saber quem somos. -
8:05 - 8:08Acreditamos que a transparência
pode ser a cura do medo. -
8:09 - 8:12Achei que alguns médicos
se registrariam e outros não, -
8:12 - 8:17mas não tinha ideia da enorme
repercussão que seguiria. -
8:17 - 8:20Na primeira semana do
Quem É Meu Médico? -
8:20 - 8:21o fórum público Medscape
-
8:21 - 8:23e diversas outras comunidades médicas
-
8:23 - 8:26tiveram centenas de posts sobre o assunto.
-
8:27 - 8:28Aqui estão alguns.
-
8:28 - 8:31De um gastroenterologista em Portland:
-
8:31 - 8:34"Dediquei 12 anos da minha vida
sendo escravo. -
8:34 - 8:36Tenho empréstimos e hipotecas.
-
8:36 - 8:40Dependo de almoços das companhias
farmacêuticas para atender pacientes" -
8:40 - 8:42Bem, os tempos podem
ser difíceis para todos -
8:42 - 8:44mas tente dizer ao seu paciente
-
8:44 - 8:47ganhando 35 mil dólares por ano
para uma família de quatro pessoas -
8:47 - 8:49que você precisa de almoço grátis.
-
8:51 - 8:53De um cirurgião ortopedista em Charlotte:
-
8:53 - 8:58"Acho uma invasão de privacidade
declarar de onde vem minha renda. -
8:58 - 9:00Meus pacientes não declaram
sua renda a mim". -
9:01 - 9:05Mas a fonte de renda de seus pacientes
não afetam a sua saúde. -
9:06 - 9:08De um psiquiatra de Nova Iorque:
-
9:08 - 9:11"Em breve teremos de declarar
se preferimos gatos a cachorros, -
9:11 - 9:13que modelo de carro dirigimos,
-
9:13 - 9:15e que papel higiênico usamos".
-
9:15 - 9:18Bem, sua opinião
sobre Toyotas ou Cottonelle -
9:18 - 9:20não afeta a saúde do seu paciente,
-
9:20 - 9:23mas sua opinião sobre o direito
das mulheres em escolher -
9:23 - 9:26medicina preventiva e decisões
de final de vida pode afetar. -
9:27 - 9:29E minha favorita, de um
cardiologista de Kansas City: -
9:29 - 9:32"Mais coisas obrigatórias pelo governo?
-
9:32 - 9:35Dra. Wen precisa voltar ao seu país".
-
9:37 - 9:38Bem, duas boas notícias.
-
9:38 - 9:42Primeiro, é algo voluntário,
não obrigatório, -
9:42 - 9:45e segundo, sou americana e já estou aqui.
-
9:45 - 9:50(Risos) (Aplausos)
-
9:53 - 9:56Em um mês, meus empregadores
começaram a receber telefonemas -
9:56 - 9:58pedindo para me demitirem.
-
9:59 - 10:02Recebi mensagens em meu endereço
de casa que não divulgo -
10:02 - 10:05com ameaças de contato
à junta médica para me punir. -
10:05 - 10:08Minha família e amigos me pediram
para encerrar esta campanha. -
10:09 - 10:12Após a ameaça de bomba, parei.
-
10:13 - 10:15Mas então ouvi de pacientes.
-
10:15 - 10:17Pela mídia social, um TweetChat,
-
10:17 - 10:19o que não sabia o que era até então,
-
10:19 - 10:23gerou 4,3 milhões de visitas,
-
10:23 - 10:27e milhares de pessoas escreveram
me encorajando a continuar. -
10:27 - 10:28Elas escreveram coisas como
-
10:28 - 10:32"Se médicos estão fazendo algo
do que se envergonham, -
10:32 - 10:34não deviam estar fazendo".
-
10:34 - 10:37"Cargos eleitos têm que divulgar
as contribuições de campanha. -
10:37 - 10:40Advogados têm que declarar
conflitos de interesse. -
10:40 - 10:42Por que não os médicos?"
-
10:42 - 10:45E finalmente, muitas pessoas
escreveram e disseram, -
10:45 - 10:47"Deixe-nos, pacientes, decidir
-
10:47 - 10:49o que é importante quando
escolhemos um médico". -
10:50 - 10:52Em nossa avaliação inicial,
-
10:52 - 10:55mais de 300 médicos se comprometeram
à transparência total. -
10:56 - 10:59Que nova ideia maluca, certo?
-
10:59 - 11:02Mas, na verdade, não é um conceito
tão novo assim. -
11:02 - 11:04Lembram da Dra. Sam,
minha médica da China, -
11:04 - 11:06com piadas bobas e cabelo selvagem?
-
11:06 - 11:08Bem, ela era minha médica,
-
11:08 - 11:09mas também minha vizinha
-
11:09 - 11:12que morava do outro lado da rua.
-
11:12 - 11:14Eu era da mesma escola que a filha dela.
-
11:14 - 11:16Meus pais e eu confiávamos nela
-
11:16 - 11:19porque sabíamos quem era ela
e o que representava, -
11:19 - 11:21ela não precisava esconder nada.
-
11:22 - 11:25Apenas uma geração atrás,
isso era comum nos EUA também. -
11:25 - 11:29Você sabia que seu médico de família
era pai de dois adolescentes, -
11:29 - 11:31que parou de fumar alguns anos atrás,
-
11:31 - 11:33que dizia ir à igreja regularmente,
-
11:33 - 11:35mas você o via duas vezes no ano:
uma vez na Páscoa -
11:35 - 11:37e uma vez quando sua sogra vinha visitar.
-
11:38 - 11:40Você sabia quem era ele,
-
11:40 - 11:42não precisava esconder nada de você.
-
11:43 - 11:45Mas a doença do medo tomou conta,
-
11:45 - 11:47e os pacientes sofreram as consequências.
-
11:48 - 11:50Soube disso em primeira mão.
-
11:50 - 11:53Minha mãe lutou com
seu câncer por oito anos. -
11:53 - 11:54Ela era uma planejadora,
-
11:54 - 11:57e me ensinou muito sobre
como queria viver -
11:57 - 11:58e como queria morrer.
-
11:59 - 12:01Não somente assinou documentos
com antecedência, -
12:01 - 12:05como escreveu 12 páginas dizendo
como já havia sofrido o suficiente, -
12:05 - 12:07que já era hora de partir.
-
12:08 - 12:10Um dia, quando eu era médica residente,
-
12:10 - 12:13recebi uma ligação dizendo
que ela estava na UTI. -
12:14 - 12:17Na hora em que cheguei, ela estava
prestes a ser entubada -
12:17 - 12:19e colocada numa máquina de respiração.
-
12:20 - 12:23"Mas não era isso o que ela queria",
eu disse, "temos documentos". -
12:24 - 12:27O médico da UTI me olhou nos olhos,
-
12:27 - 12:31apontou para minha irmã de 16 anos e disse
-
12:31 - 12:33"Você se lembra quando tinha essa idade?
-
12:33 - 12:36Como teria sido crescer sem sua mãe?"
-
12:38 - 12:40Seu oncologista também estava lá e disse,
-
12:40 - 12:42"Esta é sua mãe.
-
12:42 - 12:45Você pode viver consigo mesmo
pelo resto da vida -
12:45 - 12:47se não fizer tudo por ela?"
-
12:48 - 12:50Eu conhecia tão bem minha mãe.
-
12:50 - 12:54Entendia muito bem as suas diretivas,
-
12:54 - 12:55mas eu era médica.
-
12:57 - 13:02Essa foi a decisão mais difícil que tomei,
-
13:02 - 13:04de deixá-la morrer em paz,
-
13:05 - 13:08e levei as palavras
daqueles médicos comigo -
13:08 - 13:09todos os dias.
-
13:11 - 13:13Podemos superar esta desconexão
-
13:13 - 13:17entre o que médicos fazem
e o que pacientes precisam. -
13:18 - 13:20Podemos chegar lá porque
estivemos lá antes, -
13:20 - 13:23e sabemos que a transparência
nos leva à confiança. -
13:23 - 13:26Pesquisas mostraram que essa abertura
também ajuda médicos, -
13:26 - 13:28que ter registros médicos abertos,
-
13:28 - 13:30estar disposto a conversar
sobre erros médicos, -
13:30 - 13:32aumentará a confiança do paciente,
-
13:32 - 13:33melhora os resultados de saúde,
-
13:33 - 13:35e reduz procedimentos condenáveis.
-
13:35 - 13:37Esta abertura, esta confiança
-
13:37 - 13:38só vai ser mais importante
-
13:38 - 13:42à medida que mudamos do modelo
de doença infecciosa para comportamental. -
13:42 - 13:45Bactérias podem não importar tanto quanto
confiança e intimidade, -
13:45 - 13:49mas para pessoas que enfrentarão
duras escolhas de estilo de vida, -
13:49 - 13:52para tratar com questões como
parar de fumar, -
13:52 - 13:55gerenciamento da pressão arterial
e controle da diabetes, -
13:55 - 13:58bem, isso nos obriga a
estabelecer confiança. -
13:59 - 14:02Aqui está o que outros médicos
transparentes disseram. -
14:02 - 14:05Brandon Combs, clínico geral em Denver:
-
14:05 - 14:08"Isso me aproximou de meus pacientes.
-
14:08 - 14:11O tipo de relacionamento que desenvolvi,
-
14:11 - 14:13foi por isso que entrei na medicina".
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14:14 - 14:17Aaron Stupple, um clínico geral em Denver:
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14:17 - 14:20"Digo a meus pacientes que sou
totalmente aberto a eles. -
14:20 - 14:22Não escondo nada deles.
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14:22 - 14:25Este sou eu. Agora me fale de você.
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14:25 - 14:28Estamos nessa juntos".
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14:28 - 14:30May Nguyen, médica de família em Houston:
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14:30 - 14:34"Meus colegas se surpreendem
pelo que estou fazendo. -
14:34 - 14:37Me perguntam como pude
ser tão corajosa. -
14:37 - 14:40Eu digo que não estou sendo corajosa.
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14:40 - 14:41é o meu trabalho".
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14:43 - 14:45Deixo vocês com um pensamento final.
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14:46 - 14:50Ser totalmente transparente é assustador.
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14:50 - 14:53Você se sente nu, exposto e vulnerável,
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14:53 - 14:57mas esta vulnerabilidade, esta humildade,
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14:57 - 15:01pode ser extraordinariamente benéfica
para a prática da medicina. -
15:01 - 15:04Quando médicos estão dispostos
a descerem de seus pedestais, -
15:04 - 15:05tirarem seus jalecos brancos,
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15:05 - 15:09e mostrar a nossos pacientes quem somos
e sobre o que é a medicina, -
15:09 - 15:12será quando começaremos
a superar a doença do medo. -
15:12 - 15:14Será quando estabeleceremos confiança.
-
15:14 - 15:16Será quando mudaremos
o paradigma da medicina -
15:16 - 15:18do sigilo e ocultação
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15:18 - 15:20para algo aberto e engajado
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15:20 - 15:22para nossos pacientes.
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15:23 - 15:25Obrigada.
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15:25 - 15:29(Aplausos)
- Title:
- O que seu médico não irá declarar
- Speaker:
- Leana Wen
- Description:
-
Será que você não iria querer saber se seu médico fosse um porta-voz pago por uma empresa farmacêutica? Ou tivesse crenças pessoais incompatíveis com o tratamento que você quer? Agora, nos EUA pelo menos, o seu médico simplesmente não tem que lhe dizer isso. E quando a médica Leana Wen pediu a seus colegas médicos que se revelassem, a reação que ela recebeu foi... inquietante.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:42
Gustavo Rocha edited Portuguese, Brazilian subtitles for What your doctor won’t disclose | ||
Elena Crescia approved Portuguese, Brazilian subtitles for What your doctor won’t disclose | ||
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Gustavo Rocha accepted Portuguese, Brazilian subtitles for What your doctor won’t disclose | ||
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