Que país mais pratica o bem em prol do mundo?
-
0:01 - 0:05Ultimamente tenho pensado
muito sobre o mundo -
0:05 - 0:09e como ele mudou nos
últimos 20, 30, 40 anos. -
0:09 - 0:10Há 20 ou 30 anos,
-
0:10 - 0:13se uma galinha tivesse uma gripe,
espirrasse e morresse, -
0:13 - 0:15num vilarejo remoto na Ásia Oriental,
-
0:15 - 0:17seria uma tragédia para a galinha
-
0:17 - 0:19e para os familiares mais próximos,
-
0:19 - 0:21mas acho que não havia muita possibilidade
-
0:21 - 0:23de temermos uma pandemia global
-
0:23 - 0:25e a morte de milhões.
-
0:26 - 0:28Há 20 ou 30 anos,
se um banco na América do Norte -
0:28 - 0:30emprestasse demasiado dinheiro
-
0:30 - 0:32a pessoas que não o reembolsariam
-
0:32 - 0:34e o banco falisse,
-
0:34 - 0:35seria mau para quem emprestou
-
0:35 - 0:37e mau para quem recebeu o dinheiro,
-
0:37 - 0:39mas não imaginaríamos que isso ia deixar
-
0:39 - 0:41o sistema económico global de rastos
-
0:41 - 0:43durante quase dez anos.
-
0:43 - 0:45Isto é a globalização.
-
0:45 - 0:48É o milagre que nos permitiu
-
0:48 - 0:51transferir os nossos corpos e espíritos,
-
0:51 - 0:53as nossas palavras, imagens e ideias
-
0:53 - 0:57e os nossos ensinamentos
e aprendizagens por todo o planeta -
0:57 - 0:59de forma cada vez mais
rápida e mais barata. -
0:59 - 1:01Isso trouxe-nos coisas ruins,
-
1:01 - 1:03como as que eu acabei de descrever,
-
1:03 - 1:05mas também trouxe muitas coisas boas.
-
1:05 - 1:07Muitos de nós desconhecemos
-
1:07 - 1:10os extraordinários sucessos dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, -
1:10 - 1:12alguns dos quais
atingiram os seus objetivos -
1:12 - 1:14muito antes do prazo estipulado.
-
1:14 - 1:17Isso prova que esta espécie da humanidade
-
1:17 - 1:20é capaz de realizar
progressos extraordinários -
1:20 - 1:24se realmente atuar em equipa
e se se esforçar muito. -
1:25 - 1:27Mas se eu tivesse de resumir
os tempos atuais, -
1:27 - 1:30eu sinto que a globalização
-
1:30 - 1:31nos apanhou de surpresa
-
1:31 - 1:34e nós temos sido lentos a reagir.
-
1:34 - 1:37Se olharmos para o lado
negativo da globalização, -
1:37 - 1:40às vezes parece ser inultrapassável.
-
1:39 - 1:42Todos os grandes desafios
que enfrentamos hoje, -
1:42 - 1:45como as mudanças climáticas,
os direitos humanos, -
1:45 - 1:49as questões demográficas,
o terrorismo, as pandemias, -
1:49 - 1:52o narcotráfico, a escravatura humana
-
1:52 - 1:54e a perda de espécies
— eu podia continuar a lista — -
1:54 - 1:56não estamos a fazer muitos progressos
-
1:56 - 1:59em muitos destes desafios.
-
1:59 - 2:02Por isso, em síntese, este é o desafio
que todos enfrentamos hoje, -
2:02 - 2:04nesta interessante época da História.
-
2:04 - 2:07É isso que claramente devemos fazer.
-
2:07 - 2:09Temos que achar uma forma
de ter uma postura coletiva -
2:09 - 2:11e temos que descobrir
-
2:11 - 2:13como globalizar melhor as soluções
-
2:13 - 2:16para que não venhamos a ser a espécie
-
2:16 - 2:19que é vítima da globalização
dos problemas. -
2:21 - 2:24Porque somos tão lentos
a conseguir estes avanços? -
2:24 - 2:26Qual é a razão para isso?
-
2:27 - 2:29Bom, existem, claro, diversas razões
-
2:29 - 2:31mas talvez a principal razão
-
2:31 - 2:35seja que nós ainda estamos
organizados como espécie, -
2:35 - 2:36tal como nos organizávamos
-
2:36 - 2:38há 200 ou 300 anos.
-
2:38 - 2:40Só existe uma superpotência no planeta,
-
2:40 - 2:42e é formada por sete mil milhões de pessoas,
-
2:42 - 2:45os sete mil milhões que causam
todos estes problemas, -
2:45 - 2:47os mesmos sete mil milhões
-
2:47 - 2:49que os vão resolver todos.
-
2:49 - 2:51Como estão organizados
estes sete mil milhões? -
2:51 - 2:55Ainda estão organizados
em cerca de 200 estados-nações. -
2:55 - 2:57Essas nações têm governos
-
2:57 - 2:59que criam regras
-
2:59 - 3:01e nos condicionam a ter
certos comportamentos. -
3:02 - 3:04É um sistema muito eficaz,
-
3:04 - 3:07mas o problema é que a forma
como essas leis são feitas -
3:07 - 3:09e a forma como os
governos raciocinam -
3:09 - 3:12é totalmente errada para
resolver problemas globais -
3:12 - 3:14porque todas elas só olham para dentro.
-
3:15 - 3:16Os políticos que elegemos
-
3:16 - 3:18e os que não elegemos, no seu conjunto,
-
3:18 - 3:20pensam de forma microscópica.
-
3:20 - 3:23Não pensam de forma telescópica.
-
3:23 - 3:24Olham para dentro.
-
3:24 - 3:31Fazem de conta e comportam-se
como se cada país fosse uma ilha, -
3:31 - 3:34que existe feliz e independente
de todos os outros -
3:34 - 3:36no seu próprio miniplaneta
-
3:36 - 3:38no seu próprio sistema solar.
-
3:38 - 3:40Eis o problema:
-
3:40 - 3:42países competindo uns com os outros
-
3:42 - 3:44e lutando entre si.
-
3:44 - 3:45Esta semana, tal como noutras,
-
3:45 - 3:49veremos pessoas a tentarem matar-se
umas às outras de país para país -
3:49 - 3:50mas, mesmo quando isso não acontece,
-
3:50 - 3:52existe concorrência entre os países
-
3:52 - 3:55em que cada um tenta prejudicar o outro.
-
3:55 - 3:57Certamente que isso
não é uma boa organização. -
3:57 - 3:59Claramente temos que alterá-la.
-
3:59 - 4:01Temos nitidamente de encontrar formas
-
4:01 - 4:04de encorajar os países
a cooperarem entre si -
4:04 - 4:05duma forma um pouco melhor.
-
4:05 - 4:08Mas porque é que eles não fazem isso?
-
4:08 - 4:11Por que razão os nossos líderes
persistem em olhar para dentro? -
4:11 - 4:13Bem, a primeira e mais evidente razão
-
4:13 - 4:15é porque é isso que
pedimos que façam. -
4:15 - 4:17É o que lhes dizemos para fazerem.
-
4:17 - 4:18Quando elegemos governos
-
4:18 - 4:21ou quando toleramos governos não eleitos,
-
4:21 - 4:23estamos na prática a dizer-lhes
que o que queremos -
4:23 - 4:26é que nos proporcionem, em cada país,
-
4:26 - 4:28um determinado número de coisas.
-
4:28 - 4:31Queremos que eles proporcionem
prosperidade, -
4:31 - 4:36crescimento, competitividade,
transparência, justiça -
4:36 - 4:38e todas essas coisas.
-
4:37 - 4:39Se não começarmos
a pedir aos nossos governos -
4:39 - 4:42para pensarem um pouco mais,
para o exterior, -
4:42 - 4:44para considerarem os problemas globais
que acabarão connosco -
4:44 - 4:46se não começarmos a pensar neles,
-
4:46 - 4:48dificilmente poderemos culpá-los
-
4:48 - 4:51por continuarem a olhar para dentro,
-
4:51 - 4:53por ainda terem uma visão microscópica
-
4:53 - 4:55em vez de telescópica.
-
4:55 - 4:58Esta é a primeira razão pela qual
as coisas tendem a não mudar. -
4:58 - 5:01A segunda razão é a de que estes governos,
-
5:01 - 5:03tal como todos nós,
-
5:03 - 5:05são psicopatas culturais.
-
5:05 - 5:07Não quero ser desrespeitoso,
-
5:07 - 5:09mas vocês sabem o que é um psicopata.
-
5:09 - 5:12Um psicopata é aquele que,
infelizmente para ele, -
5:12 - 5:14não tem a capacidade
de se colocar no lugar -
5:14 - 5:16das outras pessoas.
-
5:16 - 5:17Quando olham em volta,
-
5:17 - 5:18não veem outros seres humanos
-
5:18 - 5:21com vidas próprias profundas,
ricas e tridimensionais, -
5:21 - 5:23com objetivos e ambições.
-
5:23 - 5:25Apenas veem figuras de cartão
-
5:25 - 5:28o que é muito triste e muito solitário,
-
5:28 - 5:30e, felizmente, é muito raro.
-
5:31 - 5:34Mas não é verdade que muitos de nós
-
5:34 - 5:36não somos muito bons em empatia?
-
5:36 - 5:38Ah, nós somos muito bons em empatia
-
5:38 - 5:39quando se trata de lidar com pessoas
-
5:39 - 5:41que são parecidas connosco,
-
5:41 - 5:44que andam, falam, comem, rezam
-
5:44 - 5:45e se vestem como nós.
-
5:45 - 5:47Mas, quando se trata de pessoas
-
5:47 - 5:49que não se vestem como nós,
-
5:49 - 5:50não rezam como nós
-
5:50 - 5:52e não falam da mesma maneira que nós,
-
5:52 - 5:54não temos também
tendência em vê-los, -
5:54 - 5:57nem que seja um pouco,
como figuras de cartão? -
5:58 - 6:00É uma pergunta que devemos
fazer a nós mesmos. -
6:00 - 6:02Devemos vigiar isso constantemente.
-
6:02 - 6:06Seremos nós, e também os nossos políticos,
nalgum grau, -
6:06 - 6:07psicopatas culturais?
-
6:08 - 6:09A terceira razão
quase não merece referência, -
6:09 - 6:11por ser tão tola,
-
6:11 - 6:12mas há uma crença entre os governos
-
6:12 - 6:14de que os interesses nacionais
-
6:14 - 6:16e os interesses internacionais
-
6:16 - 6:18são e serão sempre incompatíveis.
-
6:18 - 6:20O que é um puro disparate.
-
6:20 - 6:22No meu trabalho diário,
sou consultor político. -
6:22 - 6:24Passei cerca dos últimos
15 anos ou mais -
6:24 - 6:26a aconselhar governos de todo o mundo.
-
6:26 - 6:29Durante esse período
nunca vi, uma só vez que fosse, -
6:29 - 6:31um único problema de política interna
-
6:31 - 6:34que não pudesse ser resolvido
-
6:34 - 6:37de forma mais eficaz,
rápida e imaginativa, -
6:37 - 6:39se fosse tratado como
um problema internacional, -
6:39 - 6:41olhando para o contexto internacional,
-
6:41 - 6:43comparando com o que outros fizeram,
-
6:43 - 6:46aproximando-se dos outros e
trabalhando de forma externa -
6:46 - 6:48em vez de interna.
-
6:49 - 6:50Podem perguntar:
-
6:50 - 6:53"Perante tudo isto, porque é
que isso não funciona? -
6:53 - 6:56"Porque é que não conseguimos
que os nossos políticos mudem? -
6:56 - 6:59"Porque é que não lhes exigimos isso?"
-
6:59 - 7:01Bem, eu, como muitos de nós,
passo muito tempo a lamentar -
7:01 - 7:04a dificuldade de fazer
com que as pessoas mudem -
7:04 - 7:06mas não devemos
fazer um escarcéu quanto a isso. -
7:06 - 7:07Devemos apenas aceitar
-
7:07 - 7:10que somos, inerentemente,
espécies conservadoras. -
7:10 - 7:12Não gostamos de mudar.
-
7:12 - 7:15Isso existe por razões evolutivas
muito sensíveis. -
7:15 - 7:17Provavelmente não estaríamos aqui hoje
-
7:17 - 7:19se não fôssemos tão resistentes à mudança.
-
7:19 - 7:22É muito simples:
há muitos milhares de anos, -
7:22 - 7:24descobrimos que, se continuássemos
-
7:24 - 7:26a fazer as mesmas coisas,
não morreríamos -
7:26 - 7:28porque as coisas que tínhamos feito antes,
-
7:28 - 7:31por definição, não nos tinham matado.
-
7:31 - 7:32Portanto, se continuarmos a fazê-las,
-
7:32 - 7:33ficaremos bem.
-
7:33 - 7:35É muito sensato não inovar,
-
7:35 - 7:37porque isso pode matar-nos.
-
7:37 - 7:40Mas é claro, há exceções para isso.
-
7:40 - 7:42Senão, nunca chegaríamos a parte nenhuma.
-
7:42 - 7:44Uma das exceções, a exceção interessante,
-
7:44 - 7:46é quando podemos mostrar às pessoas
-
7:46 - 7:48que pode haver um interesse próprio
-
7:48 - 7:50em dar o salto de confiança
-
7:50 - 7:52e mudar um pouco.
-
7:52 - 7:54Passei muitos dos últimos 10 a 15 anos
-
7:54 - 7:57a tentar descobrir
qual o interesse próprio -
7:57 - 8:00que pudesse encorajar
não apenas os políticos -
8:00 - 8:03mas também as empresas
e as populações em geral, todos nós, -
8:03 - 8:05a pensar um pouco mais de forma global,
-
8:05 - 8:07a pensar em grande escala,
-
8:07 - 8:10não apenas virados para dentro,
mas também para fora. -
8:11 - 8:13Foi aí que descobri
-
8:13 - 8:16uma coisa muito importante.
-
8:15 - 8:19Em 2005, lancei um estudo
-
8:19 - 8:21chamado Índice de Imagem Nacional.
-
8:21 - 8:24Foi um estudo em grande escala
-
8:24 - 8:26que envolveu uma grande amostra
da população mundial -
8:26 - 8:29uma amostra de cerca de 70%
-
8:29 - 8:32da população mundial.
-
8:32 - 8:34Comecei por fazer uma série de perguntas
-
8:34 - 8:37sobre a perceção que as pessoas
tinham de outros países. -
8:37 - 8:38O Índice de Imagem Nacional
-
8:38 - 8:41veio a transformar-se numa
grande base de dados. -
8:41 - 8:43Tem cerca de 200 mil milhões de dados,
-
8:43 - 8:45registando o que o cidadão comum
-
8:45 - 8:47pensa dos outros países e porquê.
-
8:48 - 8:49Porque é que fiz isso?
-
8:49 - 8:52Porque os governos que aconselho
têm enorme interesse em saber -
8:52 - 8:54como são encarados.
-
8:54 - 8:57Descobriram, em parte
porque os encorajei a tal, -
8:57 - 8:58que os países dependem
-
8:58 - 9:00enormemente da sua reputação
-
9:00 - 9:03para poderem sobreviver
e prosperar no mundo. -
9:03 - 9:05Se um país tem uma imagem
ótima e favorável, -
9:05 - 9:08como a Alemanha, a Suécia ou a Suíça,
-
9:08 - 9:10tudo é fácil e tudo é barato.
-
9:10 - 9:13Obtêm mais turistas.
Ganham mais investidores. -
9:13 - 9:14Vendem os seus produtos
a preços mais altos. -
9:14 - 9:16Se, por outro lado,
-
9:16 - 9:18um país tem uma imagem
muito fraca ou muito negativa, -
9:18 - 9:21tudo é complicado e caro.
-
9:21 - 9:23Assim os governos preocupam-se muito
-
9:23 - 9:24com a imagem da sua nação,
-
9:24 - 9:26pois ela tem uma relação direta
-
9:26 - 9:27com a riqueza que geram,
-
9:27 - 9:29a riqueza que prometeram ao povo
-
9:29 - 9:32que lhe iriam proporcionar.
-
9:32 - 9:35Assim, há uns anos,
pensei em dedicar tempo -
9:35 - 9:37a dialogar com essa
gigantesca base de dados -
9:37 - 9:39e perguntar-lhe
-
9:39 - 9:42por que razão se prefere um país a outro.
-
9:42 - 9:44A resposta da base de dados
-
9:44 - 9:46deixou-me totalmente estupefacto.
-
9:46 - 9:48A resposta foi 6,8.
-
9:48 - 9:50Não tenho tempo para explicar em pormenor.
-
9:50 - 9:52Resumidamente, o que me disse foi...
-
9:52 - 9:54(Risos)
-
9:55 - 9:57(Aplausos)
-
9:57 - 10:00...que os países que preferimos
são os bons países. -
10:01 - 10:04Não admiramos os países
só por serem ricos, -
10:04 - 10:06ou poderosos,
ou bem-sucedidos, -
10:06 - 10:09nem por serem avançados,
no sentido tecnológico. -
10:09 - 10:12Admiramos, sobretudo,
os países que são bons. -
10:12 - 10:13E bons em que sentido?
-
10:13 - 10:16Países que parecem contribuir
com qualquer coisa -
10:16 - 10:18para o mundo em que vivemos,
-
10:18 - 10:21países que tornam o mundo mais seguro,
-
10:21 - 10:23ou melhor ou mais próspero e justo.
-
10:23 - 10:24São esses países que preferimos.
-
10:24 - 10:27Esta descoberta é muito importante
-
10:27 - 10:28— estão a ver onde vou chegar —
-
10:28 - 10:30porque faz a quadratura do círculo.
-
10:30 - 10:33Hoje posso dizer aos governos,
— e digo-o muitas vezes: -
10:33 - 10:35"Para agirem bem,
têm de praticar o bem". -
10:36 - 10:37Se querem vender mais produtos,
-
10:37 - 10:39se querem captar mais investimento,
-
10:39 - 10:42se querem tornar-se mais competitivos,
-
10:42 - 10:43têm de agir bem
-
10:43 - 10:45porque, se o fizerem,
as pessoas respeitá-los-ão -
10:45 - 10:47e farão mais negócios com eles.
-
10:47 - 10:50Portanto, quanto mais colaborarem,
-
10:50 - 10:53mais competitivos se tornarão.
-
10:53 - 10:55É uma descoberta bastante importante.
-
10:55 - 10:56Assim que descobri isso,
-
10:56 - 10:59pensei logo em criar outro índice.
-
10:59 - 11:00À medida que envelheço,
as ideias ficam mais simples -
11:00 - 11:02e cada vez mais infantis.
-
11:02 - 11:04Então, criei o Índice de Bom País...
-
11:05 - 11:06(Risos)
-
11:06 - 11:10... que faz exatamente o que o nome diz.
-
11:10 - 11:12Mede, ou por outra, tenta medir,
-
11:12 - 11:15exatamente, quanto é que
cada país do mundo contribui, -
11:15 - 11:18não para os seus cidadãos,
mas para o resto da Humanidade. -
11:18 - 11:20Estranhamente, nunca ninguém pensou
-
11:20 - 11:21em medir isso antes.
-
11:21 - 11:23O meu colega, Dr. Robert Govers, e eu,
-
11:23 - 11:26passámos grande parte
dos últimos dois anos, -
11:26 - 11:29com a ajuda de pessoas
muito sérias e inteligentes, -
11:29 - 11:31a colecionar todos os
dados fiáveis pelo mundo fora -
11:31 - 11:33sobre a forma como os países
-
11:33 - 11:35contribuem para o mundo.
-
11:35 - 11:38Vocês estão à espera que eu diga
qual está em primeiro lugar. -
11:38 - 11:39Vou dizer,
-
11:39 - 11:41mas primeiro, vou dizer-vos
-
11:41 - 11:44exatamente o que quero significar
-
11:44 - 11:46quando digo "bom país".
-
11:46 - 11:48Não é um conceito moral.
-
11:48 - 11:50Quando afirmo que o país X
-
11:50 - 11:52é o "mais bom" país do mundo,
-
11:52 - 11:53quero dizer o "mais bom",
não o melhor. -
11:53 - 11:55'Melhor' é um conceito diferente.
-
11:55 - 11:56Quando falo de um bom país,
-
11:56 - 11:58pode ser bom, 'mais bom"
e 'o mais bom'. -
11:58 - 12:01Não é o mesmo que 'bom',
'melhor' e 'o melhor'. -
12:01 - 12:02(Risos)
-
12:02 - 12:04Trata-se de um país que oferece mais
-
12:04 - 12:06à Humanidade do que
qualquer outro país. -
12:06 - 12:08Não me refiro a como
se portam internamente, -
12:08 - 12:10pois isso é medido doutra forma.
-
12:11 - 12:13E o vencedor é...
-
12:13 - 12:14... a Irlanda.
-
12:14 - 12:17(Aplausos)
-
12:20 - 12:22Segundo estes dados,
-
12:22 - 12:24nenhum outro país do mundo,
-
12:24 - 12:27por habitante, ou por dólar do PIB,
-
12:27 - 12:30contribui mais para o mundo
do que a Irlanda. -
12:30 - 12:31O que é que isto significa?
-
12:31 - 12:33Significa que, à noite,
quando vamos dormir, -
12:33 - 12:36todos nós, nos últimos 15 segundos
antes de adormecer, -
12:36 - 12:38devemos pensar o seguinte:
-
12:38 - 12:40"Caramba, ainda bem que a Irlanda existe!"
-
12:40 - 12:43(Risos)
-
12:42 - 12:45(Aplausos)
-
12:50 - 12:52E que, no meio de uma recessão
económica muito profunda, -
12:52 - 12:55— creio que há aqui uma
lição muito importante — -
12:55 - 12:57lembrarmo-nos dos
nossos deveres internacionais -
12:57 - 12:59enquanto tentamos
reconstruir a nossa economia -
12:59 - 13:00é obra!
-
13:00 - 13:02A Finlândia fica quase no mesmo lugar,
-
13:02 - 13:03só abaixo da Irlanda
-
13:03 - 13:06porque a sua pontuação mais baixa
é inferior à da Irlanda. -
13:06 - 13:08Outra coisa sobre os 10 "mais bons"
-
13:08 - 13:11é que, excetuando a Nova Zelândia,
-
13:11 - 13:13são países da Europa Ocidental.
-
13:13 - 13:14E são todos ricos.
-
13:14 - 13:16Isso deixou-me deprimido,
-
13:16 - 13:19porque uma coisa que
eu não queria descobrir com este índice -
13:19 - 13:21era que só o grupo dos países ricos
-
13:21 - 13:23ajudava os países pobres.
-
13:23 - 13:25Mas não é assim.
-
13:25 - 13:27Se vissem a lista mais abaixo,
-
13:27 - 13:28— não tenho aqui o diapositivo —
-
13:28 - 13:31veriam uma coisa
que me deixou muito feliz. -
13:31 - 13:33O facto de o Quénia estar
entre os 30 do topo, -
13:33 - 13:36o que demonstra uma coisa
muito, muito importante. -
13:36 - 13:38Não é o dinheiro.
-
13:38 - 13:39É a postura.
-
13:39 - 13:41É a cultura.
-
13:41 - 13:46São governos e um povo que se preocupam
com o resto do mundo -
13:46 - 13:47e têm a imaginação e a coragem
-
13:47 - 13:50de pensar para fora, em vez de
apenas de forma egoísta. -
13:51 - 13:52Vou saltar os outros diapositivos
-
13:52 - 13:55para que possam ver alguns
dos países menos bem classificados. -
13:55 - 13:59A Alemanha aparece em 13.º,
os Estados Unidos da América em 21.º, -
13:59 - 14:01o México em 66.º.
-
14:01 - 14:03Alguns dos grandes
países em desenvolvimento, -
14:03 - 14:06como a Rússia, em 95.º,
e a China em 107.º lugar. -
14:06 - 14:09Países como a China, a Rússia, e a Índia,
-
14:09 - 14:11que está situada em baixo,
no mesmo nível do índice, -
14:11 - 14:14em certo sentido, não são uma surpresa.
-
14:14 - 14:15Esses países passaram muito tempo
-
14:15 - 14:17nas últimas décadas a
construir a sua economia, -
14:17 - 14:20a construir a sua sociedade
e a sua política -
14:20 - 14:21mas tenhamos esperança
-
14:21 - 14:23de que a segunda fase do crescimento
-
14:23 - 14:25seja mais virada para o exterior
-
14:25 - 14:27do que a primeira tem sido.
-
14:27 - 14:30Podemos analisar cada país
-
14:30 - 14:32segundo os subconjuntos de dados.
-
14:32 - 14:34Vou deixar-vos fazer isso.
-
14:34 - 14:37A partir da meia-noite, os dados
estarão em goodcountry.org, -
14:37 - 14:38onde poderão ver os países.
-
14:38 - 14:41Podem examiná-los ao
nível dos subconjuntos de dados. -
14:41 - 14:44É este o Índice de Bom País.
-
14:44 - 14:45Porque é que o fiz?
-
14:45 - 14:50Porque desejo tentar
introduzir esta palavra, -
14:50 - 14:53ou reintroduzir esta palavra
no nosso discurso. -
14:54 - 14:56Fartei-me de ouvir falar
de países competitivos. -
14:56 - 14:58Fartei-me de ouvir falar
-
14:58 - 15:02de países prósperos, ricos,
em crescimento acelerado. -
15:02 - 15:06Fartei-me de ouvir falar de países felizes
-
15:06 - 15:08porque, afinal, isso é tudo egoísta.
-
15:08 - 15:09É tudo sobre nós.
-
15:09 - 15:11E, se continuarmos a pensar em nós,
-
15:11 - 15:13estamos metidos num lindo sarilho.
-
15:13 - 15:17Creio que todos sabemos
de que é que queremos ouvir falar. -
15:17 - 15:18Queremos ouvir falar de bons países.
-
15:19 - 15:21Por isso quero pedir-vos um favor.
-
15:22 - 15:25Não vou pedir muito.
-
15:25 - 15:26Vão achar fácil de fazer
-
15:26 - 15:29e talvez agradável ou até útil de fazer.
-
15:29 - 15:32É começar a utilizar a palavra "bom"
-
15:32 - 15:33neste contexto.
-
15:34 - 15:36Quando pensarem no vosso país,
-
15:36 - 15:38quando pensarem no país dos outros,
-
15:38 - 15:40quando pensarem nas empresas,
-
15:40 - 15:42quando falarem sobre
o mundo em que vivemos, -
15:42 - 15:44comecem a utilizar essa palavra
-
15:44 - 15:47no sentido de que falámos esta noite.
-
15:47 - 15:49Não o bom, como o oposto de mau,
-
15:49 - 15:51porque essa é uma discussão sem fim.
-
15:51 - 15:53Bom, como o oposto de egoísta,
-
15:53 - 15:56bom, como sendo um
país que pensa em todos nós. -
15:56 - 15:58É o que gostaria que vocês fizessem,
-
15:58 - 15:59e que o usassem como um pau
-
15:59 - 16:01para bater nos vossos políticos.
-
16:02 - 16:05Quando os elegerem, e os reelegerem,
-
16:05 - 16:07quando votarem neles
e ouvirem as suas propostas, -
16:08 - 16:10usem a palavra "bom",
-
16:10 - 16:11e perguntem-se:
-
16:11 - 16:13"É isto o que faria um país bom?"
-
16:13 - 16:16E se a resposta for não,
fiquem muito desconfiados. -
16:17 - 16:19Perguntem a vós próprios:
-
16:19 - 16:20"É esse o comportamento do meu país?
-
16:20 - 16:22"Quero pertencer a um país
-
16:22 - 16:24"em que o governo, em meu nome,
-
16:24 - 16:26"faz coisas destas?
-
16:26 - 16:28"Ou, por outro lado,
-
16:28 - 16:29"prefiro a ideia de andar pelo mundo
-
16:29 - 16:31"com a cabeça bem erguida e pensar:
-
16:31 - 16:34"Tenho orgulho de pertencer
a um país bom"? -
16:34 - 16:36E toda a gente sempre vos receberá bem.
-
16:36 - 16:38Todas as pessoas,
nos últimos 15 segundos -
16:38 - 16:40antes de adormecer
à noitinha, dirá: -
16:40 - 16:43"Caramba, ainda bem que
o país daquela pessoa existe." -
16:43 - 16:45Penso que, em termos finais,
-
16:45 - 16:47é isso que fará a mudança.
-
16:47 - 16:49A palavra "bom",
-
16:49 - 16:51o número 6,8
-
16:51 - 16:53— e a descoberta por detrás dele —
-
16:53 - 16:55mudaram a minha vida.
-
16:55 - 16:56Penso que também
poderá mudar a vossa -
16:56 - 16:58e acho que a podemos utilizar
-
16:58 - 17:01para mudar o modo como
os políticos e empresas agem, -
17:01 - 17:04e, ao fazer assim,
conseguiremos mudar o mundo. -
17:04 - 17:06Comecei a pensar de forma diferente
-
17:06 - 17:09no meu país desde que
comecei a pensar nestas coisas. -
17:09 - 17:11Costumava pensar que
queria viver num país rico -
17:11 - 17:13e depois que queria viver num país feliz,
-
17:13 - 17:16mas acabei por perceber
que não era suficiente. -
17:16 - 17:18Não desejo viver num país rico.
-
17:18 - 17:20Não quero viver num país
de crescimento rápido -
17:20 - 17:22nem num que seja muito competitivo.
-
17:22 - 17:26Desejo viver num país bom
-
17:26 - 17:28e espero muito que vocês também.
-
17:29 - 17:30Obrigado.
-
17:31 - 17:34(Aplausos)
- Title:
- Que país mais pratica o bem em prol do mundo?
- Speaker:
- Simon Anholt
- Description:
-
É um efeito inesperado da globalização: problemas que outrora só tinham impacto local — por exemplo, um banco emprestar demasiado dinheiro — passaram a ter efeito mundial. No entanto, os países continuam a funcionar de forma independente, como se estivessem sós no planeta. O consultor político Simon Anholt criou uma escala invulgar para levar os governos a virarem-se para o exterior: o Índice do País Bom. Numa conversa fascinante e humorística, ele responde à pergunta "Qual o país que mais pratica o bem?" A resposta vai surpreender-vos (especialmente se vivem nos EUA ou na China).
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:54
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Margarida Ferreira
Esta tradução deveria ter sido feita em português europeu e deve ser revista em português europeu (de Portugal).