A defesa da canábis medicinal por um médico
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0:02 - 0:06Gostava de vos falar
da coisa mais constrangedora -
0:06 - 0:10que já me aconteceu nos anos de trabalho
enquanto médico de cuidados paliativos. -
0:11 - 0:13Aconteceu há alguns anos.
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0:13 - 0:17Fui chamado para uma consulta
de uma mulher nos seus 70 anos -
0:17 - 0:20— uma professora de inglês aposentada
que tinha cancro de pâncreas. -
0:21 - 0:25Pediram-me para a ver porque
ela tinha dores, náuseas, vómitos. -
0:26 - 0:29Quando a fui ver,
falámos desses sintomas -
0:29 - 0:31e, no decurso da consulta,
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0:31 - 0:36ela perguntou-me se eu achava
que a canábis medicinal podia ajudá-la. -
0:37 - 0:39Eu recapitulei tudo o que tinha aprendido
-
0:39 - 0:42na escola de medicina
sobre canábis medicinal, -
0:42 - 0:46o que não levou muito tempo,
porque não tinha aprendido nada. -
0:47 - 0:50Disse-lhe que, tanto quanto sabia,
-
0:50 - 0:53a canábis medicinal
não tinha quaisquer benefícios. -
0:53 - 0:58Ela sorriu, abanou a cabeça,
foi buscar a carteira ao lado da cama -
0:58 - 1:02e retirou um molho de uma dúzia
de testes aleatórios, controlados, -
1:02 - 1:05que mostravam os benefícios
da canábis medicinal -
1:05 - 1:09para sintomas como as náuseas,
as dores e a ansiedade. -
1:09 - 1:12Entregou-me esses artigos e disse:
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1:12 - 1:16"Talvez seja melhor ler isto
antes de dar a sua opinião, -
1:17 - 1:18"doutor".
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1:18 - 1:19(Risos)
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1:20 - 1:21Foi o que fiz.
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1:21 - 1:25Naquela noite, li todos aqueles artigos
e ainda encontrei mais uns tantos. -
1:25 - 1:27Quando a fui ver na manhã seguinte,
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1:27 - 1:31tive que reconhecer que parecia
que havia alguns indícios -
1:31 - 1:34de que a canábis podia
proporcionar benefícios médicos -
1:35 - 1:38e sugeri que, se ela estava
mesmo interessada, -
1:38 - 1:40devia experimentar.
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1:40 - 1:41Sabem o que é que ela disse?
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1:42 - 1:46Aquela professora de inglês,
aposentada, com 73 anos? -
1:46 - 1:49Disse: "Experimentei
há cerca de seis meses. -
1:49 - 1:50"Foi fantástico,
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1:51 - 1:53"Desde aí, uso-a todos os dias.
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1:54 - 1:56"É a melhor droga que já encontrei.
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1:56 - 1:59"Não sei porque é que levei 73 anos
a descobrir esta coisa, é incrível!" -
1:59 - 2:00(Risos)
-
2:00 - 2:03Foi nessa altura que percebi
-
2:03 - 2:06que eu precisava de aprender
coisas sobre a canábis medicinal, -
2:06 - 2:09porque a minha formação
na escola de medicina -
2:09 - 2:12não tinha nada a ver com a realidade.
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2:12 - 2:15Comecei a ler mais artigos,
comecei a falar com investigadores. -
2:15 - 2:17Comecei a falar com médicos
-
2:17 - 2:20e, mais importante ainda,
comecei a ouvir os doentes. -
2:20 - 2:23Acabei por escrever um livro
com base nessas conversas. -
2:23 - 2:26Esse livro andava à volta
de três surpresas -
2:26 - 2:28— pelo menos, uma surpresa para mim.
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2:29 - 2:30Uma a que já aludi
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2:30 - 2:33é que há de facto, benefícios
na canábis medicinal. -
2:33 - 2:37Esses benefícios podem não ser
tão enormes ou deslumbrantes, -
2:37 - 2:40como alguns dos defensores mais ávidos
da canábis medicinal -
2:40 - 2:41nos querem fazer crer,
-
2:41 - 2:43mas são reais.
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2:43 - 2:45Surpresa número dois:
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2:45 - 2:47a canábis medicinal tem alguns riscos.
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2:47 - 2:50Esses riscos podem não ser
tão grandes e assustadores -
2:50 - 2:53como alguns dos oponentes
da canábis medicinal -
2:53 - 2:54querem que acreditemos,
-
2:54 - 2:56mas, de qualquer modo,
são riscos reais. -
2:56 - 2:59Mas a terceira surpresa
é que foi a mais... -
2:59 - 3:01surpreendente.
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3:01 - 3:04Muitos dos doentes com quem falei,
-
3:04 - 3:06que recorreram
à canábis medicinal como ajuda, -
3:06 - 3:09não recorriam à canábis medicinal
por causa dos seus benefícios, -
3:09 - 3:12ou do equilíbrio entre riscos e benefícios
-
3:12 - 3:14ou porque pensavam
que era uma droga maravilhosa, -
3:14 - 3:17mas porque lhes dava controlo
sobre a sua doença. -
3:17 - 3:20Permitia-lhes gerir a sua saúde
-
3:20 - 3:23de uma forma produtiva e eficaz,
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3:23 - 3:26eficaz e confortável para eles.
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3:26 - 3:29Para vos dar um exemplo,
vou falar de uma outra doente. -
3:29 - 3:32Robin tinha os seus 40 anos
quando a conheci. -
3:32 - 3:34Mas parecia que estava quase nos 70.
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3:35 - 3:38Sofria de artrite reumatoide
desde há 20 anos, -
3:38 - 3:41tinha as mãos deformadas pela artrite,
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3:41 - 3:42a coluna vertebral torcida,
-
3:43 - 3:45tinha que usar uma cadeira de rodas
para se deslocar. -
3:45 - 3:47Tinha um aspeto fraco e frágil,
-
3:47 - 3:49e penso que, provavelmente,
o era, fisicamente, -
3:49 - 3:52mas, emocional, cognitiva
e psicologicamente, -
3:52 - 3:56era uma das pessoas mais rijas
que já conheci. -
3:56 - 3:58Quando me sentei junto dela,
-
3:58 - 4:01num dispensário de canábis medicinal
na Califórnia do Norte, -
4:01 - 4:04para lhe perguntar porque é
que tinha recorrido à canábis medicinal, -
4:04 - 4:07o que é que lhe fazia
e como a ajudava, -
4:07 - 4:09ela começou a contar-me coisas
-
4:09 - 4:11que eu já tinha ouvido antes
de muitos doentes. -
4:11 - 4:14Ajudava-a na sua ansiedade,
ajudava-a nas suas dores. -
4:14 - 4:16Quando tinha menos dores,
dormia melhor. -
4:16 - 4:18Eu já tinha ouvido tudo aquilo.
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4:18 - 4:20Mas, depois, disse uma coisa
que eu nunca tinha ouvido, -
4:21 - 4:26que lhe dava maior controlo
sobre a sua vida e sobre a sua saúde. -
4:26 - 4:28Podia usá-la quando quisesse,
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4:28 - 4:30da forma que ela quisesse,
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4:30 - 4:33na dose que quisesse, com a frequência
que funcionava para ela. -
4:33 - 4:35E se não funcionasse,
podia fazer alterações. -
4:35 - 4:37Era ela que decidia.
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4:37 - 4:39A coisa mais importante que disse
-
4:39 - 4:41foi que não precisava
da autorização de ninguém -
4:41 - 4:44— nem uma consulta clínica,
nem uma receita do médico, -
4:44 - 4:46nem uma ordem do farmacêutico.
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4:46 - 4:47Era ela que decidia.
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4:47 - 4:50Ela é que controlava.
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4:50 - 4:53E se isto parece uma coisa de somenos
para uma pessoa com uma doença crónica, -
4:53 - 4:56não é, de forma alguma.
-
4:55 - 4:58Quando enfrentamos
uma doença crónica grave, -
4:58 - 5:04seja artrite reumatoide, lúpus,
cancro, diabetes ou cirrose, -
5:04 - 5:06perdemos o controlo.
-
5:06 - 5:09Reparem que eu disse "quando",
não disse "se". -
5:09 - 5:13Todos nós, a certa altura da nossa vida,
enfrentaremos uma doença crónica grave -
5:13 - 5:15que leva à perda de controlo.
-
5:16 - 5:20Vemos o nosso funcionamento a diminuir,
alguns verão a cognição a diminuir, -
5:20 - 5:22deixaremos de poder
cuidar de nós mesmos, -
5:22 - 5:24de fazer as coisas que queremos fazer.
-
5:25 - 5:26O nosso corpo trai-nos
-
5:26 - 5:29e, nesse processo, perdemos o controlo.
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5:29 - 5:31É assustador.
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5:31 - 5:33Não só assustador, é terrível,
-
5:33 - 5:35é pavoroso.
-
5:35 - 5:38Quando falo com os meus doentes,
de cuidados paliativos, -
5:38 - 5:41muitos dos quais enfrentam doenças
que vão acabar com a sua vida, -
5:41 - 5:44eles têm muito o que temer
-
5:44 - 5:47— dores, náuseas, vómitos,
prisão de ventre, fadiga, -
5:47 - 5:49a sua mortalidade impeditiva.
-
5:49 - 5:51Mas o que os apavora,
mais do que todo o resto, -
5:51 - 5:53é a possibilidade de,
em determinada altura, -
5:54 - 5:56amanhã ou daí a um mês.
-
5:56 - 6:00perderem o controlo
da sua saúde, da sua vida, -
6:00 - 6:02ou dos cuidados da sua saúde
-
6:02 - 6:04e ficarem dependentes de terceiros.
-
6:04 - 6:06Isso é pavoroso.
-
6:07 - 6:10Por isso, não é surpresa
que doentes como Robin, -
6:10 - 6:12de quem vos falei há pouco,
-
6:12 - 6:14que encontrei naquela clínica,
-
6:14 - 6:16recorressem à canábis medicinal
-
6:16 - 6:19para tentarem agarrar-se
a um certo controlo. -
6:19 - 6:20Mas como é que fazem isso?
-
6:20 - 6:23Como é que os dispensários
de marijuana medicinal -
6:23 - 6:25— como aquele onde encontrei Robin
-
6:25 - 6:31como dão a doentes como Robin
o tipo de controlo de que precisam? -
6:31 - 6:33Como fazem uma coisa dessas
-
6:33 - 6:37de uma forma que as clínicas
e os hospitais convencionais, -
6:37 - 6:39pelo menos para Robin,
não fizeram? -
6:39 - 6:41Qual é o segredo deles?
-
6:41 - 6:44Então, decidi investigar.
-
6:44 - 6:48Fui a uma clínica suspeita
em Venice Beach, na Califórnia -
6:48 - 6:50e arranjei uma recomendação
-
6:50 - 6:53que me permitia ser
um doente de canábis medicinal. -
6:53 - 6:55Arranjei uma carta de recomendação
-
6:55 - 6:57que me permitia comprar
canábis medicinal. -
6:57 - 6:59Arranjei essa recomendação ilegalmente,
-
6:59 - 7:01porque não resido na Califórnia
-
7:01 - 7:02— é preciso que se note.
-
7:02 - 7:05Também devo referir, para registo,
-
7:04 - 7:07que nunca usei essa carta
de recomendação para fazer uma compra -
7:07 - 7:10e, se está aqui
algum funcionário da DEA... -
7:10 - 7:11(Risos)
-
7:11 - 7:13adorem o trabalho que fazem,
continuem. -
7:14 - 7:15(Risos)
-
7:15 - 7:18Apesar de não ter comprado nada,
-
7:18 - 7:22aquela carta tinha imenso valor
porque me considerava um doente -
7:23 - 7:27Permitiu-me passar por aquilo
que passam os doentes como Robin, -
7:27 - 7:29quando vão a um dispensário
de canábis medicinal. -
7:30 - 7:31Aquilo que eu experimentei
-
7:31 - 7:34— aquilo que eles experimentam
todos os dias, -
7:34 - 7:37centenas de milhares
de pessoas como Robin — -
7:37 - 7:39foi realmente espantoso.
-
7:39 - 7:40Entrei na clínica,
-
7:40 - 7:44e, a partir do momento em que entrei
em muitas dessas clínicas e dispensários, -
7:44 - 7:47senti que aquele dispensário,
aquela clínica, -
7:47 - 7:49estava ali para mim.
-
7:49 - 7:52No início, houve pergunta
sobre quem eu sou, -
7:52 - 7:54que tipo de trabalho faço,
-
7:54 - 7:58porque é que procurava
uma receita para canábis medicinal, -
7:58 - 8:00ou o produto,
-
8:00 - 8:03quais são os meus objetivos,
quais as minhas preferências, -
8:03 - 8:05quais as minhas esperanças,
-
8:05 - 8:07como é que eu penso,
como espero que aquilo me ajude, -
8:07 - 8:09de que é que eu tenho medo.
-
8:09 - 8:10É a este tipo de perguntas
-
8:10 - 8:13que os doentes como Robin
têm que estar sempre a responder. -
8:13 - 8:16É o tipo de perguntas
que me dão confiança -
8:16 - 8:18de que a pessoa com quem estou a falar
-
8:18 - 8:20se preocupa de verdade
com os meus interesses -
8:20 - 8:22e quer conhecer-me.
-
8:22 - 8:25A segunda coisa que aprendi
naquelas clínicas -
8:25 - 8:27é a disponibilidade da educação.
-
8:27 - 8:30A educação das pessoas
por detrás do balcão, -
8:31 - 8:33mas também a educação
das pessoas na sala de espera, -
8:33 - 8:37As pessoas que encontrei sentiam-se
felizes, quando me sentava junto delas -
8:37 - 8:38— pessoas como Robin —
-
8:38 - 8:42em contar-me quem são,
porque é que usam a canábis medicinal, -
8:42 - 8:44a ajuda que lhes dá,
como é essa ajuda, -
8:44 - 8:46e em dar-me conselhos e sugestões.
-
8:46 - 8:52Aquelas salas de espera são um ninho
de interação, de conselhos e de ajuda. -
8:53 - 8:56Terceiro, fiquei admirado
com as pessoas por detrás do balcão. -
8:56 - 8:58Estavam mais que dispostas
-
8:58 - 9:03a passar connosco uma hora ou mais
falando-me das alternativas, -
9:03 - 9:05desta variedade
em relação àquela variedade, -
9:05 - 9:07do fumo em relação à vaporização,
-
9:07 - 9:09das comestíveis em relação às tinturas
-
9:10 - 9:12— reparem, tudo isto, sem eu fazer
qualquer compra. -
9:13 - 9:17Pensem na última vez
que foram a um hospital ou clínica -
9:17 - 9:22e na última vez que alguém gastou uma hora
a explicar-vos este tipo de coisas. -
9:23 - 9:26O facto de doentes como Robin
irem a estas clínicas, -
9:26 - 9:28irem a estes dispensários,
-
9:29 - 9:31e receberem este tipo
de atenção personalizada, -
9:31 - 9:33de formação e de serviços,
-
9:33 - 9:36devia ser uma chamada de atenção
ao sistema de cuidados de saúde. -
9:36 - 9:39Pessoas como Robin estão a afastar-se
da medicina convencional, -
9:39 - 9:42e a recorrer aos dispensários
de canábis medicinal, -
9:42 - 9:45porque estes dispensários
dão-lhes aquilo de que precisam. -
9:46 - 9:49Se isto é uma chamada de atenção
para a instituição médica, -
9:49 - 9:53é uma chamada de atenção
que os meus colegas não ouvem -
9:53 - 9:55ou não querem ouvir.
-
9:55 - 9:58Quando falo com os meus colegas,
em especial com médicos, -
9:58 - 10:00sobre a canábis medicinal, eles dizem:
-
10:00 - 10:02"Precisamos de mais provas.
-
10:02 - 10:06"Precisamos de mais investigação
sobre os benefícios e sobre os riscos". -
10:07 - 10:10Sabem uma coisa? Têm razão.
Têm toda a razão. -
10:10 - 10:14Precisamos de muitos mais provas
dos benefícios da canábis medicinal. -
10:14 - 10:17Também precisamos de pedir
ao governo federal -
10:17 - 10:20que passe a canábis para a Lista II
-
10:20 - 10:23ou a retire totalmente das listas,
para tornar possível essa investigação. -
10:24 - 10:27Também precisamos de mais investigação
sobre os riscos da canábis medicinal. -
10:27 - 10:29Os riscos da canábis medicinal
-
10:29 - 10:31— sabemos muito sobre os riscos
do uso recreativo, -
10:31 - 10:34quase não sabemos nada
sobre os riscos da canábis medicinal. -
10:34 - 10:37Portanto, precisamos
muito de mais investigação -
10:37 - 10:39mas dizer que precisamos de investigação
-
10:39 - 10:42mas não precisamos
de fazer quaisquer mudanças -
10:42 - 10:44é errar totalmente o alvo.
-
10:44 - 10:47As pessoas como Robin não procuram
a canábis medicinal -
10:48 - 10:50porque pensam que é uma droga maravilha
-
10:50 - 10:52ou porque pensam
que é isenta de riscos. -
10:52 - 10:55Procuram-na porque o contexto
em que é fornecida, -
10:55 - 10:57administrada e usada,
-
10:57 - 11:01lhes dá o tipo de controlo
de que precisam na sua vida. -
11:01 - 11:04É uma chamada de atenção
a que temos que dar atenção. -
11:05 - 11:09Felizmente, há lições
que podemos aprender hoje -
11:09 - 11:12com aqueles dispensários
de canábis medicinal. -
11:12 - 11:14Devíamos aprender mesmo
essas lições. -
11:14 - 11:17Muitas vezes, são
pequenas empresas, tipo familiar, -
11:17 - 11:19dirigidas por pessoas
sem qualquer formação médica. -
11:19 - 11:22Embora seja constrangedor pensar
-
11:22 - 11:26que muitas destas clínicas
e dispensários estão a prestar serviços, -
11:26 - 11:29apoio e satisfazer
as necessidades dos doentes, -
11:29 - 11:32de um modo que os sistemas de saúde
de muitos milhares de dólares não fazem -
11:32 - 11:34— devíamos ficar envergonhados com isso —
-
11:34 - 11:36mas também podemos aprender com isso.
-
11:36 - 11:38Provavelmente, há três lições, pelo menos,
-
11:38 - 11:41que podemos aprender
com todos esses dispensários. -
11:41 - 11:44Uma: precisamos de arranjar formas
de dar aos doentes mais controlo -
11:45 - 11:46de modos pequenos mas importantes.
-
11:47 - 11:51Como e quando interagir
com os prestadores de cuidados de saúde, -
11:51 - 11:54como usar as medicações
de forma que funcionem para eles. -
11:54 - 11:56Na minha prática,
-
11:56 - 11:59passei a ser muito mais
criativo e flexível -
11:59 - 12:02no apoio aos meus doentes,
no uso de medicamentos com segurança, -
12:02 - 12:05para gerir os sintomas
— com o realce na segurança. -
12:05 - 12:09Muitos dos medicamentos que receito
são opiáceos ou benzodiazepinas, -
12:09 - 12:12que podem ser perigosos
se forem usados em demasia. -
12:12 - 12:13Mas a questão é esta.
-
12:13 - 12:15Podem ser perigosos
se forem usados em demasia -
12:15 - 12:18mas podem ser ineficazes
se não forem usados de uma forma -
12:18 - 12:21que seja consistente com
o que os doentes querem e precisam. -
12:21 - 12:24Portanto, essa flexibilidade,
se for prestada com segurança, -
12:24 - 12:27pode ser muito valiosa
para os doentes e para as suas famílias. -
12:27 - 12:29Esta foi a número um.
-
12:29 - 12:30Número dois: a educação.
-
12:31 - 12:32Enormes oportunidades
-
12:32 - 12:35para aprender alguns dos truques
com aqueles dispensários -
12:35 - 12:37para proporcionar mais educação
-
12:37 - 12:39que não exija obrigatoriamente
muito tempo aos médicos -
12:39 - 12:41ou qualquer tempo dos médicos,
-
12:41 - 12:45mas as oportunidades
de conhecer os medicamentos -
12:45 - 12:47que estamos a usar e porquê,
-
12:47 - 12:49os prognósticos, as trajetórias da doença,
-
12:49 - 12:50e, mais importante ainda,
-
12:50 - 12:53a oportunidade para os doentes
aprenderem uns com os outros. -
12:53 - 12:55Como podemos imitar o que se passa
-
12:55 - 12:59nas salas de espera dessas clínicas
e desses dispensários médicos? -
12:59 - 13:01Como os doentes
aprendem uns com os outros, -
13:01 - 13:02como partilham uns com os outros.
-
13:02 - 13:04E, por último, mas não menos importante,
-
13:04 - 13:08pôr os doentes em primeiro lugar,
como esses dispensários fazem, -
13:08 - 13:11fazendo com que os doentes
sintam de verdade -
13:11 - 13:14que o que eles querem,
o que eles precisam, -
13:14 - 13:17é a razão por que nós estamos aqui,
enquanto profissionais da saúde. -
13:17 - 13:21Perguntar aos doentes
quais as suas esperanças e preferências, -
13:21 - 13:22os seus medos e objetivos.
-
13:22 - 13:24Enquanto prestador de cuidados paliativos,
-
13:24 - 13:28pergunto a todos os doentes quais
as suas esperanças e de que têm medo. -
13:28 - 13:29Mas a questão é esta.
-
13:29 - 13:33Os doentes não devem ter que esperar
até estarem crónica e gravemente doentes, -
13:33 - 13:34muitas vezes, perto do fim da vida.
-
13:34 - 13:38Não devem ter que esperar
até encontrarem um médico como eu -
13:38 - 13:40antes que alguém lhes pergunte:
-
13:40 - 13:43"De que é que está à espera?"
"De que é que tem medo?" -
13:43 - 13:47Isso deve ser incluído na forma
como são prestados os cuidados de saúde. -
13:48 - 13:51Podemos fazer isso
— claro que podemos. -
13:51 - 13:54Os dispensários e clínicas
de canábis medicinal, por todo o país -
13:54 - 13:56estão a perceber isto.
-
13:56 - 13:57Estão a perceber isto
-
13:57 - 14:00de um modo que os sistemas de saúde
maiores e mais convencionais -
14:00 - 14:02estão anos atrasados.
-
14:02 - 14:05Mas podemos aprender com eles
e temos que aprender com eles. -
14:05 - 14:08Só temos que engolir o nosso orgulho,
-
14:08 - 14:10pôr de lado por momentos o pensamento
-
14:10 - 14:12de que, só porque temos
"doutor" antes do nosso nome, -
14:12 - 14:14só porque somos especialistas,
-
14:14 - 14:17só porque somos médicos principais
de um grande sistema de saúde, -
14:17 - 14:19sabemos tudo o que há para saber
-
14:19 - 14:21sobre satisfazer
as necessidades dos doentes. -
14:21 - 14:23Temos que engolir o nosso orgulho,
-
14:23 - 14:25ir visitar dispensários
de canábis medicinal. -
14:25 - 14:27Precisamos de perceber
o que eles estão a fazer, -
14:28 - 14:30porque é que tantos doentes como Robin
-
14:30 - 14:32estão a afastar-se
das clínicas médicas convencionais -
14:32 - 14:36e vão a esses dispensários
de canábis medicinal. -
14:36 - 14:38Precisamos de perceber os truques deles
-
14:38 - 14:39quais são as suas ferramentas,
-
14:39 - 14:41e precisamos de aprender com eles.
-
14:41 - 14:42Se o fizermos
-
14:42 - 14:45— e penso que podemos,
penso que temos que o fazer — -
14:45 - 14:49podemos garantir a todos os nossos doentes
que teremos uma experiência muito melhor. -
14:49 - 14:50Muito obrigado.
-
14:50 - 14:54(Aplausos)
- Title:
- A defesa da canábis medicinal por um médico
- Speaker:
- David Casarett
- Description:
-
O médico David Casarett estava farto de ouvir elogios e meias verdades sobre a canábis medicinal, por isso pôs o seu chapéu de cético e investigou por conta própria. Voltou com um relato fascinante sobre o que conhecemos e o que não conhecemos — e o que a medicina convencional pode aprender com os modernos dispensários de canabis medicinal.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:07
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for A doctor's case for medical marijuana | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A doctor's case for medical marijuana | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A doctor's case for medical marijuana | ||
Vitor Nogueira accepted Portuguese subtitles for A doctor's case for medical marijuana | ||
Vitor Nogueira edited Portuguese subtitles for A doctor's case for medical marijuana | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A doctor's case for medical marijuana | ||
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