A educação inclusiva e você | Fernando Botelho | TEDxPraçaSantosAndradeED
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0:23 - 0:27A educação inclusiva precisa de você.
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0:28 - 0:30É, você mesmo.
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0:31 - 0:34Mas não se preocupe, não é só de você.
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0:35 - 0:40A educação inclusiva é aquilo
que muitos de vocês já conhecem: -
0:40 - 0:46é a ideia de que as crianças
estudam e aprendem melhor -
0:46 - 0:52quando estão, crianças com e sem
deficiência, na mesma sala de aula. -
0:54 - 0:58A educação inclusiva é um objetivo,
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0:58 - 1:04é um ideal que ainda está muito longe
em muitas escolas de nosso país -
1:04 - 1:06e de muitos países,
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1:06 - 1:10mas ela é absolutamente necessária
porque ela traz a diversidade, -
1:10 - 1:16a riqueza da humanidade,
para a sala de aula, -
1:16 - 1:22e prepara melhor o aluno para isso aqui,
para o mundo fora da sala de aula. -
1:24 - 1:30E, como todos os grandes desafios
que temos em nossa sociedade, -
1:30 - 1:33não interessa se estamos falando
de saúde pública, -
1:33 - 1:36do nível desemprego, de corrupção,
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1:37 - 1:39a educação inclusiva...
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1:39 - 1:45a gente tem a tendência
a encontrar motivos únicos -
1:45 - 1:47e muitas vezes até simples
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1:47 - 1:51pelos quais ela ou qualquer
desses problemas -
1:51 - 1:53não são solucionados.
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1:55 - 1:56Eu comecei assim também.
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1:56 - 2:01Eu comecei achando que a solução
para a educação inclusiva -
2:01 - 2:03era a tecnologia.
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2:03 - 2:06Por quê? Eu acho até que dá pra entender.
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2:06 - 2:10E eu, quando não tinha
acesso à tecnologia... -
2:10 - 2:15e eu estudava bastante,
eu improvisava do jeito que desse... -
2:15 - 2:19e eu consegui chegar
eu acho que em 11º lugar -
2:19 - 2:25em uma sala com 43 alunos,
em termos de notas. -
2:26 - 2:31Depois que eu tive acesso
à tecnologia assistiva... -
2:31 - 2:35É o tipo de tecnologia, pra quem não sabe,
que permite, por exemplo, -
2:35 - 2:39que um computador leia
o conteúdo da tela pra quem é cego -
2:39 - 2:45e, em geral, o que ela faz
é ajudar você a superar -
2:45 - 2:47qualquer que seja a sua deficiência.
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2:47 - 2:52Bom, depois que eu tive acesso
à tecnologia assistiva, -
2:52 - 2:57em vez de 11º, eu era o 4º,
só que eu já estava na universidade, -
2:57 - 3:01e era 4º numa turma,
incluindo todos os cursos, -
3:01 - 3:04de 904 alunos.
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3:05 - 3:09Então, pra mim,
a tecnologia foi uma revolução. -
3:11 - 3:15Eu, como todo jovem,
um pouco preocupado com o desemprego, -
3:15 - 3:19em vez de ficar desempregado,
eu trabalhei em uma ONG, -
3:19 - 3:24eu trabalhei em uma microempresa,
em uma agência das Nações Unidas, -
3:24 - 3:27em uma multinacional e assim por diante.
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3:27 - 3:34Então, claro, essa era a minha resposta
simplista para a educação inclusiva, -
3:34 - 3:37mas será que é assim de simples?
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3:39 - 3:43Nos anos 80...
tem uma organização na Europa -
3:43 - 3:48que é responsável por apoiar e ajudar
cegos de todo aquele [continente], -
3:48 - 3:51que eu não vou especificar,
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3:51 - 3:57mas eles têm muito dinheiro,
eles têm conhecimento sobre cegueira -
3:57 - 4:00e, nos anos 80, eles ficaram
sabendo de uma tecnologia -
4:00 - 4:06que a gente informalmente
chama de escâner, ou OCR. -
4:06 - 4:09O escâner é aquele mesmo
equipamento que vocês já usaram -
4:09 - 4:12pra escanear fotografias
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4:12 - 4:16e permitir que vocês tenham
a fotografia que estava em papel -
4:16 - 4:19em formato digital,
dentro do seu computador. -
4:19 - 4:24Esse mesmo escâner, quando ele está
sendo usado com o software correto, -
4:24 - 4:25ou o software adequado,
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4:25 - 4:29ele pode ler livros pra alguém que é cego.
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4:29 - 4:33E essa organização achou
interessante a tecnologia, -
4:33 - 4:35foi e analisou o seu potencial
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4:36 - 4:39e resolveu... claro,
eles tinham dinheiro... -
4:39 - 4:41resolveu não comprar.
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4:42 - 4:44Por quê?
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4:44 - 4:48Porque o escâner
não conseguia ler jornais. -
4:49 - 4:51Então, vejam bem a lógica:
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4:51 - 4:57eu, cego, não vou ter acesso
a milhares ou até milhões de livros, -
4:57 - 5:00de tudo quanto é biblioteca
pública e privada, -
5:00 - 5:04porque o equipamento
não consegue ler jornais. -
5:04 - 5:09Então, será que o único desafio
que a gente tem é tecnologia? -
5:12 - 5:14Outra explicação clássica,
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5:14 - 5:18não só para o desafio
da educação inclusiva, -
5:18 - 5:21mas pra muitos dos nossos desafios,
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5:21 - 5:23é a cultura.
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5:24 - 5:27Eu acho que é até sacrilégio, né,
porque eu estudei sociologia, -
5:27 - 5:30então eu falar que cultura
não é uma boa explicação -
5:30 - 5:35não é de se esperar,
mas é uma explicação muito fraca, -
5:35 - 5:38porque a gente usa a cultura
pra explicar tudo: -
5:38 - 5:40a pessoa jogando lixo na rua,
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5:40 - 5:45a pessoa fazendo barbeiragem no trânsito,
ou a questão da corrupção, -
5:45 - 5:47é tudo "culpa da cultura".
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5:48 - 5:53E a nossa cultura
é aquela coisa conveniente, -
5:53 - 5:56porque ninguém é responsável
pela cultura; somos todos. -
5:56 - 5:59Então, de certa forma,
não é culpa de ninguém, -
5:59 - 6:01não é fácil de se mudar...
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6:02 - 6:03Mas o que acontece?
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6:03 - 6:07A mesma pessoa que está ali,
jogando o lixo na rua, -
6:07 - 6:10vai de turista pra Miami
e, de um minuto a outro, -
6:10 - 6:13sem ninguém ter
reprogramado o cérebro dele... -
6:13 - 6:15(Risos)
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6:15 - 6:19porque ele continua
gostando das nossas músicas, -
6:19 - 6:21preferindo as nossas praias,
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6:21 - 6:25mas, na hora em que ele está lá
de turista, ele faz tudo bonitinho. -
6:25 - 6:29Então, quando a gente fala "cultura",
na verdade não é cultura; -
6:29 - 6:33são os incentivos, são as multas
que têm que ser altas o suficiente -
6:33 - 6:36e a fiscalização que tem que ser séria.
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6:37 - 6:43Mas então, tentemos essa explicação:
cultura e incentivos. -
6:43 - 6:46Mas será que é uma boa explicação?
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6:48 - 6:52Num país como os Estados Unidos,
ou até vários países da Europa, -
6:52 - 6:56que a gente considera
como países mais inclusivos... -
6:57 - 7:01nos Estados Unidos, o nível de desemprego
entre pessoas com deficiência -
7:01 - 7:04é mais de 70%.
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7:04 - 7:08No nosso país, é mais de 90%.
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7:08 - 7:11Mas será que a cultura lá,
sendo mais inclusiva, -
7:11 - 7:13está resolvendo o desafio?
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7:13 - 7:18As estatísticas educacionais,
pra quem tem deficiência lá e aqui, -
7:18 - 7:23estão bem abaixo da média
de quem não tem deficiência. -
7:25 - 7:31Bom, se não é cultura, qual é a outra
explicação clássica que a gente dá -
7:31 - 7:37para aquelas coisas que deveriam
acontecer e não acontecem, -
7:37 - 7:40ou acontecem apesar de grandes obstáculos?
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7:41 - 7:44É a iniciativa do indivíduo.
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7:45 - 7:50E a gente vê todos os dias nas notícias,
ou escuta de amigos, -
7:50 - 7:54histórias de pessoas que superaram tudo
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7:54 - 7:57e conseguiram coisas extraordinárias.
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7:57 - 8:00Então, eu estou de acordo:
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8:00 - 8:04a iniciativa do indivíduo,
aquela força de vontade, -
8:04 - 8:07isso é absolutamente essencial,
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8:07 - 8:10mas é suficiente?
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8:10 - 8:13Quando nós estamos falando de um sistema
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8:13 - 8:17em que mais de 70% das pessoas,
no caso dos Estados Unidos, -
8:17 - 8:22e mais de 90% das pessoas
com deficiência, aqui no Brasil, -
8:22 - 8:23estão desempregadas,
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8:23 - 8:27estamos falando de um sistema
que está quebrado... -
8:28 - 8:31porque, sim, se é uma porcentagem pequena
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8:31 - 8:35que não está conseguindo
atingir os seus objetivos: -
8:35 - 8:39"Ah, tudo bem, faltou iniciativa pessoal";
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8:40 - 8:43podemos culpar o indivíduo, beleza.
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8:43 - 8:50Mas, se 70, 80, 90%
não estão conseguindo, -
8:51 - 8:53aí o problema é o sistema.
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8:55 - 9:00Bom, é importante a gente lembrar
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9:00 - 9:03que a gente começou falando
que ia ter uma explicação, -
9:03 - 9:06que eu comecei pensando
que era a tecnologia.... -
9:06 - 9:08Logo, comecei a considerar a cultura...
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9:08 - 9:11Logo, a iniciativa individual...
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9:11 - 9:14Então, qual é a receita mágica?
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9:14 - 9:16Eu acho que o primeiro
elemento da nossa receita, -
9:16 - 9:22se a gente quer avançar nesse e em todos
os nossos grandes desafios sociais, -
9:22 - 9:25é não procurar uma receita mágica,
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9:27 - 9:31porque é um problema complexo,
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9:31 - 9:35e não vão ser um, dois ou três
pontos que vão resolver -
9:35 - 9:41os desafios que são específicos
pra cada escola, pra cada aluno. -
9:41 - 9:48Então... mas eu não estou aqui pra falar:
"Olha, é bem difícil. Tchau tchau". -
9:48 - 9:49(Risos)
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9:49 - 9:52Não. Eu gosto de coisas práticas.
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9:52 - 9:56O que a gente pode fazer
pra melhorar a situação? -
9:56 - 10:03Por que eu falei que a gente precisava
contar com você, com cada um de vocês? -
10:03 - 10:06Porque, assim,
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10:06 - 10:10as grandes empresas, quando elas querem
melhorar a qualidade de seus produtos -
10:10 - 10:14ou elas querem melhorar
qualquer um de seus processos, -
10:14 - 10:16o que elas fazem?
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10:16 - 10:21Elas fazem algo que não exige
conhecimentos avançados, -
10:21 - 10:23pelo menos pra começar o processo,
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10:23 - 10:28e é, vocês já sabem, perguntar por quê.
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10:29 - 10:34E é perguntar por quê, não só uma vez,
mas no mínimo cinco vezes. -
10:34 - 10:36Então, na prática, o que quer dizer isso?
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10:36 - 10:42Vamos imaginar o aluno Fernando,
ou qualquer aluno cego. -
10:42 - 10:45Ele não consegue fazer a prova.
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10:46 - 10:49"Por quê?", número um.
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10:49 - 10:53"Ah, é porque a prova
não está disponível em braile, -
10:53 - 10:56não está disponível em formato digital,
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10:56 - 11:01não tem um computador
com software leitor de tela..." -
11:01 - 11:04Aliás, eu recomendo F123.
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11:05 - 11:12"Ou o professor não gravou
aquela prova num formato digital -
11:12 - 11:15pra estar disponível
naquele momento...", etc., etc. -
11:15 - 11:19Segundo porquê: "Por que
o Nando não sabe braile?" -
11:20 - 11:24Terceiro: "Por que não tem
aquele computador com leitor de tela?" -
11:26 - 11:31Na hora em você começa a chegar
lá pelo terceiro, quarto, quinto porquê, -
11:31 - 11:35você vê que estamos falando de um sistema.
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11:35 - 11:38Você saiu daquela coisa
de receitas mágicas, -
11:38 - 11:43onde você tem um, dois ou três itens,
ou cinco itens, ou oito itens, -
11:43 - 11:45que solucionam todos os problemas,
-
11:45 - 11:50porque nenhum problema é igual,
nenhuma pessoa é igual a outra. -
11:50 - 11:53Então, na hora em que você fala
e faz aqueles porquês, -
11:53 - 11:56você não só identifica
a situação específica -
11:56 - 11:59que está sendo enfrentada
por aquele aluno, aquele professor, -
11:59 - 12:01aquele diretor,
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12:02 - 12:08mas você começa a enxergar
o sistema ao redor de tudo isso. -
12:08 - 12:11Quando você chega lá
pelo quinto, sexto porquê, -
12:11 - 12:16você já entendeu que não dá
pra fazer nada sozinho nessa vida. -
12:16 - 12:19Aquele aluno vai precisar se esforçar.
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12:20 - 12:25Aquele professor vai precisar
de algumas orientações específicas -
12:25 - 12:28pra aquele tipo de deficiência.
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12:29 - 12:31Então, a gente começa a falar de parcerias
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12:31 - 12:37entre a escola e alguma ONG
especializada, local, -
12:37 - 12:39que possa dar uma assistência direta.
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12:39 - 12:44Estamos falando já em pensar
em políticas públicas adequadas àquilo, -
12:44 - 12:49em decisões orçamentárias.
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12:49 - 12:52E não interessa se é
escola pública ou particular. -
12:52 - 12:57No momento em que a gente começa
a perguntar esses porquês, -
12:57 - 13:02a gente começa a ver que existem
elementos, em vários níveis, -
13:02 - 13:06que contribuem
pra aquele obstáculo enorme. -
13:06 - 13:12Então, a solução vai requerer
vários elementos, -
13:12 - 13:14que vão variar de caso a caso.
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13:14 - 13:18Mas essa visão sistêmica,
que não é mais simplista, -
13:18 - 13:23vai permitir que a gente comece
a construir um sistema -
13:23 - 13:28que não vai ajudar só aquele aluno cego,
naquela situação, naquele ano. -
13:28 - 13:34Esse sistema vai começar a ser mais
eficiente em ajudar milhares de alunos. -
13:36 - 13:42Eu já vi uma moça cega
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13:44 - 13:49liderando um workshop
no Fórum Econômico Mundial. -
13:50 - 13:54Eu já vi cadeirante
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13:56 - 14:01desenhando um sistema pra fazer exercício,
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14:01 - 14:05máquinas pra se usar em academias
totalmente computadorizadas. -
14:05 - 14:12Eu já vi uma pessoa, um jovem,
com deficiência intelectual -
14:12 - 14:15usando computador em seu trabalho.
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14:15 - 14:22Eu acho que vocês merecem
ter essa riqueza no seu dia a dia. -
14:23 - 14:25Há trinta anos,
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14:25 - 14:29eu tive a sorte de que
a diretora da minha escola -
14:31 - 14:33lia as provas pra mim,
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14:34 - 14:40a sorte de que meus pais compraram
o equipamento de que eu precisava -
14:41 - 14:43e me desafiaram.
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14:43 - 14:49Mas nós estamos falando
de mais de 10% da população brasileira. -
14:49 - 14:54Nós estamos falando
de uma montanha de talento -
14:54 - 14:57que hoje está sendo desperdiçada.
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14:58 - 15:05Não podemos deixar que esses
10% ou mais dependam da sorte. -
15:06 - 15:11Eu prefiro muito mais
que a gente possa contar com você, -
15:11 - 15:15que possamos contar com todos nós.
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15:15 - 15:16Muito obrigado.
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15:16 - 15:18(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- A educação inclusiva e você | Fernando Botelho | TEDxPraçaSantosAndradeED
- Description:
-
Inspirado por sua própria história de vida, Fernando Botelho questiona os obstáculos que dizemos existir para a inclusão de pessoas com deficiência, a partir de sua história pessoal, e propõe uma solução simples e prática para promover a inclusão.
Fernando Botelho, bolsista da Ashoka, lidera a F123, uma iniciativa para aumentar o acesso à educação e ao emprego para pessoas com deficiência visual. Ele tem ampla experiência com projetos nas áreas de redução de pobreza, tecnologia e deficiência.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:20