Porque é que as vítimas de violência doméstica não fogem
-
0:01 - 0:04Estou aqui hoje para falar de
uma pergunta perturbante, -
0:04 - 0:08que tem uma resposta
igualmente perturbante. -
0:08 - 0:11O meu tema é: os segredos
da violência doméstica. -
0:11 - 0:14E a pergunta que vou abordar
-
0:14 - 0:18é a que toda a gente pergunta sempre:
-
0:18 - 0:19Porque é que ela fica?
-
0:19 - 0:23Porque é que alguém ficaria
com um homem que lhe bate? -
0:23 - 0:26Não sou psiquiatra, assistente social
-
0:26 - 0:29ou especialista em violência doméstica.
-
0:29 - 0:32Sou apenas uma mulher
com uma história para contar. -
0:32 - 0:36Tinha 22 anos. Tinha acabado de me
formar pela Universidade de Harvard. -
0:36 - 0:39Tinha acabado de me mudar para
Nova Iorque, para o meu primeiro emprego -
0:39 - 0:42como escritora e editora
da revista "Seventeen". -
0:42 - 0:44Tinha o meu primeiro apartamento,
-
0:44 - 0:48o meu primeiro cartão verde
American Express -
0:48 - 0:51e um grande segredo.
-
0:51 - 0:54O meu segredo era ter uma arma destas,
-
0:54 - 0:58carregada com balas de ponta oca,
apontada à minha cabeça -
0:58 - 1:00pelo homem que eu pensava
ser a minha alma gémea, -
1:00 - 1:04muitas, muitas vezes.
-
1:04 - 1:07O homem que eu amava
mais do que tudo na vida -
1:07 - 1:11apontou-me uma arma à cabeça
e ameaçou matar-me -
1:11 - 1:15mais vezes do que me consigo lembrar.
-
1:15 - 1:17Estou aqui para vos contar
a história de um amor louco, -
1:17 - 1:20uma armadilha psicológica
disfarçada de amor, -
1:20 - 1:23na qual milhões de mulheres
e até alguns homens -
1:23 - 1:26caem todos os anos.
-
1:26 - 1:28Pode até ser a vossa história.
-
1:28 - 1:32Eu não me pareço com a típica
sobrevivente de violência doméstica. -
1:32 - 1:34Tenho uma licenciatura em Inglês
pela Universidade de Harvard e -
1:34 - 1:36um MBA em Marketing pela
Business School de Wharton. -
1:36 - 1:39Passei a maior parte da minha carreira
a trabalhar para empresas da Fortune 500, -
1:39 - 1:44incluindo a Johnson & Johnson, Leo Burnett
e o "The Washington Post". -
1:44 - 1:48Estou casada há quase 20 anos
com o meu segundo marido -
1:48 - 1:50e temos três filhos juntos.
-
1:50 - 1:55O meu cão é um Labrador preto e
conduzo um monovolume Honda Odyssey. -
1:55 - 1:57(Risos)
-
1:57 - 2:00Então, a minha primeira mensagem
para vocês é que a violência doméstica -
2:00 - 2:02acontece a qualquer pessoa –
-
2:02 - 2:06de todas as raças, religiões e
níveis de educação e rendimentos. -
2:06 - 2:08Está por todo o lado.
-
2:08 - 2:11E a minha segunda mensagem
é que toda a gente pensa -
2:11 - 2:13que a violência doméstica
acontece às mulheres, -
2:13 - 2:15que é um assunto das mulheres.
-
2:15 - 2:17Não propriamente.
-
2:17 - 2:21Mais de 85% dos agressores são homens,
e a violência doméstica -
2:21 - 2:27passa-se apenas em relações de intimidade, interdependência e de longa duração,
-
2:27 - 2:30por outras palavras, nas famílias,
-
2:30 - 2:33o último sítio em que desejaríamos ou
esperaríamos encontrar violência, -
2:33 - 2:38o que é um dos motivos pelo qual
a violência doméstica é tão confusa. -
2:38 - 2:41Eu própria vos teria dito que
era a última pessoa -
2:41 - 2:44que ficaria com um homem
que me batesse -
2:44 - 2:47mas, na realidade, era uma vítima
típica devido à minha idade. -
2:47 - 2:51Tinha 22 anos e,
nos Estados Unidos, -
2:51 - 2:54as mulheres entre os 16 e os 24 anos
têm três vezes mais probabilidades -
2:54 - 2:57de serem vítimas de violência doméstica
-
2:57 - 3:00do que mulheres de outras idades.
-
3:00 - 3:03Mais de 500 mulheres e
raparigas destas idades -
3:03 - 3:07são assassinadas todos os anos
por companheiros agressivos, -
3:07 - 3:11namorados e maridos,
nos Estados Unidos. -
3:11 - 3:15Também fui uma vítima típica
porque não sabia nada -
3:15 - 3:19sobre violência doméstica, sobre
os sinais de alerta ou os seus padrões. -
3:19 - 3:24Conheci o Conor numa noite
de janeiro fria e chuvosa. -
3:24 - 3:27Ele sentou-se ao meu lado
no metro de Nova Iorque -
3:27 - 3:29e começou a dar-me conversa.
-
3:29 - 3:31Ele contou-me duas coisas.
-
3:31 - 3:35Uma foi que, também ele, se tinha formado
numa Universidade da Ivy League -
3:35 - 3:39e que trabalhava num prestigiado
banco de Wall Street. -
3:39 - 3:43Mas o que me impressionou mais,
naquele primeiro encontro, -
3:43 - 3:46foi ele ser inteligente e divertido
-
3:46 - 3:48e se parecer com um rapaz da quinta.
-
3:48 - 3:50Ele tinha bochechas grandes,
umas grandes bochechas redondas -
3:50 - 3:52e um cabelo louro claro
-
3:52 - 3:55e parecia tão amoroso.
-
3:55 - 3:59Uma das coisas mais inteligentes
que o Conor fez, desde o início, -
3:59 - 4:04foi criar a ilusão de que eu era
o parceiro dominante na relação. -
4:04 - 4:07Ele fez isto sobretudo no início,
-
4:07 - 4:09idolatrando-me.
-
4:09 - 4:13Começámos a namorar e ele
adorava tudo sobre mim, -
4:13 - 4:14eu ser inteligente, ter
andado em Harvard, -
4:14 - 4:17ter prazer em ajudar jovens
raparigas, e o meu emprego. -
4:17 - 4:20Ele queria saber tudo
sobre a minha família, -
4:20 - 4:23sobre a minha infância e sobre
os meus desejos e sonhos. -
4:23 - 4:26O Conor acreditava em mim,
enquanto escritora e mulher, -
4:26 - 4:30de uma forma que mais
ninguém havia acreditado. -
4:30 - 4:34Ele também criou um ambiente
mágico de confiança entre nós, -
4:34 - 4:37confessando-me o seu segredo,
-
4:37 - 4:41que era que, enquanto menino
a partir dos quatro anos, -
4:41 - 4:44ele havia sido fisicamente abusado
de forma selvagem e repetida -
4:44 - 4:46pelo seu padrasto
-
4:46 - 4:50e os abusos tornaram-se tão insuportáveis
que teve de desistir da escola no 8.º ano -
4:50 - 4:52e, apesar de ser muito inteligente,
-
4:52 - 4:56ele passou quase 20 anos
a reconstruir a vida. -
4:56 - 4:59Daí que o curso da Ivy League,
-
4:59 - 5:02o trabalho em Wall Street
e o seu futuro brilhante -
5:02 - 5:04tivessem tanta importância para ele.
-
5:04 - 5:06Se me tivessem dito
-
5:06 - 5:12que este homem inteligente, divertido
e sensível, que me adorava, -
5:12 - 5:16iria um dia ditar se eu usava
ou não maquilhagem, -
5:16 - 5:18o comprimento das minhas saias,
-
5:18 - 5:20onde eu vivia, que trabalhos aceitava,
-
5:20 - 5:23quem eram os meus amigos
e onde passava o natal, -
5:23 - 5:25eu ter-me-ia rido de vocês,
-
5:25 - 5:28porque não havia sequer
vestígios de violência, controlo -
5:28 - 5:32ou raiva no Conor, ao início.
-
5:32 - 5:35Eu não sabia que a primeira fase,
-
5:35 - 5:37em qualquer relação
de violência doméstica, -
5:37 - 5:41era seduzir e encantar a vítima.
-
5:41 - 5:46Eu também não sabia que o segundo
passo era isolar a vítima. -
5:46 - 5:50Agora, o Conor não chegou
a casa um dia e anunciou: -
5:50 - 5:53"Sabes, toda esta coisa do
Romeu e Julieta tem sido boa -
5:53 - 5:55mas eu preciso passar para a fase seguinte,
-
5:55 - 5:59em que te isolo e maltrato" – (Risos) –
-
5:59 - 6:01"portanto preciso tirar-te
deste apartamento, -
6:01 - 6:02onde os vizinhos
conseguem ouvir-te gritar -
6:02 - 6:05e fora desta cidade onde
tens família e amigos -
6:05 - 6:08e colegas de trabalho que
podem ver as nódoas negras". -
6:08 - 6:12Em vez disso, o Conor chegou
a casa numa 6.ª feira à tarde -
6:12 - 6:15e disse-me que se tinha despedido
do emprego nesse dia, -
6:15 - 6:17do seu emprego de sonho,
-
6:17 - 6:22e ele disse que se havia
despedido por causa de mim, -
6:22 - 6:25porque eu o fazia sentir-se
tão seguro e amado -
6:25 - 6:28que ele já não tinha que
se provar em Wall Street -
6:28 - 6:30e ele apenas queria sair da cidade,
-
6:30 - 6:33para longe da sua família
agressiva e disfuncional -
6:33 - 6:36e mudar-se para uma cidadezinha
em Nova Inglaterra, -
6:36 - 6:40onde podia começar a vida de
novo comigo ao seu lado. -
6:40 - 6:44Agora, a última coisa que eu
queria era deixar Nova Iorque -
6:44 - 6:48e o meu emprego de sonho,
-
6:48 - 6:50mas pensei que tínhamos que fazer
sacrifícios pela nossa alma gémea. -
6:50 - 6:54Então, concordei e
deixei o meu emprego. -
6:54 - 6:56O Conor e eu saímos
de Manhattan juntos. -
6:56 - 7:01Eu não fazia ideia de que estava
a cair num amor louco, -
7:01 - 7:04que estava a entrar de cabeça
numa armadilha física, -
7:04 - 7:09financeira e psicológica
muito bem montada. -
7:09 - 7:11O passo seguinte no padrão
da violência doméstica -
7:11 - 7:16é apresentar a ameaça da violência,
-
7:16 - 7:18e ver como ela reage.
-
7:18 - 7:21E é aqui que entram aquelas armas.
-
7:21 - 7:24Assim que nos mudámos
para Nova Inglaterra – -
7:24 - 7:26aquele lugar onde o Conor
se deveria sentir tão seguro – -
7:26 - 7:29ele comprou três armas.
-
7:29 - 7:32Ele guardava uma no
porta-luvas do nosso carro. -
7:32 - 7:35Guardava uma debaixo das
almofadas na nossa cama, -
7:35 - 7:38e a terceira andava sempre
com ela no bolso. -
7:38 - 7:40E ele disse que precisava dessas armas
-
7:40 - 7:43por causa do trauma
que vivera em criança. -
7:43 - 7:46Ele precisava delas
para se sentir protegido. -
7:46 - 7:49Mas essas armas eram, na realidade,
uma mensagem para mim, -
7:49 - 7:51e embora ele não me tivesse levantado a mão,
-
7:51 - 7:57a minha vida já estava em grande
perigo a cada minuto, de cada dia. -
7:57 - 8:01O Conor atacou-me fisicamente,
pela primeira vez, -
8:01 - 8:03cinco dias antes do
nosso casamento. -
8:03 - 8:08Eram 7h da manhã e eu ainda
estava de camisa de dormir. -
8:08 - 8:12Estava ao computador a tentar
acabar um trabalho de escrita -
8:12 - 8:14e fiquei frustrada.
-
8:14 - 8:17O Conor usou a minha
frustração como desculpa -
8:17 - 8:20para pôr as duas mãos
à volta do meu pescoço -
8:20 - 8:24e para apertar com tanta força que
eu não conseguia respirar ou gritar. -
8:24 - 8:26Ele usou o estrangulamento
-
8:26 - 8:30para bater com a minha cabeça
repetidamente contra a parede. -
8:30 - 8:35Cinco dias depois, as dez nódoas negras
no meu pescoço haviam desaparecido -
8:35 - 8:38e eu vesti o vestido de
noiva da minha mãe -
8:38 - 8:40e casei-me com ele.
-
8:40 - 8:42Apesar do que havia acontecido,
-
8:42 - 8:46eu estava certa de que iríamos
viver felizes para sempre, -
8:46 - 8:50porque eu o amava e ele me
amava muito de volta. -
8:50 - 8:53E ele estava muito,
muito arrependido. -
8:53 - 8:57Ele estava muito stressado
com o casamento -
8:57 - 8:59e com a formação de uma família comigo.
-
8:59 - 9:00Foi um incidente isolado
-
9:00 - 9:04e ele nunca mais me iria magoar.
-
9:04 - 9:07Aconteceu mais duas vezes na lua-de-mel.
-
9:07 - 9:10A primeira vez, eu estava a conduzir
para tentar encontrar uma praia desconhecida -
9:10 - 9:12e perdi-me.
-
9:12 - 9:15Ele bateu-me com tanta força
na lateral da cabeça -
9:15 - 9:18que o outro lado da minha cabeça
bateu várias vezes -
9:18 - 9:20na janela, do lado do condutor.
-
9:20 - 9:23E alguns dias mais tarde, de regresso
a casa após a lua-de-mel, -
9:23 - 9:26ele ficou frustrado com o trânsito
-
9:26 - 9:29e atirou-me com um Big Mac frio à cara.
-
9:29 - 9:32O Conor continuou a bater-me
uma a duas vezes por semana -
9:32 - 9:35durante os dois anos e meio
do nosso casamento. -
9:35 - 9:38Eu estava enganada ao
pensar que era única -
9:38 - 9:41e que estava sozinha
nesta situação. -
9:41 - 9:43Uma em cada três
mulheres norte-americanas -
9:43 - 9:47vive a experiência da violência doméstica
ou a perseguição em alguma fase da vida -
9:47 - 9:51e os relatórios do Centro de Controlo e Prevenção
de Doenças prevê que 15 milhões de crianças -
9:51 - 9:54sejam abusadas todos
os anos, 15 milhões. -
9:54 - 9:59Portanto, na realidade, eu
estava em muito boa companhia. -
9:59 - 10:01De volta à minha pergunta:
-
10:01 - 10:03Porque é que fiquei?
-
10:03 - 10:06A resposta é fácil.
-
10:06 - 10:09Eu não sabia que ele me
estava a maltratar. -
10:09 - 10:13Apesar de ele me ter apontado aquelas
armas carregadas à cabeça, -
10:13 - 10:15empurrado escadas abaixo,
-
10:15 - 10:16ameaçado matar o nosso cão,
-
10:16 - 10:20arrancado a chave da ignição do carro
enquanto eu conduzia auto-estrada fora, -
10:20 - 10:23deitado borras de café na minha cabeça
-
10:23 - 10:25quando me vestia para
uma entrevista de emprego, -
10:25 - 10:29nunca pensei em mim
enquanto esposa maltratada. -
10:29 - 10:33Em vez disso, eu era
uma mulher muito forte, -
10:33 - 10:35apaixonada por um homem
muito problemático, -
10:35 - 10:37e eu era a única pessoa à face da Terra
-
10:37 - 10:41que podia ajudar o Conor a
enfrentar os seus demónios. -
10:41 - 10:45A outra pergunta que toda
a gente coloca é: -
10:45 - 10:47porque é que ela não se foi embora?
-
10:47 - 10:51Porque é que não o abandonei?
Eu podia ter saído em qualquer altura. -
10:51 - 10:56Para mim, esta é a pergunta mais triste
e dolorosa que as pessoas fazem, -
10:56 - 10:59porque nós, as vítimas, sabemos algo
que vocês, normalmente, não sabem: -
10:59 - 11:03É extremamente perigoso
deixar um agressor, -
11:03 - 11:06porque o último passo no padrão
de violência doméstica -
11:06 - 11:09é matá-la.
-
11:09 - 11:12Mais de 70% dos homicídios
por violência doméstica -
11:12 - 11:16acontecem após a vítima ter
terminado a relação, -
11:16 - 11:18após ter saído de casa,
-
11:18 - 11:21porque aí o agressor
não tem nada a perder. -
11:21 - 11:24Outros resultados incluem
perseguição de longa duração, -
11:24 - 11:27mesmo depois do agressor voltar a casar;
-
11:27 - 11:29negação de recursos financeiros
-
11:29 - 11:32e manipulação do tribunal de família
-
11:32 - 11:34para aterrorizar a vítima e os seus filhos,
-
11:34 - 11:39que são regularmente forçados
por juízes do tribunal de família -
11:39 - 11:41a passarem tempo não supervisionado
-
11:41 - 11:45com o homem que batia na mãe deles.
-
11:45 - 11:49E ainda perguntamos porque
é que ela não sai de casa? -
11:49 - 11:51Eu consegui sair
-
11:51 - 11:54devido a uma tareia final e sádica,
-
11:54 - 11:57que acabou com a negação em que estava.
-
11:57 - 12:00Apercebi-me que o homem
que eu tanto amava -
12:00 - 12:03me mataria, se eu deixasse.
-
12:03 - 12:06Então, rompi o silêncio.
-
12:06 - 12:08Contei a toda a gente:
-
12:08 - 12:12à polícia, aos meus vizinhos,
-
12:12 - 12:16aos meus amigos, absolutos estranhos,
-
12:16 - 12:23e estou aqui hoje porque
todos vocês ajudaram. -
12:23 - 12:25Tendemos a estereotipar as vítimas
-
12:25 - 12:29como manchetes aterradoras,
-
12:29 - 12:32mulheres auto-destrutivas,
bens danificados. -
12:32 - 12:35A pergunta: "Porque é que ela fica?",
-
12:35 - 12:40é código para algumas pessoas,
para: "A culpa é dela por ficar", -
12:40 - 12:44como se as vítimas escolhessem
intencionalmente apaixonar-se por homens -
12:44 - 12:46apostados em as destruirem.
-
12:46 - 12:49Mas desde a publicação de "Amor Louco",
-
12:49 - 12:52tenho ouvido centenas de histórias
de homens e mulheres -
12:52 - 12:55que saíram da relação,
-
12:55 - 12:59que aprenderam uma lição preciosa
com o que lhes aconteceu -
12:59 - 13:03e que reconstruíram as vidas
– vidas alegres, felizes – -
13:03 - 13:06enquanto empregados,
esposas e mães, -
13:06 - 13:10vidas totalmente livres de
violência, como a minha. -
13:10 - 13:15Porque, no fim de contas, eu sou a típica
vítima de violência doméstica -
13:15 - 13:18e a típica sobrevivente
de violência doméstica. -
13:18 - 13:22Eu voltei a casar com um
homem amável e gentil -
13:22 - 13:24e temos três filhos juntos.
-
13:24 - 13:28Tenho o tal Labrador preto
e tenho o tal monovolume. -
13:28 - 13:31O que eu nunca mais terei,
-
13:31 - 13:34nunca mais,
-
13:34 - 13:36é uma arma carregada
apontada à cabeça -
13:36 - 13:40por alguém que diz amar-me.
-
13:40 - 13:43Agora, talvez estejam a pensar:
-
13:43 - 13:44"Uau, isto é fascinante"
-
13:44 - 13:48ou "Uau, que parva que foi",
-
13:48 - 13:54mas todo este tempo, tenho
estado a falar de vocês. -
13:54 - 13:57Garanto-vos que existem muitas pessoas
-
13:57 - 13:59a ouvirem-me neste momento
-
13:59 - 14:02que são maltratadas
-
14:02 - 14:04ou que foram violentadas em criança,
-
14:04 - 14:08ou que são, elas mesmas, agressoras.
-
14:08 - 14:10Os abusos podem estar
a afetar a vossa filha, -
14:10 - 14:15a vossa irmã, a vossa
melhor amiga, neste instante. -
14:15 - 14:18Eu consegui acabar com a minha
própria história de amor louco, -
14:18 - 14:21rompendo o silêncio.
-
14:21 - 14:23Ainda hoje quebro o silêncio.
-
14:23 - 14:27É a minha forma de ajudar outras vítimas
-
14:27 - 14:30e é o último apelo que vos faço.
-
14:30 - 14:33Falem do que aqui ouviram.
-
14:33 - 14:36Os maus-tratos crescem
apenas com o silêncio. -
14:36 - 14:40Vocês têm o poder de acabar
com a violência doméstica -
14:40 - 14:44apenas chamando a
atenção para o tema. -
14:44 - 14:47Nós, as vítimas, precisamos
de toda a gente. -
14:47 - 14:51Nós precisamos que cada
um de vós compreenda -
14:51 - 14:55os segredos da violência doméstica.
-
14:55 - 14:58Exponham o tema dos
maus-tratos, falando dele -
14:58 - 15:00com os vossos filhos, os
vossos colegas de trabalho, -
15:00 - 15:02os vossos amigos e família.
-
15:02 - 15:05Vejam os sobreviventes como
pessoas maravilhosas, adoráveis -
15:05 - 15:08com futuros completos.
-
15:08 - 15:11Reconheçam os primeiros sinais da violência
-
15:11 - 15:14e intervenham de forma consciente,
-
15:14 - 15:18diminuam-na, mostrem
a saída às vítimas. -
15:18 - 15:22Juntos podemos fazer das nossas camas,
-
15:22 - 15:26das nossas mesas de jantar
e das nossas famílias, -
15:26 - 15:29o óasis seguro e perfeito que devem ser.
-
15:29 - 15:31Obrigada.
-
15:31 - 15:39(Aplausos)
- Title:
- Porque é que as vítimas de violência doméstica não fogem
- Speaker:
- Leslie Morgan Steiner
- Description:
-
Leslie Morgan Steiner estava num “amor louco”, ou seja, estava perdida de amor por um homem que frequentemente a maltratava e ameaçava a sua vida. Steiner conta a história negra da sua relação, corrigindo conceções erradas que muitas pessoas têm das vítimas de violência doméstica e explicando como todos podemos ajudar a quebrar o silêncio. (Filmado na TEDxRainier.)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:59
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Ilona Bastos approved Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Ilona Bastos edited Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Ilona Bastos edited Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Daniela Reginatto da Costa accepted Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Rita Maia edited Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave | ||
Rita Maia edited Portuguese subtitles for Why domestic violence victims don't leave |