Você não é o seu corpo | Janine Shepherd | TEDxKC
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0:19 - 0:23A vida trata de oportunidades,
criá-las e abraçá-las. -
0:23 - 0:27E para mim, se tratava do sonho olímpico.
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0:27 - 0:30Era o que me definia, era o meu êxtase.
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0:30 - 0:34Como esquiadora de longa distância
e membro da equipe australiana de esqui, -
0:34 - 0:36indo para as Olimpíadas de Inverno,
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0:36 - 0:39eu estava em um treino de bicicleta
com meus companheiros de time. -
0:40 - 0:45Estávamos a caminho das espetaculares
Blue Mountains a oeste de Sydney. -
0:45 - 0:47Era um dia perfeito de outono:
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0:47 - 0:51sol, cheiro de eucalipto e um sonho.
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0:51 - 0:53A vida era boa.
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0:53 - 0:56Estávamos rodando à cerca
de cinco horas e meia -
0:56 - 0:58quando chegamos à parte
do passeio que eu amava -
0:58 - 1:01e que eram as colinas,
porque eu amava as colinas. -
1:02 - 1:03Eu levantei do banco da minha bicicleta
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1:03 - 1:05e comecei a bombear minhas pernas
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1:05 - 1:07e enquanto inspirava
o frio ar da montanha, -
1:07 - 1:09podia senti-lo queimando meus pulmões.
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1:09 - 1:12Olhei para cima para ver
o sol brilhando no meu rosto... -
1:13 - 1:16e então tudo ficou escuro.
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1:16 - 1:18Onde eu estava?
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1:18 - 1:19O que estava acontecendo?
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1:19 - 1:22Meu corpo foi consumido pela dor.
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1:23 - 1:26Eu tinha sido atropelada
por um caminhão em alta velocidade, -
1:26 - 1:29faltando dez minutos
para terminar o treino. -
1:29 - 1:31Eu fui levada do local do acidente
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1:31 - 1:34de helicóptero para uma grande unidade
de terapia de coluna em Sydney. -
1:34 - 1:37Tive lesões extensas
e potencialmente fatais. -
1:38 - 1:41Eu tinha quebrado meu pescoço
e minha coluna em seis lugares. -
1:42 - 1:46Quebrei cinco costelas
do lado esquerdo e meu braço direito. -
1:46 - 1:49Quebrei minha clavícula
e alguns ossos em meus pés. -
1:49 - 1:52Todo o meu lado direito
estava rasgado e cheio de cascalho. -
1:52 - 1:54Minha testa estava aberta,
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1:54 - 1:57levantada para trás, expondo o crânio.
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1:57 - 2:00Ferimentos na cabeça. Ferimentos internos.
Grande perda de sangue. -
2:00 - 2:02Perdi cerca de 5 litros de sangue
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2:02 - 2:04que é tudo que alguém
do meu tamanho poderia ter. -
2:04 - 2:08Quando o helicóptero chegou
ao hospital Prince Henry em Sydney, -
2:08 - 2:11minha pressão arterial era de 40 por nada.
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2:12 - 2:14Eu realmente estava tendo um dia ruim.
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2:14 - 2:17(Risos)
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2:21 - 2:25Por dez dias, flutuei
entre duas dimensões. -
2:26 - 2:28Eu tinha consciência
de estar em meu corpo, -
2:28 - 2:32mas também estava fora do meu corpo,
em outro lugar, observando de cima, -
2:32 - 2:34como se estivesse acontecendo
com outra pessoa. -
2:34 - 2:37Por que eu iria querer voltar
a um corpo tão quebrado? -
2:37 - 2:43Mas essa voz ficou me chamando:
"Vamos lá, fique comigo". -
2:43 - 2:45"Não, é muito difícil."
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2:45 - 2:48"Vamos lá, esta é a nossa oportunidade."
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2:48 - 2:52"Não! Esse corpo está quebrado.
Ele já não me serve mais!" -
2:52 - 2:56"Vamos lá, fique comigo. Nós podemos!
Nós podemos fazer isso juntas." -
2:58 - 3:00Eu estava em uma encruzilhada.
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3:00 - 3:04Sabia que se não voltasse para meu corpo,
teria que deixar este mundo para sempre. -
3:05 - 3:07Era a luta da minha vida.
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3:08 - 3:12Após dez dias, tomei a decisão
de voltar para o meu corpo, -
3:13 - 3:15e a hemorragia interna parou.
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3:17 - 3:20A próxima preocupação
era quando eu voltaria a andar, -
3:20 - 3:23porque eu estava paralisada
da cintura para baixo. -
3:23 - 3:26Disseram aos meus pais
que a fratura de pescoço era estável, -
3:26 - 3:28mas a coluna fora completamente esmagada.
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3:28 - 3:31A vértebra L1 estava como se você
deixasse cair um amendoim, -
3:31 - 3:34pisasse nele e esmagasse
em milhares de pedaços. -
3:34 - 3:36Eles teriam que operar.
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3:37 - 3:39Eles entraram e me colocaram num pufe.
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3:39 - 3:41Eles literalmente me cortaram ao meio.
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3:41 - 3:44Tenho uma cicatriz
que envolve todo o meu corpo. -
3:45 - 3:48Pegaram o máximo
de osso quebrado que puderam -
3:48 - 3:50do que ficou alojado
na minha medula espinhal. -
3:50 - 3:55Tiraram duas das minhas costelas quebradas
e reconstruíram minha vértebra L1. -
3:55 - 3:59Retiraram outra costela quebrada,
fundiram as vértebras T12, L1 e L2, -
3:59 - 4:01e me costuraram de volta.
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4:01 - 4:03Levaram uma hora para costurar.
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4:03 - 4:04Eu acordei na UTI.
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4:04 - 4:08Os médicos estavam empolgados
que a operação foi um sucesso, -
4:08 - 4:12porque, nessa fase, eu tinha um pouco
de movimento em um dos meus dedões. -
4:12 - 4:15E eu pensei: "Ótimo! Porque estou indo
para as Olimpíadas!" -
4:15 - 4:17(Risos)
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4:17 - 4:22Eu não tinha ideia. Esse é o tipo de coisa
que acontece com os outros! Não comigo. -
4:22 - 4:24Mas, em seguida,
a médica se aproximou e disse: -
4:24 - 4:27"Janine, a operação foi um sucesso,
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4:27 - 4:31e recuperamos o máximo de osso
de sua medula espinhal que podíamos, -
4:31 - 4:32mas o dano é permanente.
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4:32 - 4:36São os nervos do sistema nervoso
central, não há cura. -
4:36 - 4:38Você é o que chamamos
de paraplégica parcial -
4:38 - 4:41e você terá todas as sequelas
que vêm junto com isso. -
4:41 - 4:44Você não sentirá nada
da cintura para baixo -
4:44 - 4:48e, no máximo, você poderá ter
10% ou 20% de recuperação. -
4:48 - 4:51Você terá lesões internas
para o resto de sua vida. -
4:51 - 4:54Você terá que usar um cateter
para o resto de sua vida. -
4:54 - 4:58Se você andar de novo, vai ser
com fixadores externos e um andador". -
4:58 - 5:03E então ela disse: "Janine, você terá
que repensar tudo que faz na vida, -
5:03 - 5:06porque você nunca mais será capaz
de fazer as coisas que você fazia antes". -
5:08 - 5:10Tentei entender o que ela estava dizendo.
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5:10 - 5:13Eu era uma atleta. Era tudo
que eu sabia, tudo que tinha feito, -
5:13 - 5:16se eu não pudesse fazer isso,
então o que eu poderia fazer? -
5:16 - 5:22E a pergunta que me fiz foi: se eu não
podia fazer isso, então quem eu era? -
5:25 - 5:29Eles me levaram da UTI
para a terapia espinhal aguda. -
5:29 - 5:33Eu estava deitada numa fina e dura cama
espinhal. Não tinha movimento nas pernas. -
5:33 - 5:36Usava meias apertadas para me proteger
da formação de coágulos sanguíneos. -
5:36 - 5:39Tinha um braço engessado
e o outro no suporte para soro. -
5:39 - 5:42Colar cervical e sacos de areia
em cada lado da cabeça, -
5:42 - 5:44e via o mundo através de um espelho
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5:44 - 5:46que ficava suspenso
em cima da minha cabeça. -
5:47 - 5:50Eu dividi a enfermaria com cinco pessoas.
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5:51 - 5:54E o mais incrível é que como estávamos
todos deitados paralisados -
5:54 - 5:57na enfermaria da coluna vertebral,
não sabíamos como o outro se parecia. -
5:58 - 6:00Como isso é incrível!
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6:00 - 6:05Quantas vezes na vida
você pode fazer amizades sem julgar, -
6:06 - 6:08totalmente baseado no espírito?
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6:09 - 6:11E não há conversas superficiais,
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6:11 - 6:14pois compartilhávamos
os pensamentos mais íntimos, -
6:14 - 6:18nossos medos e esperanças para a vida
após a enfermaria da coluna vertebral. -
6:19 - 6:23Lembro-me de uma noite em que
um dos enfermeiros entrou, Jonathan, -
6:23 - 6:26com um monte de canudos de plástico.
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6:26 - 6:28Colocou uma pilha em cima
de cada um de nós e disse: -
6:28 - 6:31"Comecem a enfiar os canudos um no outro".
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6:31 - 6:35Não havia muito mais a fazer
na enfermaria, por isso, fizemos. -
6:35 - 6:38E quando terminamos,
ele circulou em silêncio -
6:38 - 6:41e ligou todos os canudos
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6:41 - 6:44até circundar toda a enfermaria
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6:44 - 6:48e então ele disse: "Certo, pessoal,
segurem seus canudos". -
6:48 - 6:50E nós seguramos.
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6:50 - 6:54E ele disse: "Certo. Agora
estamos todos conectados". -
6:55 - 7:01E como segurávamos
e respirávamos como um só, -
7:01 - 7:04sabíamos que não estávamos
sozinhos nesta jornada. -
7:05 - 7:10E mesmo deitada paralisada
na enfermaria da coluna vertebral, -
7:10 - 7:12houve momentos de profundidade incrível
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7:12 - 7:16e riqueza, de autenticidade e de conexão,
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7:16 - 7:19que eu nunca tinha experimentado antes.
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7:20 - 7:24Cada um de nós sabia
que quando deixássemos a enfermaria, -
7:25 - 7:28nunca mais seríamos os mesmos.
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7:30 - 7:33Depois de seis meses,
era hora de ir para casa. -
7:34 - 7:37Eu me lembro do meu pai empurrando
minha cadeira de rodas para fora, -
7:37 - 7:40com meu corpo todo envolto em gesso,
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7:40 - 7:43e sentindo o sol no meu rosto
pela primeira vez. -
7:43 - 7:48Eu o absorvi e pensei:
"Como eu pude não valorizar isso?" -
7:49 - 7:52Eu me senti tão incrivelmente
grata pela minha vida. -
7:53 - 7:56Mas antes de eu sair do hospital,
a enfermeira-chefe tinha me dito: -
7:56 - 8:00"Janine, quero que esteja pronta, pois vai
acontecer algo quando chegar em casa". -
8:00 - 8:01Eu disse: "O quê?"
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8:01 - 8:04Ela disse: "Você ficará deprimida".
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8:04 - 8:07E eu disse: "Não eu,
não 'Janine, a máquina'", -
8:07 - 8:09que era meu apelido.
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8:09 - 8:12Ela disse: "Você ficará, entenda,
pois acontece com todo mundo. -
8:12 - 8:16Na enfermaria da coluna isso é normal.
Estar numa cadeira de rodas é normal. -
8:16 - 8:21Mas você vai chegar em casa
e perceber como a vida é diferente". -
8:21 - 8:25Eu cheguei em casa e algo aconteceu.
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8:27 - 8:29Percebi que a Irmã Sam estava certa.
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8:30 - 8:32Fiquei deprimida.
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8:33 - 8:37Eu estava na cadeira de rodas. Não tinha
nenhuma sensação da cintura para baixo. -
8:37 - 8:40Ligada a um cateter Coudé,
eu não podia andar. -
8:40 - 8:45Eu tinha perdido muito peso no hospital
e agora pesava cerca de 36 quilos. -
8:46 - 8:48Eu queria desistir.
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8:48 - 8:52Eu só queria colocar meus tênis
de corrida e correr porta afora. -
8:52 - 8:55Queria minha antiga vida de volta.
Queria meu corpo de volta. -
8:55 - 8:58Eu me lembro da mamãe sentada
na beira da minha cama dizendo: -
8:58 - 9:01"Eu me pergunto se a vida
nunca será boa de novo?" -
9:02 - 9:08E eu pensei: "Como poderia?
Perdi tudo o que eu valorizava, -
9:08 - 9:11tudo pelo que tinha trabalhado... Se foi".
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9:13 - 9:17E a pergunta que fiz foi:
"Por que eu? Por que eu?" -
9:18 - 9:21E então me lembrei
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9:21 - 9:24dos meus amigos que ainda estavam
na enfermaria da coluna vertebral. -
9:24 - 9:26Especialmente Maria.
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9:26 - 9:29Maria sofreu um acidente de carro
e acordou em seu aniversário de 16 anos -
9:29 - 9:32com a notícia de que estava
completamente tetraplégica, -
9:32 - 9:35sem movimento nenhum
do pescoço para baixo, -
9:35 - 9:38teve danos nas cordas vocais
e não podia falar. -
9:39 - 9:40Eles me disseram:
-
9:40 - 9:43"Estamos te levando para perto dela,
porque achamos que será bom para ela". -
9:44 - 9:49Eu estava preocupada. Não sabia
como eu reagiria estando ao lado dela. -
9:49 - 9:52Eu sabia que seria um desafio,
mas foi, na verdade, uma bênção, -
9:52 - 9:57porque Maria sempre sorria.
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9:57 - 10:02Ela estava sempre feliz e, mesmo
quando ela começou a falar de novo, -
10:02 - 10:04embora fosse difícil de entender,
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10:04 - 10:08ela nunca reclamou. Nem uma vez.
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10:08 - 10:14Eu me perguntava como ela tinha
encontrado esse nível de aceitação? -
10:14 - 10:18Percebi que isso não era
apenas sobre a minha vida. -
10:19 - 10:20Era sobre a própria vida.
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10:20 - 10:25Percebi que isso não era apenas
a minha dor, era a dor de todos. -
10:25 - 10:30E então eu soube, assim como antes,
que eu tinha uma escolha. -
10:30 - 10:35Eu poderia continuar lutando contra isso,
ou poderia deixar pra lá e aceitar -
10:35 - 10:40não só o meu corpo,
mas as circunstâncias da minha vida. -
10:41 - 10:44Então parei de perguntar "Por que eu?",
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10:44 - 10:47e comecei a perguntar "Por que não eu?"
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10:48 - 10:52E então pensei comigo mesma
que talvez estar no fundo do poço -
10:52 - 10:55é, na verdade,
o lugar perfeito para começar. -
10:59 - 11:02Eu nunca tinha pensado em mim
como uma pessoa criativa. -
11:02 - 11:06Eu era uma atleta,
meu corpo era uma máquina. -
11:06 - 11:11Mas agora, eu estava prestes
a embarcar no mais criativo projeto -
11:11 - 11:13que qualquer um de nós
jamais poderia fazer: -
11:13 - 11:15reconstruir uma vida.
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11:16 - 11:19E mesmo não tendo absolutamente
nenhuma ideia do que iria fazer, -
11:19 - 11:23naquela incerteza,
veio uma sensação de liberdade. -
11:24 - 11:26Eu já não estava vinculada
a um caminho traçado. -
11:26 - 11:31Eu estava livre para explorar
infinitas possibilidades da vida. -
11:32 - 11:36E essa percepção estava prestes
a mudar a minha vida. -
11:38 - 11:40Sentada em casa,
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11:40 - 11:43em minha cadeira de rodas
e meu corpo de gesso, -
11:43 - 11:46um avião sobrevoou.
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11:47 - 11:49Eu olhei para cima e pensei comigo mesma:
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11:49 - 11:54"É isso aí! Se eu não puder andar,
então eu poderia muito bem voar". -
11:54 - 11:57Eu disse: "Mãe, eu vou aprender a voar!"
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11:57 - 11:59Ela disse: "Que bom, querida".
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11:59 - 12:01(Risos)
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12:01 - 12:03Eu disse: "Passe-me as páginas amarelas".
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12:03 - 12:06Ela me passou e liguei
para a escola de voo. -
12:06 - 12:09Eu disse: "Gostaria de reservar
uma saída para um voo". -
12:09 - 12:11Eles disseram: "Quando você quer voar?"
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12:11 - 12:13Eu disse: "Preciso que um amigo me leve,
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12:13 - 12:16porque eu não posso dirigir,
e não posso andar também. -
12:16 - 12:17Tem problema?"
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12:17 - 12:20Fiz uma reserva, e semanas depois
meu amigo Chris e minha mãe -
12:20 - 12:22me levaram para o aeroporto.
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12:22 - 12:27Todos os 36 quilos, inteiramente coberta
de gesso e vestindo um grande macacão. -
12:27 - 12:29Posso dizer que eu não parecia
a candidata ideal -
12:29 - 12:31para tirar uma licença de piloto.
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12:31 - 12:33(Risos)
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12:33 - 12:35Segurando no balcão,
porque não ficava de pé, -
12:35 - 12:37eu disse: "Oi! Estou aqui
para uma lição de voo". -
12:37 - 12:41Deram uma olhada
e correram para tirar a sorte. -
12:41 - 12:44"Você a leva!"
"Não, não. Você a leva!" -
12:44 - 12:47Finalmente um cara vem:
"Oi! Sou Andrew e levarei você". -
12:47 - 12:48Eu disse: "Ótimo!"
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12:48 - 12:52Levaram-me para baixo e depois à pista.
Havia um avião vermelho, branco e azul. -
12:52 - 12:54Era lindo.
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12:54 - 12:55Eles me levantaram até a cabina,
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12:55 - 12:58me deslizaram pela asa,
me colocaram na cabina e me sentaram. -
12:58 - 13:00Havia muitos botões e mostradores.
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13:00 - 13:03Eu disse: "Uau! Como você
sabe o que tudo isso faz?" -
13:03 - 13:06Andrew, o instrutor, ficou na frente.
Foi tirando o avião. -
13:06 - 13:08Ele disse: "Você gostaria
de tentar taxiar?" -
13:08 - 13:12É quando se usa os pés para virar o leme
para controlar o avião no solo. -
13:13 - 13:15Eu disse: "Não. Eu não posso
usar minhas pernas". -
13:15 - 13:16Ele disse: "Oh".
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13:16 - 13:19Eu disse: "Mas posso usar minhas mãos".
E ele disse: "Tudo bem". -
13:19 - 13:22Assim, ele foi até a pista
e colocou potência. -
13:22 - 13:24E enquanto saíamos da pista,
-
13:24 - 13:28e as rodas saíam do asfalto,
e ficávamos no ar, -
13:29 - 13:33eu tive a mais incrível
sensação de liberdade. -
13:34 - 13:38E Andrew me disse, quando chegamos
sobre a área de treinamento: -
13:39 - 13:41"Você vê aquela montanha ali?"
-
13:41 - 13:43Eu disse: "Sim?"
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13:43 - 13:47Ele disse: "Você vai assumir os controles
e vai voar para a montanha". -
13:47 - 13:53E quando olhei, percebi que ele estava
apontando para as Blue Mountains, -
13:53 - 13:56onde a jornada começou.
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13:56 - 14:00Tomei os controles e eu estava voando.
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14:01 - 14:04Eu tive um longo caminho
desde aquela enfermaria. -
14:04 - 14:07E então eu soube que eu estava
me tornando uma piloto. -
14:08 - 14:11Eu não sabia como passaria
no exame médico, -
14:11 - 14:15mas me preocuparia com isso mais tarde
porque agora eu tinha um sonho! -
14:15 - 14:18Fui para casa, arranjei um diário
de treino e eu tinha um plano. -
14:19 - 14:22E pratiquei andar tanto quanto eu podia.
-
14:22 - 14:25E eu fui do ponto de ter
duas pessoas me segurando -
14:26 - 14:28para só uma pessoa me segurando,
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14:28 - 14:32até o ponto em que me apoiava nos móveis
contanto que não fossem muito distantes, -
14:32 - 14:34e então fiz um grande progresso
-
14:34 - 14:37ao ponto em que eu podia andar pela casa
segurando nas paredes assim. -
14:38 - 14:41Mamãe disse que estaria
sempre atrás de mim -
14:41 - 14:42limpando as minhas impressões digitais.
-
14:42 - 14:44(Risos)
-
14:44 - 14:47Mas pelo menos ela sempre
sabia onde eu estava. -
14:47 - 14:49(Risos)
-
14:49 - 14:51Assim, enquanto os médicos
continuavam a me operar -
14:51 - 14:53e colocar meu corpo de volta no lugar,
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14:53 - 14:56eu seguia com meu estudo da teoria
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14:56 - 15:00e depois, surpreendentemente,
passei no exame médico para pilotos. -
15:00 - 15:02E essa foi a minha luz verde para voar.
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15:02 - 15:05Passei todos os momentos
que pude naquela escola de voo, -
15:05 - 15:07para sair da minha zona de conforto.
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15:07 - 15:10Todos esses caras jovens
que queriam ser pilotos da Qantas -
15:10 - 15:12e eu, pequena, velha e indesejável,
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15:12 - 15:14primeiro no meu gesso,
depois com minha muleta, -
15:14 - 15:19meus macacões grandes, minha sacola
de remédios e cateteres, minha flacidez. -
15:19 - 15:21Eles costumavam olhar e pensar:
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15:21 - 15:24"Quem ela quer enganar?
Ela nunca vai ser capaz de fazer isso!" -
15:24 - 15:26E às vezes eu pensei isso também.
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15:26 - 15:27Mas isso não importava,
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15:27 - 15:29porque agora havia algo dentro de mim
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15:29 - 15:34que queimava e que superava minhas lesões.
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15:35 - 15:37Pequenas metas me mantiveram no caminho.
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15:37 - 15:40E, finalmente, tirei minha licença
de piloto privado. -
15:40 - 15:44E então aprendi a navegar e levei
meus amigos para voar pela Austrália. -
15:45 - 15:48Então aprendi a pilotar bimotores,
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15:48 - 15:51e consegui minha qualificação
para pilotar bimotores. -
15:51 - 15:54E então aprendi a voar com mau tempo
tão bem como com tempo bom, -
15:54 - 15:56e consegui a qualificação
de voo por instrumentos. -
15:56 - 15:59E então consegui minha licença
de piloto comercial. -
15:59 - 16:02Então consegui minha qualificação
como instrutora. -
16:02 - 16:05E então, me encontrei de volta
na mesma escola, -
16:05 - 16:08onde eu tinha ido para o primeiro voo,
-
16:08 - 16:10ensinando pessoas a voar,
-
16:11 - 16:15apenas 18 meses depois
da enfermaria da coluna vertebral. -
16:15 - 16:18(Aplausos)
-
16:27 - 16:31Então eu pensei: "Por que parar aí?
Por que não voar de cabeça para baixo?" -
16:32 - 16:33E eu fiz.
-
16:33 - 16:34Aprendi a voar de cabeça para baixo
-
16:34 - 16:38e me tornei instrutora
de voos acrobáticos. -
16:39 - 16:42E mamãe e papai nunca foram comigo.
-
16:42 - 16:45(Risos)
-
16:45 - 16:47Mas então eu sabia com certeza
-
16:47 - 16:50que, embora meu corpo
pudesse ser limitado, -
16:50 - 16:54meu espírito não podia ser detido.
-
16:56 - 16:59O filósofo Lao Tsé disse uma vez:
-
17:00 - 17:04"Quando você deixa ir o que você é,
você se torna o que você pode ser". -
17:05 - 17:10Agora sei que não era apenas deixar ir
quem eu pensava que eu era, -
17:10 - 17:14e eu seria capaz de criar
uma vida completamente nova. -
17:14 - 17:20Que não era apenas deixar ir
a vida que eu pensava que deveria ter, -
17:20 - 17:23e eu seria capaz de abraçar
a vida que esperava por mim. -
17:24 - 17:29Agora eu sei que a minha força real
nunca veio do meu corpo. -
17:30 - 17:33E embora minhas capacidades físicas
-
17:33 - 17:39tenham mudado dramaticamente,
quem eu sou, não mudou. -
17:39 - 17:43A chama-piloto dentro de mim
ainda estava acesa, -
17:43 - 17:47assim como está em cada um de nós.
-
17:48 - 17:51Eu sei que eu não sou o meu corpo
-
17:51 - 17:54e eu também sei que você não é o seu.
-
17:55 - 17:59Então já não importa como você se parece,
-
17:59 - 18:01de onde você vem,
-
18:01 - 18:03ou o que você faz para viver.
-
18:03 - 18:09Tudo o que importa é que continuemos
a soprar a chama da humanidade, -
18:09 - 18:13vivendo nossas vidas
como a maior expressão criativa -
18:13 - 18:15de quem realmente somos.
-
18:16 - 18:23Porque estamos todos conectados
por milhões e milhões de canudos. -
18:24 - 18:28E é hora de uni-los e segurá-los,
-
18:29 - 18:33e, se quisermos avançar em direção
à nossa felicidade coletiva, -
18:33 - 18:36é hora de mudar o nosso foco no físico
-
18:36 - 18:39e, em vez disso,
abraçar as virtudes do coração. -
18:39 - 18:42Portanto, levantem seus canudos,
se vão se juntar a mim! -
18:43 - 18:44(Aplausos)
-
18:44 - 18:45Obrigada.
-
18:45 - 18:48(Aplausos) (Vivas)
-
18:50 - 18:52Obrigada.
-
18:52 - 18:55(Aplausos)
- Title:
- Você não é o seu corpo | Janine Shepherd | TEDxKC
- Description:
-
Muitas vezes nos definimos por coisas que estão "fora" de nós: relacionamentos, trabalho, família, até mesmo os nossos próprios corpos. Mas o que significa ter a sua vida radicalmente alterada e seu corpo irremediavelmente danificado? Quem você seria então? Esta palestra explora o impacto da perda sobre a psique humana e a busca universal para encontrar significado e realização. Somente através do processo de perda de tudo que nós pensamos que precisávamos é que encontramos quem realmente somos.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:01
Custodio Marcelino approved Portuguese, Brazilian subtitles for You are not your body | Janine Shepherd | TEDxKC | ||
Custodio Marcelino edited Portuguese, Brazilian subtitles for You are not your body | Janine Shepherd | TEDxKC | ||
Claudia Sander accepted Portuguese, Brazilian subtitles for You are not your body | Janine Shepherd | TEDxKC | ||
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