Como se explica a consciência?
-
0:01 - 0:03Neste momento,
-
0:03 - 0:05têm um filme a passar na vossa cabeça.
-
0:06 - 0:09É um filme impressionante,
com várias camadas de som. -
0:09 - 0:12Possui visão 3D e som envolvente,
-
0:12 - 0:15para o que estão a ver
e ouvir, neste momento. -
0:15 - 0:17Mas isto é apenas o início.
-
0:17 - 0:21O vosso filme tem cheiro, sabor e tacto.
-
0:22 - 0:25Tem noção do vosso corpo,
-
0:25 - 0:27da dor, da fome,
-
0:27 - 0:29dos orgasmos.
-
0:29 - 0:31Possui emoções,
-
0:31 - 0:34raiva e felicidade.
-
0:35 - 0:38Possui memórias,
como cenas da vossa infância -
0:38 - 0:40a passar à vossa frente.
-
0:41 - 0:46E possui esta constante locução narrativa
-
0:46 - 0:49no vosso fluxo de pensamentos conscientes.
-
0:50 - 0:54No centro deste filme estão vocês,
-
0:55 - 0:58a presenciar tudo isto directamente.
-
1:00 - 1:04Este filme é o vosso fluxo de consciência,
-
1:05 - 1:10o tema da experiência da mente e do mundo.
-
1:12 - 1:16A consciência é um dos factos
fundamentais da existência humana. -
1:16 - 1:19Cada um de nós é consciente.
-
1:19 - 1:21Todos temos o nosso filme interior.
-
1:21 - 1:24Você. E você. E você.
-
1:24 - 1:28Não há nada que saibamos
de forma mais directa. -
1:28 - 1:32Pelo menos, eu tenho noção
da minha consciência directamente. -
1:32 - 1:35Não posso ter a certeza
de que vocês são conscientes. -
1:35 - 1:39A consciência é, também, o que faz
com que a vida valha a pena ser vivida. -
1:39 - 1:41Se não fôssemos conscientes,
-
1:41 - 1:45nada nas nossas vidas
teria significado ou valor. -
1:46 - 1:50Mas, ao mesmo tempo, é o fenómeno
mais misterioso no universo. -
1:51 - 1:54Porque que é que somos conscientes?
-
1:55 - 1:57Porque é que temos
estes filmes interiores? -
1:57 - 1:59Porque é que não somos apenas robôs
-
1:59 - 2:01que processam todos estes estímulos
-
2:01 - 2:03e os transformam num produto final,
-
2:03 - 2:06sem terem qualquer experiência
do filme interior? -
2:06 - 2:10Neste momento, ninguém sabe
as respostas para estas questões. -
2:11 - 2:13Eu vou sugerir que,
-
2:13 - 2:16para integrar a consciência na ciência,
-
2:16 - 2:19poderão ser precisas ideias radicais.
-
2:19 - 2:22Há quem diga que é impossível
-
2:22 - 2:24uma ciência da consciência.
-
2:24 - 2:28A ciência, por natureza, é objectiva.
-
2:28 - 2:31A consciência, por natureza, é subjectiva.
-
2:32 - 2:35E, portanto, nunca poderá haver
uma ciência da consciência. -
2:36 - 2:39Durante grande parte do século XX,
esta premissa foi aceite. -
2:39 - 2:42Os psicólogos estudavam
o comportamento objectivamente, -
2:43 - 2:47os neurocientistas estudavam
o cérebro objectivamente, -
2:47 - 2:50e ninguém sequer mencionava a consciência.
-
2:51 - 2:53Mesmo há 30 anos, quando
começaram as confêrencias TED, -
2:53 - 2:57havia muito pouco trabalho
científico sobre a consciência. -
2:58 - 3:02Há cerca de 20 anos,
tudo começou a mudar. -
3:03 - 3:05Neurocientistas, como Francis Crick,
-
3:05 - 3:08e físicos, como Roger Penrose, disseram:
-
3:08 - 3:13"Agora é a altura para a ciência
atacar a consciência". -
3:14 - 3:16Desde então, tem havido uma explosão,
-
3:16 - 3:19um desabrochar de trabalho
científico sobre a consciência. -
3:19 - 3:22Esse trabalho tem sido maravilhoso.
Tem sido ótimo. -
3:22 - 3:25Mas também tem limitações
fundamentais, até agora. -
3:27 - 3:30A peça central da ciência da consciência,
-
3:30 - 3:32nos anos recentes,
-
3:32 - 3:34tem sido a procura de correlações.
-
3:34 - 3:37Correlações entre certas áreas do cérebro
-
3:37 - 3:40e certos estados de consciência.
-
3:41 - 3:44Vimos um trabalho deste tipo
no trabalho de Nancy Kanwisher, -
3:44 - 3:47no trabalho fantástico que
ela apresentou há minutos. -
3:48 - 3:50Agora percebemos muito melhor,
-
3:50 - 3:53por exemplo, os tipos de áreas do cérebro
-
3:53 - 3:57que se relacionam com a experiência
consciente de ver rostos, -
3:57 - 4:00ou de sentir dor,
-
4:00 - 4:02ou sentir-se feliz.
-
4:02 - 4:06Mas isto é ainda uma
ciência de correlações. -
4:06 - 4:08Não é uma ciência de explicações.
-
4:09 - 4:11Sabemos que estas áreas do cérebro
-
4:11 - 4:15se relacionam com certos tipos
de experiências conscientes, -
4:15 - 4:18mas não sabemos porquê.
-
4:19 - 4:21Gosto de expor isto, admitindo
-
4:21 - 4:24que este tipo de trabalho da neurociência
-
4:24 - 4:26está a responder a algumas questões
-
4:26 - 4:28que queremos ver respondidas
sobre a consciência, -
4:28 - 4:32sobre o que fazem certas áreas do cérebro
-
4:32 - 4:34e com quê se correlacionam.
-
4:34 - 4:37Mas, de certa forma,
estes são os problemas fáceis. -
4:37 - 4:39Sem desfazer no trabalho
dos neurocientistas -
4:39 - 4:42— não há problemas verdadeiramente
fáceis com a consciência. -
4:42 - 4:47Mas não aborda o verdadeiro mistério
-
4:47 - 4:49no núcleo deste tema:
-
4:49 - 4:53Porque é que todo este
processamento físico no cérebro -
4:53 - 4:56há-de ser acompanhado
por uma consciência? -
4:56 - 4:59Porque é que existe este
filme interior e subjetivo? -
4:59 - 5:02Neste momento, não temos nenhuma pista.
-
5:02 - 5:04Vocês podem dizer:
-
5:04 - 5:08"Vamos dar alguns anos à neurociência.
-
5:08 - 5:12"Vai acabar por ser outro
fenómeno emergente, -
5:12 - 5:15"como os engarrafamentos de trânsito,
-
5:15 - 5:16"como os furacões,
-
5:16 - 5:19"como a vida, vamos acabar por perceber".
-
5:19 - 5:21Os casos clássicos de emergência
-
5:21 - 5:24são todos eles casos de
comportamento emergente. -
5:24 - 5:27Como o fluxo de tráfego se comporta,
-
5:27 - 5:28como um furacão funciona,
-
5:28 - 5:34como um organismo vivo se reproduz,
se adapta e metaboliza, -
5:34 - 5:36tudo perguntas sobre
funcionamento objectivo. -
5:36 - 5:39Podemos aplicá-lo ao cérebro humano,
-
5:39 - 5:42para explicar alguns
comportamentos e funções -
5:42 - 5:44do cérebro humano como
um fenómeno emergente: -
5:44 - 5:48como andamos, como falamos,
como jogamos xadrez, -
5:48 - 5:50todas estas questões
sobre comportamento. -
5:50 - 5:53Mas quando falamos de consciência,
-
5:53 - 5:55as questões sobre comportamento
-
5:55 - 5:57estão entre os problemas fáceis.
-
5:57 - 6:00No que diz respeito ao problema difícil,
a questão que se coloca é: -
6:00 - 6:03Porque é que todo este comportamento
-
6:03 - 6:06é acompanhado por uma
experiência subjectiva? -
6:06 - 6:10E aqui, o paradigma
padrão da emergência, -
6:10 - 6:13mesmo os paradigmas padrão
da neurociência, -
6:13 - 6:16não têm muito a dizer, até agora.
-
6:17 - 6:20No fundo, eu sou
um materialista científico. -
6:21 - 6:25Quero uma teoria científica da consciência
-
6:25 - 6:26que funcione.
-
6:27 - 6:31Durante muito tempo,
bati com a cabeça nas paredes -
6:31 - 6:33à procura de uma teoria da consciência
-
6:33 - 6:36que funcionasse puramente
em termos físicos . -
6:36 - 6:38Mas acabei por chegar à conclusão
-
6:38 - 6:41que isso não funcionaria
por razões sistemáticas. -
6:42 - 6:44É uma longa história,
-
6:44 - 6:46mas a ideia chave é que
-
6:46 - 6:49o que conseguimos a partir de
explicações puramente redutoras,, -
6:49 - 6:52em termos físicos e em termos
com base no cérebro, -
6:52 - 6:54são histórias sobre
o funcionamento de um sistema -
6:54 - 6:56— a sua estrutura, a sua dinâmica,
-
6:56 - 6:58o comportamento que produz.
-
6:58 - 7:00Óptimo para resolver os problemas fáceis
-
7:00 - 7:03— como nos comportamos, como funcionamos.
-
7:03 - 7:06Mas no que diz respeito
à experiência subjectiva, -
7:06 - 7:09porque é que tudo isto nos parece
uma coisa que vem de dentro? -
7:09 - 7:12Isto é uma coisa fundamentalmente nova
-
7:12 - 7:15e é sempre uma questão mais profunda.
-
7:15 - 7:19Penso que estamos num certo impasse.
-
7:21 - 7:24Temos esta fantástica, óptima
corrente de explicação -
7:24 - 7:28— estamos habituados a ela —
na qual a física explica a química, -
7:28 - 7:31a química explica a biologia,
-
7:31 - 7:35a biologia explica partes da psicologia.
-
7:35 - 7:38Mas a consciência não parece
pertencer a este quadro. -
7:39 - 7:42Por um lado, é um facto
que somos conscientes. -
7:43 - 7:45Por outro, não sabemos como acomodá-lo
-
7:45 - 7:48na nossa visão científica do mundo.
-
7:48 - 7:50Então, vamos dizer que a consciência,
-
7:50 - 7:53por ora, é uma espécie de anomalia,
-
7:53 - 7:55que precisamos de integrar
-
7:55 - 7:57na nossa visão do mundo,
mas ainda não sabemos como. -
7:58 - 8:00Perante uma anomalia destas,
-
8:00 - 8:03podem ser necessárias ideias radicais.
-
8:04 - 8:07Eu penso que precisamos
de uma ou duas ideias -
8:07 - 8:09que inicialmente parecem descabidas
-
8:09 - 8:13antes de conseguirmos considerar
a ideia de consciência, cientificamente. -
8:14 - 8:17Agora, há candidatas
a essas ideias descabidas. -
8:19 - 8:22O meu amigo Dan Dennett,
que está aqui hoje, tem uma. -
8:22 - 8:25A ideia descabida dele é que
não existe um problema difícil -
8:25 - 8:26de consciência.
-
8:27 - 8:30Toda a ideia de um filme
interior e subjectivo -
8:30 - 8:34envolve uma espécie de ilusão,
ou uma confusão. -
8:34 - 8:38Na verdade, tudo o que precisamos
é de explicar as funções objectivas, -
8:38 - 8:40os comportamentos do cérebro,
-
8:40 - 8:43e assim explicamos tudo
o que necessita ser explicado. -
8:44 - 8:46Bem, eu digo: "Dêem-lhe mais poder".
-
8:47 - 8:50Este é o tipo de ideia radical
que precisamos de explorar -
8:50 - 8:53se queremos ter uma
explicação de consciência -
8:53 - 8:56puramente redutora
e baseada no cérebro. -
8:57 - 8:59Ao mesmo tempo, para mim
e para muitos outros, -
8:59 - 9:02essa visão está muito próxima
de negar o dado da consciência -
9:02 - 9:04para ser satisfatória.
-
9:04 - 9:07Portanto, eu vou numa direcção diferente.
-
9:07 - 9:11No tempo que resta, quero explorar
duas ideias descabidas -
9:11 - 9:14que penso possam ser promissoras.
-
9:15 - 9:20A primeira ideia é que
a consciência é fundamental. -
9:21 - 9:24Os físicos, por vezes, tomam
aspectos do universo -
9:24 - 9:26como peças fundamentais de construção:
-
9:26 - 9:29espaço, tempo e massa.
-
9:30 - 9:33Eles postulam leis fundamentais
que as governam. -
9:34 - 9:37Como a lei da gravidade,
ou a mecânica quântica. -
9:37 - 9:40Estas leis e propriedades fundamentais
-
9:40 - 9:43não são explicadas em termos mais básicos.
-
9:43 - 9:46Elas são consideradas primitivas
-
9:46 - 9:49e construímos o mundo a partir daí.
-
9:49 - 9:53Mas, por vezes, a lista
de fundamentos expande-se. -
9:54 - 9:57No século XIX, Maxwell descobriu
-
9:57 - 10:00que não podemos explicar
fenómenos electromagnéticos -
10:00 - 10:02nos termos dos fundamentos existentes
-
10:02 - 10:05— espaço, tempo, massa, as leis de Newton.
-
10:05 - 10:10Ele postulou leis fundamentais
sobre electromagnetismo -
10:10 - 10:14e postulou a carga eléctrica
como um elemento fundamental -
10:14 - 10:16que essas leis governam.
-
10:17 - 10:20Eu penso que essa é a situação
em que nos encontramos -
10:20 - 10:22em relação à consciência.
-
10:22 - 10:24Se não conseguimos explicar a consciência
-
10:24 - 10:27em termos dos fundamentos existentes
-
10:27 - 10:29— espaço, tempo, massa e carga —
-
10:29 - 10:32então, por uma questão de lógica,
precisamos de expandir a lista. -
10:33 - 10:36A coisa mais natural a fazer
seria postular a própria consciência -
10:36 - 10:38como uma coisa fundamental,
-
10:38 - 10:41uma peça de construção
fundamental da natureza. -
10:41 - 10:44Isto não quer dizer que não
se pode fazer ciência com ela. -
10:44 - 10:48Isto abre o caminho para
se fazer ciência com ela. -
10:48 - 10:51O que, depois, precisamos
é de estudar as leis fundamentais -
10:51 - 10:53que governam a consciência.
-
10:53 - 10:55As leis que ligam a consciência
-
10:55 - 11:00a outros fundamentos: espaço, tempo,
massa, processos físicos. -
11:01 - 11:03Os físicos por vezes dizem
-
11:03 - 11:06que queremos leis
fundamentais tão simples -
11:06 - 11:09que poderíamos escrevê-las numa "t-shirt".
-
11:10 - 11:12Penso que é mais ou menos
a situação em que estamos -
11:12 - 11:14no que diz respeito à consciência.
-
11:14 - 11:16Queremos encontrar leis
fundamentais tão simples -
11:16 - 11:18que poderíamos escrevê-las numa "t-shirt".
-
11:18 - 11:20Ainda não sabemos que leis são essas,
-
11:20 - 11:22mas é isso que procuramos.
-
11:24 - 11:26A segunda ideia descabida
-
11:26 - 11:30é que a consciência
pode ser uma coisa universal. -
11:30 - 11:35Todos os sistemas podem ter
um certo nível de consciência. -
11:37 - 11:40Esta visão é, por vezes,
chamada de panpsiquismo -
11:40 - 11:42"Pan" siginica "todos",
"psique" significa "mente". -
11:42 - 11:44Cada sistema é consciente,
-
11:44 - 11:48não apenas os seres humanos,
os cães, os ratos, as moscas, -
11:48 - 11:51mas mesmo os micróbios de Rob Knight,
-
11:51 - 11:53as partículas elementares.
-
11:53 - 11:56Até um fotão tem um certo
grau de consciência. -
11:56 - 12:01A ideia não é que os fotões
sejam inteligentes, ou que pensem. -
12:01 - 12:04Não quer dizer que um fotão
se inquiete com a angústia de pensar: -
12:04 - 12:07"Ah estou sempre a andar
às voltas quase à velocidade da luz, -
12:07 - 12:09"nunca consigo abrandar
e cheirar as rosas". -
12:09 - 12:10(Risos)
-
12:10 - 12:12Não. Não desse modo.
-
12:12 - 12:15Mas, a ideia é que, talvez,
-
12:15 - 12:18os fotões possam ter algum elemento
de puro e subjectivo sentir, -
12:18 - 12:22algum precursor primitivo de consciência.
-
12:22 - 12:25Isto pode-vos parecer um pouco excêntrico.
-
12:25 - 12:28Porque haveria alguém de
pensar em algo tão maluco? -
12:28 - 12:31Alguma motivação vem
da primeira ideia descabida -
12:31 - 12:33de que a consciência é fundamental.
-
12:33 - 12:38Se é fundamental
— como o espaço, tempo e massa — -
12:38 - 12:40é natural supor que
poderá ser, também, universal -
12:40 - 12:42assim como estes são.
-
12:42 - 12:46É importante notar que, apesar
de a ideia nos parecer contra-intuitiva, -
12:46 - 12:48é muito menos contra-intuitiva
-
12:48 - 12:51para pessoas de culturas diferentes
-
12:51 - 12:52nas quais a mente humana é vista
-
12:52 - 12:55de uma forma muito mais
contínua com a natureza. -
12:55 - 12:59Uma motivação mais profunda,
vem da ideia de que -
12:59 - 13:02talvez a forma mais simples e poderosa de
encontrar leis fundamentais -
13:02 - 13:05que liguem a consciência
a processamentos físicos -
13:05 - 13:08seja ligar consciência e informação.
-
13:09 - 13:12Onde quer que haja processamento
de informação, há consciência. -
13:12 - 13:14Processamento complexo de informação,
-
13:14 - 13:16como numa consciência humana complexa.
-
13:16 - 13:19Processamento simples de informação,
consciência simples. -
13:20 - 13:22O mais entusiasmante é que,
em anos recentes, -
13:22 - 13:25um neurocientista, Giulio Tononi,
-
13:25 - 13:28pegou neste tipo de teoria
e desenvolveu-a rigorosamente -
13:28 - 13:30com uma teoria matemática.
-
13:30 - 13:33Ele tem uma medida matemática
para a integração de informação, -
13:33 - 13:35a que chama "phi",
-
13:35 - 13:39que mede a quantidade de informação
integrada num sistema. -
13:39 - 13:42E ele supõe que "phi"
é coerente com a consciência. -
13:42 - 13:44Portanto, num cérebro humano,
-
13:44 - 13:47uma quantidade de integração
de informação incrível, -
13:47 - 13:50um elevado grau de "phi"
e muita consciência. -
13:50 - 13:54Num rato, um grau médio
de integração de informação, -
13:54 - 13:55ainda significativa,
-
13:55 - 13:57uma quantidade
considerável de consciência. -
13:57 - 13:59À medida que vamos
descendo até aos vermes, -
13:59 - 14:02aos micróbios, às partículas,
-
14:02 - 14:04a quantidade em "phi" cai,
-
14:04 - 14:06a quantidade de integração
de informação cai, -
14:06 - 14:08mas não chega a zero.
-
14:08 - 14:10Na teoria de Tononi,
-
14:10 - 14:14ainda há um grau de consciência
superior a zero. -
14:14 - 14:17De facto, ele está a propor
uma lei fundamental de consciência: -
14:17 - 14:20grau de "phi" elevado,
quantidade de consciência elevada -
14:20 - 14:22Agora, não sei se esta teoria está certa,
-
14:22 - 14:25mas é, talvez, a teoria que
está na frente, neste momento, -
14:25 - 14:27na ciência da consciência.
-
14:27 - 14:31E tem sido usada para integrar
vários dados científicos. -
14:31 - 14:34Tem aquela boa característica
de ser suficientemente simples -
14:34 - 14:37para podermos escrevê-la numa "t-shirt".
-
14:37 - 14:40Outra e final motivação é que
-
14:40 - 14:42o panpsiquismo pode ajudar-nos
-
14:42 - 14:44a integrar a consciência no mundo físico.
-
14:45 - 14:49Físicos e filósofos têm
frequentemente observado... -
14:49 - 14:51Curiosamente, a física é abstracta,
-
14:51 - 14:55descreve a estrutura da realidade
usando uma série de equações, -
14:55 - 14:59mas não nos fala da realidade
que lhe está subjacente. -
15:00 - 15:02Como diz Stephen Hawking,
-
15:02 - 15:05o que é que inflama as equações?
-
15:06 - 15:08Na visão do panpsiquismo,
-
15:08 - 15:11podemos deixar como estão
as equações da física, -
15:11 - 15:14mas considerá-las para descrever
o fluxo da consciência. -
15:14 - 15:16No fundo, é isso que a física faz,
-
15:16 - 15:19descrever o fluxo da consciência.
-
15:19 - 15:23Nesta visão, é a consciência
que inflama as equações. -
15:24 - 15:28Nesta visão, a consciência não salta
para fora do mundo físico, -
15:28 - 15:29como se fosse um extra.
-
15:29 - 15:32Está lá mesmo no seu coração.
-
15:33 - 15:35Penso que a visão do panpsiquismo
-
15:35 - 15:38tem o potencial para transfigurar
-
15:38 - 15:40a nossa relação para com a natureza.
-
15:40 - 15:45E pode ter sérias
consequências sociais e éticas. -
15:46 - 15:48Algumas delas podem ser contra-intuitivas.
-
15:48 - 15:52Eu costumava pensar que não devia
comer nada que tivesse consciência, -
15:54 - 15:56portanto, devia ser vegetariano.
-
15:56 - 15:59Agora, se vocês forem panpsiquistas,
e adoptarem essa postura, -
15:59 - 16:01vão passar muita fome.
-
16:01 - 16:02(Risos)
-
16:02 - 16:03Penso que, considerando isto,
-
16:03 - 16:05isto tende a transfigurar a nossa visão,
-
16:05 - 16:07onde o que importa
-
16:07 - 16:09para propósitos éticos
e considerações morais, -
16:09 - 16:12não é tanto o facto de haver consciência,
-
16:12 - 16:15mas o grau ou complexidade em que existe.
-
16:16 - 16:18É, também, natural levantar questões
-
16:18 - 16:20sobre a consciência noutros sistemas,
como computadores. -
16:21 - 16:24O que dizer do sistema artificialmente
inteligente no filme "Her", -
16:24 - 16:26a Samantha?
-
16:26 - 16:27Ela é consciente?
-
16:27 - 16:30Se tomarmos a visão
informativa panpsiquista, -
16:30 - 16:35ela, claramente, tem processamento
de informação complicado e integração. -
16:35 - 16:38Portanto, a resposta talvez seja,
sim, ela é consciente. -
16:38 - 16:41Se isto é correto, levanta
sérios problemas éticos -
16:41 - 16:44quer sobre a ética de desenvolver
-
16:44 - 16:46sistemas de computadores inteligentes,
-
16:46 - 16:49quer sobre a ética de os desligar.
-
16:49 - 16:51Finalmente, podemos interrogar-nos
-
16:51 - 16:54sobre a consciência de grupos inteiros,
-
16:54 - 16:55do planeta.
-
16:55 - 16:58Terá o Canadá a sua própria consciência?
-
16:58 - 17:00Ou a um nível mais local,
-
17:00 - 17:02tê-la-á um grupo integrado,
-
17:02 - 17:04como a audiência numa conferência TED?
-
17:04 - 17:07Estaremos nós, neste momento, a ter
uma consciência TED coletiva? -
17:07 - 17:12Um filme interior para este coletivo TED,
-
17:12 - 17:15que é diferente dos filmes interiores
de cada uma das partes? -
17:15 - 17:16Não sei a resposta a esta pergunta,
-
17:16 - 17:19mas penso que é uma pergunta
que vale a pena levar a sério. -
17:20 - 17:23Ok, então, esta visão panpsiquista
-
17:23 - 17:25é uma visão radical.
-
17:25 - 17:27E eu não sei se é correta.
-
17:27 - 17:30Aliás, estou mais confiante
na primeira ideia descabida -
17:30 - 17:32— de que a consciência é fundamental —
-
17:32 - 17:34do que na segunda
-
17:34 - 17:36— de que é universal.
-
17:36 - 17:40A visão levanta um determinado
número de perguntas e de desafios. -
17:40 - 17:43Como é que aqueles pedaços
de consciência se somam -
17:43 - 17:45para formar o tipo de consciência complexa
-
17:45 - 17:48que conhecemos e nos encanta, por exemplo?
-
17:48 - 17:52Se conseguirmos responder a estas questões,
penso que estaremos no bom caminho -
17:52 - 17:54para uma teoria de consciência séria.
-
17:54 - 17:55Se não...
-
17:55 - 17:57Bem, este é o problema
mais difícil, talvez, -
17:57 - 17:59na ciência, na filosofia.
-
17:59 - 18:02Não podemos esperar resolvê-lo
do dia para a noite. -
18:03 - 18:06Mas eu penso que vamos
acabar por resolvê-lo. -
18:06 - 18:09Penso que perceber a consciência
é uma chave, -
18:09 - 18:14tanto para percebermos o universo,
como para nos percebermos a nós. -
18:14 - 18:17Pode, apenas, ser precisa
a ideia descabida certa. -
18:17 - 18:18Obrigado.
-
18:18 - 18:20(Aplausos)
- Title:
- Como se explica a consciência?
- Speaker:
- David Chalmers
- Description:
-
A nossa consciência é um aspecto fundamental da nossa existência, diz o filósofo David Chalmers: "Não há nada que saibamos de forma mais directa... mas, ao mesmo tempo, é o fenómeno mais misterioso no universo." David Chalmers partilha algumas formas de pensar sobre o filme que passa nas nossas cabeças.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:37
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