Programar para aprender sem limites | Antonio García Vicente | TEDxYouth@Valladolid

Antonio, com apenas oito anos de idade, não só programa para que seus colegas aprendam lições de classe, como também ensina a outras crianças menores a magia da criação com alguns cabos, um computador e muita imaginação. Em sua palestra, Antonio compartilha como ele faz e, acima de tudo, como vê a importância de compartilhar recursos com todos para continuar aprendendo e criando.

Antonio é natural de Valhadolide. Sua paixão é a programação. Com ela, imagina, cria jogos, histórias, animações e aprende se divertindo e compartilhando com crianças de todo o mundo. Pertence ao CJP (Clube de Jovens Programadores) da Universidade de Valhadolide e participa do Scratch Day, realizado em Valhadolide, na Escuela Universitaria de Informática.

Esta palestra foi dada num evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite: http://ted.com/tedx

Tenho duas paixões:

uma, o futebol.

Sou um grande torcedor.

Vamos ver se vocês adivinham de qual time.

(Risos)

Sou torcedor do Real Madrid, é claro.

Também sou goleiro do time do Villanubla.

Minha outra paixão são os computadores,
os videogames e a programação,

que é sobre o que vou falar hoje.

Na hora de jogar, nós,
crianças, ficamos loucas

com Wii, PSP, Nintendo.

Sempre tentamos jogar um pouco mais,

terminando a lição de casa primeiro,
arrumando nosso quarto,

seja o que for para passar de nível
ou superar nossa pontuação anterior.

Um dia, pensei:

"E se, em vez de apenas jogar,
eu pudesse criar minhas próprias telas,

heróis, vilões, golpes,
piruetas e vidas extras?"

Impossível?

Não, não.

Uma criança de minha idade
consegue fazer isso.

Enquanto as novas tecnologias
estão em toda parte,

e os adultos as usam
para coisas de adulto,

como computadores nos carros -

embora meus pais, às vezes,
continuem se perdendo -

celulares, mensagens, compras,
navegação na internet,

as crianças as utilizam para jogar.

É para isso que somos crianças
e é disso que mais gostamos.

Mas todos sabemos que nós, crianças,
nos damos muito melhor...

como posso dizer?...

com esses aparelhos de tecnologia
do que muitos adultos,

talvez porque não temos medo de tocá-los,
testá-los para ver o que acontece,

ou quebrá-los,

porque depois os pais consertam tudo.

(Risos)

Essa curiosidade de criança me ajudou
a criar meus próprios jogos,

e vi que eu poderia aprender jogando
e jogar aprendendo.

Eu poderia experimentar,
criar, compartilhar,

entender e saber como as coisas são feitas

e, depois, usá-las com o que
estávamos estudando.

Acontece que tudo isso
que eu estava aprendendo

é o que os adultos chamam
de "informática criativa".

Uma vez, me disseram que programar
é como uma peça de teatro:

temos nosso cenário
onde estão nossos atores

que vão atuar conforme nossa orientação.

Podemos disfarçá-los para criar animações

ou colocar imagens, sons, etc.

Vocês vão pensar: "Parece bom,
mas uma criança sozinha,

em casa, programando...

não é uma coisa muito social".

Mas é muito mais do que isso.

É uma comunidade pública
e aberta, em todo o mundo,

da qual podemos fazer parte
e onde podemos publicar nossos programas

ou baixar os programas já feitos
para brincar com eles,

ver como são feitos,
modificá-los ou melhorá-los.

Hoje em dia, nessa comunidade,

há mais de 10 mil
programas compartilhados,

e dela fazem parte
crianças, não tão crianças

e professores de escolas,
institutos e universidades.

Eu ficava cada vez mais apaixonado.

Fiz novos amigos
com quem eu dividia criações,

e pensei que, se eu ensinasse
meus colegas da escola,

eles poderiam gostar tanto quanto eu.

Além disso, programar também me ajudava
a aprender de uma forma mais divertida

o que estávamos aprendendo na escola.

Isso era claro.

No ano passado, quando aprendemos
sobre os ossos do corpo humano na aula,

pensei em fazer um jogo
de perguntas e respostas, que é assim:

(Vídeo) Vou ensinar a vocês

este jogo que criei sobre os ossos
do corpo humano para minha escola,

quando estávamos aprendendo
no ano passado,

em que o corpo humano

pergunta onde estão seus ossos.

Clicamos na bandeira verde.

Vamos aumentar a tela para ver melhor,

e ele pergunta: "Onde está a mandíbula?"

Você tem que responder com o número certo,

se é 10, 11, 1, 2, 3...

Você responde "10", que é o certo,
e ele diz: "Siiiim".

Mas, se responder errado, ele vai dizer:

"Uá, uá, uá".

Gravei os sons e coloquei no jogo também,

e fiz as respostas certas e as erradas.

Esse é o placar dos acertos e dos erros

para poder assim competir com meus amigos

e ver quem conhece melhor
os ossos do corpo humano.

(Aplausos) (Vivas)

Eu me diverti muito programando

e me ajudou tanto para aprender

que perguntei à minha professora
se poderíamos ver isso na aula,

porque eu queria mostrar a todos.

E deu certo.

Organizamos um dia

em que ensinei esses projetos
a meus colegas da classe

e mostrei que eles também
poderiam fazer isso como eu.

Como não poderia ser diferente,
eles adoraram.

As crianças e os professores
gostaram tanto

que fundamos este ano o clube
de programação "El páramo de Villanubla",

em que já somos 26 crianças
que nos divertimos

e programamos sozinhos ou em grupo.

Agora estou preparando
este jogo sobre o espaço:

(Vídeo) Vou ensinar a vocês este jogo

que fiz sobre os planetas do sistema solar
com o sensor de vídeo,

em que você tem que cabecear os planetas
para que eles não caiam no mar.

Vamos aumentar a tela.

Coloquei respostas certas
e erradas, e aqui está o mar.

Os planetas vão caindo,

e você

aponta para a câmera,

se movimenta

e vai cabeceando.

Quando você acerta,

o planeta se transforma no nome dele,

que é falado,

e se soma um acerto.

Mas, quando erra,

você ouve o som da água,
e se soma um erro.

Acho que já viram como funciona.

(Aplausos)

Não é muito legal?

Fui eu que fiz, e isso
me deixou mais feliz.

Além disso, vou mostrá-lo
às crianças de cinco anos da escola

que estão fazendo um programa
sobre os planetas do sistema solar,

e tenho certeza de que
todos vão aprender com ele.

Isso me deixa muito feliz
porque sei que meus jogos servem

para mais coisas do que
apenas para me divertir.

Mas não é a primeira vez que faço algo
para as crianças de minha escola.

Como meus país viam que eu gostava tanto,
e eu estava indo tão bem nos estudos,

quando fiz sete anos, eles me deram
uma coisa que, quando vi, eu disse:

"O que é isso? Alguns cabos?"

E me disseram: "Com esses cabos,
você vai poder fazer mágica".

Tinham razão, e vou mostrar a vocês hoje.

Tratava-se de uma placa
chamada Makey Makey

que, ao conectá-la
com um cabo ao computador,

poderia se ligar cabos
a coisas tão originais

como jujubas, massa plástica,
frutas, grafite de lápis, água

ou, apenas tocando nelas,

fazer com que programas e jogos
funcionem de forma mágica.

Falei para Marga, a professora de crianças
de quatro anos de minha escola,

e ela me perguntou se poderíamos fazer
um projeto especial sobre a música

e os instrumentos de uma orquestra.

As crianças e seus professores

encarregariam-se de fazer
os instrumentos com papelão e espuma.

Enquanto isso, eu tinha que fazer
os programas necessários

para que esses instrumentos
ganhassem vida e tocassem de verdade.

Contei isso para Juanje, um amigo meu,

e nós dois começamos a trabalhar.

Parecia um projeto
muito interessante pra nós,

mas era um desafio muito difícil

porque tínhamos que fazer
crianças muito pequenas

escutarem a gente, que também era criança.

Quando estava tudo preparado,

reunimos todas as crianças

e mostramos a elas
o som de seus instrumentos.

Até ensinamos que também
tinham música lá dentro.

Foi incrível! As crianças foram demais.

Organizamos as turmas para que todos
pudessem tocar seus instrumentos.

Na verdade, elas nos olhavam
como se fôssemos mágicos

que, com alguns cabos simples
e um computador,

haviam deixado os pequenos
e os adultos de boca aberta.

Bem, querem ver como fizemos?

Vou mostrar a vocês a seguir.

Hoje, trouxe aqui
alguns desses instrumentos,

que, a propósito, agradeço à minha escola

por me deixar mostrar a vocês
um pouco dessa magia,

e que qualquer criança poderia fazer

com um pouco de imaginação,
alguns cabos e um computador.

Para tocar este superpiano
feito por crianças de quatro anos,

tenho que tirar meus sapatos.

Meus pés estão limpinhos.

(Risos)

Vamos ver se conhecem esta música.

(Música)

(Fim da música)

(Aplausos)

Agora vou mostrar como a água
pode fazer mais sons

do que aqueles que ela faz
quando sai da torneira.

Vou dedicar esta canção à minha avó,
que faz aniversário na semana que vem.

(Risos)

(Aplausos)

(Música - "Parabéns a Você")

(Fim da música)

(Aplausos)

Agora vou precisar de quatro voluntários

porque vamos ouvir
o som deles aqui e agora.

Vamos ver, vocês quatro,
que estão mais perto.

(Risos)

(Aplausos)

Venha cá.

Você pega este.

Você pega esse.

E você pega esse... não...

Espere.

Vamos ouvir o som de seu instrumento.

(Ruído)

Olha, seu som é de um ruído.

(Som de pratos)

O seu é de pratos de bateria.

Você não tem som.

(Risos)

(Som de tambor)

Você tem som de tambor.

E você, vamos ver que instrumento é.

(Som de relincho de cavalo)

Sim, temos um cavalo!

(Risos)

(Aplausos)

Espero que tenham gostado
de tudo o que eu trouxe.

Viram como não enganei vocês?

Imaginem, criem e compartilhem,

e tudo com alguns cabos, um pouco
de imaginação e um computador.

Animem-se, meninos e meninas!

Deixem de ser apenas jogadores

e tornem-se criadores de histórias,
jogos, programas, projetos musicais...

Não há limite, apenas
o de nossa imaginação.

Mas não parem por aí.

Ensinem ao mundo, mandem para a internet,

para que sejamos cada vez mais
os que se divertem, não apenas jogando,

mas também sabendo que nós, as crianças,

podemos decidir como queremos
que as coisas sejam feitas.

E a vocês, pais, peço, por favor,

que criem oficinas
de programação nas escolas

para que nenhuma criança
fique sem aprender tudo isso.

É importante para seus filhos.

(Aplausos)

Nunca se esqueçam, e acreditem sempre
que não há nada impossível,

tudo depende de nosso esforço
e desejo de melhorar a nós mesmos,

e, apesar de muito pequenos,

também temos muitas coisas
para ensinar aos outros.

Muito obrigado por sua atenção. Até logo.

(Vivas) (Aplausos)