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Dentro do espírito de um antigo jiadista radical

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    Hoje, apresento-me perante vocês
    como um homem que vive a vida em pleno
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    aqui e agora.
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    Mas, durante muito tempo,
    vivi para a morte.
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    Eu era um jovem que acreditava
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    que a Jiade deve ser entendida
    na linguagem da força e da violência.
  • 0:21 - 0:24
    Tentei corrigir as coisas erradas
    através da força e da agressão.
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    Tinha grande preocupação
    com o sofrimento dos outros
  • 0:31 - 0:34
    e um profundo desejo
    de ajudá-los e aliviá-los.
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    Pensava que a Jiade violenta era nobre,
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    cavaleiresca,
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    e a melhor forma de ajudar.
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    Numa época em que tanta da nossa gente
    — jovens, em especial —
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    correm o risco da radicalização
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    dentro de grupos como a al-Qaeda,
    o Estado Islâmico e outros,
  • 0:56 - 0:58
    quando estes grupos andam a afirmar
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    que a sua horrível brutalidade
    e violência são a verdadeira Jiade,
  • 1:02 - 1:07
    quero dizer que essa ideia
    de Jiade está errada,
  • 1:07 - 1:08
    totalmente errada,
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    tal como eu estava, nessa altura.
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    Jiade significa lutar
    com todas as forças possíveis.
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    Inclui esforço extremo e espiritualidade,
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    autopurificação e devoção.
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    Refere-se a uma transformação positiva
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    através da aprendizagem, da sabedoria,
    e da evocação de Deus.
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    A palavra Jiade encerra
    todos estes sentidos num todo.
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    Por vezes, a Jiade assume
    a forma de combate,
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    mas apenas por vezes,
    sob estritas condições,
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    dentro de regras e de limites.
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    No Islão, o benefício de um ato
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    tem que se sobrepor
    ao mal ou ao sofrimento que provoca.
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    Mais importante ainda,
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    os versículos do Corão
    relacionados com a Jiade ou a luta
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    não cancelam os versículos
    que falam sobre perdão,
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    benevolência ou paciência.
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    Hoje acredito que não há
    nenhumas circunstâncias no planeta
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    em que seja permitida a Jiade violenta,
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    porque causará sempre um sofrimento maior.
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    Mas, hoje, o conceito de Jiade
    foi desvirtuado,
  • 2:28 - 2:32
    foi pervertido para significar
    luta violenta
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    sempre que os muçulmanos
    experimentarem dificuldades
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    e foi transformada em terrorismo
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    por islamitas fascistas como a al-Qaeda,
    o Estado Islâmico e outros.
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    Mas eu acabei por compreender
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    que a verdadeira Jiade
    significa lutar o mais possível
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    para fortalecer e viver
    as qualidades que Deus ama:
  • 2:52 - 2:55
    honestidade, lealdade,
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    solidariedade, benevolência,
  • 2:57 - 3:00
    fiabilidade, respeito,
    autenticidade
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    — valores humanos
    que muitos de nós partilhamos.
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    Eu nasci no Bangladeche
    mas cresci sobretudo em Inglaterra.
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    Foi aqui que andei na escola.
  • 3:12 - 3:15
    O meu pai era professor universitário,
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    e estávamos no Reino Unido,
    devido ao seu trabalho.
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    Em 1971, estávamos no Bangladeche
    quando tudo mudou.
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    A guerra da independência
    teve um efeito terrível em nós,
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    virando famílias contra famílias,
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    vizinhos contra vizinhos.
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    Com 12 anos,
    sofri a experiência da guerra,
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    o empobrecimento da minha família,
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    a morte de 22 parentes
    de formas horríveis,
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    assim como o assassínio
    do meu irmão mais velho.
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    Assisti a mortes,
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    animais a alimentarem-se
    dos cadáveres nas ruas,
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    o desespero da fome à minha volta,
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    a destruição, a terrível violência
    — uma violência sem sentido.
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    Eu era um miúdo,
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    um adolescente, fascinado por ideias.
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    Queria aprender,
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    mas não pude ir à escola
    durante quatro anos.
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    Depois da guerra da independência,
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    o meu pai esteve na prisão
    durante dois anos e meio.
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    Eu costumava visitá-lo
    todas as semanas na prisão
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    e estudava em casa, sozinho.
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    O meu pai foi libertado em 1973
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    e fugiu para a Inglaterra,
    como refugiado.
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    Pouco depois, nós fomos ter com ele.
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    Eu tinha 17 anos.
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    Estas experiências deram-me
    uma consciência profunda
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    das atrocidades e injustiças do mundo.
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    Eu tinha um profundo desejo,
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    um desejo muito forte, muito profundo,
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    de corrigir as coisas erradas
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    e de ajudar as vítimas da opressão.
  • 4:51 - 4:53
    Enquanto estudava
    na faculdade no Reino Unido,
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    conheci outros que me mostraram
    como podia canalizar esse desejo
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    e ajudar, através da minha religião.
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    E assim radicalizei-me o suficiente
    para considerar correta a violência,
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    até mesmo uma virtude,
    sob certas circunstâncias.
  • 5:12 - 5:16
    Assim, envolvi-me na Jiade no Afeganistão.
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    Queria proteger a população afegã
    muçulmana contra o exército soviético.
  • 5:21 - 5:25
    E pensei que a Jiade
    era o meu dever sagrado
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    que seria recompensado por Deus.
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    Tornei-me pregador.
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    Fui um dos pioneiros
    da Jiade violenta no Reino Unido.
  • 5:41 - 5:45
    Fiz recrutamentos,
    angariei fundos, dei formação.
  • 5:45 - 5:48
    Confundi a verdadeira Jiade
  • 5:48 - 5:52
    com esta perversão
    apresentada pelos islamitas fascistas,
  • 5:54 - 5:57
    essas pessoas que usam a ideia de Jiade
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    para justificar a sua ânsia de poder,
    de autoridade e de controlo do planeta,
  • 6:02 - 6:06
    uma perversão perpetuada hoje
    por grupos islamitas fascistas
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    como a al-Qaeda,
    o Estado Islâmico e outros.
  • 6:10 - 6:13
    Durante cerca de 15 anos,
  • 6:13 - 6:17
    lutei, por curtos períodos de tempo,
  • 6:18 - 6:22
    em Caxemira e na Birmânia,
    para além do Afeganistão.
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    O nosso objetivo
    era rechaçar os invasores,
  • 6:29 - 6:33
    dar alívio às vítimas oprimidas
  • 6:33 - 6:36
    e, claro, instaurar um estado islâmico,
  • 6:36 - 6:38
    um califado governado por Deus.
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    Fiz isso abertamente,
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    não violei nenhuma lei.
  • 6:44 - 6:48
    Tinha orgulho em ser britânico
    e sentia-me grato por isso
  • 6:48 - 6:49
    e ainda me sinto.
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    Não sentia hostilidade
    contra este meu país,
  • 6:54 - 6:57
    nem inimizade contra
    os cidadãos não muçulmanos,
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    e continuo a não sentir.
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    Durante uma batalha no Afeganistão,
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    alguns britânicos e eu
    formámos um elo especial
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    com um rapaz afegão de 15 anos,
    Abdullah,
  • 7:13 - 7:15
    um miúdo inocente, simpático e adorável
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    que estava sempre ansioso por agradar.
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    Era pobre.
  • 7:21 - 7:24
    Os rapazes, como ele,
    faziam tarefas domésticas no acampamento.
  • 7:24 - 7:26
    Parecia sentir-se muito feliz
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    mas eu não deixava de pensar
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    que os pais deviam
    sentir muito a falta dele.
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    E deviam ter sonhado
    um futuro melhor para ele.
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    Uma vítima das circunstâncias,
    apanhado por uma guerra
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    para a qual foi cruelmente empurrado,
  • 7:43 - 7:45
    pelas circunstâncias cruéis da época.
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    Um dia, apanhei um morteiro
    por explodir numa trincheira
  • 7:54 - 7:58
    e mandei-o pôr num laboratório
    artesanal, uma cabana de lama.
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    Envolvi-me numa pequena
    escaramuça sem sentido
  • 8:02 - 8:04
    — eram sempre sem sentido.
  • 8:04 - 8:08
    Voltei umas horas depois
    e encontrei-o morto.
  • 8:09 - 8:12
    Tinha tentado recuperar
    os explosivos daquela bomba,
  • 8:12 - 8:15
    ela explodira e ele morrera
    de morte violenta,
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    feito em pedaços pelo mesmo engenho
    que, para mim, tinha sido inofensivo.
  • 8:21 - 8:23
    Então, comecei a questionar-me.
  • 8:25 - 8:29
    Em que é que a morte dele
    servira qualquer objetivo?
  • 8:30 - 8:33
    Porque é que ele tinha morrido
    e eu estava vivo?
  • 8:34 - 8:35
    Continuei.
  • 8:35 - 8:37
    Lutei em Caxemira.
  • 8:37 - 8:40
    Também fiz recrutamentos
    para as Filipinas,
  • 8:40 - 8:42
    para a Bósnia e para a Chechénia.
  • 8:43 - 8:45
    As interrogações aumentavam.
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    Mais tarde, na Birmânia,
    encontrei combatentes rohingya,
  • 8:50 - 8:54
    que eram jovens adolescentes,
    nascidos e criados na selva,
  • 8:54 - 8:57
    com metralhadoras
    e lançadores de granadas.
  • 9:00 - 9:05
    Encontrei dois deles, de 13 anos,
    com boas maneiras e voz gentil.
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    Quando me viram, pediram-me
    para os levar para Inglaterra.
  • 9:17 - 9:20
    Só queriam ir para a escola
  • 9:20 - 9:22
    — era esse o sonho deles.
  • 9:24 - 9:28
    A minha família,
    os meus filhos, da idade deles,
  • 9:28 - 9:29
    viviam no Reino Unido,
  • 9:30 - 9:34
    iam à escola,
    tinham uma vida em segurança.
  • 9:34 - 9:36
    Não pude deixar de pensar
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    quantas vezes aqueles rapazinhos
    deviam ter falado um com o outro
  • 9:39 - 9:41
    sobre os seus sonhos duma vida assim.
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    Vítimas das circunstâncias:
  • 9:46 - 9:48
    aqueles dois rapazinhos,
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    que dormiam no chão,
    a olhar para as estrelas,
  • 9:51 - 9:54
    cinicamente explorados pelos seus líderes
  • 9:54 - 9:57
    para a sua ânsia pessoal
    de glória e de poder.
  • 9:58 - 10:01
    Em breve, assisti a rapazes como eles
    a matarem-se uns aos outros,
  • 10:01 - 10:04
    em conflitos entre grupos rivais.
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    Era sempre o mesmo por todo o lado
  • 10:09 - 10:12
    no Afeganistão,
    em Caxemira, na Birmânia,
  • 10:12 - 10:14
    nas Filipinas, na Chechénia.
  • 10:14 - 10:18
    Senhores da guerra mesquinhos
    levavam jovens vulneráveis
  • 10:18 - 10:21
    a matarem-se uns aos outros
    em nome da Jiade.
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    Muçulmanos contra muçulmanos.
  • 10:26 - 10:30
    Não protegiam ninguém
    contra invasores ou ocupantes,
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    não davam alívio a oprimidos.
  • 10:34 - 10:37
    Crianças a serem usadas,
    cinicamente exploradas,
  • 10:37 - 10:39
    pessoas a morrer em conflitos
  • 10:39 - 10:42
    que eu apoiava em nome da Jiade.
  • 10:45 - 10:48
    Tudo isso continua hoje.
  • 10:52 - 10:55
    Ao perceber que a Jiade violenta
  • 10:55 - 11:00
    em que me tinha envolvido no estrangeiro
  • 11:01 - 11:03
    era tão diferente
  • 11:05 - 11:10
    — um abismo entre
    o que eu tinha vivido
  • 11:10 - 11:13
    e o que eu julgava ser um dever sagrado —
  • 11:13 - 11:16
    tive que refletir nas minhas atividades
    aqui no Reino Unido.
  • 11:18 - 11:20
    Tinha que rever a minha pregação,
  • 11:20 - 11:23
    o recrutamento,
    a angariação de fundos, a formação,
  • 11:23 - 11:26
    e, o mais importante, a radicalização
  • 11:27 - 11:30
    — enviar jovens para combater e morrer,
    como eu estava a fazer —
  • 11:30 - 11:32
    tudo totalmente errado.
  • 11:36 - 11:39
    Portanto, envolvera-me na Jiade violenta
    em meados dos anos 80,
  • 11:40 - 11:42
    começando pelo Afeganistão
  • 11:43 - 11:46
    e, na altura em que acabei,
    estávamos em 2000.
  • 11:47 - 11:49
    Estava totalmente imerso naquilo.
  • 11:49 - 11:52
    À minha volta, as pessoas
    apoiavam-me, aplaudiam,
  • 11:52 - 11:55
    até festejavam o que estávamos
    a fazer em nome delas.
  • 11:56 - 11:58
    Mas, quando eu decidi sair,
  • 11:58 - 12:01
    totalmente desiludido, no ano 2000,
  • 12:01 - 12:03
    tinham-se passado 15 anos.
  • 12:05 - 12:07
    O que é que estava errado?
  • 12:09 - 12:12
    Estávamos muito ocupados
    a falar de virtude,
  • 12:13 - 12:16
    e estávamos cegos, por uma causa.
  • 12:20 - 12:25
    Não demos a nós mesmos a hipótese
    de desenvolver um carácter virtuoso.
  • 12:26 - 12:30
    Dizíamos a nós mesmos
    que lutávamos pelos oprimidos,
  • 12:30 - 12:32
    mas eram guerras perdidas.
  • 12:34 - 12:37
    Tornámo-nos nos instrumentos
    que provocavam mais mortes,
  • 12:37 - 12:41
    cúmplices em provocar maior miséria
  • 12:41 - 12:44
    para benefício egoísta
    de uns poucos cruéis.
  • 12:52 - 12:55
    Com o tempo — muito tempo —
  • 12:57 - 12:58
    os meus olhos abriram-se.
  • 13:00 - 13:02
    Comecei a atrever-me
  • 13:03 - 13:06
    a enfrentar a verdade, a pensar,
  • 13:07 - 13:09
    a enfrentar as perguntas difíceis.
  • 13:10 - 13:12
    Entrei em contacto com a minha alma.
  • 13:22 - 13:24
    O que é que eu tinha aprendido?
  • 13:25 - 13:29
    Que as pessoas que se envolvem
    no jiadismo violento,
  • 13:31 - 13:34
    que as pessoas que são arrastadas
    para esse tipo de extremismo,
  • 13:35 - 13:37
    não são assim tão diferentes das outras.
  • 13:38 - 13:41
    Mas eu acredito
    que essas pessoas podem mudar.
  • 13:42 - 13:45
    Podem reconquistar o seu coração
    e restaurá-lo,
  • 13:45 - 13:48
    enchendo-o de valores humanos
    que saram.
  • 13:55 - 13:57
    Quando ignoramos as realidades,
  • 13:57 - 14:03
    descobrimos que aceitamos o que nos dizem
    sem qualquer reflexão crítica.
  • 14:06 - 14:09
    Ignoramos os dons e as vantagens
    que muitos de nós acarinham
  • 14:09 - 14:12
    nem que seja num único momento
    da nossa vida.
  • 14:16 - 14:19
    Envolvi-me em ações
    que julgava serem corretas,
  • 14:22 - 14:26
    Mas depois comecei a perguntar
    como é que eu sabia o que sabia.
  • 14:28 - 14:32
    Tinha dito aos outros, vezes sem conta,
    para aceitarem a verdade,
  • 14:32 - 14:35
    mas fracassara em dar
    o devido lugar à dúvida.
  • 14:41 - 14:44
    Esta convicção de que
    as pessoas podem mudar
  • 14:44 - 14:47
    está enraizada na minha experiência,
    no meu percurso.
  • 14:49 - 14:51
    Através de muitas leituras,
  • 14:51 - 14:54
    reflexão, contemplação, introspeção,
  • 14:54 - 14:55
    descobri,
  • 14:55 - 15:01
    percebi que o mundo dos islamitas,
    o nosso e o deles, é falso e injusto.
  • 15:05 - 15:09
    Ao considerar as incertezas
    em tudo o que tínhamos afirmado,
  • 15:09 - 15:13
    até às verdades invioláveis,
    verdades incontestáveis,
  • 15:15 - 15:18
    desenvolvi uma compreensão mais matizada.
  • 15:24 - 15:29
    Percebi que, num mundo cheio
    de variedade e de contradições,
  • 15:30 - 15:31
    de pregadores insensatos,
  • 15:31 - 15:34
    só pregadores insensatos
    como eu tinha sido,
  • 15:34 - 15:40
    sem ver o paradoxo nos mitos e ficções
    que eles usam para impor a autenticidade.
  • 15:41 - 15:46
    Compreendi então a importância vital
    do autoconhecimento,
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    da consciência política
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    e da necessidade de uma compreensão
    profunda e alargada
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    dos nossos compromissos
    e das nossas ações,
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    de como elas afetam os outros.
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    Portanto, o meu apelo a toda a gente
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    — especialmente aos que acreditam
    sinceramente no jiadismo islamita —
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    é que recusem a autoridade dogmática,
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    abandonem a ira, o ódio e a violência,
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    aprendam a corrigir os males
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    sem tentarem justificar
    um comportamento cruel, injusto e vão.
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    Em vez disso, criem coisas
    belas e úteis
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    mais duradoiras do que nós.
  • 16:33 - 16:36
    Abordem o mundo, a vida, com amor.
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    Aprendam a desenvolver
    ou a cultivar o vosso coração
  • 16:41 - 16:44
    para verem nos outros a bondade,
    a beleza e a verdade do mundo.
  • 16:45 - 16:48
    Dessa forma, faremos mais
    por nós mesmos,
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    pelo próximo,
  • 16:51 - 16:53
    pelas nossas comunidades
  • 16:53 - 16:54
    e, na minha opinião, por Deus.
  • 16:55 - 16:57
    Isso é a Jiade,
  • 16:57 - 16:58
    a minha verdadeira Jiade.
  • 16:59 - 17:00
    Obrigado.
  • 17:00 - 17:03
    (Aplausos)
Title:
Dentro do espírito de um antigo jiadista radical
Speaker:
Manwar Ali
Description:

"Durante muito tempo, vivi para a morte", diz Manwar Ali, um antigo jiadista radical que participou em campanhas armadas violentas no Médio Oriente e na Ásia nos anos 80. Nesta palestra emotiva, ele reflete sobre a sua experiência com a radicalização e faz um apelo, poderoso e direto, a todos os que são arrastados para grupos islâmicos que afirmam que a violência e a brutalidade são ações nobres e virtuosas: "Afastem-se da ira e do ódio", diz ele, "e, em vez disso, cultivem o coração para verem nos outros a bondade, a beleza e a verdade".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:22

Portuguese subtitles

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