A chave para o crescimento? Correr ao lado das máquinas.
-
0:01 - 0:03O crescimento não está morto.
-
0:03 - 0:05(Aplausos)
-
0:05 - 0:08Vamos começar a história há 120 anos,
-
0:08 - 0:12quando as fábricas americanas começaram
a usar energia elétrica nas suas operações, -
0:12 - 0:15dando início
à Segunda Revolução Industrial. -
0:15 - 0:18O que é surpreendente
é que a produtividade -
0:18 - 0:21não aumentou naquelas indústrias
durante 30 anos. -
0:21 - 0:22Trinta anos.
-
0:22 - 0:26Isso é tempo suficente
para uma geração de gerentes se aposentar. -
0:26 - 0:28A primeira vaga de gerentes
-
0:28 - 0:32limitou-se a substituir os motores a vapor
por motores elétricos, -
0:32 - 0:34mas não redesenharam as fábricas
-
0:34 - 0:37para aproveitar a flexibilidade
da energia elétrica. -
0:37 - 0:41A geração seguinte teria de reinventar
os novos processos de trabalho, -
0:41 - 0:44e aí sim, a produtividade aumentou,
-
0:44 - 0:47algumas vezes duplicando
ou triplicando nessas fábricas. -
0:47 - 0:52A eletricidade é um exemplo
de tecnologia de objetivo geral, -
0:52 - 0:55assim como fora
a máquina a vapor antes dela. -
0:55 - 0:58As tecnologias de objetivo geral conduzem
a maior parte do crescimento económico, -
0:58 - 1:01porque desencadeiam uma cascata
de inovações complementares, -
1:01 - 1:05tal como lâmpadas e, sim,
o redesenho industrial. -
1:05 - 1:08Há uma tecnologia de objectivo geral
na nossa era? -
1:08 - 1:10Claro. É o computador.
-
1:11 - 1:14Mas a tecnologia sozinha não é suficente.
-
1:14 - 1:16A tecnologia não é o destino.
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1:16 - 1:18Nós modelamos o nosso destino.
-
1:18 - 1:21Tal como a antiga geração de gerentes
-
1:21 - 1:23precisou de redesenhar as suas indústrias,
-
1:23 - 1:25nós teremos de reinventar
as nossas organizações -
1:25 - 1:28e até mesmo
todo o nosso sistema económico. -
1:28 - 1:31Não estamos a ir tão bem
como devíamos nesta tarefa. -
1:31 - 1:33Como veremos daqui a instantes,
-
1:33 - 1:35a produtividade está na verdade a ir bem,
-
1:35 - 1:39mas ela foi dissociada de empregos,
-
1:39 - 1:43e a receita do trabalhador normal
está a estagnar. -
1:43 - 1:46Estes problemas são por vezes
mal diagnosticados -
1:46 - 1:49como o fim da inovação,
-
1:49 - 1:52mas eles, na verdade,
são as dores de crescimento -
1:52 - 1:57daquilo a que eu e Andrew McAfee
chamamos "a nova era da máquina". -
1:57 - 1:59Vamos ver alguns dados.
-
1:59 - 2:02Este é o PIB por pessoa nos EUA.
-
2:02 - 2:05Tem alguns solavancos pelo caminho,
mas a grande história -
2:05 - 2:08é que se pode praticamente
encaixar nele uma régua. -
2:08 - 2:11Está é uma escala logarítima,
então o que parece um crescimento estável -
2:11 - 2:14é na verdade uma aceleração em termos reais.
-
2:14 - 2:16E eta é a produtividade.
-
2:16 - 2:19Vemos um pequeno desaceleramento
aqui no meio dos anos 70, -
2:19 - 2:22mas combina muito bem
com a Segunda Revolução Industrial, -
2:22 - 2:26quando as indústrias estavam a aprender
a eletrificar as suas operações. -
2:26 - 2:29Depois de um pequeno atraso,
a produtividade acelerou novamente. -
2:29 - 2:32Então, a história talvez não se repita
-
2:32 - 2:34mas às vezes assemelha-se.
-
2:34 - 2:38Hoje, a produtividade
está constantemente alta, -
2:38 - 2:40e apesar da Grande Recessão,
-
2:40 - 2:44cresceu mais rapidamente nos anos 2000
do que nos anos 90, -
2:44 - 2:48os gritantes anos 90, em que
foi mais rápido do que nos anos 70 ou 80. -
2:48 - 2:52Está a crescer mais depressa do que
durante a Segunda Revolução Industrial. -
2:52 - 2:53E isso é só nos EUA.
-
2:53 - 2:56As notícias globais são ainda melhores.
-
2:56 - 2:59A rentabilidade mundial cresceu
a um ritmo mais rápido -
2:59 - 3:02na última década do que em qualquer
outro momento da história. -
3:02 - 3:06No mínimo, estes números
subestimam o nosso progresso, -
3:06 - 3:09porque a nova era da máquina
-
3:09 - 3:11é mais sobre a criação do conhecimento
-
3:11 - 3:13do que somente sobre a produção física.
-
3:13 - 3:16É mente e não matéria,
cérebro e não músculo, -
3:16 - 3:18ideias e não coisas.
-
3:18 - 3:20Isso cria um problema
para as métricas padrão, -
3:20 - 3:24porque nós vamos tendo
cada vez mais coisas gratuitas, -
3:24 - 3:26como a Wikipédia, Google, Skype,
-
3:26 - 3:29e, se for publicada na web,
até mesmo esta palestra TED. -
3:29 - 3:32Bom, ter coisas gratuitas
é uma boa coisa, certo? -
3:32 - 3:34Claro, claro que é.
-
3:34 - 3:38Mas não é assim
que os economistas medem o PIB. -
3:38 - 3:43Preço zero significa peso zero
nas estatísticas do PIB. -
3:44 - 3:46De acordo com os números,
a indústria da música -
3:46 - 3:49está em metade do que era há 10 anos.
-
3:49 - 3:53mas eu estou a ouvir mais
e melhor música do que nunca. -
3:53 - 3:55E aposto que vocês também.
-
3:55 - 3:57No total, a minha pesquisa estima
-
3:57 - 4:02que os números do PIB percam mais de
300 mil milhões de dólares por ano -
4:02 - 4:05em bens e serviços gratuitos na Internet.
-
4:05 - 4:07Agora vamos olhar para o futuro.
-
4:07 - 4:10Há pessoas super inteligentes
-
4:10 - 4:14que estão a argumentar que nós já
atingimos o final do crescimento, -
4:14 - 4:18mas, para entender
o futuro do crescimento, -
4:18 - 4:21temos de fazer previsões
-
4:21 - 4:24sobre as causas básicas do crescimento.
-
4:24 - 4:28Eu sou otimista,
porque a nova era da máquina -
4:28 - 4:33é digital, exponencial e combinatória.
-
4:33 - 4:36Quando as coisas são digitais,
elas podem ser replicadas -
4:36 - 4:40com perfeita qualidade
e praticamente a custo zero, -
4:40 - 4:43e podem ser entregues
quase instantaneamente. -
4:44 - 4:46Bem-vindos à economia da abundância.
-
4:47 - 4:50Mas há um benefício mais subtil
devido à digitalização do mundo. -
4:50 - 4:54A medição é a alma
da ciência e do progresso. -
4:55 - 4:57Na era dos megadados,
-
4:57 - 5:01podemos medir o mundo de maneiras
que não podíamos antes. -
5:02 - 5:05Em segundo lugar,
a nova era da máquina é exponencial. -
5:06 - 5:09Os computadores estão a tornar-se
melhores e mais rápidos -
5:09 - 5:11do que qualquer outra coisa.
-
5:11 - 5:15A Playstation de uma criança
é hoje mais poderosa -
5:15 - 5:18do que um super computador
militar de 1996. -
5:19 - 5:22Mas os nossos cérebros estão programados
para um mundo linear. -
5:22 - 5:26Assim sendo, as tendências exponenciais
apanham-nos de surpresa. -
5:26 - 5:29Eu costumava ensinar aos meus alunos
que há certas coisas -
5:29 - 5:31em que os computadores não são bons,
-
5:31 - 5:33como conduzir um carro no trânsito.
-
5:33 - 5:35(Risos)
-
5:35 - 5:39É isso mesmo, aqui estamos,
o Andy e eu, a sorrir como loucos -
5:39 - 5:41porque tínhamos acabado
de percorrer a autoestrada 101 -
5:41 - 5:44num carro, isso mesmo, sem motorista.
-
5:45 - 5:47Em terceiro lugar, a nova era
da máquina é combinatória. -
5:47 - 5:51A visão estagnadora é a de que
as ideias se consumirão, -
5:51 - 5:53como um fruto maduro,
-
5:53 - 5:56mas a realidade é que cada inovação
-
5:56 - 6:00cria blocos de construção
para mais inovações ainda. -
6:00 - 6:02Este é um exemplo.
-
6:02 - 6:05Em apenas semanas, um aluno meu
-
6:05 - 6:09construiu uma aplicação que chegou aos
1,3 milhões de utilizadores. -
6:09 - 6:11Ele foi capaz de o fazer tão facilmente
-
6:11 - 6:13porque o construiu com base no Facebook,
-
6:13 - 6:15e o Facebook foi construído
com base na web, -
6:15 - 6:17que foi construída com base na Internet,
-
6:17 - 6:18e assim por diante.
-
6:19 - 6:23Agora, individualmente,
o digital, o exponencial e a combinatória -
6:23 - 6:26seriam, cada um, modificadores do jogo.
-
6:26 - 6:28Colocando-os juntos,
estamos a ver uma onda -
6:28 - 6:29de descobertas surpreendentes,
-
6:29 - 6:33como robôs que fazem o trabalho de fábrica
ou correm tão rápido como uma chita -
6:33 - 6:36ou saltam entre edifícios altos num único pulo.
-
6:36 - 6:39Os robôs até estão a revolucionar
o transporte de gatos. -
6:39 - 6:41(Risos)
-
6:42 - 6:44Mas talvez a invenção mais importante,
-
6:44 - 6:49a invenção mais importante é
a aprendizagem de máquinas. -
6:49 - 6:52Considerem um projeto: o Watson da IBM.
-
6:53 - 6:54Aqueles pontinhos ali
-
6:54 - 6:59são todos os campeões
do programa de TV "Jeorpardy". -
6:59 - 7:02No início, o Watson não era muito bom,
-
7:02 - 7:07mas melhorou a um ritmo mais rápido
do que qualquer humano poderia, -
7:07 - 7:10e, pouco depois,
Dave Ferrucci mostrou este gráfico -
7:10 - 7:12à minha classe no MIT:
-
7:12 - 7:15o Watson venceu
o campeão mundial de "Jeopardy". -
7:15 - 7:19Aos sete anos, o Watson ainda está
como que na sua infância. -
7:19 - 7:21Recentemente, os seus professores
-
7:21 - 7:24permitiram que ele navegasse
na Internet, sem supervisão. -
7:25 - 7:29No dia seguinte, ele começou a responder
às perguntas com palavrões. -
7:30 - 7:31"Raios!"
-
7:31 - 7:32(Risos)
-
7:33 - 7:35Mas sabem, o Watson
está a crescer rapidamente. -
7:35 - 7:38Está a ser testado para trabalhos
em centros de atendimento telefónico -
7:38 - 7:40e consegue fazê-lo.
-
7:40 - 7:43Está a candidatar-se a trabalhos legais,
bancários e médicos, -
7:43 - 7:45e a conseguir alguns deles.
-
7:45 - 7:47Não é irónico que, no momento
-
7:47 - 7:49em que estamos a construir
máquinas inteligentes, -
7:49 - 7:52talvez a invenção mais importante
na história da humanidade, -
7:52 - 7:56algumas pessoas argumentem
que a inovação está a estagnar? -
7:56 - 7:59Como nas duas primeiras
revoluções industriais, -
7:59 - 8:02todas as implicações
da nova era da máquina -
8:02 - 8:05vão levar pelo menos um século
para serem cumpridas, -
8:05 - 8:07mas elas são impressionantes.
-
8:08 - 8:11Isto significa então
que não há motivos para preocupações? -
8:11 - 8:14Não. A tecnologia não é o destino.
-
8:14 - 8:17A produtividade está em constante alta,
-
8:17 - 8:20mas há agora menos pessoas com emprego.
-
8:20 - 8:23Nós criámos mais riqueza
na década passada do que nunca, -
8:23 - 8:27mas, para a maioria dos americanos,
as receitas caíram. -
8:27 - 8:29Esta é a grande dissociação
-
8:29 - 8:32entre produtividade e emprego,
-
8:32 - 8:35entre riqueza e trabalho.
-
8:35 - 8:38Não é de estranhar que milhões de pessoas
-
8:38 - 8:41se tenham desiludido
com esta grande dissociação, -
8:41 - 8:43mas, como muitos outros,
-
8:43 - 8:45eles diagnosticaram mal
as suas causas básicas. -
8:46 - 8:48A tecnologia está
a levar-nos para a frente, -
8:48 - 8:52mas deixa cada vez mais pessoas para trás.
-
8:52 - 8:55Hoje, podemos pegar
num trabalho rotineiro, -
8:55 - 8:58codificá-lo num conjunto de instruções
legíveis por uma máquina -
8:58 - 9:01e, em seguida, replicá-las
um milhão de vezes. -
9:01 - 9:03Ouvi recentemente uma conversa
-
9:03 - 9:05que resume esta nova economia.
-
9:06 - 9:10Um indivíduo dizia:
"Não, já não uso serviços de contabilistas. -
9:10 - 9:12"O TurboTax faz tudo
o que a minha contabilista fazia -
9:12 - 9:16"mas é mais rápido,
mais barato e mais preciso." -
9:17 - 9:19Como pode uma trabalhadora qualificada
-
9:19 - 9:21competir com um "software"
que custa 30 euros? -
9:21 - 9:23Não pode.
-
9:23 - 9:27Hoje, milhões de americanos têm
um cálculo de impostos mais rápido, -
9:27 - 9:29mais barato, mais preciso,
-
9:29 - 9:30e os fundadores da Intuit
-
9:30 - 9:32têm beneficiado muito.
-
9:32 - 9:36Mas 17% dos contabilistas
já não têm emprego. -
9:37 - 9:39Isto é um microcosmo
do que está a acontecer, -
9:39 - 9:41não só em "software" e serviços,
-
9:41 - 9:44mas também nos "media" e na música,
-
9:44 - 9:47nas finanças, manufacturas,
vendas e no comércio -
9:47 - 9:50— em suma, em todos os setores.
-
9:51 - 9:54As pessoas estão a correr contra a máquina
-
9:54 - 9:57e muitos deles
estão a perder essa corrida. -
9:57 - 10:01O que podemos fazer para criar
uma prosperidade partilhada? -
10:01 - 10:04A resposta não é
tentar desacelerar a tecnologia. -
10:04 - 10:07Em vez de correr contra a máquina,
-
10:07 - 10:10precisamos de aprender a correr
ao lado da máquina. -
10:10 - 10:13Este é o nosso grande desafio.
-
10:14 - 10:16O início da nova era da máquina
-
10:16 - 10:19pode ser datado num dia, há 15 anos,
-
10:19 - 10:22quando Gary Kasparov,
campeão mundial de xadrez, -
10:22 - 10:25jogou contra Deep Blue,
um supercomputador. -
10:25 - 10:27A máquina ganhou naquele dia
-
10:27 - 10:31e, hoje, um programa de xadrez,
num telemóvel, -
10:31 - 10:33pode ganhar a um Grande Mestre humano.
-
10:33 - 10:36A situação ficou tão má que,
quando foi questionado -
10:36 - 10:39sobre qual a estratégia
que usaria contra o computador, -
10:39 - 10:43Jan Donner, o Grande Mestre holandês, respondeu:
-
10:43 - 10:45"Eu levo um martelo".
-
10:45 - 10:47(Risos)
-
10:48 - 10:52Mas hoje o campeão mundial de xadrez
já não é um computador. -
10:53 - 10:55Também não é um ser humano,
-
10:55 - 10:59porque Kasparov organizou
um torneio de estilo livre -
10:59 - 11:01em que equipas
de seres humanos e computadores -
11:01 - 11:03poderiam trabalhar juntas,
-
11:03 - 11:06e a equipa vencedora
não tinha nenhum Grande Mestre -
11:06 - 11:09e não tinha nenhum supercomputador.
-
11:09 - 11:13O que eles tinham
era melhor trabalho de equipa, -
11:13 - 11:18e mostraram que uma equipa
de seres humanos e computadores, -
11:18 - 11:21a trabalhar juntos, podia vencer
qualquer computador -
11:21 - 11:24ou qualquer ser humano
a trabalhar sozinhos. -
11:24 - 11:26Correr ao lado da máquina
-
11:26 - 11:29é melhor do que correr contra a máquina.
-
11:29 - 11:31A tecnologia não é o destino.
-
11:31 - 11:33Nós modelamos o nosso destino.
-
11:33 - 11:34Obrigado.
-
11:34 - 11:37(Aplausos)
- Title:
- A chave para o crescimento? Correr ao lado das máquinas.
- Speaker:
- Erik Brynjolfsson
- Description:
-
Com as máquinas a assumir mais postos de trabalho, muitos encontram-se sem emprego ou com aumentos salariais prorrogados indefinidamente. É esse o fim do crescimento? Não, diz Erik Brynjolfsson — são simplesmente as dificuldades de uma economia radicalmente reorganizada. Um caso fascinante do porquê de as grandes inovações estarem à nossa frente... se nós pensarmos nos computadores como membros da nossa equipa. Não deixe de assistir ao ponto de vista oposto, de Robert Gordon.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 11:56
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