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É preciso coragem para mudar | Duilia Mello | TEDxUFRJ

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    Boa noite.
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    Plateia: Boa noite.
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    Duilia Mello: Já estão cansados, né?
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    Plateia: Não.
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    DM: Não? Prontos aí
    pra última e derradeira.
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    Pois é, foi com imenso prazer que eu
    aceitei o convite pra falar pra vocês.
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    Pra encerrar esse dia maravilhoso
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    em que a gente está refletindo
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    sobre o futuro da nossa amada UFRJ.
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    Vejam que eu falei amada.
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    Isso vai acontecer durante a palestra.
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    Eu vou tentar motivar vocês
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    a amar mais a nossa universidade.
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    Então, o futuro
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    não está escrito nas estrelas.
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    Se o futuro tivesse sido
    escrito nas estrelas,
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    provavelmente teriam convidado
    uma astróloga pra falar aqui.
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    Mas eu sou astrônoma.
  • 0:51 - 0:52
    Fiz astronomia
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    na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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    A mensagem que eu tenho
    pra vocês é supersimples.
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    É uma mensagem de otimismo.
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    É uma mensagem transformadora.
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    Eu acredito que tudo que a gente faz
    na vida, é produto dos nossos esforços.
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    É produto da nossa luta.
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    Mas é produto também da coragem
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    que às vezes temos que ter para mudar.
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    Eu acredito que a UFRJ esteja passando
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    por esse momento de coragem.
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    Se a UFRJ não passar
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    por esse momento de coragem para mudar,
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    ela não vai se transformar
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    na universidade dos nossos sonhos,
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    na universidade que a gente
    quer deixar pra próxima geração.
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    Bom, eu sou filha da UFRJ,
    já falei para vocês que estudei aqui.
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    Assim como eu sou filha da UFRJ,
  • 1:51 - 1:55
    milhares de pessoas já passaram pela UFRJ,
  • 1:55 - 1:57
    desde a sua fundação.
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    Nós entramos na UFRJ
    logo após a adolescência.
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    Muitos ainda são adolescentes
    quando entram aqui.
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    E a gente se transforma dentro da UFRJ.
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    A gente sai da adolescência, vira adulto,
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    vira até profissional dentro da UFRJ.
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    São aqueles quatro, cinco anos
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    às vezes seis, às vezes até sete.
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    Anos de dedicação aqui na UFRJ.
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    São anos transformadores na vida da gente.
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    Então, a UFRJ tem esse papel
    transformador nas nossas vidas.
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    Mas a UFRJ vai ser transformada por vocês.
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    Pela geração que está aqui hoje.
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    Pelos estudantes da UFRJ
    de hoje, de agora.
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    Eu trouxe para vocês alguns slides
    em que eu mostro
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    a minha vida, a minha história,
  • 2:53 - 2:55
    pra contar tudo dentro
    de um contexto pra vocês.
  • 2:55 - 2:59
    E também porque o TEDx
    pede pra gente fazer isso.
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    Então, deixa eu mostrar pra vocês uma foto
  • 3:02 - 3:06
    de uma professora com vários estudantes.
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    Esta foto foi tirada em 1970
  • 3:09 - 3:12
    num colégio não muito longe daqui,
  • 3:12 - 3:13
    em Bom Sucesso.
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    Foi o colégio em que eu fui alfabetizada.
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    Adivinha quem está nessa foto? Eu.
  • 3:21 - 3:26
    Olha, é muito fácil achar a Duilia,
    quando tem professor na foto.
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    A Duilia está sempre do lado do professor.
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    Eu sempre fui muito apegada
    aos meus professores,
  • 3:32 - 3:34
    eu adorava professor.
  • 3:34 - 3:36
    Eu ainda adoro professor.
  • 3:36 - 3:38
    Eu sou professora.
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    Aqui eu estou do lado da Dona Lucília,
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    a professora.
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    Quem não me viu ainda,
    eu sou aquela menina de franjinha
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    do lado da Dona Lucília.
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    Esta aqui.
  • 3:52 - 3:53
    Por que eu gosto de professor?
  • 3:53 - 3:55
    Por que eu sou apegada a professor,
  • 3:55 - 3:57
    e por que eu estou falando isso pra vocês?
  • 3:58 - 4:03
    Falo isso porque eu acho que esse
    é um dos pilares da transformação da UFRJ.
  • 4:03 - 4:07
    A gente precisa se apegar
    mais aos professores.
  • 4:07 - 4:11
    E os professores precisam
    se apegar mais aos alunos.
  • 4:12 - 4:16
    Eu gostaria de lembrar que os professores
  • 4:16 - 4:21
    estão ensinando a uma geração
    que é diferente da geração deles.
  • 4:22 - 4:25
    E os professores precisam se modernizar
  • 4:25 - 4:28
    e falar a linguagem do estudante.
  • 4:29 - 4:33
    A gente tem que lembrar que a maioria
    de vocês é da geração do milênio.
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    É a geração do Google, da Wikipedia,
    do Whatsapp, é a geração TED.
  • 4:40 - 4:44
    Essa é a geração da resposta imediata
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    pra pergunta que ainda nem tem na cabeça.
  • 4:47 - 4:50
    O estudante manda e-mail pra gente...
  • 4:50 - 4:53
    E-mail não, que hoje em dia
    e-mail é coisa de velho.
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    Mas ele acaba falando com o professor
    com o método antigo, que é e-mail.
  • 4:57 - 5:02
    Ele manda uma pergunta às 2h da manhã
    de um domingo, querendo a resposta;
  • 5:02 - 5:08
    porque ele está conectado
    100% do tempo, 24 horas por dia.
  • 5:08 - 5:10
    E o professor não está.
  • 5:10 - 5:15
    O professor não está usando
    o método de comunicação do estudante.
  • 5:15 - 5:17
    Então, esses métodos de comunicação
  • 5:17 - 5:22
    são muito importantes
    pra modernizar a UFRJ.
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    Eu acho que esse é um dos pilares
    da mudança da UFRJ:
  • 5:26 - 5:30
    uma comunicação mais moderna
    entre professor e aluno.
  • 5:32 - 5:35
    Eu trouxe esta foto aí pra vocês,
  • 5:35 - 5:40
    muitos de vocês já devem ter visto
    esse filme, quem não viu, veja.
  • 5:40 - 5:44
    É uma foto do filme
    "Sociedade dos Poetas Mortos".
  • 5:45 - 5:46
    É um grande filme,
  • 5:46 - 5:49
    com o falecido Robin Williams,
  • 5:49 - 5:51
    e ele dá um show nesse filme
  • 5:51 - 5:53
    com a interpretação de um professor.
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    Esse professor
    que o Robin Williams interpreta
  • 5:57 - 6:00
    é um professor capitão.
  • 6:00 - 6:02
    Ele é um professor líder,
  • 6:02 - 6:04
    ele é um professor exemplar.
  • 6:04 - 6:07
    Esses professores existem aqui na UFRJ,
  • 6:07 - 6:10
    eles foram meus professores também.
  • 6:10 - 6:13
    E muitos, já tem uma geração
    nova desses professores.
  • 6:13 - 6:16
    Eu gostaria de pedir a vocês,
    aos estudantes da UFRJ,
  • 6:16 - 6:19
    que identificassem esses professores;
  • 6:20 - 6:23
    que admirassem esses professores;
  • 6:24 - 6:26
    que fossem nas salas desses professores
  • 6:26 - 6:28
    e conversassem com eles.
  • 6:28 - 6:31
    Procurassem saber
    como é a vida desses professores.
  • 6:31 - 6:36
    Eu gostaria de pedir que vocês
    se apegassem a esses professores.
  • 6:36 - 6:42
    Isso é importante porque faz
    todo mundo crescer junto.
  • 6:42 - 6:45
    O professor capitão é um professor mentor.
  • 6:46 - 6:52
    Eu sou mentora... aliás, tem alguns
    dos meus pupilos aqui na plateia.
  • 6:52 - 6:56
    Eu sou mentora de muitos alunos
    que não foram meus alunos,
  • 6:56 - 6:58
    mas que me procuram na internet.
  • 6:59 - 7:01
    Se vocês não me procuraram,
    podem me procurar.
  • 7:01 - 7:03
    Eu faço um programa de mentoria,
  • 7:03 - 7:07
    tentando mostrar pra vocês
    o que é, por exemplo, ser cientista.
  • 7:09 - 7:11
    Procurem, conversem com seus professores.
  • 7:11 - 7:15
    Procurem saber por que ele é
    professor da UFRJ.
  • 7:15 - 7:16
    E por que isso é importante?
  • 7:16 - 7:22
    Porque a UFRJ é um tesouro de pessoas,
  • 7:22 - 7:25
    e vocês precisam descobrir esse tesouro.
  • 7:25 - 7:27
    Mas é um "two-way street".
  • 7:27 - 7:30
    Não é só o professor-aluno,
  • 7:30 - 7:32
    é também o aluno-professor.
  • 7:32 - 7:34
    Então o professor tem que estar
    aberto para o aluno,
  • 7:34 - 7:36
    e o aluno tem que estar
    aberto para o professor.
  • 7:37 - 7:39
    Bom, e aí eu peço a vocês
  • 7:39 - 7:42
    que vistam a camisa da UFRJ.
  • 7:42 - 7:44
    Isso é superimportante.
  • 7:44 - 7:46
    Tenham orgulho da UFRJ.
  • 7:46 - 7:49
    Um dos primeiros professores
    a dar palestra hoje,
  • 7:49 - 7:52
    que pagou mico aqui, chorou né?
  • 7:52 - 7:53
    (Risos)
  • 7:53 - 7:55
    Eu disse que eu não ia chorar.
  • 7:55 - 8:00
    Ele falou pra gente
    que a URFJ é um presente.
  • 8:00 - 8:02
    Realmente, a UFRJ é um presente.
  • 8:02 - 8:05
    Eu considero a URFJ
    um presente na minha vida.
  • 8:05 - 8:11
    E é por isso que eu tenho muito orgulho
    de estar aqui hoje falando com vocês.
  • 8:11 - 8:13
    Vistam a camisa da UFRJ.
  • 8:13 - 8:15
    Tenham orgulho da UFRJ.
  • 8:15 - 8:18
    E quando vocês terminarem a URFJ,
  • 8:18 - 8:20
    retornem à UFRJ.
  • 8:20 - 8:23
    Quando vocês forem pessoas de sucesso,
  • 8:23 - 8:25
    retornem à UFRJ.
  • 8:25 - 8:29
    Venham aqui e ajudem a UFRJ
    a sempre crescer.
  • 8:29 - 8:33
    Lembrem-se que o crescimento da URFJ
  • 8:33 - 8:36
    é importante pra cada um de vocês.
  • 8:36 - 8:40
    Afinal de contas, vocês têm
    a UFRJ nos seus currículos.
  • 8:40 - 8:42
    Então, o crescimento da UFRJ,
  • 8:42 - 8:45
    faz vocês crescerem também.
  • 8:45 - 8:47
    Sejam orgulhosos da UFRJ,
  • 8:47 - 8:49
    voltem aqui sempre que puderem.
  • 8:49 - 8:53
    Continuem vestindo a camisa da UFRJ.
  • 8:55 - 8:58
    Bom, eu falei pra vocês
    que a geração de hoje,
  • 8:58 - 9:02
    com que os professores
    de hoje estão lidando,
  • 9:02 - 9:05
    é uma geração diferente da minha geração.
  • 9:05 - 9:07
    Então se eu fosse professora aqui da UFRJ,
  • 9:07 - 9:10
    eu daria aula pra geração de vocês.
  • 9:11 - 9:15
    Mas como era quando eu
    era da idade de vocês?
  • 9:15 - 9:18
    Bom, eu era menina "nerd",
  • 9:20 - 9:23
    que na época a gente chamava de "CDF".
  • 9:23 - 9:26
    Eu era a menina "nerd",
    e eu adorava ficção científica.
  • 9:27 - 9:32
    Então ali estão as ficções científicas
    da ocasião, da época.
  • 9:32 - 9:34
    Tem "Star Trek", " Star Wars",
  • 9:34 - 9:37
    "Jornada nas Estrelas",
    "Perdidos no Espaço",
  • 9:37 - 9:42
    tem o "Cosmos" com Carl Sagan, que não é
    ficção, mas que é um grande show na TV.
  • 9:42 - 9:49
    E eu coloquei aqui um trechinho
    de um caderno velho que eu tinha,
  • 9:49 - 9:52
    que mostrava três
    das minhas paixões dessa época.
  • 9:52 - 9:54
    Eu devia ter uns 15 anos.
  • 9:54 - 9:56
    Eu escrevia isso
    em todos os meus cadernos.
  • 9:56 - 9:59
    Na contracapa dos meus cadernos.
  • 9:59 - 10:01
    Eram três das minhas paixões.
  • 10:01 - 10:05
    Não sei se está dando para todo mundo
    ver claramente o que está escrito.
  • 10:06 - 10:10
    Eu escrevia: "Flamengo,
    o melhor time do mundo".
  • 10:10 - 10:11
    (Aplausos)
  • 10:14 - 10:18
    Isso aí gente, lembra que eu fui
    alfabetizada em 1970?
  • 10:18 - 10:22
    Então, eu tinha seis anos em 1970, então
    nessa época, eu estou falando dos anos 70.
  • 10:22 - 10:26
    Os anos 70 foi a época em que o Flamengo
    foi três vezes tricampeão.
  • 10:26 - 10:28
    Época do tri-tri.
  • 10:28 - 10:31
    Então, o Flamengo era
    muito importante na minha vida.
  • 10:31 - 10:34
    Outra coisa que era
    muito importante na minha vida,
  • 10:34 - 10:37
    o maior roqueiro de todos os tempos:
  • 10:37 - 10:38
    Peter Frampton.
  • 10:39 - 10:41
    (Risos)
  • 10:42 - 10:45
    Se vocês nunca ouviram falar
    de Peter Frampton, por favor,
  • 10:45 - 10:47
    quando chegarem em casa, dever de casa,
  • 10:47 - 10:50
    Google e Youtube: Peter Frampton.
  • 10:50 - 10:53
    Vocês vão se apaixonar,
    como eu quando tinha 15 anos.
  • 10:54 - 10:55
    E eu tinha um outra paixão.
  • 10:55 - 10:59
    Minha outra paixão era uma nave espacial.
  • 11:00 - 11:04
    Uma sonda espacial que a Nasa
    tinha mandando pelo sistema solar,
  • 11:04 - 11:08
    que se chamava Pioneer 11.
  • 11:08 - 11:12
    Já ouviram falar de menina
    que tinha nave espacial favorita?
  • 11:12 - 11:13
    (Risos)
  • 11:13 - 11:15
    Não tinha, era só eu.
  • 11:15 - 11:16
    (Risos)
  • 11:17 - 11:20
    Então essa paixão que eu tinha
    por ciência espacial, por astronomia,
  • 11:20 - 11:23
    era uma coisa que vinha
    desde quando eu era adolescente.
  • 11:24 - 11:25
    Então o que eu fiz?
  • 11:25 - 11:28
    Eu falei pra minha mãe
    que eu queria fazer astronomia.
  • 11:29 - 11:34
    Aqui são as descobertas da Pioneer
    que me motivaram a tomar essa atitude,
  • 11:34 - 11:36
    que eu iria fazer astronomia;
  • 11:36 - 11:40
    eu queria um dia participar
    de descobertas como essas.
  • 11:41 - 11:46
    Bom, eu falei pra minha mãe
    que eu queria fazer astronomia.
  • 11:46 - 11:48
    Ai minha mãe falou: "Astro o quê?"
  • 11:48 - 11:49
    (Risos)
  • 11:50 - 11:53
    Sou de uma família classe média simples,
  • 11:53 - 11:55
    a gente morava no subúrbio carioca.
  • 11:56 - 11:59
    Nem meus pai nem minha mãe
    fizeram faculdade.
  • 11:59 - 12:01
    Nós eramos assim... o dinheiro era curto.
  • 12:01 - 12:07
    Meus três irmãos já tinham entrado
    na universidade com muito sacrifício.
  • 12:07 - 12:10
    Eu era a última a entrar na universidade.
  • 12:10 - 12:13
    E a minha mãe era muito
    preocupada com o meu futuro,
  • 12:13 - 12:15
    porque ela achava que eu ia morrer de fome
  • 12:15 - 12:18
    fazendo isso que ela não sabia
    o que significava.
  • 12:18 - 12:21
    Então ela teve uma brilhante ideia.
  • 12:21 - 12:26
    Ela me levou no observatório
    do Valongo da UFRJ.
  • 12:27 - 12:32
    Bom, nós na ocasião morávamos
    no subúrbio carioca, em Brás de Pina.
  • 12:32 - 12:34
    Já ouviram falar?
  • 12:34 - 12:36
    Morávamos em Brás de Pina.
  • 12:36 - 12:40
    Saia lá de Brás de Pina, na rua Baíra,
    eu e minha mãe, eu tinha 16 anos.
  • 12:41 - 12:43
    Eu e minha mãe fomos
    lá no centro da cidade.
  • 12:43 - 12:47
    Ela não veio aqui na cidade universitária
    porque ela ficou sabendo,
  • 12:47 - 12:50
    não sei como pois não tinha Google,
  • 12:50 - 12:52
    que a astronomia
    era lá no centro da cidade,
  • 12:52 - 12:54
    no observatório do Valongo.
  • 12:54 - 12:58
    Então pegamos o ônibus em Brás de Pina.
  • 12:59 - 13:03
    Em 1h45min a gente chegou
    no centro da cidade.
  • 13:03 - 13:05
    É o centro velho do Rio de Janeiro.
  • 13:05 - 13:09
    Se vocês nunca foram ao observatório
    do Valongo, eu recomendo.
  • 13:09 - 13:12
    É um lugar superbucólico, um lugar lindo,
  • 13:12 - 13:14
    que fica no meio da favela,
    no centro do Rio de janeiro,
  • 13:15 - 13:18
    no morro da Providência, bairro da Saúde.
  • 13:19 - 13:22
    Bom, estava calor,
  • 13:22 - 13:27
    a gente subiu aquela famosa ladeira
    do Valongo, a ladeira do Pedro Antônio,
  • 13:27 - 13:31
    e mais ou menos no meio da ladeira
    a minha mãe começou a se arrepender
  • 13:31 - 13:36
    daquela ideia maravilhosa que ela teve
    de me levar no morro do Valongo.
  • 13:37 - 13:38
    Aí chegamos lá em cima.
  • 13:38 - 13:40
    Quando a gente chegou lá em cima,
  • 13:40 - 13:44
    tinha alguns estudantes
    e alguns professores.
  • 13:44 - 13:46
    Conversamos com alguns deles,
  • 13:46 - 13:50
    e os estudantes nos levaram
    pra conhecer o relógio atômico.
  • 13:51 - 13:54
    O relógio atômico foi
    transformador na minha vida.
  • 13:54 - 13:58
    Quando eu vi o relógio atômico,
    eu tinha 16 anos, fiquei de boca aberta,
  • 13:58 - 14:00
    porque parecia filme de ficção científica.
  • 14:01 - 14:04
    Hoje em dia se vocês virem,
    vocês iriam morrer de rir,
  • 14:04 - 14:08
    porque é só uma caixa com pininhos,
    não tem nada mais do que isso.
  • 14:08 - 14:10
    Mas aquilo pra mim era
    absolutamente fantástico.
  • 14:10 - 14:12
    Era a hora mais precisa do Brasil.
  • 14:12 - 14:16
    Tinha césio lá dentro,
    elemento químico radioativo.
  • 14:16 - 14:17
    Já pensou?
  • 14:17 - 14:19
    Então, eu achava isso o máximo.
  • 14:19 - 14:22
    Bom, aí fomos embora.
  • 14:22 - 14:24
    Na descida da ladeira, a minha mãe,
  • 14:24 - 14:27
    que estava com o pé no chão,
    e eu lá nas nuvens,
  • 14:27 - 14:31
    virou para mim e falou: "Minha filha,
    é isso mesmo que você quer fazer?"
  • 14:31 - 14:34
    Eu falei: "É, não foi maravilhoso?"
  • 14:34 - 14:35
    Ela falou: "Você é maluca!"
  • 14:35 - 14:36
    (Risos)
  • 14:36 - 14:40
    Eu falei: "Não sou maluca, eu adorei!"
  • 14:40 - 14:43
    Ela falou: "Mas onde você vai
    arrumar emprego depois?"
  • 14:44 - 14:47
    A resposta que eu dei pra minha mãe
    é uma resposta reveladora.
  • 14:48 - 14:49
    Eu falei pra minha mãe o seguinte:
  • 14:49 - 14:53
    "Ué, os professores da UFRJ
    não são astrônomos
  • 14:53 - 14:55
    e não são empregados?
  • 14:55 - 14:59
    Por que que eu não posso
    ser uma professora da UFRJ?"
  • 15:00 - 15:01
    Aí caiu a ficha.
  • 15:01 - 15:07
    Aí a minha mãe deixou eu fazer
    vestibular de astronomia.
  • 15:07 - 15:14
    Eu fiz, e aqui nesta foto, é uma foto
    de 1981 tirada no CCMN,
  • 15:14 - 15:16
    onde nós éramos todos cabeludos.
  • 15:16 - 15:17
    (Risos)
  • 15:18 - 15:20
    Tem duas pessoas aqui
  • 15:20 - 15:23
    que estão presentes no auditório.
  • 15:24 - 15:28
    Aqui é no CCMN,
    aqui é na Física, no bloco A.
  • 15:28 - 15:31
    Também tem algumas pessoas aqui
    que não estão presentes,
  • 15:31 - 15:35
    mas que ainda são ligadas a UFRJ.
  • 15:36 - 15:39
    É do curso de Física, porque quem faz
    Astronomia tem que fazer física;
  • 15:39 - 15:43
    tem que fazer física, fazer matemática,
    fazer todas as matérias aqui no Fundão,
  • 15:43 - 15:45
    depois faz astronomia lá no Valongo.
  • 15:45 - 15:48
    Bom, então aquilo que eu falei pra vocês,
  • 15:48 - 15:50
    que eu falei pra minha mãe
  • 15:50 - 15:53
    que o professor é um cientista,
  • 15:53 - 15:58
    é uma coisa superimportante, que acho
    que nós, professores, somos culpados
  • 15:58 - 16:02
    de não revelarmos isso mais pra sociedade.
  • 16:03 - 16:05
    Precisamos falar mais isso.
  • 16:05 - 16:09
    Vocês por favor falem isso pra todos.
  • 16:09 - 16:13
    Porque existe hoje um preconceito
    contra o professor.
  • 16:13 - 16:17
    Quando a gente fala:
    "Você quer ser cientista?
  • 16:17 - 16:20
    Você depois vai trabalhar
    na universidade e vai ser professor".
  • 16:20 - 16:22
    É como se tivesse jogado
    um banho de água fria
  • 16:22 - 16:24
    naquela criança, naquele jovem.
  • 16:24 - 16:27
    "Professor de jeito nenhum,
    não quero isso de jeito nenhum.
  • 16:27 - 16:30
    Eu quero ser cientista,
    mas não quero ser professor."
  • 16:30 - 16:32
    O professor é um cientista,
  • 16:32 - 16:33
    e o cientista é um professor.
  • 16:33 - 16:37
    Isso é uma coisa que a gente precisa
    esclarecer mais pra sociedade.
  • 16:37 - 16:39
    O professor é um especialista.
  • 16:39 - 16:41
    O professor é um intelectual.
  • 16:41 - 16:42
    O professor é um pensador.
  • 16:42 - 16:45
    O professor é a alma da sociedade.
  • 16:45 - 16:47
    Uma sociedade que se esquece disso
  • 16:47 - 16:51
    é uma sociedade que não merece crescer.
  • 16:52 - 16:54
    Eu gostaria que vocês pensassem nisso
  • 16:54 - 16:57
    e gostaria de pedir a todos vocês
  • 16:57 - 17:01
    que ajudassem nessa campanha
    de valorização do professor.
  • 17:02 - 17:05
    (Aplausos)
  • 17:10 - 17:12
    Aí eu viajei na maionese.
  • 17:12 - 17:13
    O tempo está passando rápido.
  • 17:13 - 17:17
    Mas eu sou a última, então não estou
    nem aí se o tempo passar muito.
  • 17:17 - 17:18
    (Risos)
  • 17:19 - 17:22
    A minha universidade do futuro é esta.
  • 17:22 - 17:24
    É a UFRJ do futuro.
  • 17:24 - 17:26
    É uma universidade conectada com a mídia.
  • 17:26 - 17:28
    É uma universidade
    conectada com a indústria.
  • 17:28 - 17:31
    É uma universidade internacionalizada.
  • 17:31 - 17:34
    É uma universidade
    preocupada com o meio ambiente.
  • 17:34 - 17:38
    O meio ambiente é muito importante,
    a gente mora dentro do Complexo da Maré.
  • 17:38 - 17:40
    A gente precisa se lembrar disso.
  • 17:40 - 17:42
    A gente precisa mudar a universidade.
  • 17:42 - 17:48
    Eu gostaria de lembrar da universidade
    com o cheiro de maresia e não de esgoto.
  • 17:48 - 17:52
    Como que a gente pode formar futuros
    biólogos ao lado dessa baía fedorenta?
  • 17:52 - 17:57
    Como a gente pode formar futuros
    engenheiros em prédios que estão caindo?
  • 17:57 - 18:01
    Como a gente pode ter um hospital
    ao lado de um prédio abandonado?
  • 18:01 - 18:05
    A gente precisa ter apego à UFRJ.
  • 18:05 - 18:09
    Sem apego, não vai mudar,
    não vai se transformar.
  • 18:09 - 18:14
    A gente precisa ter apego aos vizinhos,
    isto é uma foto tirada na Redes da Maré.
  • 18:14 - 18:16
    A gente precisa ir lá.
  • 18:16 - 18:21
    A gente precisa ter coragem
    de ir lá, lá na Maré mesmo.
  • 18:21 - 18:25
    Pra se transformar é necessário
    ter coragem, é necessário se arriscar.
  • 18:25 - 18:30
    Vamos todos lá na Maré, vamos todos
    trazer as crianças da Maré pra UFRJ.
  • 18:30 - 18:32
    E nós temos que ir lá.
  • 18:32 - 18:37
    E só assim a gente vai escrever
    o nome da URFJ nas estrelas.
  • 18:37 - 18:38
    Muito obrigada.
  • 18:38 - 18:41
    (Aplausos)
Title:
É preciso coragem para mudar | Duilia Mello | TEDxUFRJ
Description:

Astrônoma formada pela UFRJ, INPE e USP, trabalha na PUC de Washington DC e da NASA Goddard Space Flight Center há 12 anos. Ela é considerada uma das "10 mulheres que mudam o Brasil" e uma das "100 pessoas mais influentes do Brasil". Ela é especialista em imagens profundas do universo utilizando o telescópio espacial Hubble. Duas das suas descobertas incluem as bolhas azuis que são berçários de estrelas que nascem fora das galáxias e a estrela supernova 1997D. Conhecida como a Mulher das Estrelas, ela faz um trabalho de popularização da ciência visando motivar a criança e o jovem a buscar seu talento e seguir os seus sonhos. É autora do livro Vivendo com as Estrelas onde narra os passos que a levaram até chegar a NASA. Ela espera um dia mudar o Brasil, estudante por estudante.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:45

Portuguese, Brazilian subtitles

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