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Poderá um olho cego regenerar-se? — David Davila

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    Imaginem que, dia após dia,
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    o vosso campo de visão
    vai ficando um pouco mais reduzido,
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    mais estreito ou mais turvo,
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    até que, por fim,
    ficam totalmente cegos.
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    Costumamos considerar a cegueira
    como uma coisa com que nascemos
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    mas, na verdade, com muitas doenças
    como a retinite pigmentosa
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    e a síndrome de Usher,
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    a cegueira pode começar
    a evoluir, desde crianças,
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    ou mesmo quando já somos adultos.
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    Estas duas doenças genéticas raras
    afetam a retina,
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    o ecrã na parte posterior do olho
    que deteta a luz e nos ajuda a ver.
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    Agora imaginem se o olho
    se pudesse regenerar sozinho
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    para uma pessoa cega voltar a ver.
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    Para perceber se isso será possível,
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    precisamos de perceber
    como funciona a retina
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    e o que é que ela tem a ver
    com uma criatura com imensos talentos
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    chamada o peixe-zebra.
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    A retina humana é formada
    por diversas camadas de células
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    com neurónios especiais
    que vivem no fundo do olho
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    chamadas fotorrecetores,
    cones e bastonetes.
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    Os fotorrecetores transformam a luz
    que chega aos olhos
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    em sinais que o cérebro usa
    para gerar a visão.
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    As pessoas que têm síndrome de Usher
    ou retinite pigmentosa
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    sofrem uma perda progressiva
    desses fotorrecetores
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    até que, por fim, o ecrã do olho
    deixa de detetar a luz
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    e deixa de enviar sinais para o cérebro.
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    Ao contrário de muitas células do corpo,
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    os fotorrecetores não se dividem
    nem multiplicam.
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    Nascemos com todos
    os fotorrecetores que teremos.
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    É por isso que os bebés têm
    uns olhos tão grandes
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    e, em parte, é por isso
    que são tão amorosos.
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    Mas não acontece o mesmo
    com todos os animais.
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    Reparem no peixe-zebra,
    um mestre da regeneração.
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    Pode regenerar a pele, os ossos,
    o coração e a retina,
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    no caso de sofrerem estragos.
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    Se os fotorrecetores
    da retina do peixe-zebra
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    desaparecerem ou morrerem
    devido a toxinas,
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    regeneram-se e voltam a ligar-se
    ao cérebro, para repor a visão.
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    Os cientistas têm investigado
    este superpoder
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    porque a retina do peixe-zebra
    está estruturada
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    de modo idêntico à retina humana.
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    Os cientistas conseguem reproduzir
    os efeitos de perturbações
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    como a síndrome de Usher
    ou a retinite pigmentosa
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    nos olhos do peixe-zebra.
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    Isso permite-lhes ver como o peixe-zebra
    consegue reparar a retina
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    para um dia também poderem usar
    a mesma tática nos olhos humanos.
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    Então, o que há por detrás
    do superpoder do peixe-zebra?
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    Os principais agentes são conjuntos
    de compridas células
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    que se estendem pela retina,
    chamadas células de Müller.
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    Quando os fotorrecetores se danificam,
    essas celas transformam-se,
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    assumindo uma característica nova.
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    Deixam de ser como células de Müller
    e passam a ser como células estaminais,
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    que podem evoluir
    em qualquer tipo de célula.
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    Depois, essas células longas dividem-se,
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    produzindo outras que acabam
    por evoluir em novos fotorrecetores,
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    viajam até ao fundo do olho
    e ligam-se de novo ao cérebro.
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    Há investigadores que pensam
    ter encontrado o segredo
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    para a forma como isto funciona
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    com a ajuda de um ou dois químicos
    que criam atividade no cérebro
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    chamados glutamato e aminoadipato.
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    Nos olhos do rato,
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    estes provocam a divisão
    das células de Müller
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    e transformam-nas em fotorrecetores
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    que depois viajam para o fundo da retina
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    como quem preenche as baixas
    de um exército com tropas frescas.
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    Mas atenção, nada disto acontece
    ainda na nossa retina,
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    portanto a questão é:
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    Como provocar esta transformação
    das células de Müller no olho humano?
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    Como conseguir controlar
    totalmente este processo?
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    Como é que os fotorrecetores
    se ligam à retina?
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    Será mesmo possível
    provocar isso nos seres humanos?
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    Ou este mecanismo perdeu-se
    durante a evolução?
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    Enquanto tentamos desvendar
    as origens desta capacidade,
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    a regeneração da retina manter-se-á
    um superpoder misterioso
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    do misterioso peixe-zebra.
Title:
Poderá um olho cego regenerar-se? — David Davila
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/could-a-blind-eye-regenerate-david-davila

Temos a tendência de pensar na cegueira como uma coisa com que se nasce, mas com certas doenças genéticas pode evoluir desde que somos crianças, ou mesmo já em adultos. Será que os olhos cegos se podem regenerar? David Davila explica como as retinas do peixe-zebra, extremamente regenerativas, levam os cientistas a investigar estas mesmas perguntas.

Lição de David Davila, animação de Eli Enigenburg.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:07

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