Como pousar num cometa
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0:01 - 0:06Gostava de levar-vos
na missão épica da nave Rosetta, -
0:06 - 0:10para transportar e pousar uma sonda
num cometa. -
0:10 - 0:13Tem sido a minha paixão
nos últimos dois anos. -
0:13 - 0:15Para fazer isso,
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0:15 - 0:18preciso de vos explicar uma coisa
sobre a origem do sistema solar. -
0:18 - 0:22Se retrocedermos 4500 milhões de anos,
só existia uma nuvem de gás e de pó. -
0:22 - 0:26No centro desta nuvem,
o nosso Sol formou-se e entrou em ignição. -
0:26 - 0:31Em paralelo, os planetas,
cometas e asteroides formaram-se. -
0:33 - 0:36O que aconteceu então,
de acordo com a teoria, -
0:36 - 0:40foi que, depois de a Terra se formar
e arrefecer um pouco, -
0:40 - 0:44massas enormes de cometas
atingiram a Terra e trouxeram água. -
0:45 - 0:49Provavelmente também trouxeram
materiais orgânicos complexos, -
0:50 - 0:53e isso pode ter desencadeado
o surgimento da vida. -
0:53 - 0:56Isto pode comparar-se a ter de resolver
um "puzzle" de 250 peças -
0:56 - 0:59e não um "puzzle" de 2000 peças.
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1:00 - 1:03Depois, os planetas grandes,
como Júpiter e Saturno, -
1:03 - 1:06que não estavam onde estão hoje,
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1:06 - 1:08interagiram gravitacionalmente
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1:08 - 1:12e limparam o interior do sistema solar.
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1:12 - 1:16As coisas a que hoje chamamos cometas
acabaram no chamado Cinturão de Kuiper, -
1:16 - 1:19que é um cinturão de objetos
para além da órbita de Neptuno. -
1:19 - 1:23Por vezes, estes objetos
chocam uns com os outros -
1:23 - 1:26e desviam-se gravitacionalmente,
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1:26 - 1:30e então a gravidade de Júpiter
puxa-os de volta para o sistema solar. -
1:30 - 1:34Depois tornam-se nos cometas
que vemos no céu. -
1:34 - 1:37O que é importante notar,
é que, entretanto, -
1:37 - 1:40nos 4500 milhões de anos seguintes,
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1:40 - 1:44estes cometas têm estado
fora do sistema solar, e não mudaram. -
1:44 - 1:47São versões congeladas
do nosso sistema solar. -
1:47 - 1:49No céu, têm este aspeto.
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1:49 - 1:53Conhecemo-los pelas caudas.
Na verdade, existem duas caudas. -
1:53 - 1:57Uma é uma cauda de poeira,
que é soprada pelo vento solar. -
1:57 - 1:59A outra é uma cauda de iões.
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1:59 - 2:00São partículas carregadas
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2:00 - 2:03que seguem o campo magnético
do sistema solar. -
2:03 - 2:07Existe a cabeleira e há o núcleo,
que aqui é demasiado pequeno para se ver. -
2:07 - 2:12No caso da Rosetta, a nave espacial
está naquele píxel central. -
2:12 - 2:15Estamos apenas a 20, 30 ou 40 km
do cometa. -
2:16 - 2:18Então o que é importante fixar?
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2:18 - 2:23Os cometas contêm o material original
que formou o nosso sistema solar, -
2:23 - 2:26por isso são ideais
para estudar os componentes -
2:26 - 2:29que estavam presentes na altura
em que a Terra e a vida começaram. -
2:30 - 2:35Suspeita-se que os cometas trouxeram
os elementos que podem ter criado a vida. -
2:36 - 2:40Em 1983, a Agência Espacial Europeia
criou o programa Horizonte 2000, -
2:40 - 2:44cuja pedra angular
era a missão de ir a um cometa. -
2:44 - 2:47Em paralelo, foi lançada
uma missão pequena -
2:47 - 2:51a um cometa, que se vê aqui,
a Giotto e, em 1986, -
2:51 - 2:55passou pelo cometa Halley,
como muitas outras naves espaciais. -
2:55 - 2:59Pelos resultados daquela missão,
tornou-se imediatamente claro -
2:59 - 3:02que os cometas eram
os corpos de estudo ideais -
3:02 - 3:04para compreender o sistema solar.
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3:04 - 3:08Assim, a missão Rosetta
foi aprovada em 1993, -
3:08 - 3:12e originalmente
previa-se o lançamento para 2003, -
3:12 - 3:14mas surgiu um problema
com um foguete Arianne. -
3:14 - 3:18Entretanto, o departamento de
relações públicas, entusiasmado, -
3:18 - 3:20já tinha mandado fazer mil placas
em faiança de Delft, -
3:21 - 3:23com o nome dos cometas errados.
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3:23 - 3:26Nunca mais tive de comprar pratos,
foi a parte positiva. -
3:26 - 3:28(Risos)
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3:28 - 3:30Depois de o problema
ter sido resolvido, -
3:30 - 3:33deixámos a Terra em 2004,
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3:33 - 3:36em direção ao novo cometa selecionado,
o Churuyumov-Gerasimenko. -
3:36 - 3:39Este cometa teve de ser
especialmente selecionado, -
3:39 - 3:41em primeiro lugar,
porque temos de conseguir alcançá-lo, -
3:42 - 3:44e em segundo, não podia estar
no sistema solar há muito tempo. -
3:44 - 3:48Este cometa tem estado
no sistema solar desde 1959. -
3:48 - 3:52Foi a primeira vez
em que foi desviado por Júpiter -
3:52 - 3:54e chegou suficientemente perto do Sol
para começar a mudar. -
3:54 - 3:56Então é um cometa muito recente.
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3:57 - 4:00A missão Rosetta estabeleceu
alguns feitos históricos. -
4:00 - 4:02É o primeiro satélite a orbitar um cometa
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4:02 - 4:05e acompanhá-lo ao longo
de todo o percurso pelo sistema solar. -
4:06 - 4:09Estará o mais perto do Sol em agosto,
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4:09 - 4:11e depois segue outra vez para o exterior.
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4:11 - 4:14É o primeiro pouso de sempre
num cometa. -
4:14 - 4:19Na verdade, orbitamos o cometa usando
métodos invulgares para naves espaciais. -
4:19 - 4:23Normalmente, olhando para o céu
sabemos a nossa orientação e posição. -
4:23 - 4:25Neste caso, isso não é suficiente.
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4:25 - 4:28Navegámos olhando
para os pontos de referência no cometa. -
4:28 - 4:31Reconhecemos feições,
rochedos, crateras, -
4:31 - 4:35e é assim que sabemos onde estamos
relativamente ao cometa. -
4:35 - 4:39E claro, este é o primeiro satélite
a ir para além da órbita de Júpiter -
4:39 - 4:40usando painéis solares.
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4:40 - 4:43Isto parece mais heroico
do que realmente é, -
4:43 - 4:48porque a tecnologia para usar
geradores termoelétricos de radioisótopos -
4:48 - 4:51não estava disponível na Europa na altura,
portanto, não havia escolha. -
4:51 - 4:53Os painéis solares são grandes.
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4:53 - 4:56Isto é uma asa, e não fomos escolher
pessoas pequenas, -
4:56 - 4:58elas têm o tamanho normal.
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4:58 - 5:00(Risos)
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5:00 - 5:04Temos duas asas destas,
com 65 metros quadrados. -
5:04 - 5:07Mais tarde, claro,
quando chegámos ao cometa, -
5:07 - 5:11descobrimos que ter
65 metros quadrados de vela -
5:11 - 5:16próximo de um corpo que expele gases
nem sempre dá jeito. -
5:16 - 5:19Como chegámos ao cometa?
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5:19 - 5:22Tivemos de ir, devido aos objetivos
científicos da missão Rosetta. -
5:22 - 5:26Fica muito longe, a quatro vezes
a distância do Sol à Terra. -
5:26 - 5:30É preciso uma velocidade maior
do que é possível usando combustível, -
5:30 - 5:34porque seria necessário levar
em combustível, seis vezes o peso da nave. -
5:34 - 5:36Como é que se consegue?
-
5:36 - 5:39Fazemos passagens rasantes,
efeitos de funda, -
5:39 - 5:43nos quais passamos por um planeta
a muito baixa altitude, -
5:43 - 5:44alguns milhares de quilómetros,
-
5:44 - 5:48e adquire-se a velocidade
desse planeta à volta do Sol, de graça. -
5:49 - 5:52Fizemos isto várias vezes:
na Terra, em Marte, -
5:52 - 5:54mais duas vezes na Terra
-
5:54 - 5:58e também passámos por dois asteroides,
Lutécia e Steins. -
5:58 - 6:03Em 2011, chegámos tão longe do Sol
que, se a nave encontrasse problemas, -
6:03 - 6:07já não a poderíamos salvar.
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6:07 - 6:09Por isso, pusemo-la em hibernação;
-
6:09 - 6:11foi tudo desligado, exceto um relógio.
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6:12 - 6:16Aqui vemos, a branco, a trajetória
e a forma como isto funciona. -
6:16 - 6:18Podem ver que,
a partir do círculo inicial, -
6:18 - 6:22a linha branca torna-se
mais e mais elíptica, -
6:22 - 6:25até que finalmente
nos aproximámos do cometa -
6:25 - 6:29em maio de 2014 e começámos
as manobras de aproximação. -
6:29 - 6:34Durante o percurso, passámos a Terra
e tirámos fotos para testar as câmaras. -
6:34 - 6:36Isto é a lua a nascer no horizonte
-
6:36 - 6:41e isto agora chama-se uma "selfie",
palavra que na altura ainda não existia. -
6:41 - 6:42(Risos)
-
6:42 - 6:45É em Marte.
Foi tirada pela câmara CIVA. -
6:45 - 6:47É uma das câmaras do módulo de pouso.
-
6:47 - 6:49Ela dá-nos a vista
por baixo dos painéis solares, -
6:49 - 6:53e vemos o planeta Marte
e o painel solar à distância. -
6:53 - 6:58Quando saímos da hibernação
em janeiro de 2014, -
6:59 - 7:04iniciámos a aproximação a dois milhões
de quilómetros do cometa, em maio. -
7:04 - 7:08Mas a velocidade da nave
era excessiva. -
7:08 - 7:13Viajava a 2800 km/h mais depressa
do que o cometa, foi preciso travar. -
7:14 - 7:16Tivemos de fazer oito manobras.
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7:16 - 7:18Como podem ver aqui,
algumas foram grandes. -
7:18 - 7:24A primeira travagem foi de umas centenas
de quilómetros por hora. -
7:24 - 7:28Durou sete horas
-
7:29 - 7:32e gastou 218 quilos de combustível.
-
7:32 - 7:36Foram sete horas enervantes,
porque, em 2007, -
7:36 - 7:39tinha havido uma fuga
no sistema de propulsão da Rosetta -
7:39 - 7:41e tivemos de vedar uma derivação.
-
7:41 - 7:43Por isso, o sistema
operava a uma pressão -
7:43 - 7:47para a qual nunca fora desenhado.
-
7:48 - 7:52Chegámos perto do cometa
e estas foram as primeiras imagens. -
7:52 - 7:55O período de rotação real do cometa
é doze horas e meia, -
7:55 - 7:57por isso aqui está acelerado,
-
7:57 - 8:00mas dá para compreender
que a equipa de dinâmica de voo -
8:00 - 8:04achava que não seria fácil
pousar nesta coisa. -
8:04 - 8:05(Risos)
-
8:05 - 8:09Tínhamos a esperança de encontrar
uma formação, como um bolbo, -
8:09 - 8:11onde se pousasse com facilidade.
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8:11 - 8:15Mas tínhamos uma esperança:
talvez ele fosse liso. -
8:15 - 8:16Não.
-
8:16 - 8:17(Risos)
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8:17 - 8:18Não era.
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8:18 - 8:21Naquele ponto do tempo
era inevitável -
8:21 - 8:25tínhamos de cartografar o objeto
com o maior detalhe possível, -
8:25 - 8:29porque era preciso encontrar uma área
de 500 metros de diâmetro e lisa. -
8:30 - 8:34Porquê 500 metros? É a margem de erro
que temos para pousar. -
8:34 - 8:37Cumprimos o processo
e cartografámos o cometa. -
8:37 - 8:40Usámos uma técnica
chamada "fotoclinometria". -
8:40 - 8:42Ela usa as sombras produzidas pelo Sol.
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8:42 - 8:45O que aqui vemos é uma rocha
na superfície do cometa, -
8:45 - 8:48e o Sol brilha vindo de cima.
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8:48 - 8:50A partir da sombra, nós,
com o nosso cérebro, -
8:50 - 8:54conseguimos determinar
aproximadamente a forma da rocha. -
8:54 - 8:56Isso pode ser programado
num computador, -
8:56 - 9:00faz-se a cobertura de todo o cometa
e ele fica cartografado. -
9:00 - 9:04Para isso, fizemos trajetórias especiais
com início em agosto. -
9:04 - 9:08Primeiro, um triângulo com 100 km de lado,
à distância de 100 km, -
9:08 - 9:11depois repetimos tudo a 50 km.
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9:11 - 9:15Por essa altura, tínhamos visto
o cometa de todos os ângulos -
9:15 - 9:20e podíamos usar esta técnica
para o cartografar todo. -
9:20 - 9:23Isto permitiu selecionar
alguns locais de aterragem. -
9:23 - 9:27O processo completo,
desde a cartografia do cometa -
9:27 - 9:31até à seleção final
do local de pouso, levou 60 dias. -
9:31 - 9:32Não tínhamos mais tempo.
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9:32 - 9:35Para vos dar uma ideia,
uma missão média a Marte -
9:35 - 9:38precisa de centenas de cientistas
e anos de reuniões -
9:38 - 9:40para decidir onde irão.
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9:40 - 9:42Nós tínhamos 60 dias e mais nada.
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9:42 - 9:45Por fim, selecionámos
o local de pouso -
9:45 - 9:50e preparámos os comandos
para a Rosetta lançar o módulo Philae. -
9:50 - 9:55A Rosetta tem que estar
no ponto certo do espaço, -
9:55 - 9:58e apontar para o cometa,
porque o módulo é passivo. -
9:58 - 10:01O módulo é empurrado para fora
e desloca-se para o cometa. -
10:01 - 10:03A Rosetta teve de virar-se
-
10:03 - 10:08para as câmaras conseguirem
ver o Philae durante a partida -
10:08 - 10:10e para ela poder comunicar com ele.
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10:10 - 10:15A duração da trajetória do pouso
foi sete horas. -
10:16 - 10:18Façam um cálculo simples:
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10:18 - 10:22se a velocidade da Rosetta
falhar um centímetro por segundo, -
10:22 - 10:26sete horas são 25 mil segundos,
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10:26 - 10:30e isso significa
um desvio de 252 metros no cometa. -
10:30 - 10:33Portanto, tínhamos de conhecer
a velocidade da Rosetta -
10:33 - 10:36com precisão muito superior
a um centímetro por segundo, -
10:36 - 10:40e a sua localização no espaço
com precisão superior a 100 metros, -
10:40 - 10:43a 500 milhões de quilómetros da Terra.
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10:43 - 10:46Não é um feito simples.
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10:46 - 10:50Deixem-me descrever-lhes alguma
da ciência e os instrumentos. -
10:50 - 10:54Não vou maçá-los com os detalhes
dos instrumentos todos, -
10:54 - 10:55mas a sonda tem tudo.
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10:55 - 10:58Podemos cheirar gás,
medir partículas de poeira, -
10:58 - 11:01caracterizar a sua forma,
a composição, -
11:01 - 11:03tem magnetómetros, tudo.
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11:03 - 11:07Este resultado é de um instrumento
que mede a densidade de gases -
11:07 - 11:09na posição da Rosetta.
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11:09 - 11:11Portanto, é gás expelido pelo cometa.
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11:11 - 11:13O gráfico ao fundo
é de setembro do ano passado. -
11:13 - 11:17Há uma variação de longo prazo,
que em si mesma não é surpreendente, -
11:17 - 11:18mas veem-se os picos pontiagudos.
-
11:18 - 11:21Isto é um dia no cometa.
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11:21 - 11:25Podem ver o efeito do Sol
na evaporação de gases -
11:25 - 11:28e o facto de que o cometa está a rodar.
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11:28 - 11:31Portanto, há um ponto, aparentemente,
de onde sai muita matéria, -
11:31 - 11:35é aquecido pelo Sol,
e depois arrefece no lado posterior. -
11:35 - 11:38Podemos ver
as variações de densidade disto. -
11:38 - 11:42Estes são os gases
e os compostos orgânicos -
11:42 - 11:44que já foram medidos.
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11:44 - 11:48Podem ver que é uma lista impressionante
e vai haver muitos, muitos mais, -
11:48 - 11:50porque há mais medições.
-
11:50 - 11:54A propósito, está a decorrer agora
uma conferência em Houston -
11:54 - 11:56onde estão a apresentar muitos
destes resultados. -
11:57 - 11:58Também medimos partículas de poeira.
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11:58 - 12:01Isto poderá não vos parecer
muito impressionante, -
12:01 - 12:05mas os cientistas ficaram entusiasmados
quando viram isto. -
12:05 - 12:06Duas partículas de pó:
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12:06 - 12:09à da direita chamaram Boris,
e alvejaram-na com tântalo -
12:09 - 12:11para poder analisá-la.
-
12:11 - 12:13Encontrámos sódio e magnésio.
-
12:13 - 12:18O que isso nos diz, é qual era
a concentração destes dois materiais -
12:18 - 12:20na altura da formação do sistema solar,
-
12:20 - 12:24por isso, aprendemos coisas
sobre os materiais presentes -
12:24 - 12:26quando o planeta foi formado.
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12:27 - 12:30Um dos elementos importantes
é a imagiologia. -
12:30 - 12:33Esta é de uma das câmaras da Rosetta,
a câmara OSIRIS, -
12:33 - 12:36e a imagem fez a capa
da revista Science -
12:36 - 12:39a 23 de janeiro de 2015.
-
12:39 - 12:42Ninguém tinha esperado
que este corpo tivesse este aspeto. -
12:42 - 12:46Rochedos, rochas, parece-se mais
com a Half Dome em Yosemite -
12:46 - 12:48do que com outra coisa.
-
12:48 - 12:51Também vimos coisas como esta:
-
12:51 - 12:56dunas, e à direita, sombras
em depressões causadas pelo vento. -
12:56 - 13:00Vemos sombras destas em Marte,
mas o cometa não tem atmosfera, -
13:00 - 13:02seria difícil haver sombras
causadas pelo efeito do vento. -
13:02 - 13:07Talvez se devam a projeções locais
de gases, material que subiu e desceu, -
13:07 - 13:10não sabemos,
ainda há muita coisa por investigar. -
13:10 - 13:12Aqui, vê-se um local em duas ocasiões.
-
13:12 - 13:14À esquerda, no centro há uma depressão.
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13:14 - 13:17À direita,
se observarem cuidadosamente, -
13:17 - 13:20verão três jatos a sair
do centro dessa depressão. -
13:20 - 13:22A atividade no cometa é esta.
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13:22 - 13:26Aparentemente, é no fundo destes fossos,
que estão as regiões ativas, -
13:26 - 13:29e onde o material
se evapora para o espaço. -
13:29 - 13:33Há uma racha bastante intrigante
no pescoço do cometa. -
13:33 - 13:35Vê-se na imagem da direita.
-
13:35 - 13:38Tem um quilómetro de comprimento,
e dois metros e meio de largura. -
13:38 - 13:40Há quem sugira que,
-
13:40 - 13:44quando se aproximar do Sol,
o cometa poderá partir-se ao meio, -
13:44 - 13:48e teremos de escolher
em qual dos cometas queremos estar. -
13:48 - 13:50Este é o módulo de pouso.
-
13:50 - 13:53Novamente, muitos instrumentos,
muitos deles semelhantes -
13:53 - 13:57— exceto os que martelam e perfuram —
-
13:57 - 14:01semelhantes aos da Rosetta,
porque queremos comparar -
14:01 - 14:04o que encontramos no espaço
com o que encontramos no cometa. -
14:04 - 14:07Chamam-se medições no terreno.
-
14:07 - 14:12Estas são imagens da descida
tiradas pela câmara OSIRIS. -
14:12 - 14:16Veem o módulo de pouso
a afastar-se cada vez mais da Rosetta. -
14:16 - 14:20Em cima à direita, veem uma imagem tirada
a 60 metros de altitude, pelo módulo, -
14:20 - 14:23a 60 metros acima da superfície do cometa.
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14:23 - 14:26Aquele rochedo tem uns 10 metros.
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14:26 - 14:30Esta é uma das últimas imagens
tiradas antes de pousar no cometa. -
14:30 - 14:34Aqui vemos novamente toda a sequência,
mas de uma perspetiva diferente, -
14:34 - 14:38e vê-se três ampliações,
desde a esquerda ao fundo, até o meio, -
14:38 - 14:42do módulo de pouso a percorrer
a superfície do cometa. -
14:42 - 14:46No topo, temos imagens
de antes e depois do pouso. -
14:46 - 14:50O problema da imagem do depois,
é que não tem o módulo. -
14:50 - 14:54Mas se observarem atentamente
o lado direito da imagem, -
14:54 - 14:58vemos que o módulo ainda está lá,
mas tinha ressaltado. -
14:58 - 14:59Tinha levantado outra vez.
-
14:59 - 15:02Uma nota com piada
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15:02 - 15:07é que a Rosetta foi inicialmente desenhada
para ter um módulo que podia ressaltar. -
15:07 - 15:10Foi abandonado porque era
demasiado dispendioso. -
15:10 - 15:12Esquecemo-nos, mas o módulo lembrava-se.
-
15:12 - 15:13(Risos)
-
15:13 - 15:16Durante o primeiro ressalto,
nos magnetómetros, -
15:16 - 15:20vemos isto nos dados deles,
dos três eixos, x, y e z, -
15:20 - 15:24A meio, vê-se uma linha vermelha.
Nessa linha vermelha, ocorre uma mudança. -
15:24 - 15:28O que aconteceu, aparentemente,
foi que, durante o primeiro ressalto, -
15:28 - 15:32algures, uma das pernas do módulo atingiu
o rebordo de uma cratera, -
15:32 - 15:35e a velocidade de rotação
do módulo alterou-se. -
15:35 - 15:39Foi preciso bastante sorte
para chegar onde estamos. -
15:39 - 15:43Esta é uma das imagens emblemáticas
da Rosetta. -
15:43 - 15:47É um objeto fabricado pelo homem,
uma perna do módulo de pouso, -
15:47 - 15:49pousada num cometa.
-
15:49 - 15:54Para mim, é uma das melhores imagens
de ciência espacial que já vi. -
15:54 - 15:57(Aplausos)
-
15:59 - 16:03Uma das coisas que ainda temos de fazer
é encontrar o módulo de pouso. -
16:03 - 16:07A área azul
é onde sabemos que ele deve estar. -
16:07 - 16:11Ainda não o conseguimos encontrar
mas a busca continua, -
16:11 - 16:14tal como os nossos esforços
para voltar a pô-lo a funcionar. -
16:14 - 16:16Estamos permanentemente à escuta,
-
16:16 - 16:20e esperamos que entre agora
e algures em abril, o módulo acorde. -
16:20 - 16:23Aquilo que sabemos sobre o cometa.
-
16:24 - 16:26Esta coisa flutuaria na água.
-
16:26 - 16:29Tem metade da densidade da água.
-
16:29 - 16:32Por isso parece uma rocha grande,
mas não é. -
16:32 - 16:36O aumento de atividade que vimos
em junho, julho e agosto do ano passado -
16:36 - 16:38foi um aumento para o quádruplo.
-
16:38 - 16:40Na altura em que estivermos no Sol,
-
16:40 - 16:44o cometa vai perder 100 kg por segundo:
-
16:44 - 16:46gás, poeira, tudo.
-
16:46 - 16:48Serão 100 milhões de quilos por dia.
-
16:50 - 16:52Finalmente, o dia do pouso.
-
16:52 - 16:57Nunca o hei de esquecer, foi uma loucura,
250 equipas de TV na Alemanha. -
16:57 - 16:59A BBC estava a entrevistar-me,
-
16:59 - 17:02uma outra equipa
que me tinha seguido todo o dia -
17:02 - 17:04filmava a entrevista,
-
17:04 - 17:07e passei o dia todo nisto.
-
17:07 - 17:09A equipa do canal Discovery
-
17:09 - 17:11apanhou-me à saída da sala de controlo
-
17:11 - 17:13e fez-me a pergunta certa,
-
17:13 - 17:17e desfiz-me em lágrimas,
e ainda sinto o mesmo. -
17:17 - 17:18Durante um mês e meio,
-
17:18 - 17:21não conseguia pensar no dia do pouso
sem chorar, -
17:21 - 17:24e ainda retenho a mesma emoção.
-
17:24 - 17:27Deixo-vos com esta imagem do cometa.
-
17:27 - 17:29Obrigado.
-
17:29 - 17:34(Aplausos)
- Title:
- Como pousar num cometa
- Speaker:
- Fred Jansen
- Description:
-
Na função de diretor da missão Rosetta, Fred Jansen foi responsável pelo pouso de uma sonda no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em 2014. Nesta palestra, simultaneamente fascinante e divertida, Fred revela alguns dos cálculos intrincados que foram necessários para pousar a sonda Philae num cometa a 500 milhões de quilómetros da Terra — e partilha algumas fotografias incríveis recolhidas durante o percurso.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:47
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for How to land on a comet | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for How to land on a comet |