Por que os tubarões são tão incríveis? - Tierney Thys

Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/why-are-sharks-so-awesome-tierney-thys

Os tubarões têm sido incensados como deuses poderosos por algumas culturas nativas. E hoje eles são reconhecidos como superpredadores do mundo oceânico. O que faz desses peixes dignos do interesse de nossas antigas lendas e tão bem-sucedidos nos mares? Tierney Thys nos leva ao oceano para descobrirmos.

Lição de Tierney Thys; animação de TED-Ed.

Os tubarões têm sido incensados
como deuses poderosos

por algumas culturas nativas.

Os fijianos, por exemplo, acreditam
que o deus-tubarão Dakuwaqa

pode proteger os pescadores
dos perigos do mar.

E hoje os tubarões são reconhecidos
como superpredatores do mundo oceânico

e incluem alguns dos vertebrados
vivos mais longevos da Terra.

O que faz desses peixes dignos
de nossas antigas lendas

e tão bem-sucedidos nos mares?

Muito de suas habilidades de caça
vem de características biológicas únicas

aperfeiçoadas por mais
de 400 milhões de anos.

Seus esqueletos cartilaginosos
são menos densos do que os ósseos

e requerem menos energia para se mover.

Seu grande fígado gorduroso confere
flutuação a seus corpos ágeis

e, enquanto os músculos de peixes ósseos
estão diretamente presos aos esqueletos,

os do tubarão se prendem também à pele.

Esse design especial acaba
transformando-os em tubos pressurizados

em que a pele elástica consegue transmitir
eficientemente força muscular à cauda.

A pele do tubarão possui
notáveis características adicionais.

Apesar de sua aparência externa macia,

no nível microscópico,
ela tem uma textura áspera

graças a milhares de minúsculas escamas
dentadas chamadas escamas placoides.

Cada escama é coberta
por uma substância chamada de esmalte,

que transforma a pele num rígido escudo.

Além disso, a estrutura das escamas
varia ao longo do corpo

como forma de reduzir
o barulho e dragar a água

quando o tubarão se movimenta.

Quanto aos dentes da boca,

os tubarões podem produzir
até 50 mil dentes durante a vida.

Em média, eles podem perder
um dente por semana

e, cada vez que isso acontece,

ele é rapidamente substituído.

Graças a uma cobertura
de fluoreto nos dentes,

as cáries também são evitadas.

Mas os dentes não são
iguais em todos os tubarões.

Eles variam dependendo
da espécie e da dieta.

Alguns são densos e achatados,

úteis para triturar moluscos.

Outros lembram uma agulha
para espetar peixes.

Na boca do tubarão-branco há dentes
pontudos inferiores para segurar a presa

e dentes superiores triangulares
serrilhados para cortar.

Essa variedade permite aos tubarões
caçar em diversos ambientes marinhos.

Muitas espécies também
apresentam um outro traço peculiar,

a habilidade de projetar
a mandíbula para fora da boca,

abri-la amplamente
e surpreender a presa.

Ao longo do curso da evolução,

o cérebro do tubarão se expandiu,

acompanhando o crescimento
de seus órgãos sensoriais.

Os tubarões de hoje podem
farejar até pequenas gotas de sangue

e ouvir sons debaixo d'água
a 800 metros de distância.

Eles conseguem captar
especialmente frequências baixas,

inclusive aquelas emitidas
por peixes moribundos.

E, como gatos, eles possuem membranas
refletoras chamadas "tapeta lucida"

no fundo dos olhos

que melhoram incrivelmente
sua visão com pouca luz.

E, como se essas habilidades
não fossem suficientes,

os tubarões aperfeiçoaram
um sexto sentido.

Eles são capazes de caçar usando
uma rede de células eletrossensórias

chamadas ampolas de Lorenzini.

Essas células são cheias
de um gel hipersensível

que permite a eles detectar
sinais elétricos da presa,

incluindo o menor tremor muscular.

Algumas das espécies
de tubarão mais icônicas,

como o branco, mako, sardo e salmão,

devem seu sucesso a um outro
traço surpreendente:

sangue aquecido dentro
de uma criatura de sangue frio.

Dentro de seu corpo,

eles têm feixes de artérias e veias

chamados "rete mirabile",
"rede maravilhosa".

O sangue venoso aquecido
pelos movimentos musculares do tubarão

passa pertinho do sangue arterial frio,
cheio de oxigênio das guelras.

Esse arranjo transfere
calor para o sangue,

que faz o ciclo de volta
para os órgãos vitais do corpo.

Músculos aquecidos permitem
natação mais rápida e poderosa,

e barrigas mais aquecidas
ajudam a digestão,

e o desenvolvimento
mais rápido do bebê no útero.

E olhos e cérebro mais quentes
mantêm os tubarões alerta em águas frias.

Com essas incríveis adaptações,
há mais para reverenciar do que temer

das 500 espécies de tubarões
vagando pelos nossos oceanos.

Infelizmente, um terço
dessas espécies estão ameaçadas

devido à sobrepesca.

Após milhões de anos de sobrepesca,

esses superpredadores podem estar
encontrando o seu maior desafio.