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Por que acredito que os maus-tratos de mulheres sejam a principal violação dos direitos humanos

  • 0:00 - 0:02
    Na verdade,
  • 0:02 - 0:05
    estava pensando sobre minha carreira
    depois que deixei a Casa Branca,
  • 0:05 - 0:10
    e o melhor exemplo é um cartum publicado
    na revista The New Yorker há alguns anos.
  • 0:10 - 0:12
    Um garotinho está olhando para o pai
  • 0:12 - 0:16
    e ele diz: "Papai, quando eu crescer,
    quero ser um ex-presidente."
  • 0:16 - 0:17
    (Risos)
  • 0:17 - 0:21
    Bem, tenho sido abençoado
    como ex-presidente,
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    pois tenho tido a oportunidade
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    que poucas pessoas no mundo jamais tiveram
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    de conhecer tantas pessoas
    nesse imenso universo.
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    Não apenas estou familiarizado
    com os 50 estados dos EUA,
  • 0:34 - 0:38
    como eu e minha esposa
    já visitamos mais de 145 países,
  • 0:38 - 0:43
    e o Carter Center já tem programas
    integrais em 80 nações pelo mundo.
  • 0:43 - 0:45
    E muitas vezes, quando vamos a um país,
  • 0:45 - 0:47
    não conhecemos apenas
    o rei ou o presidente,
  • 0:47 - 0:51
    mas o povo local que vive
    nas áreas mais remotas da África.
  • 0:51 - 0:55
    Nosso comprometimento global
    no Carter Center
  • 0:55 - 0:57
    é o de promover os direitos humanos.
  • 0:57 - 1:02
    E conhecendo o mundo como conheço,
    posso lhes dizer, sem nenhum equívoco,
  • 1:02 - 1:06
    que a principal violação
    dos direitos humanos no planeta,
  • 1:06 - 1:11
    estranhamente não abordado como deveria,
    é o abuso de mulheres e meninas.
  • 1:11 - 1:15
    (Aplausos)
  • 1:15 - 1:20
    Existem alguns motivos para isso,
    os quais passarei a mencionar.
  • 1:20 - 1:25
    Primeiramente é a interpretação incorreta
    das escrituras religiosas e sagradas,
  • 1:25 - 1:29
    na Bíblia, no Velho e Novo Testamento,
    no Alcorão e assim por diante,
  • 1:29 - 1:33
    e eles têm sido interpretados
    erroneamente por homens
  • 1:34 - 1:39
    em posições de ascensão
    nas sinagogas, igrejas e mesquitas.
  • 1:39 - 1:43
    E eles interpretam essas regras
    para garantir que as mulheres
  • 1:43 - 1:47
    sejam normalmente relegadas
    à uma posição secundária
  • 1:47 - 1:50
    comparadas aos homens aos olhos de Deus.
  • 1:50 - 1:55
    Esse é um problema muito sério
    e normalmente não é abordado.
  • 1:55 - 1:57
    Alguns anos atrás, no ano 2000...
  • 1:57 - 2:00
    eu vinha atuando
    como batista do Sul por 70 anos,
  • 2:00 - 2:03
    ainda ensino na escola dominical
    todo domingo
  • 2:03 - 2:05
    e estarei dando aula
    esse domingo também.
  • 2:05 - 2:09
    Então, a Convenção Batista do Sul
    no ano 2000 decidiu
  • 2:09 - 2:12
    que as mulheres deveriam
    assumir uma posição secundária,
  • 2:12 - 2:14
    de subserviência aos homens.
  • 2:14 - 2:17
    Então emitiram uma ordem, em vigor,
  • 2:17 - 2:23
    que proíbe mulheres de ser sacerdotistas,
    pastoras ou diáconos na igreja,
  • 2:23 - 2:25
    ou capelãs nas Forças Armadas.
  • 2:25 - 2:30
    E se uma mulher dá aulas para uma classe
    em um seminário batista do Sul,
  • 2:30 - 2:34
    essa turma não poderá ter nenhum menino,
  • 2:34 - 2:38
    pois a Bíblia traz mais de 30 mil versos,
  • 2:38 - 2:41
    que dizem que uma mulher
    não deve ensinar um homem e por aí vai.
  • 2:41 - 2:44
    Mas os princípios das escrituras
    são mal interpretados
  • 2:44 - 2:47
    para manter os homens
    em uma posição ascendente.
  • 2:47 - 2:49
    Esse é um problema onipresente,
  • 2:49 - 2:54
    porque os homens podem exercer esse poder,
  • 2:54 - 3:00
    e se um marido abusivo ou um empregador,
    por exemplo, quer enganar as mulheres,
  • 3:00 - 3:04
    eles podem dizer: "Se as mulheres
    não são semelhantes aos olhos de Deus,
  • 3:04 - 3:06
    por que devo tratá-las
    como meus semelhantes?
  • 3:06 - 3:10
    Por que devo pagar a mesma remuneração
    para o mesmo tipo de trabalho?"
  • 3:10 - 3:12
    A outra desgraça muito grave
  • 3:12 - 3:16
    que causa este problema
    é o uso excessivo da violência,
  • 3:16 - 3:20
    e que está aumentando
    tremendamente em todo o mundo.
  • 3:21 - 3:24
    Nos Estados Unidos, por exemplo,
  • 3:24 - 3:28
    tivemos um aumento enorme
    no abuso de pessoas pobres,
  • 3:28 - 3:33
    na sua maioria negros e minorias,
    colocando-as na prisão.
  • 3:33 - 3:36
    Quando eu era governador da Geórgia,
  • 3:36 - 3:39
    um em cada mil americanos
    estava na prisão.
  • 3:39 - 3:44
    Hoje em dia, 7,3 pessoas
    de cada mil estão na prisão.
  • 3:44 - 3:46
    É um aumento de sete vezes.
  • 3:46 - 3:48
    E desde que deixei a Casa Branca,
  • 3:48 - 3:51
    houve um aumento de 800%
    no número de mulheres negras
  • 3:51 - 3:54
    que estão na prisão.
  • 3:54 - 3:56
    Nos também somos
    um dos únicos países na Terra,
  • 3:56 - 4:00
    como um país desenvolvido,
    que ainda tem a pena de morte.
  • 4:00 - 4:04
    E somos classificados juntamente
    com países que são mais abusivos
  • 4:04 - 4:08
    em todos os elementos dos direitos humanos
    ao incentivarmos a pena de morte.
  • 4:08 - 4:10
    Estamos na Califórnia agora,
    e descobri outro dia
  • 4:10 - 4:13
    que aqui foram gastos US$ 4 bilhões
  • 4:13 - 4:18
    ao condenarem 13 presos à pena de morte.
  • 4:18 - 4:23
    Se fizermos a conta,
    custa US$ 307 milhões para a Califórnia
  • 4:23 - 4:26
    enviar uma pessoa à sua execução.
  • 4:26 - 4:29
    Nebraska esta semana aprovou
    uma lei de abolição da pena de morte,
  • 4:29 - 4:31
    porque custa muito.
  • 4:31 - 4:33
    (Aplausos)
  • 4:35 - 4:39
    Assim, o uso da violência e o abuso
    de pessoas pobres e indefesas
  • 4:39 - 4:43
    é outra causa do aumento
    do abuso de mulheres.
  • 4:43 - 4:48
    Deixem-me relatar alguns abusos
    de mulheres que mais me preocupam,
  • 4:48 - 4:52
    e serei bastante breve,
    pois meu tempo é limitado, como sabem.
  • 4:52 - 4:56
    Um deles é a mutilação genital.
  • 4:56 - 5:00
    A mutilação genital é horrível
    e desconhecida pelas mulheres americanas,
  • 5:00 - 5:04
    mas em muitos países,
  • 5:04 - 5:08
    quando uma menina nasce,
    muito cedo em sua vida,
  • 5:08 - 5:11
    seus órgãos genitais
    são completamente cortados
  • 5:11 - 5:15
    por um, assim chamado, "cortador"
  • 5:15 - 5:19
    que usa uma lâmina de navalha
    e, de forma não-esterilizada,
  • 5:19 - 5:23
    remove as partes exteriores
    da genitália feminina.
  • 5:23 - 5:28
    E, às vezes, em casos mais extremos,
    mas não muito raros,
  • 5:28 - 5:31
    eles costuram o orifício, assim a menina
    pode apenas urinar ou menstruar.
  • 5:31 - 5:35
    E mais tarde, quando ela se casa,
    o mesmo cortador abre o orifício
  • 5:35 - 5:37
    para que ela possa ter relações sexuais.
  • 5:37 - 5:41
    Isso não é uma coisa rara, embora
    seja contra a lei na maioria dos países.
  • 5:41 - 5:47
    No Egito, por exemplo,
    91% das mulheres vivendo lá hoje
  • 5:47 - 5:50
    foram mutiladas sexualmente dessa maneira.
  • 5:50 - 5:54
    Em alguns países,
    mais de 98% das mulheres
  • 5:54 - 5:57
    são cortadas desse modo
    antes que atinjam a maturidade.
  • 5:57 - 6:00
    Esta é uma aflição horrível
  • 6:00 - 6:04
    para todas as mulheres
    que vivem nesses países.
  • 6:04 - 6:07
    Outra coisa muito grave
    são os crimes de honra,
  • 6:07 - 6:11
    quando uma família interpreta mal
    uma escritura sagrada
  • 6:11 - 6:13
    -- novamente não há nada no Alcorão
    que determine isso --
  • 6:13 - 6:18
    executará uma menina em sua família
  • 6:18 - 6:19
    se ela for estuprada
  • 6:19 - 6:23
    ou se ela se casar com um homem
    não aprovado por seu pai,
  • 6:23 - 6:26
    ou às vezes até mesmo
    se ela vestir roupas inapropriadas.
  • 6:26 - 6:29
    Isto é feito por membros
    de sua própria família,
  • 6:29 - 6:31
    e assim se cria uma família de assassinos
  • 6:31 - 6:36
    quando a menina traz
    a chamada "vergonha" para a família.
  • 6:36 - 6:39
    Há pouco tempo foi feita uma análise
    pela ONU no Egito
  • 6:39 - 6:43
    a qual mostrou que 75%
    dos assassinatos de meninas
  • 6:43 - 6:48
    são cometidos pelo pai,
    o tio ou o irmão dela,
  • 6:48 - 6:52
    mas 25% dos assassinatos
    são conduzidos por mulheres.
  • 6:52 - 6:54
    Outro problema no mundo
  • 6:54 - 6:57
    que se refere às mulheres,
    particularmente, é a escravidão,
  • 6:57 - 6:59
    ou conhecido atualmente
    como tráfico de pessoas.
  • 6:59 - 7:04
    Cerca de 12,5 milhões de pessoas
    foram vendidas na África como escravos
  • 7:04 - 7:08
    para o Novo Mundo nos séculos 18 e 19.
  • 7:08 - 7:12
    Há 30 milhões de pessoas
    agora vivendo em escravidão.
  • 7:12 - 7:17
    O Departamento de Estado dos EUA
    agora tem um mandato do Congresso
  • 7:17 - 7:20
    para apresentar um relatório anual.
  • 7:20 - 7:24
    E o Departamento de Estado relata
    que 800 mil pessoas são vendidas
  • 7:24 - 7:28
    através de fronteiras internacionais
    todos os anos como escravas,
  • 7:28 - 7:31
    e que 80% delas são mulheres,
  • 7:31 - 7:33
    para a escravidão sexual.
  • 7:33 - 7:36
    Nos EUA neste momento,
  • 7:36 - 7:39
    60 mil pessoas estão vivendo
    em servidão humana ou escravidão.
  • 7:39 - 7:42
    Em Atlanta, na Geórgia,
    onde fica o Carter Center
  • 7:42 - 7:45
    e onde leciono na Universidade Emory,
  • 7:45 - 7:50
    cerca de 200 a 300 pessoas
    são vendidas como escravas mensalmente.
  • 7:50 - 7:54
    É o principal local
    a praticar isso no país.
  • 7:54 - 7:56
    Atlanta tem o aeroporto
    mais movimentado do mundo,
  • 7:56 - 8:01
    e muitos passageiros
    vêm do hemisfério sul.
  • 8:01 - 8:04
    Se um dono de bordel
  • 8:04 - 8:07
    quer comprar uma menina
    de pele morena ou negra,
  • 8:07 - 8:10
    ele pode fazer isso por US$ 1 mil.
  • 8:10 - 8:14
    Uma menina de pele branca
    vale muito mais do que isso.
  • 8:14 - 8:17
    Um proprietário de bordel mediano
    em Atlanta e nos EUA pode ganhar agora
  • 8:17 - 8:22
    cerca de US$ 35 mil por escrava.
  • 8:22 - 8:27
    O comércio do sexo em Atlanta, Geórgia,
    excede o comércio total de drogas.
  • 8:27 - 8:31
    Este é um outro problema muito sério,
    e a base disso é a prostituição,
  • 8:31 - 8:35
    pois não existe um bordel nos EUA
  • 8:35 - 8:38
    que não seja conhecido
    pelas autoridades locais,
  • 8:38 - 8:42
    os policiais locais, o chefe da polícia
    ou o prefeito e assim por diante.
  • 8:42 - 8:44
    E isso leva a um dos piores problemas:
  • 8:44 - 8:49
    mulheres sendo compradas e usadas
    cada vez mais como escravas sexuais
  • 8:49 - 8:51
    em todos os países do mundo.
  • 8:51 - 8:53
    A Suécia tem uma boa abordagem
    quanto a isso.
  • 8:53 - 8:57
    Há uns 15 a 20 anos,
    a Suécia decidiu mudar a lei,
  • 8:57 - 8:59
    e as mulheres não são mais processadas
  • 8:59 - 9:03
    se estão em escravidão sexual,
  • 9:03 - 9:08
    mas donos dos bordéis, cafetões
    e clientes são processados,
  • 9:08 - 9:10
    (Aplausos)
  • 9:10 - 9:12
    e a prostituição diminuiu.
  • 9:12 - 9:15
    Nos Estados Unidos,
    tomamos a posição oposta.
  • 9:15 - 9:22
    Para cada homem preso
    por comércio de sexo ilegal,
  • 9:22 - 9:26
    25 mulheres são presas.
  • 9:27 - 9:31
    Canadá, Irlanda, Suécia, como já disse,
  • 9:31 - 9:35
    França e outros países estão adotando
    o chamado "modelo sueco".
  • 9:35 - 9:37
    Isso é outra coisa que pode ser feito.
  • 9:37 - 9:41
    Temos duas grandes instituições
    neste país que todos admiramos:
  • 9:41 - 9:45
    nossas Forças Armadas
    e nosso excelente sistema universitário.
  • 9:45 - 9:49
    Nas Forças Armadas, estão agora analisando
    quantas agressões sexuais acontecem.
  • 9:49 - 9:53
    O último relatório que recebi
    registrava 26 mil agressões sexuais
  • 9:53 - 9:57
    que aconteceram nas Forças Armadas.
  • 9:57 - 10:02
    Apenas 3 mil, não muito mais do que 1%,
    são realmente processados,
  • 10:02 - 10:07
    e isso porque o comandante oficial
    de qualquer organização,
  • 10:07 - 10:11
    de um navio, como o meu submarino,
    ou batalhão do Exército,
  • 10:11 - 10:13
    ou de uma tripulação da Marinha,
  • 10:13 - 10:17
    tem o direito por lei de decidir
  • 10:17 - 10:20
    se processa ou não um estuprador.
  • 10:20 - 10:23
    E, claro, a última coisa que eles querem
    é que qualquer um saiba
  • 10:23 - 10:26
    que, sob seu comando,
    estejam ocorrendo agressões sexuais,
  • 10:26 - 10:28
    então eles não o fazem.
  • 10:28 - 10:31
    Essa lei precisa ser mudada.
  • 10:31 - 10:35
    Uma em cada quatro moças
    que ingressam em universidades americanas
  • 10:35 - 10:37
    será agredida sexualmente
    antes de se formar.
  • 10:37 - 10:40
    Isso começa agora
    a receber muita publicidade,
  • 10:40 - 10:42
    em partes pelo meu livro
    e outras coisas,
  • 10:42 - 10:46
    e assim 89 universidades nos EUA
    agora estão desaprovadas
  • 10:46 - 10:49
    pelo Departamento de Educação
    sob o Título Nove,
  • 10:49 - 10:53
    pois seus funcionários
    não estão cuidando das mulheres
  • 10:53 - 10:55
    e protegendo-as das agressões sexuais.
  • 10:55 - 10:59
    O Departamento de Justiça diz
    que mais da metade dos estupros
  • 10:59 - 11:03
    em um campus universitário
    é cometido por estupradores em série.
  • 11:03 - 11:05
    Fora do sistema universitário,
  • 11:05 - 11:08
    se eles estuprarem alguém,
    serão processados,
  • 11:08 - 11:12
    mas quando entram num campus,
    podem estuprar impunemente.
  • 11:12 - 11:14
    Eles não são processados.
  • 11:14 - 11:18
    Essas são situações
    que acontecem em nossa sociedade.
  • 11:18 - 11:23
    Outra coisa muito grave
    sobre o abuso de mulheres e meninas
  • 11:23 - 11:30
    é a falta de remuneração igualitária
    para a mesma função, como vocês sabem.
  • 11:30 - 11:32
    (Aplausos)
  • 11:32 - 11:37
    E isso, às vezes, é mal interpretado,
    mas para o emprego de período integral,
  • 11:37 - 11:40
    uma mulher nos EUA agora
    recebe 23% menos do que um homem.
  • 11:40 - 11:43
    Quando me tornei presidente,
    a diferença era de 39%.
  • 11:43 - 11:47
    Então, fizemos algum progresso,
    parcialmente porque eu era presidente
  • 11:47 - 11:49
    e assim por diante,
  • 11:49 - 11:51
    (Risos) (Aplausos)
  • 11:53 - 11:57
    mas nos últimos 15 anos,
    não houve progresso.
  • 11:57 - 11:59
    Com isso, a diferença tem sido
    apenas de cerca de 23 ou 24%
  • 11:59 - 12:02
    durante os últimos 15 anos.
  • 12:02 - 12:04
    Isto é o que acontece atualmente.
  • 12:04 - 12:07
    Se verificarem as empresas na Fortune 500,
  • 12:07 - 12:10
    23 delas têm mulheres como CEOs,
  • 12:10 - 12:12
    das 500 empresas,
  • 12:12 - 12:15
    e essas CEOs, eu não preciso lhes dizer,
  • 12:15 - 12:19
    ganham menos, na média,
    do que os outros CEOs.
  • 12:20 - 12:22
    Bem, isso é o que se passa no nosso país.
  • 12:22 - 12:25
    Outro problema com os Estados Unidos
  • 12:25 - 12:29
    é que somos a nação
    mais belicosa do mundo.
  • 12:29 - 12:33
    Temos combatido em guerras
    com cerca de 25 diferentes países
  • 12:33 - 12:35
    desde a Segunda Guerra Mundial.
  • 12:35 - 12:38
    Às vezes, nossos soldados
    combateram no solo,
  • 12:38 - 12:42
    outras vezes, sobrevoaram lugares
    lançando bombas sobre as pessoas.
  • 12:42 - 12:46
    Outras vezes, é claro, agora,
    temos drones atacando as pessoas.
  • 12:46 - 12:49
    Estivemos em guerra
    com 25 países diferentes ou mais
  • 12:49 - 12:51
    desde a Segunda Guerra Mundial.
  • 12:51 - 12:54
    Houve quatro anos, não vou dizer quais,
    quando não o fizemos...
  • 12:54 - 12:56
    (Aplausos)
  • 12:56 - 13:01
    não lançamos uma bomba,
    nem um míssil,
  • 13:01 - 13:02
    não disparamos uma bala.
  • 13:02 - 13:07
    Mas essas situações: o uso da violência
  • 13:07 - 13:09
    e a má interpretação
    das escrituras sagradas,
  • 13:09 - 13:15
    são as causas básicas
    do abuso de mulheres e meninas.
  • 13:15 - 13:18
    Existe mais uma causa básica
    que não precisei mencionar,
  • 13:18 - 13:21
    e que é, em geral:
  • 13:21 - 13:24
    os homens não dão a mínima.
  • 13:24 - 13:25
    (Aplausos)
  • 13:25 - 13:27
    Isso é verdade.
  • 13:27 - 13:32
    O homem mediano que poderia dizer:
    "Sou contra o abuso de mulheres e meninas"
  • 13:32 - 13:36
    aceita apaticamente
    a posição privilegiada que ocupamos.
  • 13:36 - 13:39
    E isso é muito semelhante
    ao que vivi quando era criança,
  • 13:39 - 13:42
    quando o "separados, mas iguais" existia.
  • 13:42 - 13:47
    Discriminação racial, legalmente,
    já existia há 100 anos,
  • 13:47 - 13:51
    de 1865, no final da guerra
    entre os estados, a Guerra Civil,
  • 13:51 - 13:54
    até a década de 1960,
    quando Lyndon Johnson
  • 13:54 - 13:58
    aprovou as leis
    pela igualdade de direitos.
  • 13:58 - 14:01
    Mas durante aquela época,
    havia muitas pessoas brancas
  • 14:01 - 14:04
    que não concordavam
    com a discriminação racial,
  • 14:04 - 14:06
    mas que se mantiveram em silêncio,
  • 14:06 - 14:11
    porque desfrutavam de privilégios
    como melhores empregos,
  • 14:12 - 14:15
    acesso exclusivo ao júri popular,
  • 14:15 - 14:17
    melhores escolas, e tudo mais.
  • 14:17 - 14:19
    E é o mesmo que temos hoje,
  • 14:19 - 14:23
    pois o homem mediano
    realmente não se importa.
  • 14:23 - 14:29
    Mesmo que digam: "Sou contra
    discriminação contra meninas e mulheres",
  • 14:29 - 14:32
    eles desfrutam uma posição privilegiada.
  • 14:32 - 14:35
    E é muito difícil convencer
    a maioria dos homens
  • 14:35 - 14:38
    que controla o sistema universitário,
  • 14:38 - 14:41
    a maioria deles que controla
    o sistema militar,
  • 14:41 - 14:44
    que controla os governos do mundo,
  • 14:44 - 14:49
    e a maioria dos homens
    que controla as grandes religiões.
  • 14:49 - 14:53
    Então, qual é a coisa básica
    que precisamos fazer hoje?
  • 14:53 - 14:56
    Eu diria que a melhor coisa
    que poderíamos fazer hoje
  • 14:56 - 15:00
    é que as mulheres
    das nações poderosas
  • 15:00 - 15:04
    como esta, e de onde vocês vêm,
    a Europa e assim por diante,
  • 15:04 - 15:08
    que têm influência e liberdade
    para falar e agir,
  • 15:08 - 15:12
    precisam assumir a responsabilidade
    para elas mesmas
  • 15:12 - 15:16
    e serem mais contundentes na exigência
  • 15:16 - 15:20
    do fim da discriminação racial
    contra meninas e mulheres
  • 15:20 - 15:22
    no mundo todo.
  • 15:22 - 15:25
    A mulher mediana no Egito
  • 15:25 - 15:27
    não tem o direito de opinar
    sobre suas filhas
  • 15:27 - 15:30
    que sofrem mutilações genitais,
  • 15:30 - 15:32
    mas não entrarei
    em detalhes sobre isso.
  • 15:32 - 15:34
    Só espero que com essa palestra,
  • 15:34 - 15:39
    cada mulher aqui fará
    com que seus maridos percebam
  • 15:39 - 15:43
    que esses abusos existem
    nos campi universitários, no exército
  • 15:43 - 15:45
    e no mercado de trabalho futuro,
  • 15:45 - 15:50
    e eles precisam proteger
    suas filhas e netas.
  • 15:50 - 15:56
    Eu tenho 12 netos, 4 filhos e 10 bisnetos,
  • 15:56 - 15:58
    e penso muitas vezes neles
  • 15:58 - 16:01
    e na difícil situação
    que enfrentarão nos EUA,
  • 16:01 - 16:05
    não apenas se vivessem no Egito
    ou em um país estrangeiro,
  • 16:05 - 16:07
    para ter direitos iguais.
  • 16:07 - 16:09
    E espero que todos vocês se unam a mim
  • 16:09 - 16:12
    como defensores para mulheres
    e meninas ao redor do mundo,
  • 16:12 - 16:14
    protegendo seus direitos humanos.
  • 16:14 - 16:15
    Muito obrigado.
  • 16:15 - 16:17
    (Aplausos)
Title:
Por que acredito que os maus-tratos de mulheres sejam a principal violação dos direitos humanos
Speaker:
Jimmy Carter
Description:

Com sua peculiar determinação, o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, mergulha em três razões inesperadas do porquê os maus-tratos de mulheres e meninas continuam se manifestando tanto e em tantas partes do mundo, tanto em países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. A razão mais contundente que ele dá? "Em geral, os homens não dão a mínima."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:36

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