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Um amor que nos permite ser quem somos

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    Tiq Milan: Nossa primeira conversa
    foi no Facebook e durou três dias.
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    (Risos)
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    Trocamos mais de 3 mil mensagens,
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    e foi durante aquelas 72 horas
    que eu soube que ela seria minha esposa.
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    Não esperamos nenhum pré-requisito
    de tempo para nosso relacionamento;
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    revelamos nossas verdades
    mais vulneráveis com franqueza.
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    Sou um homem transgênero,
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    logo o "F" na minha certidão de nascimento
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    deveria significar "Falso",
    em vez de "Feminino".
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    (Risos)
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    Andar por aí como uma mulher
    era como caminhar com pedras nos sapatos.
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    Isso tirou o ritmo da minha caminhada,
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    me fez perder o equilíbrio,
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    me machucou a cada passo que dei.
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    Mas hoje sou um homem
    por minha própria intenção;
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    por meu próprio projeto.
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    Kim Katrin Milan: Eu sou
    uma mulher cisgênera.
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    Cisgênera significa que o gênero
    que me foi dado ao nascer
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    ainda é e sempre foi feminino.
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    Isso não faz de mim natural ou normal,
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    é apenas uma forma de descrever
    as várias diferentes formas
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    em que existimos nesse mundo.
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    "Queer" é um termo cultural,
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    mas, nesse caso, se refere ao fato
    de eu não me restringir ao gênero,
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    quando escolho parceiros.
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    Eu me identifiquei de maneiras diferentes:
    como bissexual, como lésbica,
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    mas, para mim, ser queer
    engloba todas as camadas
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    de quem sou e de como tenho amado.
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    Sou camadas e não frações.
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    E, para mim, o fato de ele ser queer
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    significava que eu podia confiar
    no seu cortejo desde o início.
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    Como pessoas queer e trans,
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    somos quase sempre excluídos
    de instituições e tradições.
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    Criamos espaços fora das convenções,
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    incluindo as convenções de tempo.
  • 1:35 - 1:38
    E naquelas 3 mil mensagens trocadas,
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    nós acabamos com o tempo,
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    nos o aniquilamos;
  • 1:40 - 1:42
    colocamos tudo às claras.
  • 1:42 - 1:43
    (Risos)
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    Sem qualquer pretensão.
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    Isso significava sermos capazes
    de nos comprometer um com o outro
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    de um modo diferente e profundo.
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    Frequentemente nos dizem
    que a ideia da "Regra de Ouro" é:
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    devemos tratar as pessoas
    da forma que queremos ser tratados.
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    Mas o problema disso
  • 1:59 - 2:02
    é que parte da premissa que somos
    o padrão das outras pessoas.
  • 2:02 - 2:04
    E não somos.
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    Precisamos tratar os outros da forma
    que eles desejam ser tratados,
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    o que significa que temos de perguntar.
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    Eu não poderia presumir que o tipo
    de amor que ele precisava
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    era o mesmo que eu precisava.
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    Então perguntei tudo a ele:
    seus medos, suas inseguranças,
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    e começamos por aí.
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    TM: Eu não sabia que tipo
    de amor eu precisava.
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    Eu vinha de um ano de trevas,
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    rejeitado e totalmente esgotado.
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    Alguém tinha olhado em meus olhos
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    e dito que eu não merecia seu amor
    porque eu era transgênero.
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    E existe uma cultura de falta de amor
  • 2:35 - 2:37
    que criamos em torno
    das pessoas transgêneras.
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    Ela é pensada, justificada
    e muitas vezes até definida em lei.
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    E eu estava a um passo
    de internalizar essa mensagem
  • 2:43 - 2:44
    de que eu não era merecedor.
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    Mas a Kim disse que eu era seu par ideal:
    o coração partido e confuso que eu era.
  • 2:48 - 2:49
    (Risos)
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    KKM: Ele com certeza era o meu par ideal.
  • 2:51 - 2:52
    (Risos)
  • 2:52 - 2:53
    Em mais de uma maneira.
  • 2:54 - 2:56
    Ambos poetas, escritores, criativos,
  • 2:56 - 2:59
    com uma longa história
    de trabalho comunitário
  • 2:59 - 3:02
    e grandes, enormes sonhos
    de família à nossa frente.
  • 3:02 - 3:04
    Tínhamos várias coisas em comum,
  • 3:04 - 3:06
    mas também éramos
    incrivelmente diferentes.
  • 3:06 - 3:08
    Fui viajante por toda a vida
    e um pouco órfã,
  • 3:08 - 3:10
    enquanto ele vem de uma família enorme,
  • 3:10 - 3:12
    e definitivamente fica plantado no lugar.
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    Eu quase sempre resumia
    as diferenças das nossas forças
  • 3:15 - 3:17
    dizendo: "Mantenha-me segura,
  • 3:17 - 3:18
    e eu o manterei selvagem".
  • 3:18 - 3:20
    (Risos)
  • 3:23 - 3:27
    TM: Nós temos identidades marginalizadas,
    mas não vivemos vidas marginalizadas.
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    Ser queer e trans tem a ver
    com criar novas formas de existência
  • 3:31 - 3:33
    e amar as pessoas como elas são,
  • 3:33 - 3:35
    não como elas deveriam ser.
  • 3:35 - 3:37
    Kim é feminina sem remorsos
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    num mundo quase sempre cruel e violento
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    com mulheres tão orgulhosas e libertárias.
  • 3:42 - 3:43
    E eu não entrei nessa união
  • 3:43 - 3:47
    pela promessa de que ela seria
    minha salvadora ou minha costela,
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    mas um ser humano complexo...
  • 3:49 - 3:50
    (Risos)
  • 3:50 - 3:52
    KKM: Verdade? Isso não está certo.
  • 3:52 - 3:54
    TM: Mas um ser humano complexo,
  • 3:54 - 3:57
    cuja feminilidade não existia
    para meu domínio, controle ou crítica.
  • 3:57 - 3:59
    É o brilhantismo dela,
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    a forma como vive com compaixão
  • 4:01 - 4:03
    e como nuca perde sua empatia de vista.
  • 4:03 - 4:05
    Ela tem sido minha heroína
    desde o primeiro dia.
  • 4:07 - 4:08
    (Aplausos)
  • 4:10 - 4:13
    KKM: Nosso relacionamento
    sempre se baseou em deixar o outro livre.
  • 4:13 - 4:17
    Uma das primeiras perguntas que fiz foi
    que sonhos ele tinha deixado de realizar,
  • 4:17 - 4:19
    e como eu poderia ajudá-lo a atingi-los.
  • 4:19 - 4:21
    Seu sonho de viver como um poeta,
  • 4:21 - 4:24
    adotar e criar uma família com alguém,
  • 4:24 - 4:29
    viver uma vida de que pudesse se orgulhar,
    à altura do incrível legado de sua mãe.
  • 4:29 - 4:33
    E eu realmente gostei
    de podermos começar a partir daí,
  • 4:33 - 4:36
    em vez de precisar descobrir
  • 4:36 - 4:38
    como fazer para darmos certo juntos.
  • 4:38 - 4:41
    E creio que isso realmente nos permitiu
    crescer dentro do que éramos
  • 4:41 - 4:43
    de uma forma incrivelmente diferente.
  • 4:44 - 4:45
    Eu o amo completamente;
  • 4:45 - 4:48
    antes da transição, agora e no futuro.
  • 4:48 - 4:51
    É esse amor que nos manteve
    comprometidos um com o outro
  • 4:51 - 4:53
    antes mesmo de termos visto nossos rostos.
  • 4:55 - 4:58
    TM: A maior preocupação da minha mãe,
    quando fiz a transição,
  • 4:58 - 4:59
    era quem iria me amar como eu sou.
  • 5:00 - 5:06
    Ser transgênero, de alguma forma,
    me excluía do amor e da monogamia
  • 5:06 - 5:09
    porque eu tinha supostamente
    nascido num corpo errado?
  • 5:09 - 5:12
    Mas é esse o tipo de lógica
    que tem de ser repensada
  • 5:12 - 5:14
    para deixar que o amor entre.
  • 5:14 - 5:15
    Meu corpo nunca me traiu,
  • 5:15 - 5:17
    e meu corpo nunca esteve errado.
  • 5:17 - 5:21
    É esse pensamento limitante
    e binário sobre gêneros
  • 5:21 - 5:22
    que dizia que eu não existia.
  • 5:22 - 5:24
    Mas, quando nos encontramos,
  • 5:24 - 5:26
    ela me amou exatamente
    pelo que eu mostrava ser.
  • 5:26 - 5:29
    Ela traçava com os dedos as cicatrizes
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    deixadas por minha cirurgia.
  • 5:31 - 5:35
    Cicatrizes que vão do meio do meu peito
    até a parte externa do meu torso.
  • 5:35 - 5:38
    Ela dizia que eram
    lembranças da minha força,
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    de tudo pelo que eu havia passado
  • 5:39 - 5:41
    e que não havia do que me envergonhar.
  • 5:41 - 5:43
    Então correr a pedir sua mão em casamento
  • 5:43 - 5:45
    era a coisa mais inesperada
    que eu poderia fazer.
  • 5:45 - 5:47
    (Risos)
  • 5:48 - 5:51
    Isso era oposto às trajetórias
    mais convencionais
  • 5:51 - 5:53
    de amor e relacionamento,
  • 5:53 - 5:56
    porque Deus nunca iria abençoar
    uma união de duas pessoas como nós
  • 5:56 - 5:58
    e a lei nunca a reconheceria.
  • 5:59 - 6:02
    KKM: Assim, em 5 de maio de 2014,
  • 6:02 - 6:05
    apenas três meses após
    nosso encontro on-line,
  • 6:05 - 6:10
    nos casamos nos degraus
    da prefeitura de Manhattan,
  • 6:10 - 6:13
    e isso foi maravilhoso
    em todas as formas que se possa imaginar.
  • 6:14 - 6:17
    É certo dizer que recriamos
    algumas tradições,
  • 6:17 - 6:19
    mas mantivemos algumas antigas,
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    nas quais trabalhamos, e criamos
    algo que funcionava para nós.
  • 6:22 - 6:27
    Meu buquê e o enfeite de meu vestido
    eram de flores silvestres do Brooklyn;
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    também havia um pouco de lavanda e sálvia
    para nos manter com os pés no chão,
  • 6:32 - 6:33
    porque estávamos muito nervosos.
  • 6:33 - 6:37
    Isso foi feito por uma irmã
    curandeira, amiga nossa.
  • 6:37 - 6:38
    Eu nunca quis um anel de diamantes,
  • 6:39 - 6:41
    porque conflitos e convenções
    não são a minha cara,
  • 6:41 - 6:43
    então meu anel é púrpura escuro
  • 6:43 - 6:44
    como a cor do meu chakra da coroa,
  • 6:44 - 6:47
    com as pedras do meu mês de nascimento.
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    A dádiva de ser queer são as opções.
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    Eu não tinha de escolher seu sobrenome,
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    isso nunca foi uma exceção,
  • 6:53 - 6:56
    mas escolhi porque sou
    filha bastarda de meu pai,
  • 6:56 - 7:00
    alguém que sempre foi uma apologia,
    um segredo, uma imposição.
  • 7:00 - 7:02
    E foi incrivelmente libertador
  • 7:02 - 7:05
    escolher o nome do homem
    que me escolheu primeiro.
  • 7:06 - 7:08
    (Aplausos)
  • 7:13 - 7:16
    TM: Então contamos a alguns
    familiares e amigos próximos,
  • 7:16 - 7:19
    muitos deles ainda estavam descrentes
    enquanto fazíamos nossos votos.
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    Apropriadamente, postamos todas
    as fotos do casamento no Facebook,
  • 7:23 - 7:24
    onde nos encontramos,
  • 7:24 - 7:26
    e no Instagram, claro.
  • 7:27 - 7:28
    E logo percebemos
  • 7:28 - 7:31
    que ficarmos juntos era mais
    do que a união de duas pessoas,
  • 7:31 - 7:35
    mas era um modelo de possibilidade
    para milhões de pessoas LGBTQ
  • 7:35 - 7:38
    para quem haviam vendido a mentira
    de que família e casamento
  • 7:38 - 7:40
    eram uma antítese a quem eles eram,
  • 7:40 - 7:42
    para aqueles de nós
    que raramente conseguem se ver
  • 7:42 - 7:44
    revestidos de amor e felicidade.
  • 7:44 - 7:48
    KKM: E o ponto é que somos marginalizados
    por conta das nossas identidades,
  • 7:48 - 7:52
    mas isso também nos encoraja
    a sermos quem somos.
  • 7:52 - 7:54
    Ser queer é nossa chave-mestra;
  • 7:54 - 7:56
    ser negro é a nossa mágica.
  • 7:56 - 7:57
    É por essas coisas
  • 7:58 - 8:02
    que podemos ser esperançosos,
    abertos, receptivos e flexíveis.
  • 8:03 - 8:04
    São essas coisas que nos dão força
  • 8:05 - 8:07
    e que são fontes
    tão incríveis da nossa força.
  • 8:07 - 8:09
    Ser queer é uma fonte dessa força.
  • 8:09 - 8:13
    Acho que as palavras do poeta
    Brandon Wint, que vive em Otawa:
  • 8:13 - 8:17
    "Não queer como gay; queer
    como fugir das definições.
  • 8:17 - 8:21
    Queer como algum tipo de fluidez
    e falta de limites ao mesmo tempo.
  • 8:22 - 8:25
    Queer como uma liberdade
    muito estranha para ser conquistada.
  • 8:25 - 8:28
    Queer como não ter medo de imaginar
    como o amor pode se parecer,
  • 8:28 - 8:29
    e persegui-lo".
  • 8:30 - 8:32
    TM: Somos parte
    de uma comunidade de pessoas...
  • 8:32 - 8:34
    Sim, isso é bom, não?
  • 8:34 - 8:35
    (Risos)
  • 8:37 - 8:41
    Somos parte de uma comunidade de pessoas
    que vivem suas identidades autênticas
  • 8:41 - 8:43
    ao longo de todo o espectro de gêneros,
  • 8:43 - 8:45
    apesar da ameaça onipresente da violência,
  • 8:45 - 8:48
    apesar da corrente de ansiedade
    que sempre está presente
  • 8:48 - 8:51
    para aqueles que vivem
    por suas próprias regras.
  • 8:51 - 8:55
    Globalmente, uma pessoa transgênera
    é assassinada a cada 21 horas.
  • 8:55 - 9:02
    E nos Estados Unidos houve mais
    assassinatos trans neste ano
  • 9:02 - 9:03
    que em qualquer outro.
  • 9:03 - 9:07
    Entretanto, nossas histórias são mais
    do que essa rígida dicotomia
  • 9:07 - 9:09
    de força e resiliência.
  • 9:09 - 9:13
    Estamos expandindo as margens
    da complexidade humana,
  • 9:13 - 9:16
    e estamos criando
    liberdade nessas margens.
  • 9:16 - 9:18
    KKM: E não temos quaisquer modelos.
  • 9:19 - 9:22
    Estamos criando um mundo
    que, literalmente, nunca vimos antes;
  • 9:22 - 9:26
    construir famílias baseadas
    no amor e não no sangue,
  • 9:26 - 9:30
    guiar-se por compaixão,
    que tão poucos de nós têm mostrado.
  • 9:30 - 9:35
    Muitos de nós não recebemos amor
    das nossas famílias,
  • 9:35 - 9:37
    temos sido traídos pelas pessoas
    em quem mais confiamos.
  • 9:38 - 9:42
    Então o que fazemos aqui é criar
    linguagens de amor completamente novas.
  • 9:42 - 9:47
    Linguagens que criam espaço
    para sermos genuinamente nós mesmos
  • 9:47 - 9:49
    sem impor padrões
  • 9:49 - 9:52
    de como a masculinidade
    ou a feminilidade deveriam ser.
  • 9:53 - 9:55
    TM: Estamos interessados
    em amor e inclusão
  • 9:55 - 9:58
    como uma ferramenta
    revolucionária de mudança, certo?
  • 9:58 - 10:00
    A ideia é simples:
  • 10:00 - 10:02
    se deixarmos nossas noções preconcebidas
  • 10:02 - 10:04
    sobre como alguém deveria ser,
  • 10:04 - 10:07
    em relação a seu corpo,
    seu gênero, sua pele,
  • 10:07 - 10:09
    se tomarmos decisões intencionais
  • 10:09 - 10:11
    para esquecer esses
    preconceitos estabelecidos,
  • 10:11 - 10:14
    criarmos espaço para as pessoas
    se autodeterminarem,
  • 10:14 - 10:15
    e acolhermos quem elas são,
  • 10:15 - 10:19
    então vamos definitivamente criar um mundo
    melhor do que aquele em que nascemos.
  • 10:19 - 10:20
    (Aplausos)
  • 10:26 - 10:28
    KKM: Queremos marcar
    esse tempo na história
  • 10:28 - 10:31
    deixando evidências do fato
    de que estivemos aqui.
  • 10:31 - 10:34
    Abrimos pequenas janelas
    em nosso relacionamento
  • 10:34 - 10:36
    para nossa comunidade testemunhar
  • 10:36 - 10:39
    e fazemos isso porque queremos
    fazer mapas para o futuro
  • 10:39 - 10:41
    e não monumentos para nós mesmos.
  • 10:41 - 10:45
    Nossa experiência não invalida
    a experiência de outras pessoas,
  • 10:45 - 10:49
    mas deve e necessariamente
    complica essa ideia
  • 10:49 - 10:52
    de como o amor e o casamento deveriam ser.
  • 10:53 - 10:55
    TM: Certo, agora para toda a conversa,
  • 10:55 - 10:56
    inspiração
  • 10:56 - 10:58
    e possíveis modelos que temos sido,
  • 10:58 - 11:00
    não estamos nem próximos à perfeição.
  • 11:00 - 11:02
    E temos de olhar
    a nós mesmos em um espelho.
  • 11:02 - 11:05
    Eu vi que nem sempre
    fui o melhor ouvinte,
  • 11:05 - 11:08
    e que meu ego se colocou no caminho
    do nosso progresso como casal.
  • 11:08 - 11:12
    E eu realmente tive que analisar
    essas ideias sexistas estabelecidas
  • 11:12 - 11:15
    que eu tinha sobre os valores
    das experiências femininas no mundo.
  • 11:15 - 11:19
    Tive de reavaliar o significado
    de estar aliado à minha esposa.
  • 11:20 - 11:23
    KKM: E tive de lembrar a mim mesma
    uma série de coisas também.
  • 11:23 - 11:25
    O que significa ser dura com os problemas,
  • 11:25 - 11:27
    mas suave com a pessoa.
  • 11:27 - 11:30
    Enquanto escrevíamos isso,
    tivemos uma briga enorme.
  • 11:30 - 11:32
    (Risos)
  • 11:34 - 11:36
    Por várias razões diferentes,
  • 11:36 - 11:40
    mas baseada em nossos valores,
    nossas experiências;
  • 11:40 - 11:42
    e ficamos realmente magoados, sabem?
  • 11:42 - 11:47
    Porque o que fazemos e como amamos
    nos deixa completamente a descoberto.
  • 11:47 - 11:51
    Mas, apesar de a briga
    ter durado dois dias,
  • 11:51 - 11:52
    (Risos)
  • 11:52 - 11:55
    fomos capazes de voltar um para o outro
  • 11:55 - 11:59
    e nos comprometermos conosco mesmos,
    com o outro e com nosso casamento.
  • 11:59 - 12:02
    E isso resultou em algumas
    das partes mais apaixonadas
  • 12:02 - 12:04
    do que compartilhamos com vocês hoje.
  • 12:04 - 12:07
    TM: Eu tive de questionar a masculinidade,
  • 12:07 - 12:09
    o que acho que não acontece o suficiente.
  • 12:09 - 12:11
    Tive de questionar a masculinidade;
  • 12:11 - 12:15
    os privilégios tóxicos que vêm junto
    com ser homem não me definem,
  • 12:15 - 12:18
    mas devo me responsabilizar pela forma
    como eles aparecem na minha vida diária.
  • 12:18 - 12:22
    Eu tenho permitido a minha esposa
    fazer todo o trabalho emocional
  • 12:22 - 12:26
    de buscar linhas abertas de comunicação,
    quando eu preferia me retrair e fugir.
  • 12:26 - 12:27
    (Risos)
  • 12:27 - 12:29
    Tenho deixado de lado o apoio emocional
  • 12:29 - 12:32
    em vez de encarar
    minhas próprias vulnerabilidades,
  • 12:32 - 12:35
    especialmente sobre o desolador
    aborto que sofremos no último ano,
  • 12:35 - 12:36
    e sinto muito por isso.
  • 12:37 - 12:39
    Às vezes, como homens,
    pegamos a saída mais fácil.
  • 12:40 - 12:44
    Então minha trajetória como trans
    é sobre reimaginar a masculinidade.
  • 12:45 - 12:47
    Sobre criar virilidade
    que não pode ser medida
  • 12:47 - 12:51
    pelas forças que empunham,
    pelos direitos atribuídos a ela
  • 12:51 - 12:53
    ou por um simulacro de controle
    que possa exibir,
  • 12:53 - 12:55
    mas funciona em parceria
    com a feminilidade
  • 12:55 - 12:57
    e é guiada pelo meu espírito.
  • 12:59 - 13:00
    KKM: Sim...
  • 13:00 - 13:02
    (Aplausos)
  • 13:04 - 13:08
    E isso criou espaço
    para minha feminilidade florescer
  • 13:08 - 13:11
    de uma forma que eu nunca
    tinha experimentado antes.
  • 13:12 - 13:16
    Ele nunca se sente ameaçado
    pela minha sexualidade,
  • 13:16 - 13:19
    ele nunca policia o que visto
    ou como me comporto.
  • 13:20 - 13:23
    Eu cozinho, mas ele faz muito mais
    a limpeza do que eu.
  • 13:23 - 13:25
    E quando estamos com pressa
    para sair de casa
  • 13:25 - 13:27
    e temos muito com o que lidar,
  • 13:27 - 13:28
    ele cuida de tudo,
  • 13:28 - 13:30
    assim tenho tempo
    para o cabelo e a maquiagem.
  • 13:30 - 13:32
    (Risos)
  • 13:32 - 13:35
    Ele entende que isso é a minha armadura
  • 13:35 - 13:39
    e ele nunca trata a feminilidade
    como algo frívolo e superficial
  • 13:39 - 13:41
    e isso, e ele...
  • 13:41 - 13:44
    ele melhora minha experiência
    de gênero a cada dia.
  • 13:45 - 13:47
    TM: Eu adoro vê-la se vestir pela manhã.
  • 13:48 - 13:52
    Olhar para ela no closet, procurando
    por algo confortável, colorido, justo
  • 13:52 - 13:54
    e seguro...
  • 13:54 - 13:55
    (Risos)
  • 13:55 - 13:58
    Mas é desafiador olhá-la
    negociar suas decisões
  • 13:58 - 14:01
    procurando por algo
    que não chame muita atenção,
  • 14:01 - 14:05
    mas que ao mesmo tempo seja uma expressão
    da mulher vibrante e sexy que ela é.
  • 14:05 - 14:08
    E tudo que quero fazer
    é celebrá-la por sua beleza,
  • 14:08 - 14:11
    e as coisas que fazem dela
    maravilhosa, especial e livre,
  • 14:11 - 14:12
    desde as longas unhas acrílicas,
  • 14:12 - 14:14
    até seu descompromissado
    feminismo negro.
  • 14:14 - 14:16
    (Aplausos)
  • 14:19 - 14:21
    KKM: Eu te amo.
    TM: Eu te amo.
  • 14:21 - 14:22
    (Risos)
  • 14:23 - 14:25
    KKM: Existem muitas pessoas queer e trans
  • 14:25 - 14:26
    que vieram antes de nós,
  • 14:26 - 14:29
    cujas histórias nunca vamos ouvir.
  • 14:30 - 14:33
    Constantemente vivenciamos
    a história sendo recontada
  • 14:33 - 14:35
    e nos deixando claramente de lado.
  • 14:36 - 14:38
    E é difícil não ver a nós mesmos nela.
  • 14:39 - 14:42
    Então correr riscos, para nós,
    é sobre essa representação.
  • 14:43 - 14:45
    É sobre termos modelos de possibilidade
  • 14:45 - 14:49
    e esperança de que o amor seja parte
    da nossa herança nesse mundo, também.
  • 14:50 - 14:52
    TM: A possibilidade que estamos praticando
  • 14:52 - 14:55
    tem a ver com a reinvenção do tempo,
    do amor e das instituições.
  • 14:55 - 14:57
    Estamos criando um futuro
    de multiplicidade.
  • 14:58 - 15:01
    Estamos ampliando o espectro
    dos gêneros e da sexualidade,
  • 15:01 - 15:03
    imaginando nós mesmos nessa existência.
  • 15:03 - 15:07
    Imaginando um mundo no qual o gênero
    é autodeterminado e não imposto,
  • 15:07 - 15:10
    e no qual somos
    um caleidoscópio de possibilidades
  • 15:10 - 15:14
    sem limitações de mente estreita
    mascaradas de ciência ou justiça.
  • 15:15 - 15:17
    (Aplausos)
  • 15:20 - 15:21
    KKM: E eu não posso mentir:
  • 15:21 - 15:23
    isso é realmente muito difícil.
  • 15:24 - 15:26
    É difícil ficar de pé
    e enfrentar a intolerância
  • 15:26 - 15:29
    de coração aberto e sorriso no rosto.
  • 15:29 - 15:32
    É muito difícil enfrentar
    a injustiça que existe no mundo
  • 15:32 - 15:36
    e ainda acreditar na habilidade
    das pessoas realmente mudarem.
  • 15:37 - 15:40
    Isso demanda uma grande quantidade
    de fé e dedicação.
  • 15:40 - 15:41
    E além disso,
  • 15:41 - 15:43
    casamento é um trabalho difícil.
  • 15:44 - 15:45
    (Risos)
  • 15:45 - 15:47
    Pilhas de meias sujas no chão,
  • 15:47 - 15:51
    mais programas chatos de esportes
    que eu jamais imaginaria possíveis.
  • 15:51 - 15:52
    (Risos)
  • 15:53 - 15:54
    E brigas que me levam às lágrimas,
  • 15:55 - 15:57
    quando parece que não estamos
    falando a mesma língua.
  • 15:57 - 16:00
    Mas não há um só dia que passe
  • 16:00 - 16:03
    que eu não seja grata
    por ser casada com este homem;
  • 16:03 - 16:07
    em que eu não seja grata pela
    possibilidade de mudar mentes,
  • 16:07 - 16:08
    e ter conversas compensadoras
  • 16:08 - 16:11
    e criar um mundo onde o amor
    pertence a todos nós.
  • 16:12 - 16:13
    Eu penso sobre a nossa sigla:
  • 16:13 - 16:17
    LGBTQ2SIA.
  • 16:19 - 16:23
    Uma evolução aparentemente sem fim
    de si próprio e de uma comunidade,
  • 16:23 - 16:27
    mas também esse profundo desejo
    de não deixar ninguém para trás.
  • 16:28 - 16:29
    Aprendemos como amar um ao outro
  • 16:29 - 16:33
    e estamos comprometidos em amar
    um ao outro através das mudanças de gênero
  • 16:33 - 16:35
    e mudanças de espírito.
  • 16:35 - 16:38
    E aprendemos esse amor
    em nossas conversas virtuais,
  • 16:38 - 16:42
    em nossos clubes, bares
    e centros comunitários.
  • 16:42 - 16:44
    Aprendemos a amar
    um ao outro a longo prazo.
  • 16:45 - 16:46
    TM e KKM: Obrigado.
  • 16:46 - 16:49
    (Aplausos)
Title:
Um amor que nos permite ser quem somos
Speaker:
Tiq Milan and Kim Katrin Milan
Description:

O amor é uma ferramenta para mudanças revolucionárias e um caminho para o entendimento da inclusão para a comunidade LGBTQ+. Os ativistas Tiq e Kim Katrin Milan, um homem transgênero e uma mulher cisgênero, imaginaram seu casamento como um modelo de possibilidade para pessoas de todo o tipo. Com alegria contagiante, Tiq e Kim questionam nossos conceitos equivocados sobre quem eles podem ser e oferecem a visão de um amor inclusivo e desafiador que cresce a cada dia.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:07

Portuguese, Brazilian subtitles

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