A propósito do consumo colaborativo
-
0:01 - 0:05Hoje vou falar-vos sobre o aparecimento
do consumo colaborativo. -
0:06 - 0:09Vou explicar o que é
e tentar convencer-vos -
0:09 - 0:10— apenas em 15 minutos —
-
0:10 - 0:13que isto não é uma ideia insensata,
-
0:13 - 0:14nem uma tendência de curta duração,
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0:14 - 0:17mas uma poderosa força
económica e cultural, -
0:17 - 0:19que reinventa, não só o que consumimos,
-
0:19 - 0:21mas como consumimos.
-
0:21 - 0:24Vou começar com um exemplo
enganadoramente simples. -
0:25 - 0:26Mãos no ar!
-
0:26 - 0:32Quem tem livros, CDs, DVDs
ou livros, lá em casa, -
0:32 - 0:34que provavelmente
não vão utilizar outra vez, -
0:34 - 0:37mas que não são capazes de deitar fora?
-
0:38 - 0:41Não consigo ver todas as mãos,
mas parece-me que são todos. -
0:42 - 0:44Nas nossas prateleiras de casa,
-
0:44 - 0:47temos um conjunto de DVDs da série "24"
-
0:47 - 0:49temporada seis, para ser precisa.
-
0:49 - 0:52Penso que no-la deram há uns três anos,
como prenda de Natal. -
0:52 - 0:55O meu marido, Chris, e eu
adoramos esta série. -
0:55 - 0:59Mas honestamente, depois de a vermos
uma vez ou duas -
0:59 - 1:00não queremos vê-la outra vez,
-
1:00 - 1:04porque já sabemos como é que
Jack Bauer vai derrotar os terroristas. -
1:04 - 1:07Por isso ali fica nas nossas prateleiras,
obsoleta para nós, -
1:07 - 1:10mas com valor imediato latente
para outra pessoa. -
1:10 - 1:13Antes de continuarmos,
tenho uma confissão a fazer. -
1:13 - 1:15Eu vivi em Nova Iorque durante 10 anos,
-
1:15 - 1:18e sou uma grande fã
de "O Sexo e a Cidade". -
1:18 - 1:21Eu adoraria ver
o primeiro filme outra vez, -
1:21 - 1:24uma espécie de aquecimento
para a sequela que vem aí. -
1:24 - 1:28Portanto seria fácil eu trocar
a nossa cópia desnecessária de "24" -
1:28 - 1:30por uma cópia de "O Sexo e a Cidade"?
-
1:30 - 1:33Já devem ter reparado
que há um novo setor emergente -
1:33 - 1:35chamado "permuta".
-
1:35 - 1:37A analogia mais fácil para a permuta
-
1:37 - 1:41é como um serviço de encontros online
para todos os nossos "media". -
1:41 - 1:46Usamos a Internet
para criar um mercado infinito -
1:46 - 1:48para combinar os "teres" da pessoa A
-
1:48 - 1:50com os "quereres" da pessoa C,
-
1:50 - 1:52sejam eles quais forem.
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1:52 - 1:55Na semana passada, fui a um desses sites,
-
1:55 - 1:57adequadamente chamado Swaptree.
-
1:57 - 2:01Tinha mais de 59 300 artigos
-
2:01 - 2:05que eu podia trocar instantaneamente
pela minha cópia de "24". -
2:05 - 2:07Maravilha das maravilhas!
-
2:07 - 2:10Em Reseda, Califórnia,
havia um tal Rondoron -
2:10 - 2:14que queria trocar uma cópia
"como nova" de "O Sexo e a Cidade" -
2:14 - 2:16pela minha cópia de "24".
-
2:16 - 2:18Por outras palavras, o que se passa aqui
-
2:18 - 2:20é que o Swaptree resolve o problema
-
2:20 - 2:22do pagamento de transporte,
-
2:22 - 2:26um problema a que os economistas chamam
"coincidência de quereres", -
2:26 - 2:28em aproximadamente 60 segundos.
-
2:28 - 2:32O mais espantoso é que vai imprimir
uma etiqueta de franquia no local, -
2:32 - 2:34porque sabe qual é o peso do item.
-
2:34 - 2:39Há montes de maravilhas tecnológicas
por detrás de sites como o Swaptree, -
2:39 - 2:41mas isso não me interessa,
-
2:41 - 2:43nem tão pouco o comércio
de permuta em si mesmo. -
2:43 - 2:47A minha paixão aquilo a que dediquei
a minha investigação nos últimos anos, -
2:48 - 2:51são os comportamentos colaborativos
e a mecânica de confiança -
2:51 - 2:53inerente nestes sistemas.
-
2:53 - 2:55Quando pensamos nisto,
-
2:55 - 2:58deve ter parecido um ideia louca,
ainda há poucos anos, -
2:58 - 3:01ser possível eu poder trocar
as minhas coisas com um desconhecido -
3:01 - 3:04cujo nome verdadeiro eu não sabia
-
3:04 - 3:06e sem trocar nenhum dinheiro.
-
3:06 - 3:10Apesar disso, 99 % das trocas
no Swaptree são bem sucedidas. -
3:10 - 3:13O 1% que recebe uma classificação negativa
-
3:13 - 3:15é por razões relativamente menores,
-
3:15 - 3:18tal como o artigo não ter chegado a tempo.
-
3:18 - 3:20Então o que é que se passa aqui?
-
3:20 - 3:23Está aqui em jogo uma dinâmica
extremamente poderosa -
3:23 - 3:27que tem enormes implicações
comerciais e culturais. -
3:27 - 3:30Nomeadamente, que a tecnologia
-
3:30 - 3:33está a permitir a confiança
entre estranhos. -
3:34 - 3:36Vivemos agora numa aldeia global
-
3:36 - 3:40onde podemos imitar os laços
que costumavam ocorrer cara-a-cara, -
3:40 - 3:44mas a uma escala e de uma maneira
que nunca tinha sido possível. -
3:44 - 3:46Portanto, o que acontece, de facto,
-
3:46 - 3:49é que as redes sociais
e as tecnologias em tempo real -
3:49 - 3:51estão a fazer-nos andar para trás.
-
3:51 - 3:54Estamos a regatear, a negociar,
a trocar, a partilhar, -
3:55 - 3:58mas está tudo a ser reinventado
de forma dinâmica e apelativa. -
3:58 - 4:00Aquilo que eu acho fascinante
-
4:00 - 4:03é que ligámos de facto
o nosso mundo para partilhar, -
4:03 - 4:06quer seja com o nosso vizinho,
com a nossa escola, -
4:06 - 4:09com o nosso escritório
ou com a nossa rede de Facebook. -
4:09 - 4:12Isso está a criar uma economia
de "o que é meu é nosso". -
4:13 - 4:17Desde o poderoso eBay
— o avô dos mercados de troca — -
4:17 - 4:20às companhias de partilha de carros,
tal como o GoGet, -
4:20 - 4:23em que pagamos uma prestação mensal
para alugar um carros à hora, -
4:23 - 4:26às plataformas sociais
de empréstimos, como a Zopa, -
4:26 - 4:28que agarra em qualquer um desta plateia
-
4:28 - 4:30que tenha 100 dólares para emprestar,
-
4:30 - 4:33e combina-o com um mutuário
em qualquer sítio do mundo, -
4:33 - 4:36estamos a partilhar e colaborar de novo
-
4:36 - 4:39de maneiras que, acho eu,
são mais sofisticadas. -
4:40 - 4:43Chamo a isto "a vaga
do consumo colaborativo". -
4:43 - 4:47Antes de investigar os diferentes sistemas
de consumo colaborativo, -
4:47 - 4:50gostaria de tentar responder à pergunta
-
4:50 - 4:53que é feita apropriadamente
a qualquer autor, ou seja: -
4:53 - 4:55"De onde surgiu esta ideia?"
-
4:55 - 4:58Gostaria de dizer que, uma manhã,
acordei e disse: -
4:58 - 5:00"Vou escrever sobre consumo colaborativo."
-
5:00 - 5:05Mas, de facto, foi uma rede complicada
de ideias aparentemente desligadas. -
5:05 - 5:07No próximo minuto, vamos ver
-
5:07 - 5:10como que um fogo de artifício de conceitos
-
5:10 - 5:12de todos os pontos
que passaram pela minha cabeça. -
5:13 - 5:16A primeira coisa em que comecei a reparar:
-
5:16 - 5:18quantos grandes conceitos
estão a surgir à nossa volta -
5:18 - 5:21— desde a sabedoria das massas
até às máfias espertas — -
5:21 - 5:24e quão ridiculamente fácil é
formar grupos com um objetivo? -
5:24 - 5:27Relacionados com esta mania das massas
-
5:27 - 5:29havia exemplos pelo mundo inteiro
-
5:29 - 5:30— desde a eleição de um presidente
-
5:30 - 5:33à famosa Wikipedia
e tudo o que está pelo meio — -
5:33 - 5:36do que o poder dos números podia alcançar.
-
5:36 - 5:39Sabem, como quando aprendemos
uma palavra nova, -
5:39 - 5:41e depois começamos a ver
essa palavra por todo o lado? -
5:41 - 5:43Foi isso que me aconteceu
-
5:43 - 5:45quando reparei que estamos a passar
-
5:45 - 5:49de consumidores passivos para criadores.
-
5:49 - 5:52e para colaboradores altamente capazes.
-
5:52 - 5:56O que está a acontecer é que a Internet
está a eliminar o intermediário, -
5:56 - 5:59de maneira que qualquer um,
desde um designer de T-shirts -
5:59 - 6:01a uma tricotadeira,
-
6:01 - 6:03pode ganhar a vida
a vender de igual para igual. -
6:03 - 6:06E a força ubíqua desta revolução
de igual para igual -
6:06 - 6:10significa que a partilha está a ocorrer
a um ritmo fenomenal. -
6:10 - 6:14Ou seja, é fantástico pensar
que, a cada minuto deste discurso, -
6:15 - 6:19vão ser carregadas 25 horas
de vídeo no YouTube. -
6:20 - 6:22O que eu acho fascinante nestes exemplos
-
6:22 - 6:26é que estão, de facto, a tocar
nos nossos instintos primatas. -
6:26 - 6:28Ou seja, somos macacos,
-
6:28 - 6:31nascemos e fomos criados
para partilhar e cooperar. -
6:31 - 6:34E fazemos isto há milhares de anos,
-
6:34 - 6:36quer quando caçávamos em grupos,
-
6:36 - 6:38quer quando cultivávamos em cooperativas,
-
6:38 - 6:42antes de aparecer este grande sistema
chamado hiperconsumo. -
6:42 - 6:45Construímos estas "vedações"
e criámos os nossos pequenos feudos. -
6:46 - 6:48Mas as coisas estão a mudar,
-
6:48 - 6:52e uma das razões para isso
são os nativos digitais, ou a geração Y. -
6:53 - 6:55Eles estão a crescer partilhando
-
6:55 - 6:57— ficheiros, videojogos, conhecimentos.
-
6:57 - 6:59Para eles é uma segunda natureza.
-
6:59 - 7:02Então nós, a geração milénio
— eu sou uma delas — -
7:02 - 7:03somos como soldados apeados,
-
7:03 - 7:07movendo-nos de um cultura do "eu"
para uma cultura do "nós". -
7:07 - 7:09E isto está a ocorrer tão rapidamente
-
7:09 - 7:11por causa da colaboração móvel.
-
7:11 - 7:13Vivemos agora numa era interligada,
-
7:13 - 7:17em que podemos localizar qualquer um,
em qualquer altura, em tempo real, -
7:17 - 7:19com um pequeno aparelho
nas nossas mãos. -
7:19 - 7:23Tudo isto estava a passar-me pela cabeça
nos finais de 2008, -
7:23 - 7:26quando aconteceu
o grande colapso financeiro. -
7:26 - 7:30Thomas Friedman é um dos meus colunistas
preferidos do New York Times, -
7:30 - 7:32e comentou contundentemente
-
7:32 - 7:35que 2008 foi quando batemos numa parede
-
7:35 - 7:39quando a mãe natureza e o mercado
disseram ambos "Já chega." -
7:40 - 7:42Agora sabemos racionalmente
-
7:42 - 7:44que uma economia construída
sobre o hiperconsumo -
7:44 - 7:47é um esquema Ponzi,
é um castelo de cartas. -
7:47 - 7:51Apesar disso, é-nos difícil saber,
individualmente, o que fazer. -
7:51 - 7:53Portanto, tudo isto é muito paleio, não é?
-
7:53 - 7:56Era muito ruído e complexidade
na minha cabeça, -
7:56 - 7:58até que percebi que estava a acontecer
-
7:58 - 8:00por causa de quatro elementos motivadores.
-
8:00 - 8:03Um, uma crença renovada
na importância de comunidade, -
8:03 - 8:06e uma redefinição do que significa,
realmente um amigo ou um vizinho . -
8:06 - 8:09Uma torrente de redes sociais
de igual para igual -
8:09 - 8:11e de tecnologias em tempo real,
-
8:11 - 8:14a mudar fundamentalmente
a maneira como nos comportamos. -
8:14 - 8:17Três, preocupações ambientais
urgentes e não resolvidas. -
8:17 - 8:19E quatro, uma recessão global
-
8:19 - 8:22que chocou fundamentalmente
os comportamentos de consumo. -
8:22 - 8:26Estas quatro motivações
estão a fundir-se -
8:26 - 8:28e a criar a grande viragem,
-
8:28 - 8:32passando do século XX,
definido por hiperconsumismo, -
8:32 - 8:36para o século XXI,
definido por consumo colaborativo. -
8:37 - 8:40Eu geralmente acredito
que estamos num ponto de inflexão -
8:40 - 8:42em que os comportamentos de partilha
-
8:42 - 8:44— através de sites como o Flickr e Twitter
-
8:44 - 8:47que estão a tornar-se
numa segunda natureza online — -
8:47 - 8:50estão a ser aplicados a áreas offline
da nossa vida quotidiana. -
8:50 - 8:53Desde as boleias matinais
e a maneira como a moda é definida -
8:53 - 8:54até à maneira como cultivamos comida,
-
8:54 - 8:57estamos a consumir
e a colaborar novamente. -
9:00 - 9:02Portanto, o meu coautor, Roo Rogers, e eu
-
9:02 - 9:05reunimos milhares de exemplos
de consumo colaborativo, -
9:05 - 9:07pelo mundo inteiro.
-
9:07 - 9:11E embora variem bastante em escala,
maturidade e propósito, -
9:11 - 9:12quando os aprofundámos,
-
9:12 - 9:16apercebemo-nos que podiam estar
organizados em três sistemas distintos. -
9:16 - 9:19O primeiro são os mercados
de redistribuição. -
9:19 - 9:21Os mercados de redistribuição
— tal como o Swaptree — -
9:21 - 9:24são quando pegamos num artigo usado,
-
9:24 - 9:26e o mudamos do local onde não é preciso
-
9:26 - 9:29para qualquer sítio
ou para alguém, onde é preciso. -
9:29 - 9:31São considerados, cada vez mais,
como o quinto "R" -
9:31 - 9:34— Reduzir, Reutilizar, Reciclar,
Reparar e Redistribuir — -
9:34 - 9:37porque aumentam
o ciclo de vida de um produto -
9:37 - 9:39e portanto reduzem os desperdícios.
-
9:39 - 9:42O segundo são os estilos
de vida colaborativos. -
9:42 - 9:44Ou seja, a partilha
de recursos e de coisas -
9:44 - 9:47como o dinheiro, as capacidades e o tempo.
-
9:47 - 9:49Aposto que, dentro de poucos anos,
-
9:49 - 9:51expressões como "trabalho conjunto",
-
9:51 - 9:54e "sofá disponível" e "bancos de horas"
-
9:54 - 9:57vão fazer parte das línguas maternas.
-
9:57 - 10:00Um dos meus exemplos favoritos
de estilos de vida colaborativos -
10:00 - 10:02chama-se "partilha de terras".
-
10:02 - 10:03É um esquema no Reino Unido
-
10:03 - 10:08que junta o Sr. Jones,
com algum espaço livre no seu quintal, -
10:09 - 10:12com a Sra. Smith,
uma aspirante a cultivadora. -
10:12 - 10:14Juntos cultivam a sua comida.
-
10:14 - 10:17É uma daquelas ideias que é tão simples,
mas tão brilhante, -
10:17 - 10:20que nos perguntamos
porque é que ainda não tinha sido feito. -
10:20 - 10:24O terceiro sistema são os sistemas
de serviços de produtos. -
10:24 - 10:26É quando pagamos
pelo benefício do produto -
10:26 - 10:27— o que ele faz para nós —
-
10:27 - 10:30sem necessitar de possuir
o produto em si mesmo. -
10:30 - 10:33Esta ideia é particularmente poderosa
-
10:33 - 10:36para coisas que quase não têm utilidade.
-
10:36 - 10:39Pode ser qualquer coisa
desde coisas de bebés, -
10:39 - 10:41à moda, a...
-
10:41 - 10:43Quantos aqui têm berbequins?
-
10:43 - 10:44Têm um berbequim? Ok.
-
10:44 - 10:48Esse berbequim vai ser usado
cerca de 12 a 13 minutos -
10:48 - 10:50durante todo o seu tempo de vida.
-
10:50 - 10:51(Risos)
-
10:51 - 10:53É um bocado ridículo, não é?
-
10:53 - 10:56Porque o que precisamos é de um buraco,
não é de um berbequim. -
10:56 - 10:58(Risos)
-
10:58 - 10:59(Aplausos)
-
11:00 - 11:02Porque é que não alugaram um berbequim?
-
11:02 - 11:05Ou, melhor ainda, alugam o berbequim
a outras pessoas -
11:05 - 11:06e ganham algum dinheiro?
-
11:06 - 11:08Estes sistemas estão a juntar-se,
-
11:08 - 11:10permitindo que as pessoas
partilhem recursos -
11:10 - 11:13sem terem de sacrificar
os seus estilos de vida, -
11:13 - 11:15ou as suas preciosas liberdades pessoais.
-
11:15 - 11:16Eu não estou a pedir às pessoas
-
11:16 - 11:19que partilhem simpaticamente
a caixa de areia. -
11:20 - 11:22Por isso quero dar-vos um exemplo
-
11:22 - 11:25de como o consumo colaborativo
pode ser poderoso -
11:25 - 11:27para mudar comportamentos.
-
11:27 - 11:31O uso de um carro médio
custa 8000 dólares por ano. -
11:31 - 11:35No entanto, esse carro mantém-se parado
durante 23 horas por dia. -
11:35 - 11:38Por isso, se considerarmos
estes dois factos, -
11:38 - 11:40começa a fazer um pouco menos de sentido
-
11:40 - 11:42que tenhamos de possuir um só para nós.
-
11:42 - 11:45É aqui que entram em cena
as empresas de partilha de carros -
11:45 - 11:47como a Zipcar e a GoGet.
-
11:47 - 11:48Em 2009,
-
11:48 - 11:51a Zipcar pegou em 250 participantes
-
11:51 - 11:54provenientes de 13 cidades
-
11:54 - 11:58— que eram assumidos dependentes de carros
e novatos em partilha de carros — -
11:58 - 12:00e fizeram-nos entregar
as chaves durante um mês. -
12:00 - 12:04Essas pessoas tinham de andar a pé,
de bicicleta, apanhar o comboio, -
12:04 - 12:06ou outras formas de transporte público.
-
12:06 - 12:09Só podiam usar os seus direitos
de membro da Zipcar -
12:09 - 12:11quando absolutamente necessário.
-
12:11 - 12:14Os resultados deste desafio,
apenas num mês, -
12:14 - 12:15foram impressionantes.
-
12:15 - 12:18É espantoso: eles perderam 187 kg
apenas pelo exercício extra. -
12:21 - 12:23Mas a minha estatística favorita
-
12:23 - 12:27é que 100 dos 250 participantes
-
12:27 - 12:30não quiseram receber as suas chaves.
-
12:30 - 12:34Por outras palavras, os viciados em carros
tinham perdido a sua ânsia de possuir um. -
12:35 - 12:38Este sistema de serviço de produtos
existe há anos. -
12:38 - 12:40Basta pensarem
nas bibliotecas e nas lavandarias. -
12:40 - 12:42Mas penso que estão a entrar
numa nova era, -
12:42 - 12:45porque a tecnologia torna a partilha
divertida e sem atrito. -
12:45 - 12:48Há uma ótima citação escrita
no The New York Times, que dizia: -
12:48 - 12:50"Partilhar está para a posse
-
12:50 - 12:53"como o iPod está para as 8 pistas,
-
12:53 - 12:56"como a energia solar está
para a mina de carvão." -
12:56 - 12:59Também acredito que, na nossa geração,
-
12:59 - 13:02a nossa relação com a satisfação
do que queremos -
13:02 - 13:04é muito menos tangível
-
13:04 - 13:06do que em qualquer outra geração anterior.
-
13:06 - 13:10Eu não quero o DVD,
eu quero o filme que ele contém. -
13:10 - 13:12Eu não quero o desajeitado
atendedor de chamadas, -
13:12 - 13:14eu quero a mensagem que ele grava.
-
13:14 - 13:17Eu não quero um CD,
eu quero a música que ele toca. -
13:17 - 13:19Por outras palavras, eu não quero coisas,
-
13:19 - 13:23eu quero satisfazer as necessidades
e as experiências que elas me dão. -
13:23 - 13:25Isto está a alimentar uma mudança enorme
-
13:25 - 13:28em que a utilização triunfa sobre a posse
-
13:28 - 13:30ou, como diz Kevin Kelly,
o editor da revista Wired: -
13:30 - 13:33"Em que o acesso é melhor que a posse."
-
13:34 - 13:37À medida que as nossas posses
se desmaterializam na nuvem, -
13:37 - 13:40começa a aparecer uma linha desfocada
-
13:40 - 13:43entre aquilo que é meu,
o que é vosso e o que é nosso. -
13:43 - 13:45Quero dar-vos um exemplo
-
13:45 - 13:48que mostras quão depressa
está a ocorrer esta evolução. -
13:49 - 13:51Isto representa
um intervalo de tempo de 8 anos. -
13:51 - 13:54Passámos da posse tradicional de um carro
-
13:54 - 13:57para empresas de partilha de carros
— como a Zipcar e a GoGet — -
13:57 - 14:01para plataformas de partilha
que combinam percursos -
14:01 - 14:04até a uma nova entrada,
que é o aluguer de carros entre iguais, -
14:04 - 14:06em que podemos ganhar dinheiro
-
14:06 - 14:09com o aluguer de um carro
que está parado, 23 horas por dia, -
14:09 - 14:11a um nosso vizinho.
-
14:12 - 14:15Todos estes sistemas requerem
um grau de confiança, -
14:15 - 14:19e a pedra angular deste mecanismo
é a reputação. -
14:19 - 14:21No antigo sistema de consumo,
-
14:21 - 14:23a nossa reputação não era muito importante
-
14:23 - 14:26porque o nosso histórico bancário
era muito mais importante -
14:26 - 14:28que qualquer tipo de opinião entre iguais.
-
14:28 - 14:31Mas agora com a Web,
deixamos um rasto. -
14:32 - 14:34Com cada "spammer" que denunciamos,
-
14:34 - 14:38com cada ideia que publicamos,
cada comentário que partilhamos, -
14:38 - 14:40estamos a sinalizar
se colaboramos bem ou mal, -
14:40 - 14:42e se podemos ou não ser de confiança.
-
14:42 - 14:45Voltemos ao meu primeiro exemplo
— a Swaptree. -
14:46 - 14:52Eu posso ver que o Rondoron
completou 553 trocas -
14:52 - 14:54com 100% de taxa de sucesso.
-
14:54 - 14:57Por outras palavras,
posso confiar nele ou nela. -
14:58 - 15:00Agora, tomem nota,
-
15:00 - 15:02é apenas uma questão de tempo
-
15:02 - 15:05até que sejamos capazes de efetuar
uma pesquisa tipo Google -
15:05 - 15:09e ver um quadro cumulativo
do nosso capital de reputação. -
15:09 - 15:12Esse capital de reputação
-
15:12 - 15:15vai determinar o nosso acesso
ao consumo colaborativo. -
15:15 - 15:17É uma nova moeda social, por assim dizer,
-
15:17 - 15:21que pode tornar-se tão poderosa
quanto a nossa avaliação de crédito. -
15:21 - 15:23Em jeito de pensamento para terminar:
-
15:23 - 15:26Eu acredito que estamos num período
-
15:26 - 15:30em que estamos a acordar
desta ressaca monstruosa -
15:30 - 15:32de vazio e desperdício,
-
15:32 - 15:36e estamos a dar um salto para criar
um sistema mais sustentável -
15:36 - 15:38construído para servir
as nossas necessidades inatas -
15:38 - 15:40para a comunidade
e identidade individual. -
15:40 - 15:44Acredito que vai ser referida
como uma revolução, por assim dizer -
15:44 - 15:47quando a sociedade,
confrontada com grandes desafios, -
15:47 - 15:49fizer uma viragem sísmica
-
15:49 - 15:54dos gastos e obtenção individual
para uma redescoberta do bem coletivo. -
15:54 - 15:57Estou numa missão
para tornar fixe a partilha. -
15:57 - 15:59Estou numa missão
para tornar hip a partilha. -
15:59 - 16:01Porque acredito, de facto,
-
16:01 - 16:04que é capaz de acabar com os modos
de comércio desatualizados, -
16:04 - 16:06ajudar-nos a dar um salto
-
16:06 - 16:08para ultrapassar formas devassas
de hiperconsumismo -
16:08 - 16:11e ensinar-nos que
quando é demais, é demais. -
16:11 - 16:12Muito obrigada.
-
16:12 - 16:14(Aplausos)
- Title:
- A propósito do consumo colaborativo
- Speaker:
- Rachel Botsman
- Description:
-
No TEDxSydney, Rachel Botsman diz que estamos "ligados para partilhar" — e demonstra como websites como o Zipcar e Swaptree estão a mudar as regras do comportamento humano.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:14
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The case for collaborative consumption | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The case for collaborative consumption | ||
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