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O que é a epigenética? — Carlos Guerrero-Bosagna

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    Este é um enigma:
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    Como é que gémeos idênticos,
    com o mesmo ADN de origem,
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    podem vir a ser tão diferentes,
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    mesmo em características
    que têm uma forte componente genética?
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    Por exemplo, porque é que uma gémea
    pode ter uma doença cardíaca aos 55 anos,
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    enquanto a irmã dela corre maratonas
    de perfeita saúde?
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    O inato e o adquirido
    têm muito a ver com isso,
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    mas podemos encontrar
    uma resposta mais profunda
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    naquilo a que se chama epigenética.
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    Trata-se do estudo de como o ADN interage
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    com a multitude de moléculas
    mais pequenas no interior das células
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    que podem ativar e desativar genes.
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    Se pensarmos no ADN
    como um livro de receitas,
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    são sobretudo essas moléculas
    que determinam o que cozinhar e quando.
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    Não é que estejam a fazer
    escolhas conscientes,
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    mas a sua presença e concentração
    nas células fazem a diferença.
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    Então, como é que funcionam as coisas?
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    Os genes no ADN exprimem-se
    quando são lidos e transcritos em ARN
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    que é traduzido em proteínas
    por estruturas chamadas ribossomas.
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    São sobretudo as proteínas que determinam
    as características e função duma célula.
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    As alterações epigenéticas
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    podem estimular ou interferir
    na transcrição de genes específicos.
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    A forma mais comum
    de ocorrer essa interferência
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    é quando o ADN,
    ou as proteínas que o envolvem,
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    recebem pequenas etiquetas químicas.
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    O conjunto de todas as etiquetas químicas
    que estão ligadas ao genoma
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    duma determinada célula
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    chama-se o epigenoma.
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    Algumas delas, como um grupo metil,
    inibem a expressão do gene
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    perturbando o maquinismo
    de transcrição celular
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    ou fazendo com que o ADN
    se enrole mais apertadamente,
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    tornando o gene inacessível.
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    O gene continua ali, mas está silencioso.
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    A transcrição estimulada é
    essencialmente o oposto.
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    Algumas etiquetas químicas
    desenrolam o ADN,
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    tornando-o mais fácil de transcrever,
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    o que acelera a produção
    da proteína associada.
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    As alterações epigenéticas
    podem sobreviver à divisão celular,
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    o que significa que podem afetar
    um organismo durante toda a vida.
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    Por vezes, é uma coisa boa.
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    As alterações celulares fazem parte
    do desenvolvimento normal.
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    As células num embrião começam
    com um genoma mestre.
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    À medida que as células se dividem,
    alguns genes são ativados
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    e outros inibidos.
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    Com o tempo, através
    da reprogramação epigenética,
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    algumas células evoluem
    em células do coração
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    e outras em células do fígado.
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    Cada um dos cerca de
    200 tipos de células no nosso corpo
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    tem essencialmente o mesmo genoma
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    mas o seu epigenoma distinto.
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    O epigenoma arbitra também
    um diálogo, toda a vida,
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    entre genes e o meio ambiente.
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    As etiquetas químicas
    que ligam e desligam os genes
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    podem ser influenciadas
    por fatores, como a alimentação,
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    a exposição a químicos,
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    e os medicamentos.
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    As resultantes alterações epigenéticas
    podem vir a causar doenças,
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    se, por exemplo, desligam um gene
    que produz uma proteína anti tumor.
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    As alterações epigenéticas
    induzidas pelo meio ambiente
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    são uma das razões por que
    gémeos geneticamente idênticos
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    podem crescer com vidas muito diferentes.
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    À medida que os gémeos envelhecem,
    os seus epigenomas vão divergindo,
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    afetando a forma como envelhecem
    e a sua suscetibilidade à doença.
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    Até as experiências sociais
    podem causar alterações epigenéticas.
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    Numa experiência muito conhecida,
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    quando os ratinhos não recebiam
    atenção suficiente das suas mães,
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    os genes das crias que as ajudavam
    a gerir o stress ficavam metilados
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    e eram desligados.
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    E isso podia não ficar só
    por essa geração.
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    A maior parte das marcas
    epigenéticas são apagadas
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    quando se formam o ovo e o esperma.
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    Mas os cientistas pensam hoje que
    sobrevivem algumas dessas marcas,
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    passando as características epigenéticas
    para a geração seguinte.
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    As experiências de criança
    da nossa mãe ou do nosso pai,
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    ou as suas escolhas, quando adultos,
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    podem modelar o nosso epigenoma.
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    Mas apesar de as alterações
    epigenéticas serem duradouras,
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    não são forçosamente permanentes.
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    Um estilo de vida equilibrado
    que inclua uma dieta saudável,
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    exercício,
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    e evitar exposição a contaminantes,
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    pode, com a continuação,
    criar um epigenoma saudável.
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    Vivemos uma época excitante
    por andarmos a estudar isto.
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    Os cientistas estão a começar
    a compreender
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    como a epigenética pode explicar
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    os mecanismos do desenvolvimento
    e envelhecimento humano
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    assim como as origens do cancro,
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    das doenças cardíacas,
    das doenças mentais,
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    da dependência e de muitas outras doenças.
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    Entretanto, novas técnicas
    de alteração do genoma
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    estão a tornar
    muito mais fácil identificar
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    quais as alterações epigenéticas
    que interessam para a saúde e as doenças.
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    Quando percebermos
    como o nosso epigenoma nos influencia
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    poderemos ser capazes
    de o influenciar também.
Title:
O que é a epigenética? — Carlos Guerrero-Bosagna
Description:

Vejam a lição complete: http://ed.ted.com/lessons/how-the-choices-you-make-can-affect-your-genes-carlos-guerrero-bosagna

Este é um enigma: gémeos idênticos têm origem no mesmo ADN... então como é que podem vir a ser tão diferentes — mesmo em características que têm uma forte componente genética? Carlos Guerrero-Bosagna explica que, embora o inato e o adquirido tenham muito a ver com isso, podemos encontrar uma resposta mais profunda naquilo a que se chama epigenética.

Lição de Carlos Guerrero-Bosagna, animação de Chris Bishop.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:03

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