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Como gerir a criatividade coletiva

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    Tenho uma confissão a fazer.
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    Sou professora de Administração
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    cuja ambição é ajudar pessoas
    a aprenderem a liderar.
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    Mas recentemente, descobri
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    que o que muitos de nós consideram
    uma boa liderança
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    não funciona quando falamos
    de inovação de ponta.
  • 0:13 - 0:15
    Sou etnógrafa.
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    Uso métodos de antropologia
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    para entender as questões
    que me interessam.
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    Em conjunto com três coconspiradores,
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    passei quase uma década
    observando de perto e pessoalmente
  • 0:25 - 0:28
    líderes de inovação excecionais.
  • 0:28 - 0:30
    Estudámos 16 homens e mulheres
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    residentes em sete países do globo
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    que trabalhavam
    em 12 indústrias diferentes.
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    No total, passámos centenas
    de horas no terreno,
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    observando estes líderes em ação.
  • 0:41 - 0:45
    Acabámos com páginas e páginas
    de anotações
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    que analisámos e nas quais
    procurámos padrões para as suas ações.
  • 0:48 - 0:50
    A conclusão?
  • 0:50 - 0:53
    Se quisermos construir empresas
    que possam estar sempre a inovar,
  • 0:53 - 0:56
    devemos esquecer as nossas noções
    convencionais de liderança.
  • 0:57 - 1:00
    Liderar inovação não é criar uma visão
  • 1:00 - 1:02
    e inspirar os outros a executá-la.
  • 1:02 - 1:05
    Mas o que queremos dizer com inovação?
  • 1:05 - 1:08
    Uma inovação é tudo que é novo e útil.
  • 1:08 - 1:10
    Pode ser um produto ou um serviço.
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    Pode ser um processo
    ou uma forma de organização.
  • 1:12 - 1:15
    Pode ser progressiva
    ou uma descoberta importante.
  • 1:15 - 1:18
    A definição é bastante abrangente.
  • 1:18 - 1:20
    Quantos de vocês reconhecem este homem?
  • 1:20 - 1:22
    Levantem as mãos.
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    Mantenham as mãos levantadas,
    se sabem quem é este agora.
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    E estas caras familiares?
  • 1:33 - 1:34
    (Risos)
  • 1:34 - 1:36
    Pela quantidade de mãos,
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    parece que muitos já viram
    um filme da Pixar,
  • 1:38 - 1:42
    mas poucos reconheceram Ed Catmull,
  • 1:42 - 1:44
    o fundador e presidente da Pixar,
  • 1:44 - 1:46
    uma das empresas que tive
    o privilégio de estudar.
  • 1:47 - 1:49
    A minha primeira visita
    à Pixar foi em 2005,
  • 1:49 - 1:51
    quando estavam a trabalhar
    no "Ratatouille",
  • 1:51 - 1:55
    aquele filme provocante sobre um rato
    que se torna num chefe de cozinha.
  • 1:55 - 1:58
    Os filmes feitos em computador
    são agora muito comuns,
  • 1:58 - 2:01
    mas foram necessários 20 anos
    para Ed e os seus colegas
  • 2:01 - 2:05
    criarem a primeira longa-metragem
    de animação.
  • 2:05 - 2:08
    Nos 20 anos seguintes,
    produziram 14 filmes.
  • 2:08 - 2:11
    Eu estive na Pixar recentemente,
    e venho dizer-vos
  • 2:11 - 2:13
    que o número 15
    com certeza será um vencedor.
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    Mas, quando muitos de nós
    pensamos em inovação,
  • 2:16 - 2:20
    pensamos em Einstein
    a ter um momento "Aha!"
  • 2:20 - 2:22
    Mas todos sabemos que isso é um mito.
  • 2:22 - 2:25
    A inovação não é uma coisa
    de génio individual,
  • 2:25 - 2:27
    é uma coisa de génio coletivo.
  • 2:28 - 2:32
    Vamos pensar um minuto sobre o que
    é necessário para um filme da Pixar:
  • 2:32 - 2:38
    Nenhum génio individual, nenhum flash
    de inspiração produz um filme destes.
  • 2:37 - 2:42
    Pelo contrário, são necessárias
    250 pessoas durante 4 a 5 anos
  • 2:42 - 2:44
    para fazer um filmes destes.
  • 2:44 - 2:46
    Para nos ajudar a entender o processo,
  • 2:46 - 2:50
    uma pessoa do estúdio desenhou
    uma versão desta imagem.
  • 2:50 - 2:52
    Ele fê-lo muito contrariado,
  • 2:52 - 2:56
    porque aquilo sugeria que o processo
    seria uma simples sequência de passos
  • 2:56 - 2:58
    realizados por grupos distintos.
  • 2:58 - 3:02
    Mesmo com todas as setas, ele pensou
    que a imagem não representaria
  • 3:02 - 3:07
    como o processo era interativo,
    interligado e, francamente, desordenado.
  • 3:09 - 3:12
    Na Pixar, a história evolui ao longo
    da criação de um filme.
  • 3:13 - 3:15
    Então, pensem nisso.
  • 3:15 - 3:17
    Algumas cenas passam rapidamente.
  • 3:17 - 3:20
    Eles não as criam todas por ordem.
  • 3:20 - 3:22
    Depende das dificuldades irritantes
  • 3:22 - 3:25
    que eles encontram
    ao trabalhar numa determinada cena.
  • 3:26 - 3:29
    Se pensarmos naquela cena
    em "Up - Altas Aventuras",
  • 3:29 - 3:32
    em que o miúdo oferece
    chocolate à ave,
  • 3:32 - 3:37
    aqueles 10 segundos levaram quase 6 meses
    a um desenhador até ficar ótima.
  • 3:38 - 3:40
    Outra coisa sobre um filme da Pixar
  • 3:40 - 3:43
    é que nunca se considera completa
    nenhuma parte do filme
  • 3:43 - 3:45
    até o filme inteiro estar terminado.
  • 3:45 - 3:49
    A meio de uma produção,
    um desenhador criou uma personagem
  • 3:49 - 3:53
    com uma sobrancelha curvada
    que sugeria um lado maquiavélico.
  • 3:53 - 3:56
    Quando o diretor viu o desenho,
    achou-o ótimo.
  • 3:56 - 3:57
    Era lindo, mas ele disse:
  • 3:57 - 4:00
    "Tens que o pôr de parte,
    não combina com a personagem."
  • 4:00 - 4:02
    Duas semanas depois,
    o diretor voltou e disse:
  • 4:02 - 4:05
    "Vamos incluir esses
    segundos de filme."
  • 4:05 - 4:08
    Porque aquele desenhador
    tinha o direito de contribuir
  • 4:08 - 4:11
    com aquilo a que chamamos
    o seu lado de génio.
  • 4:11 - 4:14
    Podia ajudar o diretor
    a recriar a personagem
  • 4:14 - 4:18
    de forma subtil, mas importante
    que realmente melhorava a história.
  • 4:19 - 4:23
    O que sabemos é que, no coração
    da inovação, há um paradoxo.
  • 4:23 - 4:27
    Temos que dar largas ao talento
    e às paixões de muitas pessoas
  • 4:27 - 4:31
    e temos que atrelá-los
    a um trabalho que seja útil.
  • 4:32 - 4:34
    A inovação é uma jornada.
  • 4:34 - 4:37
    É um tipo de resolução
    colaborativa de problemas
  • 4:37 - 4:40
    geralmente, entre pessoas
    que têm competências diferentes
  • 4:40 - 4:41
    e diferentes pontos de vista.
  • 4:42 - 4:45
    As inovações raramente
    aparecem maduras.
  • 4:45 - 4:47
    Como muitos de vocês sabem,
  • 4:47 - 4:49
    geralmente, são o resultado
    de tentativas e erros.
  • 4:49 - 4:53
    Há muitos inícios falsos,
    passos errados e enganos.
  • 4:54 - 4:57
    O trabalho criativo
    pode ser muito estimulante,
  • 4:57 - 5:00
    mas também pode ser
    muito assustador.
  • 5:02 - 5:07
    Quando vemos porque é que
    a Pixar é capaz de fazer o que faz,
  • 5:07 - 5:10
    temos que nos perguntar:
    "O que se passa aqui?"
  • 5:12 - 5:15
    De certeza, a história,
    e certamente Hollywood,
  • 5:15 - 5:18
    está cheia de equipas de estrelas
    que acabaram por fracassar.
  • 5:18 - 5:20
    A maior parte desses fracassos
    são atribuídos
  • 5:20 - 5:25
    ao excesso de estrelas ou, se preferirem,
    a cozinheiros a mais, na cozinha.
  • 5:25 - 5:28
    Então porque é que a Pixar,
    com todos os seus cozinheiros,
  • 5:28 - 5:32
    consegue ter sucesso tantas vezes?
  • 5:33 - 5:36
    Quando estudámos
    um banco islâmico no Dubai,
  • 5:36 - 5:41
    ou uma marca de luxo na Coreia,
    ou um empreendimento social em África,
  • 5:41 - 5:43
    descobrimos que as organizações inovadoras
  • 5:43 - 5:46
    são comunidades que possuem
    três capacidades:
  • 5:47 - 5:51
    atrito criativo, agilidade criativa
    e soluções criativas.
  • 5:53 - 5:56
    Atrito criativo é ser capaz
    de criar um mercado de ideias
  • 5:56 - 5:58
    através do debate e do diálogo.
  • 5:58 - 6:01
    Nas organizações inovadoras,
    eles ampliam as diferenças,
  • 6:01 - 6:03
    não as minimizam.
  • 6:03 - 6:05
    O atrito criativo
    não é um "brainstorming",
  • 6:05 - 6:08
    em que as pessoas
    suspendem o seu julgamento.
  • 6:08 - 6:12
    Não, eles sabem como ter discussões
    muito acaloradas, mas construtivas
  • 6:12 - 6:14
    para criar um portefólio de alternativas.
  • 6:15 - 6:17
    As pessoas em organizações criativas
  • 6:17 - 6:21
    aprendem a questionar, aprendem
    a ouvir atentamente, mas imaginem:
  • 6:21 - 6:24
    Eles também aprendem
    a defender o seu ponto de vista.
  • 6:24 - 6:28
    Sabem que a inovação raramente acontece
  • 6:28 - 6:31
    a não ser que haja
    diversidade e conflito.
  • 6:32 - 6:37
    Agilidade criativa é ser capaz de testar
    e refinar esse portefólio de ideias
  • 6:37 - 6:40
    através duma rápida pesquisa,
    reflexão e ajustamento.
  • 6:40 - 6:42
    É sobre aprendizagem
    motivada pela descoberta
  • 6:42 - 6:45
    em que, em vez de planear,
    abrimos o caminho para o futuro.
  • 6:45 - 6:49
    É um processo criativo,
    em que existe uma combinação interessante
  • 6:49 - 6:52
    do método científico
    e do processo artístico.
  • 6:52 - 6:56
    É fazer uma série de experiências,
    e não ter uma série de pilotos.
  • 6:56 - 6:59
    As experiências, geralmente,
    são uma aprendizagem.
  • 6:59 - 7:01
    Quando temos um resultado negativo,
  • 7:01 - 7:03
    estamos a aprender
    algo que precisamos de saber.
  • 7:03 - 7:06
    Os pilotos, normalmente,
    têm a ver com ter razão.
  • 7:06 - 7:10
    Quando não funcionam,
    alguém ou algo é o culpado.
  • 7:10 - 7:13
    A última capacidade
    é a resolução criativa.
  • 7:13 - 7:15
    Trata-se de tomada de decisões
  • 7:15 - 7:19
    de forma que consigamos,
    mesmo com ideias opostas,
  • 7:19 - 7:21
    reconfigurá-las em novas combinações
  • 7:21 - 7:24
    para produzir uma solução nova e útil.
  • 7:24 - 7:28
    As empresas criativas não se contentam
    com uma situação estável.
  • 7:28 - 7:30
    Não se comprometem.
  • 7:30 - 7:33
    Não deixam um grupo
    ou um indivíduo dominar,
  • 7:33 - 7:38
    mesmo que seja o chefe,
    mesmo que seja o especialista.
  • 7:38 - 7:40
    Pelo contrário, desenvolvem um processo
  • 7:40 - 7:43
    de tomada de decisões
    paciente e mais inclusivo
  • 7:43 - 7:47
    que permite o nascimento
    de todas as soluções
  • 7:47 - 7:50
    e não apenas de uma ou outra solução.
  • 7:51 - 7:54
    Estas três capacidades
    são a razão de nós vermos
  • 7:54 - 7:58
    porque a Pixar é capaz de fazer o que faz.
  • 7:58 - 8:00
    Deixem-me dar outro exemplo.
  • 8:00 - 8:04
    Esse exemplo é o grupo de
    infraestruturas da Google.
  • 8:04 - 8:06
    O grupo de infraestruturas
    do Google é o grupo
  • 8:06 - 8:09
    que tem que manter a funcionar
    o website 24 horas por dia.
  • 8:10 - 8:13
    Quando a Google estava para
    introduzir o Gmail e o YouTube,
  • 8:13 - 8:17
    sabia que o sistema de armazenagem
    de dados não era o adequado.
  • 8:17 - 8:21
    O diretor do grupo de engenharia
    e do grupo de infraestruturas, na altura,
  • 8:21 - 8:23
    era um homem chamado Bill Coughran.
  • 8:23 - 8:27
    Bill e a sua equipa de liderança, a que ele
    chamava o seu "cérebro de confiança",
  • 8:27 - 8:31
    tinham que descobrir o que fazer
    quanto a essa situação.
  • 8:31 - 8:33
    Refletiram nisso durante algum tempo.
  • 8:33 - 8:36
    Em vez de criarem um grupo
    para executar essa tarefa,
  • 8:36 - 8:40
    decidiram permitir que surgissem
    grupos espontaneamente,
  • 8:40 - 8:43
    com diferentes alternativas.
  • 8:43 - 8:45
    Juntaram-se dois grupos.
  • 8:45 - 8:48
    Um ficou conhecido como
    a Grande Mesa,
  • 8:48 - 8:51
    e o outro como Construir do Zero.
  • 8:52 - 8:55
    A Grande Mesa propôs a construção
    a partir do sistema existente.
  • 8:55 - 8:58
    O Construir do Zero sugeriu que era
    altura de iniciar um novo sistema.
  • 8:59 - 9:03
    Em separado, esses dois grupos
    trabalharam a tempo inteiro
  • 9:03 - 9:05
    nas suas respetivas abordagens.
  • 9:05 - 9:08
    Nos comentários de engenharia,
    Bill descreveu o seu papel como:
  • 9:08 - 9:12
    "Injetar honestidade no processo
    orientando o debate."
  • 9:13 - 9:16
    Logo de início, as equipas foram
    incentivadas a construir protótipos
  • 9:16 - 9:20
    para poderem "confrontá-los com a realidade
    e descobrirem por si mesmos
  • 9:20 - 9:23
    "os pontos fortes e fracos
    de cada abordagem."
  • 9:24 - 9:27
    Quando o Construir do Zero
    apresentou ao grupo o seu protótipo,
  • 9:27 - 9:29
    com um sistema de alarme
    que era ativado a meio da noite,
  • 9:29 - 9:31
    se algo desse errado com o "site",
  • 9:31 - 9:36
    foram fortemente criticados
    quanto às limitações do seu projeto.
  • 9:36 - 9:39
    Como a necessidade de uma solução
    se tornava mais urgente,
  • 9:39 - 9:42
    e como os dados, ou as evidências,
    começavam a surgir,
  • 9:42 - 9:46
    ficou bastante claro
    que a solução da Grande Mesa
  • 9:46 - 9:48
    era a melhor solução para o momento.
  • 9:48 - 9:50
    Por isso escolheram essa.
  • 9:50 - 9:53
    Mas para garantir que eles
    não perdessem o que tinham aprendido
  • 9:53 - 9:55
    com a equipa Construir do Zero,
  • 9:55 - 9:58
    Bill pediu a dois membros dessa equipa
    para se juntarem a uma nova equipa,
  • 9:58 - 10:01
    criada para trabalhar
    no sistema da geração seguinte.
  • 10:01 - 10:05
    Todo este processo
    demorou quase dois anos,
  • 10:05 - 10:09
    mas disseram-me que eles trabalharam
    a uma velocidade louca.
  • 10:09 - 10:13
    Logo de início, um dos engenheiros
    tinha ido ter com Bill e dissera:
  • 10:13 - 10:16
    "Estamos demasiado ocupados
    com este sistema ineficaz
  • 10:16 - 10:18
    "de fazer experiências em paralelo."
  • 10:18 - 10:21
    Mas conforme o processo se desenrolava,
    ele começou a entender
  • 10:21 - 10:25
    a sabedoria de deixar que pessoas talentosas
    praticassem as suas paixões
  • 10:25 - 10:29
    e reconheceu: "Se nos tivesse forçado
    a trabalhar numa única equipa,
  • 10:29 - 10:32
    "talvez nos tivéssemos limitado
    a provar quem tinha razão, para ganhar,
  • 10:32 - 10:37
    "em vez de aprender e descobrir qual
    era a melhor resposta para a Google."
  • 10:38 - 10:41
    Porque é que a Pixar e a Google
    são capazes de estar sempre a inovar?
  • 10:41 - 10:45
    É porque eles dominaram
    as competências necessárias para isso.
  • 10:45 - 10:48
    Sabem como fazer a solução
    colaborativa de problemas,
  • 10:48 - 10:50
    como fazer uma aprendizagem
    motivada pela descoberta
  • 10:50 - 10:53
    e sabem como fazer
    uma tomada de decisões integrada.
  • 10:53 - 10:56
    Alguns de vocês aí sentados
    devem estar a dizer agora mesmo:
  • 10:56 - 10:59
    "Nós não sabemos fazer tais coisas
    na minha empresa.
  • 10:59 - 11:01
    "Porque é que, na Pixar,
    eles sabem fazer isso?
  • 11:01 - 11:04
    Porque é que, na Google,
    eles sabem fazer isso?"
  • 11:04 - 11:07
    Quando muitas das pessoas
    que trabalharam para Bill nos disseram
  • 11:07 - 11:13
    que, na sua opinião, Bill era um dos
    melhores líderes em Silicon Valley,
  • 11:13 - 11:17
    nós concordámos plenamente;
    o homem é um génio.
  • 11:18 - 11:21
    A liderança é o ingrediente secreto.
  • 11:21 - 11:23
    Mas isto é um tipo diferente de liderança,
  • 11:23 - 11:27
    não o tipo que muitos de nós pensamos,
    quando pensamos em excelente liderança.
  • 11:28 - 11:31
    Um dos líderes que encontrei
    de início disse-me:
  • 11:31 - 11:34
    "Linda, eu não leio livros
    sobre liderança.
  • 11:34 - 11:36
    "Só me fazem sentir mal."
  • 11:36 - 11:37
    (Risos)
  • 11:37 - 11:40
    "No primeiro capítulo, eles dizem
    que eu devo criar uma visão.
  • 11:40 - 11:44
    "Mas se estou a tentar fazer uma coisa
    realmente nova, não tenho respostas.
  • 11:44 - 11:46
    "Não sei para onde vamos
  • 11:46 - 11:49
    "e não tenho a certeza se sei
    descobrir como lá chegar."
  • 11:50 - 11:52
    Com certeza, há momentos
    em que liderança visionária
  • 11:52 - 11:54
    é exatamente o que é necessário.
  • 11:54 - 11:58
    Mas se quisermos criar organizações
    que possam estar sempre a inovar,
  • 11:58 - 12:01
    temos que rever o nosso entendimento
    quanto ao que é a liderança.
  • 12:02 - 12:05
    Para liderar a inovação
    temos de criar espaço
  • 12:05 - 12:09
    para que as pessoas fiquem dispostas
    e possam fazer o trabalho difícil
  • 12:09 - 12:12
    de resolução inovadora de problemas.
  • 12:12 - 12:15
    Nesta altura, alguns de vocês
    podem estar a pensar:
  • 12:15 - 12:17
    "Como é que é realmente essa liderança?"
  • 12:18 - 12:21
    Na Pixar, eles sabem que
    a inovação não é uma coisa individual.
  • 12:22 - 12:26
    Os líderes apostam em construir
    um sentimento de comunidade
  • 12:26 - 12:28
    e construir aquelas três capacidades.
  • 12:29 - 12:31
    Como é que eles definem liderança?
  • 12:31 - 12:33
    Dizem que liderança é criar um mundo
  • 12:33 - 12:35
    a que as pessoas querem pertencer.
  • 12:35 - 12:37
    A que tipo de mundo as pessoas
    da Pixar querem pertencer?
  • 12:37 - 12:40
    A um mundo onde
    se vive na fronteira.
  • 12:40 - 12:42
    A que é que eles
    dedicam o seu tempo?
  • 12:42 - 12:43
    Não é criando uma visão.
  • 12:43 - 12:46
    Pelo contrário, eles gastam
    o tempo a pensar:
  • 12:46 - 12:50
    "Como fazemos um estúdio que tenha
    a sensibilidade de uma praça pública
  • 12:50 - 12:52
    "para que as pessoas possam interagir?
  • 12:52 - 12:55
    "Vamos usar uma política
    em que qualquer pessoa,
  • 12:55 - 12:56
    seja qual for o nível ou a função,
  • 12:56 - 12:58
    "seja livre para dar sugestões ao diretor
  • 12:58 - 13:01
    "sobre como se sente em relação
    a um certo filme.
  • 13:01 - 13:03
    "O que será possível fazer para garantir
  • 13:03 - 13:06
    "que todos os contestatários, todas as
    vozes da minoria, nesta empresa,
  • 13:06 - 13:08
    "falem e sejam ouvidas?
  • 13:08 - 13:12
    "E, finalmente, vamos conceder créditos
    de uma forma bem generosa."
  • 13:12 - 13:15
    Não sei se vocês já viram
    os créditos de um filme da Pixar,
  • 13:15 - 13:18
    mas os bebés nascidos durante
    a produção estão lá listados.
  • 13:18 - 13:20
    (Risos)
  • 13:20 - 13:23
    O que é que Bill pensava
    sobre o seu papel?
  • 13:23 - 13:26
    Bill disse: "Eu lidero uma
    organização de voluntários,
  • 13:26 - 13:30
    "Pessoas talentosas que não querem
    seguir-me para nenhum lado.
  • 13:30 - 13:33
    "Querem criar o futuro comigo.
  • 13:34 - 13:36
    "A minha função é amparar
    de baixo para cima
  • 13:36 - 13:39
    "e não deixar tudo degenerar num caos."
  • 13:39 - 13:41
    Como é que ele viu a sua função?
  • 13:41 - 13:43
    "Eu sou um modelo,
    sou uma cola humana,
  • 13:43 - 13:46
    "sou uma ligação,
    sou um agregador de pontos de vista.
  • 13:46 - 13:48
    "Nunca sou um ditador
    de pontos de vista."
  • 13:48 - 13:51
    Conselhos sobre como
    exercitamos essa função?
  • 13:51 - 13:54
    Contratem pessoas que discutam convosco.
  • 13:54 - 13:55
    E, sabem que mais?
  • 13:55 - 13:58
    Às vezes é melhor ser
    deliberadamente difuso e vago.
  • 13:59 - 14:01
    Alguns de vocês podem estar
    a pensar agora:
  • 14:01 - 14:03
    "Em que é que essas pessoas pensam?
  • 14:03 - 14:04
    Estão a pensar:
  • 14:04 - 14:07
    "Eu não sou o visionário,
    sou o arquiteto social.
  • 14:07 - 14:10
    "Estou a criar o espaço
    onde as pessoas estão dispostas
  • 14:10 - 14:13
    "e podem partilhar e combinar
    os seus talentos e paixões."
  • 14:14 - 14:17
    Se alguns de vocês estão aborrecidos
    por não trabalharem na Pixar,
  • 14:17 - 14:19
    ou por não trabalharem na Google,
  • 14:19 - 14:21
    quero dizer-vos que ainda há esperança.
  • 14:21 - 14:23
    Estudámos muitas organizações
  • 14:23 - 14:25
    que não são as organizações
    que vocês imaginariam
  • 14:25 - 14:28
    serem muito inovadoras.
  • 14:28 - 14:31
    Estudámos um conselho geral
    de uma empresa farmacêutica
  • 14:31 - 14:34
    que precisava de descobrir como
    pôr os advogados externos,
  • 14:34 - 14:37
    19 competidores,
    a colaborarem e a inovarem.
  • 14:37 - 14:41
    Estudámos o diretor de "marketing"
    de uma fábrica de automóveis alemã
  • 14:41 - 14:44
    onde se acreditava
    que eram os engenheiros de projeto,
  • 14:44 - 14:47
    e não os comerciais,
    que podiam ser inovadores.
  • 14:47 - 14:51
    Também estudámos Vineet Nayar
    na HCL Technologies,
  • 14:51 - 14:53
    uma companhia Indiana
    de fornecimento de pessoal
  • 14:53 - 14:55
    Quando conhecemos Vineet,
  • 14:55 - 14:58
    a empresa dele estava, segundo ele,
    a tornar-se irrelevante.
  • 14:58 - 15:01
    Vimos como ele transformou
    aquela empresa
  • 15:01 - 15:04
    num dínamo global de inovação de TI.
  • 15:05 - 15:08
    Na HCL Technologies,
    como em muitas empresas,
  • 15:08 - 15:12
    os líderes tinham aprendido
    que o seu papel era definir uma direção
  • 15:12 - 15:14
    e garantir que ninguém se desviasse dela.
  • 15:15 - 15:19
    Ele disse-lhes
    que era a altura de pensar
  • 15:19 - 15:23
    em repensarem no que deveriam fazer.
  • 15:23 - 15:26
    Porque o que acontecia é que
    todos estavam a olhar para cima
  • 15:26 - 15:29
    e ninguém via o tipo de inovação
    de baixo para cima
  • 15:29 - 15:31
    que se via na Pixar ou na Google.
  • 15:31 - 15:33
    Então, eles começaram a trabalhar nisso.
  • 15:33 - 15:37
    Deixaram de dar respostas, deixaram
    de tentar fornecer soluções.
  • 15:37 - 15:40
    Em vez disso, começaram a ver
  • 15:40 - 15:44
    as pessoas na base da pirâmide,
    as jovens faíscas,
  • 15:44 - 15:46
    as pessoas mais próximas dos clientes,
  • 15:46 - 15:49
    como a fonte de inovação.
  • 15:49 - 15:52
    Começaram a transferir
    o crescimento da organização
  • 15:52 - 15:54
    para esse nível.
  • 15:55 - 15:59
    Nas palavras de Vineet,
    tratava-se de inverter a pirâmide
  • 15:59 - 16:02
    para se poder libertar
    o poder da maioria
  • 16:02 - 16:05
    afrouxando o poder da minoria,
  • 16:05 - 16:08
    e aumentar a qualidade
    e a velocidade da inovação
  • 16:08 - 16:11
    que acontecia todos os dias.
  • 16:12 - 16:15
    Claro, Vineet e todos os outros
    líderes que estudámos
  • 16:15 - 16:18
    eram, de facto, visionários.
  • 16:19 - 16:23
    Claro, eles entenderam
    que não era essa a sua função.
  • 16:23 - 16:28
    Portanto, acho que não foi por acaso
    que muitos de vocês não reconheceram Ed.
  • 16:29 - 16:33
    Porque Ed, tal como Vineet, sabe
    que a nossa função como líderes
  • 16:33 - 16:36
    é preparar o palco,
    não é representar.
  • 16:37 - 16:40
    Se quisermos inventar um futuro melhor,
  • 16:40 - 16:43
    e suspeito que é por isso
    que muitos de nós estão aqui,
  • 16:43 - 16:46
    precisamos de reimaginar a nossa tarefa.
  • 16:47 - 16:50
    A nossa tarefa é criar o espaço
  • 16:50 - 16:54
    onde o lado génio de cada um de nós
  • 16:54 - 16:57
    possa ser libertado e aproveitado,
  • 16:57 - 17:00
    e transformado em trabalho
    de génio coletivo.
  • 17:01 - 17:02
    Obrigada.
  • 17:02 - 17:04
    (Aplausos)
Title:
Como gerir a criatividade coletiva
Speaker:
Linda Hill
Description:

Qual é o segredo para desbloquear a criatividade escondida dentro do nosso trabalho diário e dar hipótese a uma ótima ideia? Linda Hill, professor em Harvard, coautora de "Collective Genius", estudou algumas das empresas mundiais mais criativas para apresentar um conjunto de instrumentos e táticas para deixar fluir as ótimas ideias — de toda a gente numa empresa, não apenas dos supostos "criativos".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:17

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