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Estamos em Bruxelas vendo
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uma das telas Revolucionárias de Jacques-
Louis David.
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Esta é "A Morte de Marat".
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Revolucionária em dois sentidos.
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Revolucionária no fato de que foi pintada
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durante a Revolução Francesa, que começou
em 1789.
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A França se tornou uma república em 1792.
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E David aqui celebra um herói da
Revolução.
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Mas também é revolucionária por
representar
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um evento contemporâneo.
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Antes disso David pintou
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cenas da antiguidade clássica.
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No início da Revolução
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David se juntou ao Clube dos Jacobinos.
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Esse era um grupo dos mais
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violentos e radicais revolucionários.
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E David se tornou muito próximo
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do líder dos Jacobinos, Robespierre.
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David votou pela decapitação
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do rei Luís XVI.
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Sua assinatura está nos documentos
criados
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para a prisão e execução de membros da
aristocracia,
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de pessoas que eram contrárias à
Revolução.
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Então David realmente se envolveu nisso.
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Ele serviu no governo Revolucionário.
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Ele ajudou a dissolver a Real Academia
de Artes.
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E ele era essencialmente o Ministro da
Propaganda,
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espalhando os ideais da Revolução por
imagens
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E é isso que a pintura é.
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O governo Revolucionário pediu que ele
produzisse
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uma série três imagens que deveriam
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heroicizar novos mártires.
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Não um mártir cristão,
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mas agora um mártir da Revolução.
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Essa mudança de mártir cristão
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para mártir político é importante.
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Temos o começo do fim
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do mundo monárquico,
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do "antigo regime".
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de um governante absolutista.
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e o início de uma nova república.
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O início de um mundo onde as pessoas
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participam do governo.
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A Revolução Francesa foi
inspirada,
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em parte pela Revolução Americana
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apenas alguns anos antes.
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Mas a França oscilaria entre
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governos republicanos e reais
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ao longo do próximo século.
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Uma monarquista chamada Charlotte Corday,
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uma mulher que acreditava na monarquia
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absolutista foi ver
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Marat, o líder da Revolução.
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e enganando-o, o assassinou em sua
banheira.
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Você pode ver a faca usada por ela
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para esfaqueá-lo no canto esquerdo
inferior da tela.
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E a carta que ela usou para entrar
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segurada por Marat.
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Ele era editor, então seu papel
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na Revolução foi importante,
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porque ele ajudou a disseminar as ideias
revolucionárias
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e a reunir as pessoas.
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Ele segura essa carta que ela usou
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para entrar para vê-lo.
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David mostra como essa mulher era dúbia.
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Ela enganou Marat, ele era inocente, bom.
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Ele trabalhava para a república, para a
Revolução Francesa.
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E ela chegou e o esfaqueou brutalmente.
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Há esse extremo contraste
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entre a ambiguidade dela e a nobreza dele.
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Ele é idealmente maravilhoso.
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Sabemos que ele foi desfigurado pela
doença de pele
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que o fazia passar muitas horas por dia
no banho.
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Não há sinal disso aqui.
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E sua pose nos lembra a Pietá.
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da imagem de Cristo sendo pranteado
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quando acabava de sair da cruz.
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A ideia de que um mártir da Revolução
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substitui o principal mártir cristão.
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é vividamente representada.
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Essa era uma ideia chave da Revolução.
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Desmantelar não só a monarquia,
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mas também a igreja.
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E secularizar a vida dos franceses.
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E vemos também a criação
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de um novo calendário para a Revolução.
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E embaixo da assinatura, David escreveu
"Ano Dois".
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Então não estamos em 1793, estamos no
Ano Dois da Revolução.
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Toda essa substituição do velho mundo
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por uma nova ordem Revolucionária
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por uma nova república francesa.
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A ideia do racionalismo estava sendo
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violentamente instituída.
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Ao invés das velhas e tradicionais
medidas por exemplo,
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aqui temos pela primeira vez o sistema
métrico
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mais racional sendo introduzido.
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Esse é o Iluminismo,
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um tempo de pensamento racional.
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de acreditar em observações empíricas ao
invés
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das superstições e tradições da igreja.
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E essa é uma pintura,
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baseada em observações.
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Esse interessante contraste entre
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a especificidade do primeiro plano,
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Especialmente a caixa onde ele escreveu
seu nome,
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e escreveu "Á Marat", "Para Marat".
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contra a pincelada aberta e indeterminada
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do fundo que quase não parece terminado.
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Tem essa qualidade macia e quente.
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Isso isola Marat,
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foca a nossa atenção nele.
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Mas na medida em que olhamos em volta
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para outras pinturas deste museu,
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o que vejo na parte de cima
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de uma pintura são anjos
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E David não podia mais fazer isso.
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E uma nova iconografia ainda não havia
sido desenvolvida.
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Então ao invés disso, temos um campo mais
claro
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no canto superior direito
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equilibrando o corpo de Marat no canto
inferior esquerdo.
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E que corpo.
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A anatomia, os músculos no ombro
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os braços e a clavícula.
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Podemos ver esse interesse neoclássico
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pelo estudo da anatomia,
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pintando-a cuidadosamente,
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prestando muita atenção aos contornos,
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modelando os efeitos da luz e da
escuridão.
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Mas o que me espanta são as sobras.
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em contraste direto com os interiores
luxuosos
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das pinturas Rococó, do estilo de vida
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da aristocracia que eram o tema
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das pinturas Rococó.
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Aqui, um interior decididamente plano,
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Espartano, sem móveis elaborados,
sem ouro.
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Esse é um homem, David quer nos dizer,
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que viveu de acordo com os ideais
republicanos
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da Revolução.
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E parece que eles vão durar para sempre.
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Mas em breve os revolucionários se
voltarão uns contra os outros.
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E David é preso
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por seu envolvimento na Revolução.
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E então se torna o primeiro pintor de
Napoleão,
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Que se torna imperador da França.
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Muitos historiadores de arte
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Vêem a carreira de David e dizem,
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"Onde estão seus verdadeiros princípios?"
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Onde estão suas lealdades?
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Ele realmente acreditava
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nos ideais da Revolução?
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E se tornou seguidor de Napoleão
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e abandonou esses valores?
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Ou ele era politicamente mercenário?
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Ele realmente procurava
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encomendas de quem quer que estivesse no
controle
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naquele momento?
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É difícil ver "A Morte de Marat"
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e não ver um homem que estava convencido
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da importância dos ideais revolucionários.
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[Legendado por Pedro Mota Byrro].