Return to Video

A propósito do consumo colaborativo

  • 0:01 - 0:05
    Hoje vou falar-vos sobre o aparecimento
    do consumo colaborativo.
  • 0:06 - 0:09
    Vou explicar o que é
    e tentar convencer-vos
  • 0:09 - 0:10
    — apenas em 15 minutos —
  • 0:10 - 0:13
    que isto não é uma ideia insensata,
  • 0:13 - 0:14
    nem uma tendência de curta duração,
  • 0:14 - 0:17
    mas uma poderosa força
    económica e cultural,
  • 0:17 - 0:19
    que reinventa, não só o que consumimos,
  • 0:19 - 0:21
    mas como consumimos.
  • 0:21 - 0:24
    Vou começar com um exemplo
    enganadoramente simples.
  • 0:25 - 0:26
    Mãos no ar!
  • 0:26 - 0:32
    Quem tem livros, CDs, DVDs
    ou livros, lá em casa,
  • 0:32 - 0:34
    que provavelmente
    não vão utilizar outra vez,
  • 0:34 - 0:37
    mas que não são capazes de deitar fora?
  • 0:38 - 0:41
    Não consigo ver todas as mãos,
    mas parece-me que são todos.
  • 0:42 - 0:44
    Nas nossas prateleiras de casa,
  • 0:44 - 0:47
    temos um conjunto de DVDs da série "24"
  • 0:47 - 0:49
    temporada seis, para ser precisa.
  • 0:49 - 0:52
    Penso que no-la deram há uns três anos,
    como prenda de Natal.
  • 0:52 - 0:55
    O meu marido, Chris, e eu
    adoramos esta série.
  • 0:55 - 0:59
    Mas honestamente, depois de a vermos
    uma vez ou duas
  • 0:59 - 1:00
    não queremos vê-la outra vez,
  • 1:00 - 1:04
    porque já sabemos como é que
    Jack Bauer vai derrotar os terroristas.
  • 1:04 - 1:07
    Por isso ali fica nas nossas prateleiras,
    obsoleta para nós,
  • 1:07 - 1:10
    mas com valor imediato latente
    para outra pessoa.
  • 1:10 - 1:13
    Antes de continuarmos,
    tenho uma confissão a fazer.
  • 1:13 - 1:15
    Eu vivi em Nova Iorque durante 10 anos,
  • 1:15 - 1:18
    e sou uma grande fã
    de "O Sexo e a Cidade".
  • 1:18 - 1:21
    Eu adoraria ver
    o primeiro filme outra vez,
  • 1:21 - 1:24
    uma espécie de aquecimento
    para a sequela que vem aí.
  • 1:24 - 1:28
    Portanto seria fácil eu trocar
    a nossa cópia desnecessária de "24"
  • 1:28 - 1:30
    por uma cópia de "O Sexo e a Cidade"?
  • 1:30 - 1:33
    Já devem ter reparado
    que há um novo setor emergente
  • 1:33 - 1:35
    chamado "permuta".
  • 1:35 - 1:37
    A analogia mais fácil para a permuta
  • 1:37 - 1:41
    é como um serviço de encontros online
    para todos os nossos "media".
  • 1:41 - 1:46
    Usamos a Internet
    para criar um mercado infinito
  • 1:46 - 1:48
    para combinar os "teres" da pessoa A
  • 1:48 - 1:50
    com os "quereres" da pessoa C,
  • 1:50 - 1:52
    sejam eles quais forem.
  • 1:52 - 1:55
    Na semana passada, fui a um desses sites,
  • 1:55 - 1:57
    adequadamente chamado Swaptree.
  • 1:57 - 2:01
    Tinha mais de 59 300 artigos
  • 2:01 - 2:05
    que eu podia trocar instantaneamente
    pela minha cópia de "24".
  • 2:05 - 2:07
    Maravilha das maravilhas!
  • 2:07 - 2:10
    Em Reseda, Califórnia,
    havia um tal Rondoron
  • 2:10 - 2:14
    que queria trocar uma cópia
    "como nova" de "O Sexo e a Cidade"
  • 2:14 - 2:16
    pela minha cópia de "24".
  • 2:16 - 2:18
    Por outras palavras, o que se passa aqui
  • 2:18 - 2:20
    é que o Swaptree resolve o problema
  • 2:20 - 2:22
    do pagamento de transporte,
  • 2:22 - 2:26
    um problema a que os economistas chamam
    "coincidência de quereres",
  • 2:26 - 2:28
    em aproximadamente 60 segundos.
  • 2:28 - 2:32
    O mais espantoso é que vai imprimir
    uma etiqueta de franquia no local,
  • 2:32 - 2:34
    porque sabe qual é o peso do item.
  • 2:34 - 2:39
    Há montes de maravilhas tecnológicas
    por detrás de sites como o Swaptree,
  • 2:39 - 2:41
    mas isso não me interessa,
  • 2:41 - 2:43
    nem tão pouco o comércio
    de permuta em si mesmo.
  • 2:43 - 2:47
    A minha paixão aquilo a que dediquei
    a minha investigação nos últimos anos,
  • 2:48 - 2:51
    são os comportamentos colaborativos
    e a mecânica de confiança
  • 2:51 - 2:53
    inerente nestes sistemas.
  • 2:53 - 2:55
    Quando pensamos nisto,
  • 2:55 - 2:58
    deve ter parecido um ideia louca,
    ainda há poucos anos,
  • 2:58 - 3:01
    ser possível eu poder trocar
    as minhas coisas com um desconhecido
  • 3:01 - 3:04
    cujo nome verdadeiro eu não sabia
  • 3:04 - 3:06
    e sem trocar nenhum dinheiro.
  • 3:06 - 3:10
    Apesar disso, 99 % das trocas
    no Swaptree são bem sucedidas.
  • 3:10 - 3:13
    O 1% que recebe uma classificação negativa
  • 3:13 - 3:15
    é por razões relativamente menores,
  • 3:15 - 3:18
    tal como o artigo não ter chegado a tempo.
  • 3:18 - 3:20
    Então o que é que se passa aqui?
  • 3:20 - 3:23
    Está aqui em jogo uma dinâmica
    extremamente poderosa
  • 3:23 - 3:27
    que tem enormes implicações
    comerciais e culturais.
  • 3:27 - 3:30
    Nomeadamente, que a tecnologia
  • 3:30 - 3:33
    está a permitir a confiança
    entre estranhos.
  • 3:34 - 3:36
    Vivemos agora numa aldeia global
  • 3:36 - 3:40
    onde podemos imitar os laços
    que costumavam ocorrer cara-a-cara,
  • 3:40 - 3:44
    mas a uma escala e de uma maneira
    que nunca tinha sido possível.
  • 3:44 - 3:46
    Portanto, o que acontece, de facto,
  • 3:46 - 3:49
    é que as redes sociais
    e as tecnologias em tempo real
  • 3:49 - 3:51
    estão a fazer-nos andar para trás.
  • 3:51 - 3:54
    Estamos a regatear, a negociar,
    a trocar, a partilhar,
  • 3:55 - 3:58
    mas está tudo a ser reinventado
    de forma dinâmica e apelativa.
  • 3:58 - 4:00
    Aquilo que eu acho fascinante
  • 4:00 - 4:03
    é que ligámos de facto
    o nosso mundo para partilhar,
  • 4:03 - 4:06
    quer seja com o nosso vizinho,
    com a nossa escola,
  • 4:06 - 4:09
    com o nosso escritório
    ou com a nossa rede de Facebook.
  • 4:09 - 4:12
    Isso está a criar uma economia
    de "o que é meu é nosso".
  • 4:13 - 4:17
    Desde o poderoso eBay
    — o avô dos mercados de troca —
  • 4:17 - 4:20
    às companhias de partilha de carros,
    tal como o GoGet,
  • 4:20 - 4:23
    em que pagamos uma prestação mensal
    para alugar um carros à hora,
  • 4:23 - 4:26
    às plataformas sociais
    de empréstimos, como a Zopa,
  • 4:26 - 4:28
    que agarra em qualquer um desta plateia
  • 4:28 - 4:30
    que tenha 100 dólares para emprestar,
  • 4:30 - 4:33
    e combina-o com um mutuário
    em qualquer sítio do mundo,
  • 4:33 - 4:36
    estamos a partilhar e colaborar de novo
  • 4:36 - 4:39
    de maneiras que, acho eu,
    são mais sofisticadas.
  • 4:40 - 4:43
    Chamo a isto "a vaga
    do consumo colaborativo".
  • 4:43 - 4:47
    Antes de investigar os diferentes sistemas
    de consumo colaborativo,
  • 4:47 - 4:50
    gostaria de tentar responder à pergunta
  • 4:50 - 4:53
    que é feita apropriadamente
    a qualquer autor, ou seja:
  • 4:53 - 4:55
    "De onde surgiu esta ideia?"
  • 4:55 - 4:58
    Gostaria de dizer que, uma manhã,
    acordei e disse:
  • 4:58 - 5:00
    "Vou escrever sobre consumo colaborativo."
  • 5:00 - 5:05
    Mas, de facto, foi uma rede complicada
    de ideias aparentemente desligadas.
  • 5:05 - 5:07
    No próximo minuto, vamos ver
  • 5:07 - 5:10
    como que um fogo de artifício de conceitos
  • 5:10 - 5:12
    de todos os pontos
    que passaram pela minha cabeça.
  • 5:13 - 5:16
    A primeira coisa em que comecei a reparar:
  • 5:16 - 5:18
    quantos grandes conceitos
    estão a surgir à nossa volta
  • 5:18 - 5:21
    — desde a sabedoria das massas
    até às máfias espertas —
  • 5:21 - 5:24
    e quão ridiculamente fácil é
    formar grupos com um objetivo?
  • 5:24 - 5:27
    Relacionados com esta mania das massas
  • 5:27 - 5:29
    havia exemplos pelo mundo inteiro
  • 5:29 - 5:30
    — desde a eleição de um presidente
  • 5:30 - 5:33
    à famosa Wikipedia
    e tudo o que está pelo meio —
  • 5:33 - 5:36
    do que o poder dos números podia alcançar.
  • 5:36 - 5:39
    Sabem, como quando aprendemos
    uma palavra nova,
  • 5:39 - 5:41
    e depois começamos a ver
    essa palavra por todo o lado?
  • 5:41 - 5:43
    Foi isso que me aconteceu
  • 5:43 - 5:45
    quando reparei que estamos a passar
  • 5:45 - 5:49
    de consumidores passivos para criadores.
  • 5:49 - 5:52
    e para colaboradores altamente capazes.
  • 5:52 - 5:56
    O que está a acontecer é que a Internet
    está a eliminar o intermediário,
  • 5:56 - 5:59
    de maneira que qualquer um,
    desde um designer de T-shirts
  • 5:59 - 6:01
    a uma tricotadeira,
  • 6:01 - 6:03
    pode ganhar a vida
    a vender de igual para igual.
  • 6:03 - 6:06
    E a força ubíqua desta revolução
    de igual para igual
  • 6:06 - 6:10
    significa que a partilha está a ocorrer
    a um ritmo fenomenal.
  • 6:10 - 6:14
    Ou seja, é fantástico pensar
    que, a cada minuto deste discurso,
  • 6:15 - 6:19
    vão ser carregadas 25 horas
    de vídeo no YouTube.
  • 6:20 - 6:22
    O que eu acho fascinante nestes exemplos
  • 6:22 - 6:26
    é que estão, de facto, a tocar
    nos nossos instintos primatas.
  • 6:26 - 6:28
    Ou seja, somos macacos,
  • 6:28 - 6:31
    nascemos e fomos criados
    para partilhar e cooperar.
  • 6:31 - 6:34
    E fazemos isto há milhares de anos,
  • 6:34 - 6:36
    quer quando caçávamos em grupos,
  • 6:36 - 6:38
    quer quando cultivávamos em cooperativas,
  • 6:38 - 6:42
    antes de aparecer este grande sistema
    chamado hiperconsumo.
  • 6:42 - 6:45
    Construímos estas "vedações"
    e criámos os nossos pequenos feudos.
  • 6:46 - 6:48
    Mas as coisas estão a mudar,
  • 6:48 - 6:52
    e uma das razões para isso
    são os nativos digitais, ou a geração Y.
  • 6:53 - 6:55
    Eles estão a crescer partilhando
  • 6:55 - 6:57
    — ficheiros, videojogos, conhecimentos.
  • 6:57 - 6:59
    Para eles é uma segunda natureza.
  • 6:59 - 7:02
    Então nós, a geração milénio
    — eu sou uma delas —
  • 7:02 - 7:03
    somos como soldados apeados,
  • 7:03 - 7:07
    movendo-nos de um cultura do "eu"
    para uma cultura do "nós".
  • 7:07 - 7:09
    E isto está a ocorrer tão rapidamente
  • 7:09 - 7:11
    por causa da colaboração móvel.
  • 7:11 - 7:13
    Vivemos agora numa era interligada,
  • 7:13 - 7:17
    em que podemos localizar qualquer um,
    em qualquer altura, em tempo real,
  • 7:17 - 7:19
    com um pequeno aparelho
    nas nossas mãos.
  • 7:19 - 7:23
    Tudo isto estava a passar-me pela cabeça
    nos finais de 2008,
  • 7:23 - 7:26
    quando aconteceu
    o grande colapso financeiro.
  • 7:26 - 7:30
    Thomas Friedman é um dos meus colunistas
    preferidos do New York Times,
  • 7:30 - 7:32
    e comentou contundentemente
  • 7:32 - 7:35
    que 2008 foi quando batemos numa parede
  • 7:35 - 7:39
    quando a mãe natureza e o mercado
    disseram ambos "Já chega."
  • 7:40 - 7:42
    Agora sabemos racionalmente
  • 7:42 - 7:44
    que uma economia construída
    sobre o hiperconsumo
  • 7:44 - 7:47
    é um esquema Ponzi,
    é um castelo de cartas.
  • 7:47 - 7:51
    Apesar disso, é-nos difícil saber,
    individualmente, o que fazer.
  • 7:51 - 7:53
    Portanto, tudo isto é muito paleio, não é?
  • 7:53 - 7:56
    Era muito ruído e complexidade
    na minha cabeça,
  • 7:56 - 7:58
    até que percebi que estava a acontecer
  • 7:58 - 8:00
    por causa de quatro elementos motivadores.
  • 8:00 - 8:03
    Um, uma crença renovada
    na importância de comunidade,
  • 8:03 - 8:06
    e uma redefinição do que significa,
    realmente um amigo ou um vizinho .
  • 8:06 - 8:09
    Uma torrente de redes sociais
    de igual para igual
  • 8:09 - 8:11
    e de tecnologias em tempo real,
  • 8:11 - 8:14
    a mudar fundamentalmente
    a maneira como nos comportamos.
  • 8:14 - 8:17
    Três, preocupações ambientais
    urgentes e não resolvidas.
  • 8:17 - 8:19
    E quatro, uma recessão global
  • 8:19 - 8:22
    que chocou fundamentalmente
    os comportamentos de consumo.
  • 8:22 - 8:26
    Estas quatro motivações
    estão a fundir-se
  • 8:26 - 8:28
    e a criar a grande viragem,
  • 8:28 - 8:32
    passando do século XX,
    definido por hiperconsumismo,
  • 8:32 - 8:36
    para o século XXI,
    definido por consumo colaborativo.
  • 8:37 - 8:40
    Eu geralmente acredito
    que estamos num ponto de inflexão
  • 8:40 - 8:42
    em que os comportamentos de partilha
  • 8:42 - 8:44
    — através de sites como o Flickr e Twitter
  • 8:44 - 8:47
    que estão a tornar-se
    numa segunda natureza online —
  • 8:47 - 8:50
    estão a ser aplicados a áreas offline
    da nossa vida quotidiana.
  • 8:50 - 8:53
    Desde as boleias matinais
    e a maneira como a moda é definida
  • 8:53 - 8:54
    até à maneira como cultivamos comida,
  • 8:54 - 8:57
    estamos a consumir
    e a colaborar novamente.
  • 9:00 - 9:02
    Portanto, o meu coautor, Roo Rogers, e eu
  • 9:02 - 9:05
    reunimos milhares de exemplos
    de consumo colaborativo,
  • 9:05 - 9:07
    pelo mundo inteiro.
  • 9:07 - 9:11
    E embora variem bastante em escala,
    maturidade e propósito,
  • 9:11 - 9:12
    quando os aprofundámos,
  • 9:12 - 9:16
    apercebemo-nos que podiam estar
    organizados em três sistemas distintos.
  • 9:16 - 9:19
    O primeiro são os mercados
    de redistribuição.
  • 9:19 - 9:21
    Os mercados de redistribuição
    — tal como o Swaptree —
  • 9:21 - 9:24
    são quando pegamos num artigo usado,
  • 9:24 - 9:26
    e o mudamos do local onde não é preciso
  • 9:26 - 9:29
    para qualquer sítio
    ou para alguém, onde é preciso.
  • 9:29 - 9:31
    São considerados, cada vez mais,
    como o quinto "R"
  • 9:31 - 9:34
    — Reduzir, Reutilizar, Reciclar,
    Reparar e Redistribuir —
  • 9:34 - 9:37
    porque aumentam
    o ciclo de vida de um produto
  • 9:37 - 9:39
    e portanto reduzem os desperdícios.
  • 9:39 - 9:42
    O segundo são os estilos
    de vida colaborativos.
  • 9:42 - 9:44
    Ou seja, a partilha
    de recursos e de coisas
  • 9:44 - 9:47
    como o dinheiro, as capacidades e o tempo.
  • 9:47 - 9:49
    Aposto que, dentro de poucos anos,
  • 9:49 - 9:51
    expressões como "trabalho conjunto",
  • 9:51 - 9:54
    e "sofá disponível" e "bancos de horas"
  • 9:54 - 9:57
    vão fazer parte das línguas maternas.
  • 9:57 - 10:00
    Um dos meus exemplos favoritos
    de estilos de vida colaborativos
  • 10:00 - 10:02
    chama-se "partilha de terras".
  • 10:02 - 10:03
    É um esquema no Reino Unido
  • 10:03 - 10:08
    que junta o Sr. Jones,
    com algum espaço livre no seu quintal,
  • 10:09 - 10:12
    com a Sra. Smith,
    uma aspirante a cultivadora.
  • 10:12 - 10:14
    Juntos cultivam a sua comida.
  • 10:14 - 10:17
    É uma daquelas ideias que é tão simples,
    mas tão brilhante,
  • 10:17 - 10:20
    que nos perguntamos
    porque é que ainda não tinha sido feito.
  • 10:20 - 10:24
    O terceiro sistema são os sistemas
    de serviços de produtos.
  • 10:24 - 10:26
    É quando pagamos
    pelo benefício do produto
  • 10:26 - 10:27
    — o que ele faz para nós —
  • 10:27 - 10:30
    sem necessitar de possuir
    o produto em si mesmo.
  • 10:30 - 10:33
    Esta ideia é particularmente poderosa
  • 10:33 - 10:36
    para coisas que quase não têm utilidade.
  • 10:36 - 10:39
    Pode ser qualquer coisa
    desde coisas de bebés,
  • 10:39 - 10:41
    à moda, a...
  • 10:41 - 10:43
    Quantos aqui têm berbequins?
  • 10:43 - 10:44
    Têm um berbequim? Ok.
  • 10:44 - 10:48
    Esse berbequim vai ser usado
    cerca de 12 a 13 minutos
  • 10:48 - 10:50
    durante todo o seu tempo de vida.
  • 10:50 - 10:51
    (Risos)
  • 10:51 - 10:53
    É um bocado ridículo, não é?
  • 10:53 - 10:56
    Porque o que precisamos é de um buraco,
    não é de um berbequim.
  • 10:56 - 10:58
    (Risos)
  • 10:58 - 10:59
    (Aplausos)
  • 11:00 - 11:02
    Porque é que não alugaram um berbequim?
  • 11:02 - 11:05
    Ou, melhor ainda, alugam o berbequim
    a outras pessoas
  • 11:05 - 11:06
    e ganham algum dinheiro?
  • 11:06 - 11:08
    Estes sistemas estão a juntar-se,
  • 11:08 - 11:10
    permitindo que as pessoas
    partilhem recursos
  • 11:10 - 11:13
    sem terem de sacrificar
    os seus estilos de vida,
  • 11:13 - 11:15
    ou as suas preciosas liberdades pessoais.
  • 11:15 - 11:16
    Eu não estou a pedir às pessoas
  • 11:16 - 11:19
    que partilhem simpaticamente
    a caixa de areia.
  • 11:20 - 11:22
    Por isso quero dar-vos um exemplo
  • 11:22 - 11:25
    de como o consumo colaborativo
    pode ser poderoso
  • 11:25 - 11:27
    para mudar comportamentos.
  • 11:27 - 11:31
    O uso de um carro médio
    custa 8000 dólares por ano.
  • 11:31 - 11:35
    No entanto, esse carro mantém-se parado
    durante 23 horas por dia.
  • 11:35 - 11:38
    Por isso, se considerarmos
    estes dois factos,
  • 11:38 - 11:40
    começa a fazer um pouco menos de sentido
  • 11:40 - 11:42
    que tenhamos de possuir um só para nós.
  • 11:42 - 11:45
    É aqui que entram em cena
    as empresas de partilha de carros
  • 11:45 - 11:47
    como a Zipcar e a GoGet.
  • 11:47 - 11:48
    Em 2009,
  • 11:48 - 11:51
    a Zipcar pegou em 250 participantes
  • 11:51 - 11:54
    provenientes de 13 cidades
  • 11:54 - 11:58
    — que eram assumidos dependentes de carros
    e novatos em partilha de carros —
  • 11:58 - 12:00
    e fizeram-nos entregar
    as chaves durante um mês.
  • 12:00 - 12:04
    Essas pessoas tinham de andar a pé,
    de bicicleta, apanhar o comboio,
  • 12:04 - 12:06
    ou outras formas de transporte público.
  • 12:06 - 12:09
    Só podiam usar os seus direitos
    de membro da Zipcar
  • 12:09 - 12:11
    quando absolutamente necessário.
  • 12:11 - 12:14
    Os resultados deste desafio,
    apenas num mês,
  • 12:14 - 12:15
    foram impressionantes.
  • 12:15 - 12:18
    É espantoso: eles perderam 187 kg
    apenas pelo exercício extra.
  • 12:21 - 12:23
    Mas a minha estatística favorita
  • 12:23 - 12:27
    é que 100 dos 250 participantes
  • 12:27 - 12:30
    não quiseram receber as suas chaves.
  • 12:30 - 12:34
    Por outras palavras, os viciados em carros
    tinham perdido a sua ânsia de possuir um.
  • 12:35 - 12:38
    Este sistema de serviço de produtos
    existe há anos.
  • 12:38 - 12:40
    Basta pensarem
    nas bibliotecas e nas lavandarias.
  • 12:40 - 12:42
    Mas penso que estão a entrar
    numa nova era,
  • 12:42 - 12:45
    porque a tecnologia torna a partilha
    divertida e sem atrito.
  • 12:45 - 12:48
    Há uma ótima citação escrita
    no The New York Times, que dizia:
  • 12:48 - 12:50
    "Partilhar está para a posse
  • 12:50 - 12:53
    "como o iPod está para as 8 pistas,
  • 12:53 - 12:56
    "como a energia solar está
    para a mina de carvão."
  • 12:56 - 12:59
    Também acredito que, na nossa geração,
  • 12:59 - 13:02
    a nossa relação com a satisfação
    do que queremos
  • 13:02 - 13:04
    é muito menos tangível
  • 13:04 - 13:06
    do que em qualquer outra geração anterior.
  • 13:06 - 13:10
    Eu não quero o DVD,
    eu quero o filme que ele contém.
  • 13:10 - 13:12
    Eu não quero o desajeitado
    atendedor de chamadas,
  • 13:12 - 13:14
    eu quero a mensagem que ele grava.
  • 13:14 - 13:17
    Eu não quero um CD,
    eu quero a música que ele toca.
  • 13:17 - 13:19
    Por outras palavras, eu não quero coisas,
  • 13:19 - 13:23
    eu quero satisfazer as necessidades
    e as experiências que elas me dão.
  • 13:23 - 13:25
    Isto está a alimentar uma mudança enorme
  • 13:25 - 13:28
    em que a utilização triunfa sobre a posse
  • 13:28 - 13:30
    ou, como diz Kevin Kelly,
    o editor da revista Wired:
  • 13:30 - 13:33
    "Em que o acesso é melhor que a posse."
  • 13:34 - 13:37
    À medida que as nossas posses
    se desmaterializam na nuvem,
  • 13:37 - 13:40
    começa a aparecer uma linha desfocada
  • 13:40 - 13:43
    entre aquilo que é meu,
    o que é vosso e o que é nosso.
  • 13:43 - 13:45
    Quero dar-vos um exemplo
  • 13:45 - 13:48
    que mostras quão depressa
    está a ocorrer esta evolução.
  • 13:49 - 13:51
    Isto representa
    um intervalo de tempo de 8 anos.
  • 13:51 - 13:54
    Passámos da posse tradicional de um carro
  • 13:54 - 13:57
    para empresas de partilha de carros
    — como a Zipcar e a GoGet —
  • 13:57 - 14:01
    para plataformas de partilha
    que combinam percursos
  • 14:01 - 14:04
    até a uma nova entrada,
    que é o aluguer de carros entre iguais,
  • 14:04 - 14:06
    em que podemos ganhar dinheiro
  • 14:06 - 14:09
    com o aluguer de um carro
    que está parado, 23 horas por dia,
  • 14:09 - 14:11
    a um nosso vizinho.
  • 14:12 - 14:15
    Todos estes sistemas requerem
    um grau de confiança,
  • 14:15 - 14:19
    e a pedra angular deste mecanismo
    é a reputação.
  • 14:19 - 14:21
    No antigo sistema de consumo,
  • 14:21 - 14:23
    a nossa reputação não era muito importante
  • 14:23 - 14:26
    porque o nosso histórico bancário
    era muito mais importante
  • 14:26 - 14:28
    que qualquer tipo de opinião entre iguais.
  • 14:28 - 14:31
    Mas agora com a Web,
    deixamos um rasto.
  • 14:32 - 14:34
    Com cada "spammer" que denunciamos,
  • 14:34 - 14:38
    com cada ideia que publicamos,
    cada comentário que partilhamos,
  • 14:38 - 14:40
    estamos a sinalizar
    se colaboramos bem ou mal,
  • 14:40 - 14:42
    e se podemos ou não ser de confiança.
  • 14:42 - 14:45
    Voltemos ao meu primeiro exemplo
    — a Swaptree.
  • 14:46 - 14:52
    Eu posso ver que o Rondoron
    completou 553 trocas
  • 14:52 - 14:54
    com 100% de taxa de sucesso.
  • 14:54 - 14:57
    Por outras palavras,
    posso confiar nele ou nela.
  • 14:58 - 15:00
    Agora, tomem nota,
  • 15:00 - 15:02
    é apenas uma questão de tempo
  • 15:02 - 15:05
    até que sejamos capazes de efetuar
    uma pesquisa tipo Google
  • 15:05 - 15:09
    e ver um quadro cumulativo
    do nosso capital de reputação.
  • 15:09 - 15:12
    Esse capital de reputação
  • 15:12 - 15:15
    vai determinar o nosso acesso
    ao consumo colaborativo.
  • 15:15 - 15:17
    É uma nova moeda social, por assim dizer,
  • 15:17 - 15:21
    que pode tornar-se tão poderosa
    quanto a nossa avaliação de crédito.
  • 15:21 - 15:23
    Em jeito de pensamento para terminar:
  • 15:23 - 15:26
    Eu acredito que estamos num período
  • 15:26 - 15:30
    em que estamos a acordar
    desta ressaca monstruosa
  • 15:30 - 15:32
    de vazio e desperdício,
  • 15:32 - 15:36
    e estamos a dar um salto para criar
    um sistema mais sustentável
  • 15:36 - 15:38
    construído para servir
    as nossas necessidades inatas
  • 15:38 - 15:40
    para a comunidade
    e identidade individual.
  • 15:40 - 15:44
    Acredito que vai ser referida
    como uma revolução, por assim dizer
  • 15:44 - 15:47
    quando a sociedade,
    confrontada com grandes desafios,
  • 15:47 - 15:49
    fizer uma viragem sísmica
  • 15:49 - 15:54
    dos gastos e obtenção individual
    para uma redescoberta do bem coletivo.
  • 15:54 - 15:57
    Estou numa missão
    para tornar fixe a partilha.
  • 15:57 - 15:59
    Estou numa missão
    para tornar hip a partilha.
  • 15:59 - 16:01
    Porque acredito, de facto,
  • 16:01 - 16:04
    que é capaz de acabar com os modos
    de comércio desatualizados,
  • 16:04 - 16:06
    ajudar-nos a dar um salto
  • 16:06 - 16:08
    para ultrapassar formas devassas
    de hiperconsumismo
  • 16:08 - 16:11
    e ensinar-nos que
    quando é demais, é demais.
  • 16:11 - 16:12
    Muito obrigada.
  • 16:12 - 16:14
    (Aplausos)
Title:
A propósito do consumo colaborativo
Speaker:
Rachel Botsman
Description:

No TEDxSydney, Rachel Botsman diz que estamos "ligados para partilhar" — e demonstra como websites como o Zipcar e Swaptree estão a mudar as regras do comportamento humano.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:14
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The case for collaborative consumption
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The case for collaborative consumption
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The case for collaborative consumption
Retired user added a translation

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions