O fim das marcas | Fabrice Epelboin | TEDxLyon
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0:09 - 0:13Vou falar-vos de transparência,
da transparência em geral, -
0:13 - 0:16quer seja a transparência filosófica,
a transparência na política -
0:16 - 0:18ou a transparência na tecnologia.
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0:19 - 0:22A transparência faz nascer
uma descoberta por acaso, -
0:23 - 0:25uma descoberta especial.
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0:25 - 0:28Esta descoberta por acaso é a arma
-
0:28 - 0:31que é usada um pouco
por toda a parte na Internet. -
0:32 - 0:35Ela vai destruir muitas das marcas
que nos rodeiam, -
0:35 - 0:39e vai destruir as marcas,
atacando o nosso imaginário. -
0:39 - 0:44Porque o nosso imaginário é o território
das marcas que nos rodeiam. -
0:44 - 0:46Vou fazer uma demonstração.
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0:46 - 0:49Vamos agarrar numa imagem:
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0:49 - 0:54Vermeer, um pintor barroco
do século XVII, que todos conhecemos -
0:54 - 0:59e, ali, temos uma marca
que todos também conhecemos. -
1:00 - 1:02Uma marca muito antiga
que já tem 41 anos. -
1:03 - 1:07Acompanha-nos desde há 40 anos.
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1:08 - 1:11Agora vou mostrar como,
com um pouco de imaginação, -
1:11 - 1:13podemos destruir uma marca.
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1:13 - 1:16Na prática, isto não passa
de um gigante de comida processada -
1:16 - 1:19que produz iogurtes numa fábrica.
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1:19 - 1:23Não tem nada a ver com artesanato,
muito menos com Vermeer. -
1:25 - 1:26O que eu acabei de fazer
-
1:27 - 1:29e que vai obrigar-vos a perguntar,
-
1:29 - 1:32sempre que virem um anúncio
de "La Laitière", -
1:32 - 1:36é uma coisa aproveitada
por muitos cibernautas -
1:36 - 1:39que, todos os dias, na Internet,
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1:40 - 1:43nos injetam com mensagens inesperadas
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1:43 - 1:47de descobertas por acaso,
para destruir marcas. -
1:48 - 1:52Este verão, provavelmente,
não deixaram de reparar nisto -
1:52 - 1:56que vos fez lembrar que todas as marcas
têm uma dimensão política. -
1:58 - 2:00Não deem ouvidos aos políticos
que vos dizem -
2:00 - 2:03que a culpa é da Internet
ou das redes sociais. -
2:03 - 2:07Os políticos são os primeiros
a usar a transparência -
2:07 - 2:09para resolver um problema crítico:
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2:10 - 2:11a confiança.
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2:12 - 2:16Quando uma grave crise de confiança
atingiu o mundo político francês, -
2:16 - 2:20a primeira coisa que fizeram
foi aprovar uma lei da transparência. -
2:21 - 2:25Não funcionou muito bem, mas os políticos
esqueceram a dimensão da transparência -
2:25 - 2:30ou seja, que a transparência provém
do determinismo tecnológico. -
2:30 - 2:35A transparência também pode ser usada
pelos especialistas em tecnologia -
2:35 - 2:38como resposta política.
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2:38 - 2:40Todos vocês conhecem o WikiLeaks,
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2:40 - 2:44e não deixaram de reparar
que, a partir do WikiLeaks, -
2:45 - 2:48já não contamos com
os modos de ação política -
2:48 - 2:51que procedem da transparência
para impor uma realidade -
2:52 - 2:54e destruir uma mentira.
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2:54 - 2:56Também não vos deve ter escapado
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2:56 - 3:00que o WikiLeaks foi acompanhado
por uma multidão de internautas. -
3:01 - 3:04Essa multidão de internautas
são os Anonymous. -
3:04 - 3:07Os Anonymous são uma coisa apaixonante
-
3:07 - 3:11porque é o primeiro verdadeiro
movimento social do século XXI. -
3:11 - 3:14É um movimento específico
no século XXI, -
3:14 - 3:16tal como o sindicalismo
foi específico no século XIX. -
3:17 - 3:21Tal como o sindicalismo foi
específico na Revolução Industrial, -
3:21 - 3:24os Anonymous são específicos
na revolução informática. -
3:25 - 3:30A partir do WikiLeaks,
os Anonymous têm acompanhado -
3:30 - 3:34todos os grandes movimentos
de protesto social. -
3:35 - 3:40Quer no mundo árabe,
quer aqui, ou nos EUA, em Berlim, -
3:40 - 3:45em Paris, na China, em Istambul
ou na América do Sul, -
3:46 - 3:50os Anonymous têm acompanhado
todos os grandes acontecimentos -
3:50 - 3:53que marcaram as populações,
até há muito pouco tempo, em França. -
3:55 - 3:57Os Anonymous são uma coisa
muito interessante, -
3:57 - 4:00porque prefiguram as contestações
sociais do século XXI. -
4:01 - 4:06Essas contestações sociais
vão opor-se aos estados, como já vimos, -
4:06 - 4:08mas igualmente às empresas,
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4:08 - 4:11porque os Anonymous já se opuseram
a uma multidão de empresas. -
4:11 - 4:14A mais conhecida é esta.
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4:16 - 4:19Quatro anos antes de a Sony
ter sido atacada, -
4:19 - 4:22por Kim Jong-Un
e pelos seus temíveis piratas. -
4:22 - 4:23(Risos)
-
4:23 - 4:25quatro anos antes desse triste episódio
-
4:25 - 4:28que ultrapassa em muito
Saddam Hussein e o antrax, -
4:29 - 4:33a Sony foi atacada
por outro tipo de inimigos, -
4:34 - 4:37no que foi um verdadeiro
Fukushima digital. -
4:37 - 4:40A Sony foi atacada pelos Anonymous
-
4:40 - 4:44ajudados por outro grupo de "hackers"
chamado LulzSec. -
4:46 - 4:50O LulSec procedeu
a uma operação muito simples. -
4:50 - 4:54Apoderaram-se do que era, na altura,
-
4:54 - 4:56informações confidenciais
-
4:57 - 4:59como números de cartões de crédito,
"logins", "passwords", -
4:59 - 5:04e tornaram-nos públicos,
tornando possível uma série de piratagem. -
5:06 - 5:08Porque os utilizadores
da Playstation Network são como vocês, -
5:08 - 5:11utilizam o mesmo "login",
a mesma "password", em toda a parte. -
5:11 - 5:14Se eu tiver o vosso "login",
a vossa "password", -
5:14 - 5:17posso ir a todo o lado,
à vossa conta Amazon, Paypal, -
5:17 - 5:19à "intranet" da vossa empresa.
-
5:19 - 5:22Se trabalharem na CIA,
é um problema danado. -
5:23 - 5:25Isso teve consequências terríveis
para a Sony. -
5:25 - 5:29Vemos aqui a cotação da Sony
na Bolsa, durante três meses. -
5:29 - 5:31A princípio, foi o Fukushima.
-
5:31 - 5:34Obviamente, fez muitos estragos,
nas cotações da Bolsa. -
5:34 - 5:36Em segundo lugar, houve os Anonymous.
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5:36 - 5:39E, num terceiro tempo, a chegada
do famoso grupo de "hackers", o LulzSec, -
5:39 - 5:43que instrumentalizou, de certa forma,
os Anonymous e as massas. -
5:43 - 5:48Se compararmos isso com a Nikkei,
equivalente ao CAC40, no mercado japonês, -
5:48 - 5:50vemos que, a princípio,
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5:50 - 5:52a Sony e a Nikkei seguem o mesmo percurso
-
5:52 - 5:54e, a seguir, aquilo desmorona-se.
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5:55 - 5:59Se fizermos as contas, a Sony perdeu
3500 milhões nesse período -
5:59 - 6:04na cotação da Bolsa, sendo 2/3
atribuídos aos Anonymous. -
6:05 - 6:09No final, este Fukushima digital
-
6:09 - 6:13terá custado à Sony
1,7 vezes mais que o Fukushima. -
6:13 - 6:15É colossal!
-
6:17 - 6:20Nos elementos que se degradaram
na cotação da Sony, -
6:20 - 6:23em primeiro plano, está a marca,
a marca Sony. -
6:24 - 6:27Porque, imaginem, as marcas
são cotadas na Bolsa, -
6:27 - 6:29tal como as empresas.
-
6:29 - 6:32Uma parte da cotação duma empresa
na Bolsa, é a sua marca, -
6:32 - 6:35quando ela tem uma marca
conhecida do grande público. -
6:35 - 6:38O problema é que, hoje,
estamos a entrar num mundo -
6:38 - 6:42em que a marca é o calcanhar
de Aquiles duma empresa. -
6:44 - 6:47As marcas que são cotadas na Bolsa
nunca mais acabam, -
6:47 - 6:50são uma quantidade
absolutamente astronómica -
6:50 - 6:53e o preço, por vezes, atinge somas
totalmente malucas. -
6:54 - 6:57A Apple, este ano, ultrapassou
largamente os 100 000 milhões de dólares. -
6:57 - 7:00No total, se olharmos para
as 100 maiores marcas do mundo, -
7:00 - 7:05falamos de uma valorização total
de 2,9 biliões de dólares, -
7:06 - 7:08uma bolha enorme!
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7:08 - 7:11Uma enorme bolha constituída
sobre uma relação -
7:11 - 7:15entre um capital de marca
e um capital de confiança. -
7:15 - 7:18Este capital de marca é calculado
de forma bastante científica, -
7:18 - 7:20espantosamente,
-
7:20 - 7:24sobre a coerência entre
as práticas duma empresa -
7:24 - 7:26e os valores duma marca.
-
7:27 - 7:29Isso é precisamente o que
as massas vão atacar. -
7:30 - 7:32Vão atacar nos locais
que todos conhecemos: -
7:33 - 7:36o Facebook, o Twitter,
coisas como essas. -
7:37 - 7:40Todos vocês têm uma conta
no Facebook, talvez também no Twitter -
7:40 - 7:45e talvez se tenham cruzado,
há dois anos, com uma descoberta ao acaso, -
7:46 - 7:48quando o Rana Plaza
se desmoronou no Bangladesh, -
7:49 - 7:51matando centenas de mulheres
e crianças operárias -
7:51 - 7:53e, no meio dos escombros e dos cadáveres,
-
7:53 - 7:55se encontraram etiquetas da Benetton,
-
7:56 - 7:58revelando a incoerência total
-
7:58 - 8:03entre os valores anunciados pela marca
Benetton e as práticas da empresa. -
8:04 - 8:06A marca desapareceu.
-
8:06 - 8:09Trinta anos de comunicação
deitados para o lixo. -
8:10 - 8:14Não podem ter deixado de reparar
nesta descoberta por acaso, -
8:15 - 8:18aquando do escândalo da carne de cavalo.
-
8:19 - 8:24Também aí, as massas
descobriram por acaso. -
8:26 - 8:30No mundo árabe, não podem
ter passado ao lado -
8:30 - 8:32desta descoberta por acaso,
-
8:33 - 8:35durante todo o verão,
-
8:36 - 8:39que provocou a falência
de partes do mercado da Coca-Cola -
8:39 - 8:41em todo o mundo árabe.
-
8:41 - 8:45A problemática hoje
é que as empresas -
8:45 - 8:49estão, cada vez mais,
numa relação com a sua marca -
8:51 - 8:52que é inspirada em Dorian Gray.
-
8:52 - 8:57De um lado, temos uma marca
pública, bela, jovem, dinâmica. -
8:57 - 9:02Do outro lado, uma empresa que
raramente é pública, raramente é jovem, -
9:03 - 9:05e raramente é dinâmica.
-
9:05 - 9:10De um lado, temos valores,
do outro lado, temos práticas. -
9:11 - 9:15De um lado, temos um imaginário da marca,
do outro lado, temos uma realidade. -
9:16 - 9:18De um lado, temos consumidores,
-
9:18 - 9:21que são uma abstração imaginada
pelos publicitários -
9:21 - 9:25e do outro lado, temos cidadãos,
vocês, eu, todos nós. -
9:26 - 9:29Ninguém aqui pode ser reduzido
a um simples consumidor, -
9:29 - 9:31a não ser que sofra uma lobotomia.
-
9:31 - 9:32(Risos)
-
9:32 - 9:35A problemática em que entramos,
pouco a pouco, -
9:35 - 9:39é que essa fronteira que existe
entre o público e o privado, -
9:39 - 9:42cuja deslocação todos constatámos
com o Facebook, -
9:42 - 9:44e o uso que os adolescentes
fazem disso -
9:44 - 9:47essa fronteira também existe
para as empresas. -
9:47 - 9:50Pouco a pouco, o domínio
do privado, da empresa, -
9:50 - 9:52torna-se cada vez mais público.
-
9:52 - 9:56Sob a impulsão das massas,
pouco a pouco, -
9:56 - 9:59a vida privada da empresa
torna-se pública. -
9:59 - 10:02Chegámos, hoje, a um momento
em que a revolução digital -
10:02 - 10:06vai forçar as marcas
a apreender a transparência, -
10:07 - 10:10a não lutar contra ela
— é como lutar contra a maré que sobe — -
10:10 - 10:14mas a compreender e a manipular
essa transparência -
10:14 - 10:17e tirar partido dela
de uma ou de outra maneira. -
10:17 - 10:19A revolução digital vai forçar as marcas
-
10:19 - 10:22a interagir com as massas,
em vez de a suportar. -
10:22 - 10:24A revolução digital
vai forçar as marcas -
10:24 - 10:27a integrar essa famosa
descoberta por acaso, -
10:27 - 10:31a torná-la sua, não ser vítima dela.
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10:31 - 10:34E, por fim, a revolução digital
vai forçar as marcas -
10:34 - 10:38a partilhar o imaginário que era,
anteriormente, o seu domínio exclusivo. -
10:39 - 10:40Obrigado.
-
10:40 - 10:43(Aplausos)
- Title:
- O fim das marcas | Fabrice Epelboin | TEDxLyon
- Description:
-
Como a Internet, graças à ação dos cidadãos, transforma as marcas, ou as destrói.
A partir dos anos 90, Fabrice Epelboin tem participado em muitas aventuras na Internet. Foi, sucessivamente, "startupper", "hacker" ativista, jornalista e consultor. Ensina atualmente na Science Po Paris as mutações contemporâneas ligadas à Internet.Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- French
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 10:48
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