Um amor que nos permite ser quem somos
-
0:01 - 0:05Tiq Milan: Nossa primeira conversa
foi no Facebook e durou três dias. -
0:05 - 0:07(Risos)
-
0:07 - 0:10Trocamos mais de 3 mil mensagens,
-
0:10 - 0:14e foi durante aquelas 72 horas
que eu soube que ela seria minha esposa. -
0:14 - 0:17Não esperamos nenhum pré-requisito
de tempo para nosso relacionamento; -
0:17 - 0:20revelamos nossas verdades
mais vulneráveis com franqueza. -
0:20 - 0:22Sou um homem transgênero,
-
0:22 - 0:24logo o "F" na minha certidão de nascimento
-
0:24 - 0:27deveria significar "Falso",
em vez de "Feminino". -
0:27 - 0:28(Risos)
-
0:28 - 0:32Andar por aí como uma mulher
era como caminhar com pedras nos sapatos. -
0:32 - 0:34Isso tirou o ritmo da minha caminhada,
-
0:34 - 0:36me fez perder o equilíbrio,
-
0:36 - 0:38me machucou a cada passo que dei.
-
0:38 - 0:40Mas hoje sou um homem
por minha própria intenção; -
0:40 - 0:42por meu próprio projeto.
-
0:43 - 0:45Kim Katrin Milan: Eu sou
uma mulher cisgênera. -
0:45 - 0:48Cisgênera significa que o gênero
que me foi dado ao nascer -
0:48 - 0:50ainda é e sempre foi feminino.
-
0:51 - 0:53Isso não faz de mim natural ou normal,
-
0:53 - 0:56é apenas uma forma de descrever
as várias diferentes formas -
0:56 - 0:58em que existimos nesse mundo.
-
0:58 - 1:00"Queer" é um termo cultural,
-
1:00 - 1:03mas, nesse caso, se refere ao fato
de eu não me restringir ao gênero, -
1:03 - 1:05quando escolho parceiros.
-
1:05 - 1:09Eu me identifiquei de maneiras diferentes:
como bissexual, como lésbica, -
1:09 - 1:13mas, para mim, ser queer
engloba todas as camadas -
1:13 - 1:15de quem sou e de como tenho amado.
-
1:16 - 1:18Sou camadas e não frações.
-
1:18 - 1:20E, para mim, o fato de ele ser queer
-
1:20 - 1:24significava que eu podia confiar
no seu cortejo desde o início. -
1:24 - 1:26Como pessoas queer e trans,
-
1:26 - 1:30somos quase sempre excluídos
de instituições e tradições. -
1:30 - 1:33Criamos espaços fora das convenções,
-
1:33 - 1:35incluindo as convenções de tempo.
-
1:35 - 1:38E naquelas 3 mil mensagens trocadas,
-
1:38 - 1:39nós acabamos com o tempo,
-
1:39 - 1:40nos o aniquilamos;
-
1:40 - 1:42colocamos tudo às claras.
-
1:42 - 1:43(Risos)
-
1:43 - 1:45Sem qualquer pretensão.
-
1:45 - 1:48Isso significava sermos capazes
de nos comprometer um com o outro -
1:48 - 1:50de um modo diferente e profundo.
-
1:50 - 1:55Frequentemente nos dizem
que a ideia da "Regra de Ouro" é: -
1:55 - 1:58devemos tratar as pessoas
da forma que queremos ser tratados. -
1:58 - 1:59Mas o problema disso
-
1:59 - 2:02é que parte da premissa que somos
o padrão das outras pessoas. -
2:02 - 2:04E não somos.
-
2:04 - 2:07Precisamos tratar os outros da forma
que eles desejam ser tratados, -
2:07 - 2:09o que significa que temos de perguntar.
-
2:09 - 2:12Eu não poderia presumir que o tipo
de amor que ele precisava -
2:12 - 2:14era o mesmo que eu precisava.
-
2:14 - 2:18Então perguntei tudo a ele:
seus medos, suas inseguranças, -
2:18 - 2:20e começamos por aí.
-
2:20 - 2:22TM: Eu não sabia que tipo
de amor eu precisava. -
2:22 - 2:24Eu vinha de um ano de trevas,
-
2:24 - 2:27rejeitado e totalmente esgotado.
-
2:27 - 2:29Alguém tinha olhado em meus olhos
-
2:29 - 2:32e dito que eu não merecia seu amor
porque eu era transgênero. -
2:33 - 2:35E existe uma cultura de falta de amor
-
2:35 - 2:37que criamos em torno
das pessoas transgêneras. -
2:37 - 2:40Ela é pensada, justificada
e muitas vezes até definida em lei. -
2:40 - 2:43E eu estava a um passo
de internalizar essa mensagem -
2:43 - 2:44de que eu não era merecedor.
-
2:44 - 2:48Mas a Kim disse que eu era seu par ideal:
o coração partido e confuso que eu era. -
2:48 - 2:49(Risos)
-
2:49 - 2:51KKM: Ele com certeza era o meu par ideal.
-
2:51 - 2:52(Risos)
-
2:52 - 2:53Em mais de uma maneira.
-
2:54 - 2:56Ambos poetas, escritores, criativos,
-
2:56 - 2:59com uma longa história
de trabalho comunitário -
2:59 - 3:02e grandes, enormes sonhos
de família à nossa frente. -
3:02 - 3:04Tínhamos várias coisas em comum,
-
3:04 - 3:06mas também éramos
incrivelmente diferentes. -
3:06 - 3:08Fui viajante por toda a vida
e um pouco órfã, -
3:08 - 3:10enquanto ele vem de uma família enorme,
-
3:10 - 3:12e definitivamente fica plantado no lugar.
-
3:13 - 3:15Eu quase sempre resumia
as diferenças das nossas forças -
3:15 - 3:17dizendo: "Mantenha-me segura,
-
3:17 - 3:18e eu o manterei selvagem".
-
3:18 - 3:20(Risos)
-
3:23 - 3:27TM: Nós temos identidades marginalizadas,
mas não vivemos vidas marginalizadas. -
3:27 - 3:31Ser queer e trans tem a ver
com criar novas formas de existência -
3:31 - 3:33e amar as pessoas como elas são,
-
3:33 - 3:35não como elas deveriam ser.
-
3:35 - 3:37Kim é feminina sem remorsos
-
3:37 - 3:39num mundo quase sempre cruel e violento
-
3:39 - 3:42com mulheres tão orgulhosas e libertárias.
-
3:42 - 3:43E eu não entrei nessa união
-
3:43 - 3:47pela promessa de que ela seria
minha salvadora ou minha costela, -
3:47 - 3:49mas um ser humano complexo...
-
3:49 - 3:50(Risos)
-
3:50 - 3:52KKM: Verdade? Isso não está certo.
-
3:52 - 3:54TM: Mas um ser humano complexo,
-
3:54 - 3:57cuja feminilidade não existia
para meu domínio, controle ou crítica. -
3:57 - 3:59É o brilhantismo dela,
-
3:59 - 4:01a forma como vive com compaixão
-
4:01 - 4:03e como nuca perde sua empatia de vista.
-
4:03 - 4:05Ela tem sido minha heroína
desde o primeiro dia. -
4:07 - 4:08(Aplausos)
-
4:10 - 4:13KKM: Nosso relacionamento
sempre se baseou em deixar o outro livre. -
4:13 - 4:17Uma das primeiras perguntas que fiz foi
que sonhos ele tinha deixado de realizar, -
4:17 - 4:19e como eu poderia ajudá-lo a atingi-los.
-
4:19 - 4:21Seu sonho de viver como um poeta,
-
4:21 - 4:24adotar e criar uma família com alguém,
-
4:24 - 4:29viver uma vida de que pudesse se orgulhar,
à altura do incrível legado de sua mãe. -
4:29 - 4:33E eu realmente gostei
de podermos começar a partir daí, -
4:33 - 4:36em vez de precisar descobrir
-
4:36 - 4:38como fazer para darmos certo juntos.
-
4:38 - 4:41E creio que isso realmente nos permitiu
crescer dentro do que éramos -
4:41 - 4:43de uma forma incrivelmente diferente.
-
4:44 - 4:45Eu o amo completamente;
-
4:45 - 4:48antes da transição, agora e no futuro.
-
4:48 - 4:51É esse amor que nos manteve
comprometidos um com o outro -
4:51 - 4:53antes mesmo de termos visto nossos rostos.
-
4:55 - 4:58TM: A maior preocupação da minha mãe,
quando fiz a transição, -
4:58 - 4:59era quem iria me amar como eu sou.
-
5:00 - 5:06Ser transgênero, de alguma forma,
me excluía do amor e da monogamia -
5:06 - 5:09porque eu tinha supostamente
nascido num corpo errado? -
5:09 - 5:12Mas é esse o tipo de lógica
que tem de ser repensada -
5:12 - 5:14para deixar que o amor entre.
-
5:14 - 5:15Meu corpo nunca me traiu,
-
5:15 - 5:17e meu corpo nunca esteve errado.
-
5:17 - 5:21É esse pensamento limitante
e binário sobre gêneros -
5:21 - 5:22que dizia que eu não existia.
-
5:22 - 5:24Mas, quando nos encontramos,
-
5:24 - 5:26ela me amou exatamente
pelo que eu mostrava ser. -
5:26 - 5:29Ela traçava com os dedos as cicatrizes
-
5:29 - 5:31deixadas por minha cirurgia.
-
5:31 - 5:35Cicatrizes que vão do meio do meu peito
até a parte externa do meu torso. -
5:35 - 5:38Ela dizia que eram
lembranças da minha força, -
5:38 - 5:39de tudo pelo que eu havia passado
-
5:39 - 5:41e que não havia do que me envergonhar.
-
5:41 - 5:43Então correr a pedir sua mão em casamento
-
5:43 - 5:45era a coisa mais inesperada
que eu poderia fazer. -
5:45 - 5:47(Risos)
-
5:48 - 5:51Isso era oposto às trajetórias
mais convencionais -
5:51 - 5:53de amor e relacionamento,
-
5:53 - 5:56porque Deus nunca iria abençoar
uma união de duas pessoas como nós -
5:56 - 5:58e a lei nunca a reconheceria.
-
5:59 - 6:02KKM: Assim, em 5 de maio de 2014,
-
6:02 - 6:05apenas três meses após
nosso encontro on-line, -
6:05 - 6:10nos casamos nos degraus
da prefeitura de Manhattan, -
6:10 - 6:13e isso foi maravilhoso
em todas as formas que se possa imaginar. -
6:14 - 6:17É certo dizer que recriamos
algumas tradições, -
6:17 - 6:19mas mantivemos algumas antigas,
-
6:19 - 6:22nas quais trabalhamos, e criamos
algo que funcionava para nós. -
6:22 - 6:27Meu buquê e o enfeite de meu vestido
eram de flores silvestres do Brooklyn; -
6:27 - 6:32também havia um pouco de lavanda e sálvia
para nos manter com os pés no chão, -
6:32 - 6:33porque estávamos muito nervosos.
-
6:33 - 6:37Isso foi feito por uma irmã
curandeira, amiga nossa. -
6:37 - 6:38Eu nunca quis um anel de diamantes,
-
6:39 - 6:41porque conflitos e convenções
não são a minha cara, -
6:41 - 6:43então meu anel é púrpura escuro
-
6:43 - 6:44como a cor do meu chakra da coroa,
-
6:44 - 6:47com as pedras do meu mês de nascimento.
-
6:47 - 6:49O bom de ser queer são as opções.
-
6:49 - 6:51Eu não tinha de escolher seu sobrenome,
-
6:51 - 6:53isso nunca foi uma exceção,
-
6:53 - 6:56mas escolhi porque sou
filha bastarda de meu pai, -
6:56 - 7:00alguém que sempre foi uma apologia,
um segredo, uma imposição. -
7:00 - 7:02E foi incrivelmente libertador
-
7:02 - 7:05escolher o nome do homem
que me escolheu primeiro. -
7:06 - 7:08(Aplausos)
-
7:13 - 7:16TM: Então contamos a alguns
familiares e amigos próximos, -
7:16 - 7:19muitos deles ainda estavam descrentes
enquanto fazíamos nossos votos. -
7:20 - 7:23Apropriadamente, postamos todas
as fotos do casamento no Facebook, -
7:23 - 7:24onde nos encontramos,
-
7:24 - 7:26e no Instagram, claro.
-
7:27 - 7:28E logo percebemos
-
7:28 - 7:31que ficarmos juntos era mais
do que a união de duas pessoas, -
7:31 - 7:35mas era um modelo de possibilidade
para milhões de pessoas LGBTQ -
7:35 - 7:38para quem haviam vendido a mentira
de que família e casamento -
7:38 - 7:40eram uma antítese a quem eles eram,
-
7:40 - 7:42para aqueles de nós
que raramente conseguem se ver -
7:42 - 7:44revestidos de amor e felicidade.
-
7:44 - 7:48KKM: E o ponto é que somos marginalizados
por conta das nossas identidades, -
7:48 - 7:52mas isso também nos encoraja
a sermos quem somos. -
7:52 - 7:54Ser queer é nossa chave-mestra;
-
7:54 - 7:56ser negro é a nossa mágica.
-
7:56 - 7:57É por essas coisas
-
7:58 - 8:02que podemos ser esperançosos,
abertos, receptivos e flexíveis. -
8:03 - 8:04São essas coisas que nos dão força
-
8:05 - 8:07e que são fontes
tão incríveis da nossa força. -
8:07 - 8:09Ser queer é uma fonte dessa força.
-
8:09 - 8:13Acho que as palavras do poeta
Brandon Wint, que vive em Otawa: -
8:13 - 8:17"Não queer como gay; queer
como fugir das definições. -
8:17 - 8:21Queer como algum tipo de fluidez
e falta de limites ao mesmo tempo. -
8:22 - 8:25Queer como uma liberdade
muito estranha para ser conquistada. -
8:25 - 8:28Queer como não ter medo de imaginar
como o amor pode se parecer, -
8:28 - 8:29e persegui-lo".
-
8:30 - 8:32TM: Somos parte
de uma comunidade de pessoas... -
8:32 - 8:34Sim, isso é bom, não?
-
8:34 - 8:35(Risos)
-
8:37 - 8:41Somos parte de uma comunidade de pessoas
que vivem suas identidades autênticas -
8:41 - 8:43ao longo de todo o espectro de gêneros,
-
8:43 - 8:45apesar da ameaça onipresente da violência,
-
8:45 - 8:48apesar da corrente de ansiedade
que sempre está presente -
8:48 - 8:51para aqueles que vivem
por suas próprias regras. -
8:51 - 8:55Globalmente, uma pessoa transgênera
é assassinada a cada 21 horas. -
8:55 - 9:02E nos Estados Unidos houve mais
assassinatos trans neste ano -
9:02 - 9:03que em qualquer outro.
-
9:03 - 9:07Entretanto, nossas histórias são mais
do que essa rígida dicotomia -
9:07 - 9:09de força e resiliência.
-
9:09 - 9:13Estamos expandindo as margens
da complexidade humana, -
9:13 - 9:16e estamos criando
liberdade nessas margens. -
9:16 - 9:18KKM: E não temos quaisquer modelos.
-
9:19 - 9:22Estamos criando um mundo
que, literalmente, nunca vimos antes; -
9:22 - 9:26construir famílias baseadas
no amor e não no sangue, -
9:26 - 9:30guiar-se por compaixão,
que tão poucos de nós têm mostrado. -
9:30 - 9:35Muitos de nós não recebemos amor
das nossas famílias, -
9:35 - 9:37temos sido traídos pelas pessoas
em quem mais confiamos. -
9:38 - 9:42Então o que fazemos aqui é criar
linguagens de amor completamente novas. -
9:42 - 9:47Linguagens que criam espaço
para sermos genuinamente nós mesmos -
9:47 - 9:49sem impor padrões
-
9:49 - 9:52de como a masculinidade
ou a feminilidade deveriam ser. -
9:53 - 9:55TM: Estamos interessados
em amor e inclusão -
9:55 - 9:58como uma ferramenta
revolucionária de mudança, certo? -
9:58 - 10:00A ideia é simples:
-
10:00 - 10:02se deixarmos nossas noções preconcebidas
-
10:02 - 10:04sobre como alguém deveria ser,
-
10:04 - 10:07em relação a seu corpo,
seu gênero, sua pele, -
10:07 - 10:09se tomarmos decisões intencionais
-
10:09 - 10:11para esquecer esses
preconceitos estabelecidos, -
10:11 - 10:14criarmos espaço para as pessoas
se autodeterminarem, -
10:14 - 10:15e acolhermos quem elas são,
-
10:15 - 10:19então vamos definitivamente criar um mundo
melhor do que aquele em que nascemos. -
10:19 - 10:20(Aplausos)
-
10:26 - 10:28KKM: Queremos marcar
esse tempo na história -
10:28 - 10:31deixando evidências do fato
de que estivemos aqui. -
10:31 - 10:34Abrimos pequenas janelas
em nosso relacionamento -
10:34 - 10:36para nossa comunidade testemunhar
-
10:36 - 10:39e fazemos isso porque queremos
fazer mapas para o futuro -
10:39 - 10:41e não monumentos para nós mesmos.
-
10:41 - 10:45Nossa experiência não invalida
a experiência de outras pessoas, -
10:45 - 10:49mas deve e necessariamente
complica essa ideia -
10:49 - 10:52de como o amor e o casamento deveriam ser.
-
10:53 - 10:55TM: Certo, agora para toda a conversa,
-
10:55 - 10:56inspiração
-
10:56 - 10:58e possíveis modelos que temos sido,
-
10:58 - 11:00não estamos nem próximos à perfeição.
-
11:00 - 11:02E temos de olhar
a nós mesmos em um espelho. -
11:02 - 11:05Eu vi que nem sempre
fui o melhor ouvinte, -
11:05 - 11:08e que meu ego se colocou no caminho
do nosso progresso como casal. -
11:08 - 11:12E eu realmente tive que analisar
essas ideias sexistas estabelecidas -
11:12 - 11:15que eu tinha sobre os valores
das experiências femininas no mundo. -
11:15 - 11:19Tive de reavaliar o significado
de estar aliado à minha esposa. -
11:20 - 11:23KKM: E tive de lembrar a mim mesma
uma série de coisas também. -
11:23 - 11:25O que significa ser dura com os problemas,
-
11:25 - 11:27mas suave com a pessoa.
-
11:27 - 11:30Enquanto escrevíamos isso,
tivemos uma briga enorme. -
11:30 - 11:32(Risos)
-
11:34 - 11:36Por várias razões diferentes,
-
11:36 - 11:40mas baseada em nossos valores,
nossas experiências; -
11:40 - 11:42e ficamos realmente magoados, sabem?
-
11:42 - 11:47Porque o que fazemos e como amamos
nos deixa completamente a descoberto. -
11:47 - 11:51Mas, apesar de a briga
ter durado dois dias, -
11:51 - 11:52(Risos)
-
11:52 - 11:55fomos capazes de voltar um para o outro
-
11:55 - 11:59e nos comprometermos conosco mesmos,
com o outro e com nosso casamento. -
11:59 - 12:02E isso resultou em algumas
das partes mais apaixonadas -
12:02 - 12:04do que compartilhamos com vocês hoje.
-
12:04 - 12:07TM: Eu tive de questionar a masculinidade,
-
12:07 - 12:09o que acho que não acontece o suficiente.
-
12:09 - 12:11Tive de questionar a masculinidade;
-
12:11 - 12:15os privilégios tóxicos que vêm junto
com ser homem não me definem, -
12:15 - 12:18mas devo me responsabilizar pela forma
como eles aparecem na minha vida diária. -
12:18 - 12:22Eu tenho permitido a minha esposa
fazer todo o trabalho emocional -
12:22 - 12:26de buscar linhas abertas de comunicação,
quando eu preferia me retrair e fugir. -
12:26 - 12:27(Risos)
-
12:27 - 12:29Tenho deixado de lado o apoio emocional
-
12:29 - 12:32em vez de encarar
minhas próprias vulnerabilidades, -
12:32 - 12:35especialmente sobre o desolador
aborto que sofremos no último ano, -
12:35 - 12:36e sinto muito por isso.
-
12:37 - 12:39Às vezes, como homens,
pegamos a saída mais fácil. -
12:40 - 12:44Então minha trajetória como trans
é sobre reimaginar a masculinidade. -
12:45 - 12:47Sobre criar virilidade
que não pode ser medida -
12:47 - 12:51pelas forças que empunham,
pelos direitos atribuídos a ela -
12:51 - 12:53ou por um simulacro de controle
que possa exibir, -
12:53 - 12:55mas funciona em parceria
com a feminilidade -
12:55 - 12:57e é guiada pelo meu espírito.
-
12:59 - 13:00KKM: Sim...
-
13:00 - 13:02(Aplausos)
-
13:04 - 13:08E isso criou espaço
para minha feminilidade florescer -
13:08 - 13:11de uma forma que eu nunca
tinha experimentado antes. -
13:12 - 13:16Ele nunca se sente ameaçado
pela minha sexualidade, -
13:16 - 13:19ele nunca policia o que visto
ou como me comporto. -
13:20 - 13:23Eu cozinho, mas ele faz muito mais
a limpeza do que eu. -
13:23 - 13:25E quando estamos com pressa
para sair de casa -
13:25 - 13:27e temos muito com o que lidar,
-
13:27 - 13:28ele cuida de tudo,
-
13:28 - 13:30assim tenho tempo
para o cabelo e a maquiagem. -
13:30 - 13:32(Risos)
-
13:32 - 13:35Ele entende que isso é a minha armadura
-
13:35 - 13:39e ele nunca trata a feminilidade
como algo frívolo e superficial -
13:39 - 13:41e isso, e ele...
-
13:41 - 13:44ele melhora minha experiência
de gênero a cada dia. -
13:45 - 13:47TM: Eu adoro vê-la se vestir pela manhã.
-
13:48 - 13:52Olhar para ela no closet, procurando
por algo confortável, colorido, justo -
13:52 - 13:54e seguro...
-
13:54 - 13:55(Risos)
-
13:55 - 13:58Mas é desafiador olhá-la
negociar suas decisões -
13:58 - 14:01procurando por algo
que não chame muita atenção, -
14:01 - 14:05mas que ao mesmo tempo seja uma expressão
da mulher vibrante e sexy que ela é. -
14:05 - 14:08E tudo que quero fazer
é celebrá-la por sua beleza, -
14:08 - 14:11e as coisas que fazem dela
maravilhosa, especial e livre, -
14:11 - 14:12desde as longas unhas acrílicas,
-
14:12 - 14:14até seu descompromissado
feminismo negro. -
14:14 - 14:16(Aplausos)
-
14:19 - 14:21KKM: Eu te amo.
TM: Eu te amo. -
14:21 - 14:22(Risos)
-
14:23 - 14:25KKM: Existem muitas pessoas queer e trans
-
14:25 - 14:26que vieram antes de nós,
-
14:26 - 14:29cujas histórias nunca vamos ouvir.
-
14:30 - 14:33Constantemente vivenciamos
a história sendo recontada -
14:33 - 14:35e nos deixando claramente de lado.
-
14:36 - 14:38E é difícil não ver a nós mesmos nela.
-
14:39 - 14:42Então correr riscos, para nós,
é sobre essa representação. -
14:43 - 14:45É sobre termos modelos de possibilidade
-
14:45 - 14:49e esperança de que o amor seja parte
da nossa herança nesse mundo, também. -
14:50 - 14:52TM: A possibilidade que estamos praticando
-
14:52 - 14:55tem a ver com a reinvenção do tempo,
do amor e das instituições. -
14:55 - 14:57Estamos criando um futuro
de multiplicidade. -
14:58 - 15:01Estamos ampliando o espectro
dos gêneros e da sexualidade, -
15:01 - 15:03imaginando nós mesmos nessa existência.
-
15:03 - 15:07Imaginando um mundo no qual o gênero
é autodeterminado e não imposto, -
15:07 - 15:10e no qual somos
um caleidoscópio de possibilidades -
15:10 - 15:14sem limitações de mente estreita
mascaradas de ciência ou justiça. -
15:15 - 15:17(Aplausos)
-
15:20 - 15:21KKM: E eu não posso mentir:
-
15:21 - 15:23isso é realmente muito difícil.
-
15:24 - 15:26É difícil ficar de pé
e enfrentar a intolerância -
15:26 - 15:29de coração aberto e sorriso no rosto.
-
15:29 - 15:32É muito difícil enfrentar
a injustiça que existe no mundo -
15:32 - 15:36e ainda acreditar na habilidade
das pessoas realmente mudarem. -
15:37 - 15:40Isso demanda uma grande quantidade
de fé e dedicação. -
15:40 - 15:41E além disso,
-
15:41 - 15:43casamento é um trabalho difícil.
-
15:44 - 15:45(Risos)
-
15:45 - 15:47Pilhas de meias sujas no chão,
-
15:47 - 15:51mais programas chatos de esportes
que eu jamais imaginaria possíveis. -
15:51 - 15:52(Risos)
-
15:53 - 15:54E brigas que me levam às lágrimas,
-
15:55 - 15:57quando parece que não estamos
falando a mesma língua. -
15:57 - 16:00Mas não há um só dia que passe
-
16:00 - 16:03que eu não seja grata
por ser casada com este homem; -
16:03 - 16:07em que eu não seja grata pela
possibilidade de mudar mentes, -
16:07 - 16:08e ter conversas compensadoras
-
16:08 - 16:11e criar um mundo onde o amor
pertence a todos nós. -
16:12 - 16:13Eu penso sobre a nossa sigla:
-
16:13 - 16:17LGBTQ2SIA.
-
16:19 - 16:23Uma evolução aparentemente sem fim
de si próprio e de uma comunidade, -
16:23 - 16:27mas também esse profundo desejo
de não deixar ninguém para trás. -
16:28 - 16:29Aprendemos como amar um ao outro
-
16:29 - 16:33e estamos comprometidos em amar
um ao outro através das mudanças de gênero -
16:33 - 16:35e mudanças de espírito.
-
16:35 - 16:38E aprendemos esse amor
em nossas conversas virtuais, -
16:38 - 16:42em nossos clubes, bares
e centros comunitários. -
16:42 - 16:44Aprendemos a amar
um ao outro a longo prazo. -
16:45 - 16:46TM e KKM: Obrigado.
-
16:46 - 16:49(Aplausos)
- Title:
- Um amor que nos permite ser quem somos
- Speaker:
- Tiq Milan and Kim Katrin Milan
- Description:
-
O amor é uma ferramenta para mudanças revolucionárias e um caminho para o entendimento da inclusão para a comunidade LGBTQ+. Os ativistas Tiq e Kim Katrin Milan, um homem transgênero e uma mulher cisgênero, imaginaram seu casamento como um modelo de possibilidade para pessoas de todo o tipo. Com alegria contagiante, Tiq e Kim questionam nossos conceitos equivocados sobre quem eles podem ser e oferecem a visão de um amor inclusivo e desafiador que cresce a cada dia.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:07
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander approved Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander accepted Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves | ||
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A love that lets us be ourselves |