Tropos vs. Mulheres nos videogames | Anita Sarkeesian | TEDxWomen
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0:22 - 0:26Gostaria de compartilhar com vocês
a história de como me tornei a vilã -
0:26 - 0:30de um enorme jogo on-line, na vida real.
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0:30 - 0:32Nos últimos quatro anos,
-
0:32 - 0:35tenho publicado uma websérie no YouTube
chamada "Feminist Frequency", -
0:35 - 0:38no qual desconstruo a representação
das mulheres na mídia. -
0:38 - 0:43Tento fornecer as ferramentas para dar
às pessoas o vocabulário para discutir -
0:43 - 0:45o machismo e as questões de gênero
-
0:45 - 0:48utilizando a linguagem acessível
da cultura popular, -
0:48 - 0:53como das séries de TV e dos filmes,
quadrinhos e videogames. -
0:53 - 0:55Videogames são muito interessantes
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0:55 - 0:59porque são a forma de mídia de massas
que cresce mais rapidamente hoje em dia. -
1:00 - 1:04Esta é uma foto minha aos dez anos,
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1:04 - 1:07jogando "Super Mario World"
em um Super Nintendo. -
1:07 - 1:09Então, jogo videogames já há algum tempo.
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1:09 - 1:12Além de ser divertido jogá-los,
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1:12 - 1:15eles também possuem muitos benefícios.
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1:15 - 1:17Novamente, jogo videogames há algum tempo,
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1:17 - 1:20mas há algo que sempre
me incomodou um pouco. -
1:20 - 1:22Não é segredo que a indústria dos games
-
1:22 - 1:25apresenta algumas das representações
femininas mais opressivas, -
1:25 - 1:28objetificadas sexualmente
e estereotipadas de qualquer mídia. -
1:29 - 1:32Com isso em mente,
decidi lançar uma campanha -
1:32 - 1:35de arrecadação de fundos no site
de financiamento coletivo Kickstarter -
1:35 - 1:37para criar uma série de vídeos abordando
-
1:37 - 1:41especificamente como as mulheres
são representadas nos videogames. -
1:41 - 1:44A ideia era que, se você tivesse interesse
no projeto, poderia contribuir -
1:44 - 1:48e, se não tivesse interesse,
poderia não contribuir. -
1:49 - 1:50É bem simples, não?
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1:50 - 1:52O que poderia dar errado?
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1:52 - 1:54(Risos)
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1:54 - 1:55Pois é.
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1:56 - 1:58Acontece que havia vários jogadores por aí
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1:58 - 2:01que, digamos, não estavam muito
animados com esse projeto. -
2:03 - 2:06Eu sou crítica da cultura pop,
feminista e mulher. -
2:06 - 2:09E sou todas essas coisas
abertamente na internet. -
2:09 - 2:12Então tenho alguma experiência
com retaliações machistas. -
2:14 - 2:19Infelizmente, me acostumei
a xingamentos e insultos sexistas, -
2:19 - 2:21geralmente envolvendo
cozinhas e sanduíches. -
2:23 - 2:26Mas o que aconteceu dessa vez
foi um pouco diferente. -
2:26 - 2:31Eu me tornei o alvo de uma gigantesca
campanha de ódio on-line. -
2:32 - 2:37Os próximos slides representam apenas
uma pequena fração do assédio que sofri -
2:37 - 2:40e eles vêm com uma enorme advertência.
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2:41 - 2:45Todas as minhas páginas nas redes sociais
foram inundadas por ameaças de estupro, -
2:45 - 2:48violência, agressão sexual, morte.
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2:48 - 2:52E vocês vão perceber que todas
as ameaças e os comentários -
2:52 - 2:54miravam especificamente o meu gênero.
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2:54 - 2:58O artigo na Wikipédia sobre mim
foi vandalizado com sexismo, -
2:58 - 3:00racismo e imagens pornográficas.
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3:01 - 3:04Houve uma campanha para denunciar
todas as minhas contas em redes sociais, -
3:04 - 3:08inclusive meu Kickstarter,
meu YouTube e meu Twitter, -
3:08 - 3:11que eles denunciavam como fraude,
spam ou até mesmo terrorismo -
3:11 - 3:13para que fossem suspensas.
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3:13 - 3:15Tentaram tirar meu site do ar,
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3:15 - 3:18hackear meu e-mail e outras contas,
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3:18 - 3:21tentaram coletar e distribuir
minhas informações pessoais, -
3:21 - 3:24inclusive meu endereço
e número de telefone. -
3:24 - 3:28Fizeram imagens pornográficas
com minhas feições, -
3:28 - 3:30sendo estuprada por personagens
de videogames, -
3:30 - 3:32que me enviaram repetidamente.
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3:32 - 3:34Fizeram até um jogo,
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3:34 - 3:37em que os jogadores eram
estimulados a "espancar a vadia", -
3:37 - 3:42no qual, clicando na tela, uma foto minha
ficaria cada vez mais ferida. -
3:42 - 3:45Vocês entenderam; vamos em frente.
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3:45 - 3:49O que é ainda mais perturbador,
se isso for possível, -
3:49 - 3:52nessa demonstração explícita
de misoginia em grande escala, -
3:52 - 3:55é que os perpetradores
se referiam abertamente -
3:55 - 3:58a essa campanha de assédio
e violência como um "jogo". -
4:00 - 4:03Se referiam à sua violência como um jogo.
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4:03 - 4:07Então, na mente deles,
eles criaram essa grande ficção -
4:07 - 4:10em que eles são os jogadores heroicos
de um enorme jogo coletivo on-line, -
4:10 - 4:13trabalhando juntos
para derrotar um inimigo, -
4:13 - 4:16e aparentemente me escalaram
para o papel de vilã. -
4:16 - 4:18E qual era meu grande plano diabólico?
-
4:19 - 4:23Fazer uma série de vídeos no YouTube sobre
a representação das mulheres nos games. -
4:24 - 4:27Então, se eles pensam em seu
assédio como um "jogo divertido", -
4:27 - 4:29vamos examinar isso.
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4:31 - 4:32Quem são os jogadores?
-
4:32 - 4:35Frequentemente, quando falamos
sobre assédio on-line, -
4:35 - 4:38pensamos em garotos adolescentes
no porão da casa dos pais deles. -
4:38 - 4:40Embora tenha sido atacada
por adolescentes, -
4:40 - 4:44também fui atacada por milhares
de homens adultos. -
4:44 - 4:47E isso não é totalmente surpreendente
considerando que a média de idade -
4:47 - 4:50de jogadores nos EUA é de 30 anos.
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4:52 - 4:53Onde esse jogo é jogado?
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4:53 - 4:57Os perpetradores transformaram
a internet inteira em campo de batalha. -
4:57 - 4:59No meu caso, usaram tudo e qualquer coisa
-
4:59 - 5:02que eu já tenha tido on-line.
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5:02 - 5:05Eles também têm um quartel general,
no qual se comunicam, -
5:05 - 5:08trabalham juntos
e coordenam suas incursões. -
5:08 - 5:12Isso geralmente se realiza
em comunidades e fóruns de discussão -
5:12 - 5:15majoritariamente anônimos e não moderados.
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5:15 - 5:19E esses são lugares sem nenhum
mecanismo real de responsabilização. -
5:20 - 5:22Então qual é o objetivo?
-
5:22 - 5:25Bem, o objetivo exclusivo
imediato é impedir a vilã -
5:25 - 5:31e salvar os videogames de mim
e de minhas tramas feministas loucas. -
5:32 - 5:36E eles tentam fazer isso silenciando
e difamando meu projeto e eu. -
5:36 - 5:39Mas o principal objetivo implícito
deles, na verdade, é tentar -
5:39 - 5:43manter o status quo dos videogames
como uma área dominada por homens -
5:43 - 5:48e todos os privilégios e benefícios que
vêm de um inegável "clube do Bolinha". -
5:51 - 5:52Então, que tipo de jogo é esse?
-
5:52 - 5:55É fundamentalmente social.
-
5:55 - 5:58Não pensamos no assédio on-line
como uma atividade social, -
5:58 - 6:01mas sabemos pelas estratégias
e táticas que eles usaram -
6:01 - 6:02que não trabalharam sozinhos,
-
6:02 - 6:06que havia, na verdade,
uma coordenação informal entre eles. -
6:06 - 6:10E esse componente social é
um fator motivacional poderoso -
6:10 - 6:13que age fornecendo incentivos
para jogadores participarem, -
6:13 - 6:15ou melhor, para os agressores participarem
-
6:15 - 6:18e até para intensificarem os ataques
-
6:18 - 6:22ao receberem o elogio
e a aprovação de seus pares. -
6:24 - 6:29É como se víssemos isso como
um sistema de recompensas informal -
6:29 - 6:32no qual os jogadores
recebem "pontos de internet" -
6:32 - 6:35por ataques cada vez mais
descarados e violentos. -
6:35 - 6:37Depois, eles documentam esses ataques
-
6:37 - 6:40e os levam de volta para os fóruns
como evidência para exibirem aos outros, -
6:40 - 6:43como se fossem troféus ou conquistas.
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6:45 - 6:48Então, temos uma estrutura geral
de um jogo social, certo? -
6:48 - 6:51Temos os jogadores, temos a vilã.
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6:51 - 6:53Temos o campo de batalha.
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6:53 - 6:55Temos um sistema de recompensas informal.
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6:55 - 6:57Mas o problema é...
-
6:58 - 7:00isso não é um jogo.
-
7:00 - 7:04É uma manifestação explícita
de misoginia raivosa em escala massiva. -
7:04 - 7:09Não é só "coisa de garotos".
Não é só "como a internet funciona". -
7:09 - 7:12E não vai simplesmente
sumir se a ignorarmos. -
7:12 - 7:15Não é mesmo só um jogo.
-
7:15 - 7:17O que é, então?
-
7:17 - 7:21Bem, os termos que costumamos usar
para descrever assédio on-line, -
7:21 - 7:25como cyberbullying ou perseguição virtual,
ou até mesmo "trolagem", -
7:25 - 7:28não descrevem adequadamente
uma campanha de ódio nessa escala. -
7:28 - 7:31O que aconteceu comigo,
e com outras mulheres também, -
7:31 - 7:34pode ser melhor descrito
como uma turba virtual. -
7:36 - 7:40E, sendo uma turba virtual
ou um punhado de comentários de ódio, -
7:41 - 7:43o resultado final é a manutenção,
-
7:43 - 7:47o reforço e a normalização
de uma cultura do sexismo, -
7:47 - 7:50no qual os homens que assediam
são apoiados pelos seus pares -
7:50 - 7:53e recompensados por atitudes
e comportamentos sexistas, -
7:53 - 7:58e as mulheres são caladas, marginalizadas
e excluídas da participação plena. -
7:58 - 8:01Um "clube do Bolinha" significa
que garotas são proibidas. -
8:01 - 8:04Como eles mantêm as mulheres
e garotas longe? Exatamente assim. -
8:04 - 8:11Criando um ambiente tóxico
e hostil demais para suportar. -
8:13 - 8:16Eu sei, é um assunto
bem sombrio e deprimente, -
8:16 - 8:18mas há um outro lado de tudo isso.
-
8:18 - 8:22Querem saber o resultado da minha campanha
de arrecadação de fundos depois de tudo? -
8:22 - 8:25Primeiro, a turba virtual
não conseguiu me calar, -
8:25 - 8:27como fica claro por eu estar aqui hoje.
-
8:27 - 8:29(Aplausos)
-
8:29 - 8:31Obrigada.
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8:33 - 8:37Acontece que muitas pessoas
estão interessadas em um projeto -
8:37 - 8:40que busca desconstruir a representação
de mulheres nos games, -
8:40 - 8:43e ficaram completamente
revoltadas com o assédio -
8:43 - 8:46que flagela nossas comunidades
de games com tanta frequência. -
8:48 - 8:51Acabei conseguindo 25 vezes
o valor que pedi originalmente. -
8:51 - 8:54(Aplausos)
-
8:56 - 8:59Quase 7 mil pessoas contribuíram
para tornar meu projeto -
8:59 - 9:03"Tropos vs. Mulheres nos videogames"
maior, melhor e mais abrangente -
9:03 - 9:05do que eu jamais teria imaginado.
-
9:05 - 9:08Em vez de apenas 5 vídeos, agora são 13,
-
9:08 - 9:12além de um material escolar
que professores podem usar de graça. -
9:12 - 9:14(Aplausos)
-
9:17 - 9:19O "Feminist Frequency"
passou de um projeto paralelo -
9:19 - 9:21a um empreendimento em tempo integral.
-
9:21 - 9:26Recebi inúmeras mensagens de apoio
e palavras de incentivo. -
9:26 - 9:29As pessoas expressaram sua solidariedade
comigo e meu projeto publicamente -
9:29 - 9:33por meio de vídeos, desenhos,
quadrinhos e publicações em blogs. -
9:33 - 9:38Fui convidada até para dar palestras
em estúdios de videogames internacionais. -
9:40 - 9:43O apoio esmagador que recebi
-
9:43 - 9:45é apenas uma pequena manifestação
-
9:45 - 9:48de uma mudança cultural maior
que paira no horizonte. -
9:49 - 9:53Uma crescente interseção de jogadores
e desenvolvedores de todos os gêneros -
9:53 - 9:56estão fartos com o tratamento
das mulheres na cultura dos games -
9:56 - 9:58e estão se manifestando
para exigir mudanças. -
9:58 - 10:03Essas mudanças estão vindo de forma lenta
e até dolorosa, mas estão acontecendo. -
10:03 - 10:08Diariamente sou encorajada pelas mulheres
que perseveram, continuam se engajando -
10:08 - 10:10e se recusam a serem silenciadas.
-
10:10 - 10:14Realmente acredito que trabalhando juntos
podemos criar uma mudança cultural -
10:14 - 10:19na qual mulheres, sem medo
de intimidação, ameaças ou assédio, -
10:19 - 10:22podem ser participantes plenas
e ativas em nosso mundo digital. -
10:22 - 10:24Obrigada.
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10:24 - 10:26(Aplausos)
- Title:
- Tropos vs. Mulheres nos videogames | Anita Sarkeesian | TEDxWomen
- Description:
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Esta palestra é apresentada por uma mulher que se tornou alvo de uma campanha on-line de ódio. Previsivelmente, a mesma campanha se dirigiu contra a palestra, então os comentários foram desativados. Se você gostaria de fazer comentários construtivos sobre esse vídeo, por favor o compartilhe em suas redes sociais. Anita Sarkeesian fala sobre a misoginia on-line na comunidade de videogames e sobre sua experiência com assédio por causa de seu trabalho.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 10:30
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for WHY ARE COMMENTS TURNED OFF?: Anita Sarkeesian at TEDxWomen 2012 | ||
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