Como as inovações arquitetónicas migram através das fronteiras
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0:02 - 0:04A explosão urbana
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0:04 - 0:08dos últimos anos do "boom" económico
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0:08 - 0:11também provocou
uma marginalização terrível, -
0:11 - 0:14que resultou na explosão
de bairros de lata -
0:14 - 0:16em muitas partes do mundo.
-
0:16 - 0:20Esta polarização de enclaves
de mega riqueza -
0:20 - 0:22rodeados por sectores de pobreza
-
0:22 - 0:26e as desigualdades socioeconómicas
que suscitaram -
0:26 - 0:29estão, de facto, no centro
da crise urbana atual. -
0:29 - 0:32Mas esta noite,
quero começar por sugerir -
0:32 - 0:34que esta crise urbana
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0:34 - 0:38não é apenas económica nem ambiental.
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0:38 - 0:41É, muito especialmente,
uma crise cultural, -
0:41 - 0:44uma crise das instituições
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0:44 - 0:48incapazes de reinventar
as formas estúpidas -
0:48 - 0:50em que temos vivido,
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0:50 - 0:53incapazes de desafiar a urbanização
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0:53 - 0:57sedenta de petróleo, egoísta,
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0:57 - 1:00que perpetuou
cidades baseadas no consumo, -
1:00 - 1:05desde o sul da Califórnia
a Nova Iorque ou a Dubai. -
1:05 - 1:09O que eu quero é transmitir-vos
uma reflexão -
1:09 - 1:11de que o futuro das cidades de hoje
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1:11 - 1:14depende menos dos edifícios
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1:14 - 1:16e, na realidade, depende mais
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1:16 - 1:21da reorganização fundamental
de relações socioeconómicas, -
1:21 - 1:23de que as melhores ideias na conceção
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1:23 - 1:25da cidade no futuro
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1:25 - 1:29não virão dos enclaves de poder económico
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1:29 - 1:31e de abundância,
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1:31 - 1:36mas dos sectores de conflito e de penúria
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1:36 - 1:39dos quais uma imaginação urgente
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1:39 - 1:43pode inspirar-nos a repensar
o crescimento urbano atual. -
1:43 - 1:46E permitam que eu ilustre
o que quero dizer, -
1:46 - 1:50ao compreendermos ou vermos
locais de conflito -
1:50 - 1:55como fomentadores da criatividade,
ao vos apresentar, resumidamente, -
1:55 - 1:57a região fronteiriça de Tijuana-San Diego,
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1:57 - 2:01que tem sido o laboratório onde reflito
sobre a minha prática enquanto arquiteto. -
2:01 - 2:04Este é o muro, o muro da fronteira,
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2:04 - 2:06que separa San Diego de Tijuana.
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2:06 - 2:09a América Latina
e os Estados Unidos da América, -
2:09 - 2:11um emblema físico
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2:11 - 2:14de políticas de planeamento de exclusão
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2:14 - 2:16que têm perpetuado a divisão
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2:16 - 2:19de comunidades, de jurisdições
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2:19 - 2:22e de recursos em todo o mundo.
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2:22 - 2:25Nesta região fronteiriça,
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2:25 - 2:27encontramos algumas
das propriedades mais ricas -
2:27 - 2:29que encontrei
nas proximidades de San Diego, -
2:29 - 2:32a uns 20 minutos
-
2:32 - 2:36de algumas das povoações
mais pobres na América Latina. -
2:36 - 2:39E, embora estas duas cidades
tenham igual população, -
2:39 - 2:43San Diego cresceu seis vezes mais
do que Tijuana -
2:43 - 2:45nas últimas décadas,
-
2:45 - 2:48obrigando-nos imediatamente a enfrentar
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2:48 - 2:50as tensões e os conflitos
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2:50 - 2:52entre expansão e densidade
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2:52 - 2:54que estão no centro da atual discussão
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2:54 - 2:57acerca da sustentabilidade ambiental.
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2:57 - 2:59Tenho vindo a defender nos últimos anos
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2:59 - 3:03que os bairros degradados
de Tijuana podem ensinar muita coisa -
3:03 - 3:05à expansão de San Diego
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3:05 - 3:08no que se refere
à sustentabilidade socioeconómica, -
3:08 - 3:11que devíamos prestar atenção e aprender
-
3:11 - 3:13com as muitas comunidades de migrantes
-
3:13 - 3:16de ambos os lados deste muro
de fronteira, -
3:16 - 3:19de modo a podermos traduzir
estes procedimentos informais -
3:19 - 3:21de urbanização.
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3:21 - 3:24O que é que, neste caso,
eu quero dizer com "informal"? -
3:24 - 3:26Estou a falar
-
3:26 - 3:30do compêndio de práticas sociais
de adaptação -
3:30 - 3:32que permite que muitas
destas comunidades de migrantes -
3:32 - 3:37ultrapassem receitas
políticas e económicas impostas -
3:37 - 3:39de urbanização.
-
3:39 - 3:42Estou a falar simplesmente
da inteligência criativa -
3:42 - 3:44de baixo para cima,
-
3:44 - 3:47quer se manifeste
nos bairros degradados de Tijuana -
3:47 - 3:51que são construídos
com os desperdícios de San Diego, -
3:51 - 3:54quer dos muitos bairros de migrantes
no sul da Califórnia, -
3:54 - 3:57que começaram a ser reabilitados,
com diferenças, -
3:57 - 3:59nas últimas décadas.
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3:59 - 4:01Interessei-me, enquanto artista,
-
4:01 - 4:03nas medidas, na observação.
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4:03 - 4:06de muitos dos fluxos informais
transfronteiras -
4:06 - 4:07através desta fronteira:
-
4:07 - 4:10numa direção, de sul para norte,
-
4:10 - 4:13o fluxo de imigrantes
para os Estados Unidos da América, -
4:13 - 4:16e de norte para sul,
o fluxo de desperdícios -
4:16 - 4:18do sul da Califórnia para Tijuana.
-
4:18 - 4:21Estou a referir-me à reciclagem
-
4:21 - 4:24daquelas vivendas pós-guerra
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4:24 - 4:28que os empreiteiros mexicanos
levam para a fronteira -
4:28 - 4:30à medida que os urbanizadores
as desmontam -
4:30 - 4:33para construírem uma versão
mais elaborada -
4:33 - 4:35de bairros nas últimas décadas.
-
4:35 - 4:38São casas que ficam à espera na fronteira.
-
4:38 - 4:40Não são só pessoas
que atravessam aqui a fronteira, -
4:40 - 4:44mas grandes fatias de uma cidade
que passam para a outra, -
4:44 - 4:47e quando estas casas são colocadas
em cima destas estruturas de ferro, -
4:47 - 4:50deixam de ser o andar térreo
e passam a ser o piso superior -
4:50 - 4:52para incorporarem mais uma casa,
-
4:52 - 4:54com um pequeno negócio.
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4:54 - 4:57Esta disposição em camadas
de espaços e economias -
4:57 - 4:59é muito interessante de observar.
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4:59 - 5:02Mas não são só as casas,
também pequenos destroços -
5:02 - 5:04de uma cidade, de San Diego para Tijuana.
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5:04 - 5:06Provavelmente já viram
os pneus de borracha -
5:06 - 5:09que se usam nos bairros degradados
para construir muros de suporte. -
5:09 - 5:11Mas vejam o que as pessoas fizeram aqui,
-
5:11 - 5:13numa situação
de emergência socioeconómica. -
5:13 - 5:17Descobriram como descascar o pneu,
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5:17 - 5:19como tecê-lo e interligá-lo
-
5:19 - 5:23para construir
um muro de suporte mais eficaz. -
5:23 - 5:26Ou as portas das garagens que vêm
-
5:26 - 5:29de San Diego, em camiões
-
5:29 - 5:34para se tornarem na nova pele
de uma habitação de emergência -
5:34 - 5:35em muitos destes bairros degradados,
-
5:35 - 5:38que rodeiam os limites de Tijuana.
-
5:38 - 5:39Embora, enquanto arquiteto,
-
5:39 - 5:43esta inteligência criativa seja uma coisa
muito absorvente para contemplar, -
5:43 - 5:45também quero manter-me de sobreaviso.
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5:45 - 5:47Não quero romantizar a pobreza.
-
5:47 - 5:49Só queria sugerir
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5:49 - 5:51que esta urbanização informal
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5:51 - 5:55não é apenas a imagem da precariedade.
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5:55 - 5:58A informalidade aqui, o informal,
-
5:58 - 5:59é, na realidade,
-
5:59 - 6:02um conjunto de procedimentos
socioeconómicos e políticos -
6:02 - 6:05que nós podíamos traduzir,
enquanto artistas. -
6:05 - 6:07Trata-se duma urbanização
de baixo para cima -
6:07 - 6:09que funciona.
-
6:09 - 6:12Vejam: aqui, os edifícios
não são importantes -
6:12 - 6:14apenas pelo seu aspeto,
-
6:14 - 6:17mas, na realidade, são importantes
por aquilo que podem fazer. -
6:17 - 6:20Funcionam mesmo,
porque se transformam com o tempo -
6:20 - 6:22e à medida que as comunidades negoceiam
-
6:22 - 6:26os espaços, as fronteiras e os recursos.
-
6:26 - 6:29Por isso, enquanto os desperdícios
fluem para sul, -
6:29 - 6:31as pessoas vão para o norte
à procura de dólares. -
6:31 - 6:34A maior parte da minha investigação
-
6:34 - 6:38teve a ver com o impacto da imigração
-
6:38 - 6:40na alteração da homogeneidade
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6:40 - 6:43de muitos bairros
nos Estados Unidos da América, -
6:43 - 6:45especialmente em San Diego.
-
6:45 - 6:47E estou a falar de como isso
começa a sugerir -
6:47 - 6:50que o futuro do sul da Califórnia
-
6:50 - 6:52depende da reabilitação
-
6:52 - 6:55da grande urbanização
— ou seja, dos esteroides — -
6:55 - 6:58com os pequenos programas,
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6:58 - 7:00sociais e económicos.
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7:00 - 7:02Refiro-me a como os imigrantes,
-
7:02 - 7:04quando chegam a estes bairros,
-
7:04 - 7:07começam a alterar a unidimensionalidade
-
7:07 - 7:09de lotes e de propriedades
-
7:09 - 7:13em sistemas mais complexos,
social e economicamente, -
7:13 - 7:17quando começam a ligar
uma economia informal a uma garagem, -
7:17 - 7:19ou quando constroem um apartamento ilegal
-
7:19 - 7:21para alojar uma família alargada.
-
7:21 - 7:27Esta iniciativa socioeconómica
-
7:27 - 7:30no terreno, no meio destes bairros
-
7:30 - 7:33começa de facto a sugerir formas
de traduzir aquilo -
7:33 - 7:37para políticas novas,
inclusivas e mais equitativas -
7:37 - 7:39do uso do terreno.
-
7:39 - 7:42Desta dinâmica surgem muitas histórias
-
7:42 - 7:45de alteração do espaço,
-
7:45 - 7:47tais como, "o Buda informal";
-
7:47 - 7:49que conta a história duma pequena casa
-
7:49 - 7:52que se salvou, não viajou para o México,
-
7:52 - 7:54mas acabou por ser recuperada
-
7:54 - 7:57num templo budista,
-
7:57 - 7:58e, com isso,
-
7:58 - 8:01esta pequena casa transforma-se
ou sofre uma mutação -
8:01 - 8:03de uma habitação singular
-
8:03 - 8:08para uma pequena ou microscópica
infraestrutura socioeconómica e cultural, -
8:08 - 8:10no interior de um bairro.
-
8:10 - 8:12Assim, estes bairros ativos,
como lhes chamo, -
8:12 - 8:14tornam-se numa verdadeira inspiração
-
8:14 - 8:18para imaginar
outras interpretações de cidadania -
8:18 - 8:20que, na realidade, têm menos a ver
-
8:20 - 8:22com o facto de pertencerem
à nação-estado, -
8:22 - 8:26e mais a ver com a defesa
da noção de cidadania -
8:26 - 8:28enquanto ato criativo
-
8:28 - 8:31que reorganiza protocolos institucionais
-
8:31 - 8:33nos espaços da cidade.
-
8:33 - 8:36Enquanto artista, interessei-me
-
8:36 - 8:38pela visualização da cidadania,
-
8:38 - 8:42pela reunião de muitas historietas,
histórias urbanas, -
8:42 - 8:45a fim de ilustrar a relação
-
8:45 - 8:48entre procedimentos sociais e espaços.
-
8:48 - 8:51Esta é a história
de um grupo de adolescentes -
8:51 - 8:54que, uma noite, há uns meses,
-
8:54 - 8:57decidiram invadir este espaço
por baixo da via rápida -
8:57 - 9:00e começar a construir
o seu parque de "skate". -
9:00 - 9:04De pás na mão, começaram a cavar.
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9:04 - 9:06Duas semanas depois,
a polícia mandou-os parar. -
9:06 - 9:08Barricaram o local,
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9:08 - 9:10e os adolescentes foram expulsos,
-
9:10 - 9:13e os adolescentes decidiram ripostar,
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9:13 - 9:15não com cartazes ou "slogans"
-
9:15 - 9:18mas construindo um processo crítico.
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9:18 - 9:20A primeira coisa que fizeram
-
9:20 - 9:24foi investigar a especificidade
da jurisdição política -
9:24 - 9:26inscrita naquele espaço vago.
-
9:26 - 9:28Descobriram que tinham tido sorte
-
9:28 - 9:30porque não tinham começado a cavar
-
9:30 - 9:33por baixo de território da Caltrans.
-
9:33 - 9:36A Caltrans é uma organização estatal
que administra a via rápida, -
9:36 - 9:39porque senão, teria sido muito difícil
negociar com ela. -
9:39 - 9:42Tiveram sorte, reconheceram,
porque tinham começado a cavar -
9:42 - 9:43por baixo de um ramal
da via rápida -
9:43 - 9:45que pertence ao município local.
-
9:45 - 9:47Também tiveram sorte,
-
9:47 - 9:49porque tinham começado
a cavar numa espécie -
9:49 - 9:51de Triângulo das Bermudas da jurisdição,
-
9:51 - 9:54entre a autoridade portuária,
a autoridade aeroportuária, -
9:54 - 9:57dois distritos da cidade
e um conselho de revisão. -
9:57 - 9:59Todas estas linhas vermelhas
-
9:59 - 10:03são as instituições políticas invisíveis
que estavam inscritas -
10:03 - 10:06naquele espaço vago abandonado.
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10:06 - 10:09Com este conhecimento, os adolescentes,
-
10:09 - 10:11enquanto praticantes de "skate",
enfrentaram a cidade. -
10:11 - 10:13Foram ao gabinete do procurador da cidade.
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10:13 - 10:15O procurador da cidade disse-lhes
-
10:15 - 10:17que, para continuarem a negociação,
-
10:17 - 10:19tinham que formar uma ONG,
-
10:19 - 10:22e, claro, eles não sabiam
o que era uma ONG. -
10:22 - 10:24Tiveram que falar com os amigos em Seattle
-
10:24 - 10:27que tinham passado pela mesma experiência.
-
10:27 - 10:29E começaram a perceber a necessidade
-
10:29 - 10:31de se organizarem ainda melhor
-
10:31 - 10:35e começaram a angariar dinheiro,
a elaborar orçamentos, -
10:35 - 10:37a tomar consciência
de todas as informações -
10:37 - 10:41inseridas no código urbano
em San Diego, -
10:41 - 10:43para poderem começar a redefinir
-
10:43 - 10:47o real significado
de espaço público na cidade, -
10:47 - 10:49alargando-o a outras categorias.
-
10:49 - 10:52Por fim, os adolescentes
ganharam o processo -
10:52 - 10:54com aquelas provas,
-
10:54 - 10:57e puderam construir
o seu parque de "skate" -
10:57 - 10:58por baixo da via rápida.
-
10:58 - 11:01Para muitos de vocês, esta história
-
11:01 - 11:03pode parecer trivial ou ingénua.
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11:03 - 11:05Para mim, enquanto arquiteto,
-
11:05 - 11:07tornou-se numa narrativa fundamental,
-
11:07 - 11:09porque começa a ensinar-me
-
11:09 - 11:11que esta microcomunidade
-
11:11 - 11:15não só concebeu outra categoria
de espaço público, -
11:15 - 11:19como também concebeu
os protocolos socioeconómicos -
11:19 - 11:22que foram necessários para
se instalarem naquele espaço -
11:22 - 11:24para a sua sustentabilidade a longo prazo.
-
11:24 - 11:27Também me ensinaram que,
de modo semelhante -
11:27 - 11:30às comunidades migrantes,
dos dois lados da fronteira, -
11:30 - 11:33entram em conflito
como uma ferramenta criativa, -
11:33 - 11:35porque têm que produzir um processo
-
11:35 - 11:39que lhes permita reorganizar recursos
-
11:39 - 11:41e as políticas da cidade.
-
11:41 - 11:43Nessa ação, esse ato
-
11:43 - 11:45de transgressão informal,
de baixo para cima, -
11:45 - 11:48começou, de facto, a infiltrar-se,
-
11:48 - 11:51para transformar uma política
de cima para baixo. -
11:51 - 11:55Ora bem, este caminho de baixo para cima
-
11:55 - 11:57para a transformação de cima para baixo
-
11:57 - 12:00é onde encontramos hoje a esperança.
-
12:00 - 12:04E começo a pensar
como estas alterações modestas -
12:04 - 12:07no espaço e na política
-
12:07 - 12:09em muitas cidades do mundo,
-
12:09 - 12:12sobretudo na urgência
-
12:12 - 12:14duma imaginação coletiva
-
12:14 - 12:16à medida que estas comunidades
-
12:16 - 12:18re-imaginam as suas formas de governação,
-
12:18 - 12:21de organização social
e de infraestruturas, -
12:21 - 12:25estão realmente no centro
da nova formação -
12:25 - 12:28de uma política democrática
do urbanismo. -
12:28 - 12:31Com efeito,
é isto que pode vir a ser a moldura -
12:31 - 12:34para produzir uma nova justiça,
-
12:34 - 12:37social e económica, na cidade.
-
12:37 - 12:39Quero dizer isto e sublinhá-lo.
-
12:39 - 12:43porque é a única forma que vejo
-
12:43 - 12:45que nos pode permitir mudar
-
12:45 - 12:48de urbanizações de consumo
-
12:48 - 12:51para bairros de produção,
no presente momento. -
12:51 - 12:53Obrigado.
-
12:53 - 12:56(Aplausos)
- Title:
- Como as inovações arquitetónicas migram através das fronteiras
- Speaker:
- Teddy Cruz
- Description:
-
À medida que as cidades de todo o mundo experimentam um crescimento explosivo, a desigualdade vai-se intensificando. Bairros abastados e bairros degradados crescem lado a lado, o fosso entre eles vai aumentando. Nesta conferência esclarecedora, o arquiteto Teddy Cruz pede-nos para repensarmos o desenvolvimento urbano de baixo para cima. Transmitindo lições dos bairros degradados de Tijuana, Cruz explora a inteligência criativa dos habitantes da cidade e propõe uma perspetiva sobre o que podemos aprender com locais de penúria.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 13:14
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for How architectural innovations migrate across borders | ||
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How architectural innovations migrate across borders | ||
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