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As maravilhosas e terríveis implicações dos computadores que aprendem | Jeremy Howard | TEDxBrussels

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    Antigamente, quando queríamos que
    um computador fizesse uma coisa nova,
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    tínhamos que o programar.
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    Para quem nunca fez programação,
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    a programação exige descrever
    com um pormenor minucioso
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    cada um dos passos que queremos
    que o computador faça
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    para atingimos o nosso objetivo.
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    Se quisermos fazer uma coisa
    que não sabemos fazer,
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    isso torna-se num grande problema.
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    Foi esse o problema que
    este homem, Arthur Samuel, enfrentou.
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    Em 1956, quis que este computador
    o vencesse no xadrez.
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    Como é possível escrever um programa,
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    com um pormenor minucioso, para que
    outro seja melhor do que nós no xadrez?
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    Então ele teve uma ideia:
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    pôs o computador a jogar
    contra si mesmo, milhares de vezes,
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    e a aprender a jogar xadrez.
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    E, de facto, isso resultou.
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    Em 1962, o computador venceu
    o campeão de Connecticut.
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    Portanto, Arthur Samuel foi
    o pai da aprendizagem das máquinas
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    e eu sinto-me em dívida para com ele
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    porque eu sou praticante
    da aprendizagem das máquinas.
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    Fui o presidente da Kaggle,
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    uma comunidade com mais
    de 200 000 praticantes
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    da aprendizagem das máquinas.
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    A Kaggle promove competições
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    para eles tentarem resolver
    problemas até aí insolúveis.
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    Tem sido um êxito, centenas de vezes.
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    Desta posição de vantagem,
    consegui aprender muito
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    sobre o que a aprendizagem das máquinas
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    pôde fazer no passado, pode fazer hoje
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    e o que pode fazer no futuro.
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    Talvez que o maior êxito comercial
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    da aprendizagem das máquinas,
    tenha sido o Google.
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    O Google mostrou que é possível
    encontrar informações
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    usando um algoritmo para computador
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    e esse algoritmo baseia-se
    na aprendizagem das máquinas.
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    Desde aí, tem havido
    muitos êxitos comerciais
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    de aprendizagem das máquinas.
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    Empresas como a Amazon e a Netflix
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    usam a aprendizagem das máquinas
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    para sugerir produtos
    que podemos querer comprar,
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    filmes que podemos gostar de ver.
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    Por vezes, até arrepia.
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    Empresas como o LinkedIn e o Facebook
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    dizem-nos quem
    poderão ser os nossos amigos
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    e não fazemos ideia
    de como é que lá chegam.
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    É porque estão a usar o poder
    da aprendizagem das máquinas.
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    São algoritmos que aprenderam
    a fazer, a partir dos dados,
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    em vez de serem programados à mão.
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    Foi também assim que a IBM teve êxito
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    em conseguir que Watson vencesse
    dois campeões mundiais em "Jeopardy",
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    respondendo a perguntas
    incrivelmente subtis e complexas como esta:
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    [Quando desapareceu o "Leão de Nimrud"
    do museu desta cidade?]
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    É também por isso que temos
    os primeiros carros autónomos.
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    Se quisermos que eles saibam a diferença
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    entre uma árvore e um peão,
    por exemplo, é muito importante.
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    Não sabemos como escrever
    esses programas à mão,
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    mas com a aprendizagem das máquinas,
    isso agora é possível.
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    Na verdade, este carro já percorreu
    mais de um milhão de quilómetros
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    sem qualquer acidente,
    em estradas normais.
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    Portanto, já sabemos
    que os computadores podem aprender,
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    e os computadores aprendem a fazer coisas
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    que, por vezes, nós próprios
    não sabemos fazer,
  • 2:57 - 2:59
    ou talvez consigam fazê-las
    melhor do que nós.
  • 3:00 - 3:04
    Um dos exemplos mais espantosos que já vi
    de aprendizagem de máquinas
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    aconteceu num projeto
    que eu dirigi na Kaggle
  • 3:07 - 3:11
    onde uma equipa, dirigida
    por um tipo chamado Geoffrey Hinton,
  • 3:11 - 3:12
    da Universidade de Toronto,
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    ganhou um concurso
    para deteção automática de drogas.
  • 3:15 - 3:17
    O que houve de extraordinário
    não foi só ele ter batido
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    todos os algoritmos
    desenvolvidos pela Merck
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    ou pela comunidade
    académica internacional,
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    mas o facto de que ninguém da equipa
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    tinha qualquer formação em química,
    biologia ou ciências da vida
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    e fizeram aquilo em duas semanas!
  • 3:29 - 3:31
    Como é que conseguiram?
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    Usaram um algoritmo extraordinário,
    chamado "aprendizagem profunda".
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    Isso foi tão importante
    que o The New York Times
  • 3:37 - 3:40
    publicou um artigo de primeira página,
    semanas depois.
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    Este é Geoffrey Hinton,
    aqui do lado esquerdo.
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    A profunda aprendizagem é um algoritmo
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    inspirado na forma
    como funciona o cérebro humano.
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    Por isso, é um algoritmo
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    que teoricamente não tem limites
    para o que pode fazer.
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    Quantos mais dados lhe dermos
    e mais tempo de cálculo lhe dermos,
  • 3:56 - 3:57
    melhor ele fica.
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    O The New York Times
    também mostrou nesse artigo
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    outro resultado extraordinário
    da aprendizagem profunda
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    que vos vou mostrar agora.
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    Mostra que os computadores
    ouvem e compreendem.
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    (Vídeo) Agora, o último passo
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    que quero poder dar neste processo
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    é falar convosco em chinês.
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    A coisa fundamental aqui
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    é que conseguimos arranjar
    uma grande quantidade de informações
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    de muitos falantes da língua chinesa
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    e produzir um sistema
    de texto-para-discurso
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    que agarra num texto em chinês
    e o transforma em língua chinesa.
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    Depois gravámos a minha voz
    durante cerca de uma hora
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    e usámo-la para modular
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    o sistema padrão texto-para-discurso,
    para ficar com o som da minha voz.
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    O resultado não é perfeito.
  • 4:48 - 4:50
    Na verdade, há bastantes erros.
  • 4:50 - 4:52
    (Tradução da frase em chinês)
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    (Risos)
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    (Aplausos)
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    Há muito trabalho a fazer nesta área.
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    (Tradução da frase em chinês)
  • 5:06 - 5:08
    (Aplausos)
  • 5:11 - 5:14
    Isto foi numa conferência na China,
    sobre aprendizagem de máquinas.
  • 5:14 - 5:17
    Não é com frequência
    ouvir aplausos espontâneos
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    em conferências académicas,
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    embora isso aconteça
    por vezes nas conferências TEDx.
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    Tudo aquilo foi feito
    com a aprendizagem profunda.
  • 5:25 - 5:26
    (Aplausos)
  • 5:26 - 5:27
    Obrigado.
  • 5:27 - 5:30
    A transcrição em inglês foi feita
    com aprendizagem profunda.
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    A tradução para chinês
    e o texto em cima à direita, também.
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    A construção da voz também
    foi aprendizagem profunda.
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    Portanto, a aprendizagem profunda
    é esta coisa extraordinária.
  • 5:39 - 5:42
    É um simples algoritmo
    que parece poder fazer quase tudo.
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    Descobri que, um ano antes,
    também tinha aprendido a ver.
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    Nesta competição
    pouco conhecida da Alemanha,
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    Reconhecimento dos Sinais de Trânsito,
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    a aprendizagem profunda aprendeu
    a reconhecer sinais de trânsito como este.
  • 5:53 - 5:55
    Não só reconheceu os sinais de trânsito
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    melhor do que qualquer outro algoritmo,
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    mas o quadro de classificações mostrou
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    que foi quase duas vezes
    melhor do que as pessoas.
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    Em 2011, tivemos o primeiro exemplo
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    de computadores que veem
    melhor do que as pessoas.
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    Desde essa data, muita coisa aconteceu.
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    Em 2012, a Google anunciou que tinha
    um algoritmo de aprendizagem profunda
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    a ver os vídeos do Youtube
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    e 16 000 computadores a digerir os dados ,
    durante um mês.
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    Os computadores aprenderam sozinhos
    conceitos como "pessoas" e "gatos",
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    só por verem os vídeos.
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    É parecido com a forma
    como as pessoas aprendem.
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    As pessoas não aprendem
    por lhes dizerem o que veem,
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    aprendem por si próprias
    o que são essas coisas.
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    Também em 2012, Geoffrey Hinton,
    que vimos há bocado,
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    ganhou o popular concurso ImageNet,
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    tentando descobrir,
    entre um milhão e meio de imagens,
  • 6:42 - 6:44
    que imagens eram essas.
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    Em 2014, atingimos
    uma taxa de erro de seis por cento
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    em reconhecimento de imagem.
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    Mais uma vez, é melhor do que as pessoas.
  • 6:52 - 6:54
    As máquinas estão a fazer
    um trabalho terrivelmente bom,
  • 6:54 - 6:57
    que está a começar
    a ser usado na indústria.
  • 6:57 - 7:00
    Por exemplo, a Google anunciou
    que, no ano passado,
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    tinha mapeado todas as localidades
    em França, em duas horas.
  • 7:05 - 7:06
    Como é que o fizeram?
  • 7:06 - 7:09
    Introduziram imagens de ruas
    num algoritmo de aprendizagem profunda
  • 7:09 - 7:12
    para reconhecimento e leitura
    dos números das ruas.
  • 7:12 - 7:15
    Imaginem quanto tempo
    demoraria isso antigamente:
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    dezenas de pessoas, muitos anos.
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    Isto também está a acontecer na China.
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    Penso que Baidu
    é uma espécie de Google chinês.
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    O que veem aqui em cima à esquerda
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    é um exemplo duma imagem que eu introduzi
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    no sistema de aprendizagem
    profunda de Baidu.
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    Em baixo, vemos que o sistema
    percebeu o que é aquela imagem
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    e encontrou imagens semelhantes.
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    As imagens semelhantes
    têm antecedentes semelhantes
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    direções semelhantes dos focinhos,
    alguns até com a língua de fora.
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    Não é propriamente olhar
    para o texto duma página "web".
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    Eu só introduzi uma imagem.
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    Portanto, agora temos computadores
    que percebem o que veem
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    e, portanto, podem procurar
    nas bases de dados
  • 7:53 - 7:55
    de centenas de milhões
    de imagens em tempo real.
  • 7:56 - 7:58
    O que é que significa
    os computadores poderem ver?
  • 7:59 - 8:02
    Não se trata apenas
    de os computadores poderem ver.
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    A aprendizagem profunda
    é mais do que isso.
  • 8:04 - 8:06
    Frases complexas,
    com cambiantes, como esta,
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    são compreensíveis com algoritmos
    de aprendizagem profunda.
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    Como podem ver aqui,
  • 8:10 - 8:14
    este sistema baseado em Stanford,
    que tem o ponto vermelho lá em cima,
  • 8:14 - 8:17
    concluiu que esta frase exprime
    um sentimento negativo.
  • 8:17 - 8:20
    A aprendizagem profunda
    está próxima do desempenho humano
  • 8:20 - 8:24
    na compreensão do sentido das frases
    e o que elas dizem sobre as coisas.
  • 8:26 - 8:29
    A aprendizagem profunda
    também tem sido usada para ler chinês,
  • 8:29 - 8:31
    a um nível de pessoas
    que falam chinês nativo.
  • 8:32 - 8:34
    Este algoritmo foi desenvolvido na Suíça,
  • 8:34 - 8:37
    por pessoas que não falam
    nem percebem chinês.
  • 8:37 - 8:40
    Como eu disse,
    o uso da aprendizagem profunda
  • 8:40 - 8:42
    é o melhor sistema do mundo para isto
  • 8:42 - 8:45
    mesmo em comparação
    com a compreensão humana nativa.
  • 8:47 - 8:49
    Isto é um sistema
    que construímos na minha empresa
  • 8:49 - 8:51
    que mostra como se montou tudo isto.
  • 8:51 - 8:54
    Isto são imagens
    que não têm qualquer texto anexo.
  • 8:54 - 8:56
    Quando eu escrevo frases aqui,
  • 8:56 - 8:59
    ele vai percebendo essas imagens
    em tempo real,
  • 8:59 - 9:01
    vai percebendo sobre o que é que elas são
  • 9:01 - 9:05
    e procura imagens semelhantes ao texto
    que eu estou a escrever.
  • 9:05 - 9:06
    Está a perceber as minhas frases
  • 9:06 - 9:08
    e a perceber as imagens.
  • 9:09 - 9:11
    Sei que já viram coisa parecida no Google,
  • 9:11 - 9:14
    onde podem escrever coisas
    e aparecem imagens,
  • 9:14 - 9:18
    mas o que ele faz é pesquisar
    a página "web" pelo texto.
  • 9:18 - 9:20
    É muito diferente de perceber as imagens.
  • 9:20 - 9:23
    É uma coisa que os computadores
    só foram capazes de fazer
  • 9:23 - 9:25
    pela primeira vez há poucos meses.
  • 9:27 - 9:31
    Podemos assim ver que os computadores
    não só podem ver como podem ler.
  • 9:31 - 9:34
    Mostrámos que eles compreendem
    o que ouvem.
  • 9:34 - 9:38
    Talvez não seja surpresa se eu vos disser
    que eles podem escrever.
  • 9:38 - 9:40
    Este é um texto que eu produzi ontem
  • 9:40 - 9:42
    usando um algoritmo
    de aprendizagem profunda.
  • 9:44 - 9:47
    E este é um texto produzido
    por um algoritmo de Stanford.
  • 9:47 - 9:50
    Cada uma destas frases foi gerada
    por um algoritmo de aprendizagem profunda
  • 9:50 - 9:53
    para descrever cada uma destas imagens.
  • 9:53 - 9:57
    Este algoritmo nunca tinha visto
    um homem de camisa preta a tocar guitarra.
  • 9:57 - 10:00
    Já tinha visto um homem.
    Já tinha visto preto.
  • 10:00 - 10:01
    Já tinha visto uma guitarra.
  • 10:01 - 10:06
    E gerou independentemente
    esta nova descrição da imagem.
  • 10:06 - 10:09
    Ainda não estamos ao nível
    do desempenho humano, mas quase.
  • 10:09 - 10:13
    Em testes, os homens preferem
    a legenda produzida pelo computador,
  • 10:13 - 10:14
    uma em cada quatro vezes.
  • 10:14 - 10:16
    Este sistema só tem duas semanas,
  • 10:16 - 10:18
    portanto, provavelmente no próximo ano,
  • 10:18 - 10:21
    o algoritmo do computador estará
    muito para além do desempenho humano
  • 10:21 - 10:24
    ao ritmo com que as coisas
    estão a avançar.
  • 10:24 - 10:26
    Portanto, os computadores
    também podem escrever.
  • 10:26 - 10:29
    Juntamos isto tudo e chegamos
    a oportunidades muito excitantes.
  • 10:29 - 10:31
    Por exemplo, na medicina.
  • 10:31 - 10:34
    Uma equipa em Boston anunciou
    que tinha descoberto
  • 10:34 - 10:36
    dezenas de novas características
    de tumores,
  • 10:36 - 10:38
    clinicamente relevantes,
  • 10:38 - 10:41
    que ajudam os médicos
    a fazer o prognóstico do cancro.
  • 10:41 - 10:44
    De igual modo, em Stanford,
  • 10:44 - 10:47
    um grupo anunciou que,
    observando tecidos à lupa,
  • 10:47 - 10:50
    desenvolveram um sistema
    baseado na aprendizagem de máquinas
  • 10:50 - 10:53
    que é melhor do que
    os patologistas humanos
  • 10:53 - 10:56
    na previsão das taxas de sobrevivência
    para os doentes de cancro.
  • 10:57 - 11:00
    Em ambos os casos,
    as previsões foram mais rigorosas
  • 11:00 - 11:03
    e também geraram
    uma nova ciência de perceção.
  • 11:03 - 11:04
    No caso da radiologia,
  • 11:04 - 11:08
    houve novos indicadores clínicos
    que os seres humanos percebem.
  • 11:08 - 11:09
    Neste caso patológico,
  • 11:09 - 11:14
    o sistema do computador descobriu
    que as células em volta do cancro
  • 11:14 - 11:17
    são tão importantes
    como as células cancerosas
  • 11:17 - 11:19
    para fazer um diagnóstico.
  • 11:19 - 11:23
    Isto é o oposto do que os patologistas
    têm vindo a aprender há décadas.
  • 11:25 - 11:27
    Em cada um destes dois casos,
    foram sistemas
  • 11:27 - 11:29
    desenvolvidos por um conjunto de médicos
  • 11:29 - 11:32
    e de especialistas
    de aprendizagem de máquinas.
  • 11:32 - 11:34
    No ano passado,
    também já ultrapassámos isso.
  • 11:34 - 11:37
    Este é um exemplo da identificação
    de áreas cancerosas
  • 11:37 - 11:39
    de tecido humano visto ao microscópio.
  • 11:40 - 11:44
    O sistema que aqui mostramos
    identifica essas áreas mais rigorosamente
  • 11:44 - 11:47
    ou quase tão rigorosamente
    como os patologistas humanos
  • 11:47 - 11:50
    mas foi construído totalmente
    com aprendizagem profunda,
  • 11:50 - 11:51
    sem usar competências médicas,
  • 11:51 - 11:54
    por pessoas que não têm
    qualquer formação neste campo.
  • 11:54 - 11:57
    De igual modo,
    a segmentação deste neurónio.
  • 11:57 - 12:00
    Podemos segmentar neurónios
    quase tão rigorosamente como o homem.
  • 12:00 - 12:03
    Este sistema foi desenvolvido
    com aprendizagem profunda
  • 12:03 - 12:06
    usando pessoas sem quaisquer
    antecedentes prévios em medicina.
  • 12:07 - 12:10
    Eu não tenho qualquer
    formação em medicina,
  • 12:10 - 12:13
    mas pareço estar bem qualificado
    para fundar uma nova empresa médica,
  • 12:13 - 12:15
    coisa que já fiz.
  • 12:16 - 12:18
    Fiquei um bocado receoso ao fazê-lo,
  • 12:18 - 12:22
    mas a teoria sugeria que
    devia ser possível fazer medicina útil
  • 12:22 - 12:25
    usando apenas
    estas técnicas analíticas de dados.
  • 12:26 - 12:28
    Felizmente, o retorno tem sido fantástico,
  • 12:28 - 12:31
    não só dos "media",
    mas da comunidade médica,
  • 12:31 - 12:33
    que têm sido muito solidários.
  • 12:33 - 12:37
    A teoria é que podemos assumir
    a parte média do processo médico
  • 12:37 - 12:40
    e transformar isso em análise de dados,
    tanto quanto possível,
  • 12:40 - 12:43
    deixando que os médicos façam
    aquilo em que são melhores.
  • 12:43 - 12:44
    Vou dar-vos um exemplo.
  • 12:44 - 12:50
    Neste momento, fazer um novo teste
    de diagnóstico médico demora 15 minutos.
  • 12:50 - 12:52
    Vou mostrar-vos isso, em tempo real,
  • 12:52 - 12:53
    mas comprimi-o em três minutos
  • 12:53 - 12:55
    cortando algumas partes.
  • 12:55 - 12:58
    Em vez de vos mostrar a criação
    de um teste de diagnóstico médico,
  • 12:58 - 13:02
    vou mostrar-vos um teste diagnóstico
    de imagens de um carro,
  • 13:02 - 13:04
    porque é uma coisa
    que todos podemos perceber.
  • 13:04 - 13:07
    Começamos com cerca de
    milhão e meio de imagens de carros.
  • 13:07 - 13:10
    Quero criar qualquer coisa
    que os possa dividir
  • 13:10 - 13:12
    segundo o ângulo
    em que a foto foi tirada.
  • 13:12 - 13:16
    Estas imagens não têm qualquer legenda,
    portanto tenho que começar do zero.
  • 13:17 - 13:19
    Com o nosso algoritmo
    de aprendizagem profunda,
  • 13:19 - 13:22
    posso identificar automaticamente
    áreas de estrutura nestas imagens.
  • 13:22 - 13:25
    Mas agora as pessoas e o computador
    podem trabalhar em conjunto.
  • 13:26 - 13:28
    O ser humano, como podem ver,
  • 13:28 - 13:30
    está a dizer ao computador
    quais são as áreas de interesse
  • 13:30 - 13:35
    que ele quer que o computador experimente
    e use para melhorar o algoritmo.
  • 13:35 - 13:40
    Estes sistemas de aprendizagem profunda
    estão num espaço de 16 000 dimensões.
  • 13:40 - 13:43
    Podem ver aqui o computador
    a rodar através desse espaço.
  • 13:43 - 13:45
    tentando encontrar
    novas áreas de estrutura.
  • 13:45 - 13:47
    Quando o consegue fazer,
  • 13:47 - 13:50
    quem está a utilizá-lo pode assinalar
    as áreas que têm interesse.
  • 13:51 - 13:53
    Aqui, o computador
    conseguiu encontrar áreas,
  • 13:53 - 13:55
    por exemplo, ângulos.
  • 13:56 - 13:57
    À medida que avançamos neste processo,
  • 13:57 - 14:00
    vamos dizendo ao computador
    cada vez mais coisas
  • 14:00 - 14:02
    sobre o tipo de estruturas
    que andamos a procurar.
  • 14:02 - 14:04
    Num exame de diagnóstico
  • 14:04 - 14:07
    isso será um patologista a identificar
    áreas patológicas, por exemplo.
  • 14:07 - 14:12
    ou um radiologista indicando nódulos
    potencialmente perturbadores.
  • 14:13 - 14:15
    Por vezes pode ser difícil
    para o algoritmo.
  • 14:15 - 14:16
    Neste caso, ele ficou confuso.
  • 14:16 - 14:19
    As frentes e as traseiras dos carros
    estão misturadas.
  • 14:19 - 14:21
    Portanto, temos que ser mais cuidadosos,
  • 14:21 - 14:24
    selecionando manualmente as frentes,
    em oposição às traseiras,
  • 14:24 - 14:30
    e depois dizendo ao computador
    qual é o tipo de grupo
  • 14:30 - 14:31
    em que estamos interessados.
  • 14:32 - 14:34
    Fazemos isso por algum tempo,
    passamos à frente
  • 14:34 - 14:36
    e treinamos o algoritmo
    de aprendizagem da máquina
  • 14:36 - 14:38
    com base em meia-dúzia
    entre centenas de coisas
  • 14:38 - 14:40
    e esperamos que ele funcione melhor.
  • 14:40 - 14:42
    Começa a esbater algumas dessas imagens,
  • 14:42 - 14:47
    mostrando que já está a perceber
    como as reconhecer.
  • 14:48 - 14:51
    Podemos depois usar
    este conceito de imagens semelhantes.
  • 14:51 - 14:53
    Usando imagens semelhantes,
  • 14:53 - 14:56
    o computador já é capaz
    de encontrar as frentes dos carros.
  • 14:57 - 15:00
    Portanto, já podemos dizer ao computador:
  • 15:00 - 15:02
    "Ok, fizeste um bom trabalho".
  • 15:02 - 15:05
    Por vezes, claro, mesmo nesta altura,
  • 15:05 - 15:08
    ainda é difícil separar grupos.
  • 15:09 - 15:11
    Neste caso, mesmo depois de termos deixado
  • 15:11 - 15:14
    que o computador tentasse rodar
    durante um tempo,
  • 15:14 - 15:17
    ainda vemos que as imagens
    do lado esquerdo e do lado direito
  • 15:17 - 15:18
    estão todas misturadas.
  • 15:18 - 15:21
    Temos que voltar a dar
    algumas pistas ao computador
  • 15:21 - 15:22
    e tentar encontrar uma projeção
  • 15:22 - 15:26
    que separe os lados esquerdos
    dos direitos, tanto quanto possível,
  • 15:26 - 15:28
    usando este algoritmo.
  • 15:28 - 15:30
    Demos-lhe essa pista e, ok, resultou.
  • 15:31 - 15:33
    Ele arranjou forma
    de pensar nesses objetos
  • 15:33 - 15:36
    e separar estes do conjunto.
  • 15:37 - 15:39
    Ficaram com uma ideia.
  • 15:39 - 15:47
    Isto não é um caso em que o ser humano
    é substituído por um computador,
  • 15:47 - 15:49
    mas um caso em que estamos
    a trabalhar em conjunto.
  • 15:49 - 15:52
    Substituímos uma coisa que exigia
  • 15:52 - 15:55
    uma equipa de cinco ou seis pessoas,
    durante sete anos,
  • 15:55 - 15:57
    por uma coisa que demora 15 minutos
  • 15:57 - 16:00
    e em que intervém uma única pessoa.
  • 16:00 - 16:04
    Este processo leva
    quatro a cinco repetições.
  • 16:04 - 16:06
    Podem ver que temos 62%
  • 16:06 - 16:08
    de um milhão e meio de imagens
    classificadas corretamente.
  • 16:09 - 16:11
    Neste ponto, podemos começar rapidamente
  • 16:11 - 16:13
    a agarrar em grandes secções inteiras
  • 16:13 - 16:15
    e verificá-las para assegurarmos
    que não há erros.
  • 16:15 - 16:18
    Se houver erros,
    podemos mostrá-los ao computador.
  • 16:19 - 16:22
    Usando este tipo de procedimento,
    para cada um dos diferentes grupos,
  • 16:22 - 16:25
    atingimos agora uma taxa de 80% de êxito
  • 16:25 - 16:27
    na classificação
    de um milhão e meio de imagens.
  • 16:28 - 16:30
    Neste ponto, é apenas
    uma questão de encontrar
  • 16:30 - 16:33
    o pequeno número das que
    não foram bem classificadas
  • 16:33 - 16:35
    e tentar perceber qual a razão.
  • 16:36 - 16:38
    Usando esta abordagem,
  • 16:38 - 16:41
    em 15 minutos obtemos 97%
    de taxa de classificação.
  • 16:42 - 16:46
    Este tipo de técnica pode permitir-nos
    resolver um importante problema,
  • 16:46 - 16:49
    que é a falta de médicos a nível mundial.
  • 16:49 - 16:52
    O Fórum Económico Mundial diz
    que há uma escassez de médicos,
  • 16:52 - 16:55
    entre 10 a 20 vezes,
    no mundo em desenvolvimento
  • 16:55 - 16:57
    e serão precisos cerca de 300 anos
  • 16:57 - 17:00
    para formar gente suficiente
    para resolver esse problema.
  • 17:01 - 17:03
    Imaginem se pudermos ajudar
    a aumentar a sua eficácia
  • 17:03 - 17:06
    usando estas abordagens
    de aprendizagem profunda.
  • 17:06 - 17:08
    Por isso estou muito entusiasmado
    com as oportunidades.
  • 17:08 - 17:10
    Mas também me preocupam os problemas.
  • 17:10 - 17:14
    O problema aqui é que
    todas as áreas a azul neste mapa
  • 17:14 - 17:18
    são onde os serviços
    representam 80% dos empregos.
  • 17:18 - 17:19
    O que são serviços?
  • 17:20 - 17:22
    Isto são serviços.
  • 17:22 - 17:23
    São exatamente as coisas
  • 17:23 - 17:25
    que os computadores aprenderam a fazer.
  • 17:25 - 17:29
    Portanto, 80% dos empregos mundiais
    no mundo desenvolvido
  • 17:29 - 17:32
    são coisas que os computadores
    acabaram de aprender a fazer.
  • 17:32 - 17:33
    O que é que isso significa?
  • 17:33 - 17:35
    "Não há problema! Haverá outros empregos,
  • 17:35 - 17:37
    "mais empregos
    para os cientistas de dados".
  • 17:38 - 17:39
    Bem, não é bem assim.
  • 17:39 - 17:43
    Em breve não serão necessários cientistas
    para construir estas coisas.
  • 17:43 - 17:46
    Por exemplo, estes quatro algoritmos
    foram construídos pelo mesmo tipo.
  • 17:46 - 17:48
    Se pensarem bem,
    isto já aconteceu em tempos,
  • 17:48 - 17:52
    vimos os resultados no passado,
    quando apareceram coisas novas
  • 17:52 - 17:54
    e foram substituídas por novos empregos.
  • 17:54 - 17:56
    Que novos empregos serão esses?
  • 17:56 - 17:58
    É muito difícil calcular isso
  • 17:58 - 18:01
    porque o desempenho humano
    cresce a este ritmo gradual,
  • 18:01 - 18:03
    mas agora temos um sistema,
    de aprendizagem profunda
  • 18:03 - 18:07
    que cresce exponencialmente
    em capacidade.
  • 18:07 - 18:08
    E estamos aqui.
  • 18:08 - 18:10
    Vemos as coisas à nossa volta e dizemos:
  • 18:10 - 18:13
    "Oh, os computadores são muito estúpidos".
  • 18:13 - 18:16
    Mas daqui a cinco anos, os computadores
    estarão fora deste gráfico.
  • 18:16 - 18:20
    Portanto, precisamos de começar já
    a pensar nesta capacidade.
  • 18:20 - 18:22
    Já vimos isto outrora, claro.
  • 18:22 - 18:23
    Na Revolução Industrial,
  • 18:23 - 18:26
    vimos uma mudança de nível na capacidade,
    graças às máquinas.
  • 18:27 - 18:30
    Mas, depois de algum tempo,
    as coisas estabilizaram.
  • 18:31 - 18:32
    Houve perturbação social
  • 18:32 - 18:36
    mas, depois de os motores passarem
    a ser usados para gerar energia,
  • 18:36 - 18:37
    as coisas estabilizaram.
  • 18:38 - 18:40
    A Revolução da Aprendizagem das Máquinas
  • 18:40 - 18:42
    vai ser diferente da Revolução Industrial,
  • 18:42 - 18:45
    porque a Revolução da Aprendizagem
    das Máquinas não vai estabilizar
  • 18:45 - 18:48
    Quando os computadores melhorarem
    em atividades intelectuais,
  • 18:48 - 18:53
    poderão construir computadores melhores,
    com capacidades intelectuais melhores.
  • 18:53 - 18:55
    Portanto, isso vai ser um tipo de mudança
  • 18:55 - 18:57
    que o mundo nunca experimentou antes.
  • 18:57 - 19:00
    A nossa compreensão
    do que é possível é diferente.
  • 19:01 - 19:02
    Isto já está a ter impacto em nós.
  • 19:02 - 19:07
    Nos últimos 25 anos, enquanto
    a produtividade do capital tem aumentado,
  • 19:07 - 19:10
    a produtividade do trabalho tem estagnado,
    ou mesmo baixado um pouco.
  • 19:11 - 19:14
    Portanto, quero que comecemos
    a analisar já este problema.
  • 19:14 - 19:16
    Sei que, quando falo às pessoas
    nesta situação,
  • 19:16 - 19:18
    as pessoas podem
    mostrar-se muito desdenhosas:
  • 19:18 - 19:21
    "Os computadores não pensam,
  • 19:21 - 19:23
    "não têm emoções, não entendem poesia,
  • 19:23 - 19:25
    "não sabemos bem como funcionam..."
  • 19:25 - 19:27
    E depois?
  • 19:27 - 19:29
    Os computadores agora fazem coisas
  • 19:29 - 19:32
    em que as pessoas gastam tempo
    e para as quais são pagas.
  • 19:32 - 19:35
    Portanto é altura de começar a pensar
    no que é que vamos fazer
  • 19:35 - 19:37
    para ajustar as nossas estruturas
    sociais e económicas
  • 19:37 - 19:40
    para estarem de acordo
    com esta nova realidade.
  • 19:40 - 19:41
    Obrigado.
  • 19:41 - 19:43
    (Aplausos)
Title:
As maravilhosas e terríveis implicações dos computadores que aprendem | Jeremy Howard | TEDxBrussels
Description:

Que acontece quando ensinamos um computador a aprender? O tecnólogo Jeremy Howard partilha algumas novas evoluções surpreendentes no campo do desenvolvimento rápido da aprendizagem profunda, uma técnica que pode dar aos computadores a capacidade de aprender chinês, ou de reconhecer objetos em fotos, ou de ajudar a pensar através de um diagnóstico médico. (Uma ferramenta de aprendizagem profunda, depois de observar vídeos do Youtube durante horas, aprendeu sozinha o conceito de "gato"). Sermos apanhados num campo que modificará a forma como os computadores à nossa volta se comportam... acontecerá provavelmente mais depressa do que pensamos.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
19:47
  • Checkers foi incorretamente traduzido por "xadrez", quando deveria ser traduzido por "damas".

Portuguese subtitles

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