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Porque é que as pessoas vulgares precisam de entender o poder

  • 0:01 - 0:02
    Eu sou professor e praticante
  • 0:02 - 0:05
    de educação cívica na América.
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    Agora, vou pedir gentilmente
    a quem já adormeceu
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    que acorde, por favor.
  • 0:09 - 0:10
    (Risos)
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    Porque é que o termo "educação cívica"
  • 0:12 - 0:16
    causa um efeito tão enfadonho,
    até narcoléptico em nós?
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    Eu acho que é porque o próprio termo
    significa uma coisa
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    excessivamente virtuosa,
    excessivamente importante
  • 0:24 - 0:26
    e excessivamente chata.
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    Acho que é da responsabilidade
    de pessoas como nós,
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    pessoas que aparecem
    em reuniões como estas
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    pessoalmente ou "online",
    da maneira que podemos,
  • 0:34 - 0:37
    para fazer com que o civismo
    se torne atrativo outra vez,
  • 0:37 - 0:39
    tão atrativo como na
    Revolução Americana,
  • 0:39 - 0:42
    tão atrativo como no
    Movimento dos Direitos Civis.
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    Eu acredito que para tornar
    a educação cívica atrativa outra vez
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    é preciso tornar explícito
    o ensino do poder.
  • 0:50 - 0:53
    Acredito que a forma de o fazer
  • 0:53 - 0:56
    é ao nível da cidade.
  • 0:56 - 0:58
    É sobre isso que eu quero falar hoje.
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    Quero começar por definir alguns termos
  • 1:00 - 1:02
    e depois vou descrever
    a dimensão do problema
  • 1:02 - 1:03
    que acho que enfrentamos.
  • 1:03 - 1:06
    Em seguida, vou sugerir
    o modo como penso que
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    as cidades podem ser a
    solução para o problema.
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    Deixem-me começar com algumas definições.
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    Por educação cívica, refiro-me
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    à arte de ser um contribuinte pró-social
    que resolve problemas
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    numa comunidade auto governável.
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    A educação cívica é a arte da cidadania,
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    a que Bill Gates chama, simplesmente,
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    "manifestar-se para a vida".
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    Engloba três coisas:
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    uma base de valores,
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    uma compreensão dos sistemas
    que fazem o mundo girar
  • 1:36 - 1:38
    e um conjunto de capacidades
  • 1:38 - 1:39
    que permita atingir objetivos
  • 1:39 - 1:42
    e conseguir que outros
    se juntem a essa missão.
  • 1:43 - 1:45
    Isso leva-me à minha definição de poder,
  • 1:45 - 1:47
    que é simplesmente:
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    a capacidade de fazer
    com que os outros façam
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    o que gostaríamos que eles fizessem.
  • 1:53 - 1:55
    Parece ameaçador, não é?
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    Não gostamos de falar do poder.
  • 1:58 - 2:02
    Achamo-lo assustador.
    Achamo-lo um pouco diabólico.
  • 2:03 - 2:06
    Sentimo-nos desconfortáveis
    só com a palavra.
  • 2:06 - 2:08
    Na cultura e mitologia da democracia,
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    o poder reside nas pessoas.
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    Ponto final. Fim da história.
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    Não é necessário mais nenhum estudo
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    nem sequer é muito bem aceite.
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    O poder tem um peso moral negativo.
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    Soa maquiavélico em si mesmo.
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    Parece ser diabólico em si mesmo.
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    Mas o poder não é mais
    diabólico nem mais angélico
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    do que o fogo ou a física.
  • 2:31 - 2:33
    Apenas é o que é.
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    O poder governa,
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    a forma como qualquer governo funciona,
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    quer seja uma democracia
    ou uma ditadura.
  • 2:40 - 2:43
    O problema que enfrentamos hoje,
    nos EUA em particular,
  • 2:43 - 2:44
    mas também no resto do mundo,
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    é que há demasiadas pessoas
    profundamente iletradas
  • 2:48 - 2:50
    em poder
  • 2:50 - 2:52
    — o que ele é, quem o detém,
  • 2:52 - 2:54
    como funciona, como circula,
  • 2:54 - 2:57
    que parte é visível, que parte não o é,
  • 2:57 - 3:00
    porque é que certas pessoas o têm,
    porque é que se acumula.
  • 3:01 - 3:04
    Em resultado desse analfabetismo,
  • 3:04 - 3:07
    os poucos que percebem mesmo
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    como o poder funciona na vida cívica,
  • 3:09 - 3:11
    os que percebem
  • 3:11 - 3:13
    como uma proposta de lei
    se torna numa lei,
  • 3:13 - 3:16
    mas também como uma
    amizade se torna num subsídio,
  • 3:17 - 3:20
    como um preconceito se torna numa política,
  • 3:20 - 3:23
    ou como um slogan se torna num movimento,
  • 3:23 - 3:25
    as pessoas que percebem essas coisas
  • 3:25 - 3:27
    detêm uma influência
    desproporcionada,
  • 3:27 - 3:28
    e sentem-se muito felizes
  • 3:28 - 3:31
    por preencherem o vácuo
    criado pela ignorância
  • 3:31 - 3:33
    da grande maioria.
  • 3:35 - 3:39
    É por causa disso que, agora,
    é fundamental para nós
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    compreender esta ideia de poder
  • 3:43 - 3:45
    e democratizá-lo.
  • 3:45 - 3:49
    Uma das coisas que é
    profundamente excitante
  • 3:49 - 3:51
    e desafiadora neste momento
  • 3:51 - 3:55
    é que, em resultado deste
    analfabetismo de poder
  • 3:55 - 3:57
    que é tão penetrante,
  • 3:57 - 4:01
    há uma concentração de conhecimentos,
  • 4:02 - 4:04
    de compreensão e de influência.
  • 4:05 - 4:07
    Ou seja, pensem nisto:
  • 4:07 - 4:10
    Como é que uma amizade
    se torna num subsídio?
  • 4:10 - 4:12
    Naturalmente,
  • 4:12 - 4:14
    quando um alto funcionário do governo
  • 4:14 - 4:17
    decide ir-se embora do governo e
    tornar-se um "lobista"
  • 4:17 - 4:18
    para defender um interesse pessoal
  • 4:18 - 4:21
    e converter as suas
    relações sociais em dinheiro
  • 4:21 - 4:23
    para os seus novos chefes.
  • 4:24 - 4:26
    Como é que um preconceito
    se torna numa política?
  • 4:26 - 4:30
    Insidiosamente, só pela forma como
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    o "parar para revistar", por exemplo,
  • 4:32 - 4:34
    se torna, com o tempo, num
    jogo burocrático.
  • 4:35 - 4:37
    Como é que um slogan
    se torna num movimento?
  • 4:38 - 4:41
    De forma viral, como
    o Tea Party, por exemplo,
  • 4:41 - 4:45
    conseguiu ficar com
    a bandeira "Não me Pise"
  • 4:45 - 4:47
    da Revolução Americana.
  • 4:47 - 4:49
    Ou como, por outro lado,
  • 4:49 - 4:52
    um grupo de ativistas conseguiu
    pegar no cabeçalho duma revista,
  • 4:52 - 4:54
    "Ocupem a Wall Street"
  • 4:54 - 4:56
    e o transformou num
    movimento global e contagioso.
  • 4:57 - 4:59
    Contudo, a maioria das pessoas
  • 4:59 - 5:02
    não está à procura nem
    quer ver essas realidades.
  • 5:02 - 5:06
    Muita dessa ignorância,
    desse analfabetismo cívico,
  • 5:06 - 5:07
    é intencional.
  • 5:07 - 5:09
    A geração da Internet, por exemplo,
  • 5:09 - 5:12
    pensa que o mundo
    dos negócios é sórdido.
  • 5:12 - 5:14
    Não querem ter nada a ver com a política.
  • 5:14 - 5:15
    Preferem simplesmente pôr-se de lado
  • 5:15 - 5:17
    e integrarem-se em atividades
    de voluntariado.
  • 5:17 - 5:19
    Existem alguns técnicos por aí
  • 5:19 - 5:21
    que acreditam que a solução milagrosa
  • 5:21 - 5:23
    para qualquer desigualdade
    ou abuso de poder
  • 5:23 - 5:26
    consiste simplesmente em mais informação,
  • 5:26 - 5:28
    mais transparência.
  • 5:28 - 5:30
    Na esquerda, há quem pense que o poder
  • 5:30 - 5:33
    reside apenas nas empresas.
  • 5:33 - 5:34
    E na direita, há quem pense
  • 5:34 - 5:36
    que o poder se encontra só no governo.
  • 5:36 - 5:39
    Estão todos cegos
    pelas suas afrontas seletivas.
  • 5:40 - 5:42
    Temos ainda os ingénuos que acreditam
  • 5:42 - 5:44
    que as coisas boas acontecem
  • 5:44 - 5:46
    e os cínicos que acreditam que
    as coisas más acontecem,
  • 5:47 - 5:49
    os sortudos e os desgraçados,
  • 5:49 - 5:53
    que pensam que a sua sorte é apenas
    o resultado daquilo que merecem
  • 5:53 - 5:57
    e não o resultado eminentemente alterável
  • 5:57 - 6:01
    de um acordo anterior,
    duma atribuição herdada
  • 6:01 - 6:02
    de poder.
  • 6:04 - 6:07
    Em resultado deste fatalismo
    que se apodera da vida pública,
  • 6:07 - 6:09
    nós, particularmente nos EUA,
  • 6:09 - 6:11
    temos níveis baixos incríveis
  • 6:11 - 6:14
    de conhecimento cívico,
    de participação cívica,
  • 6:14 - 6:16
    de participação, de consciência.
  • 6:18 - 6:19
    Todo o esquema da política
  • 6:19 - 6:22
    tem sido efetivamente subcontratado
    para um grupo de profissionais,
  • 6:23 - 6:25
    pessoas de dinheiro, pessoas intocáveis,
  • 6:25 - 6:27
    mensageiros e investigadores.
  • 6:27 - 6:30
    Os restantes ficam destinados
    a sentirem-se amadores
  • 6:30 - 6:32
    no sentido de que não prestam.
  • 6:32 - 6:35
    Ficam desmotivados para aprender mais
  • 6:35 - 6:36
    sobre como as coisas funcionam.
  • 6:36 - 6:38
    Começam a ignorá-las.
  • 6:42 - 6:45
    Bem, este problema, este desafio,
  • 6:45 - 6:48
    é uma coisa que temos de enfrentar agora.
  • 6:48 - 6:49
    Acredito que, quando temos
  • 6:49 - 6:52
    este tipo de desinteresse,
    esta ignorância intencional,
  • 6:52 - 6:56
    isso torna-se não só uma causa
    como também uma consequência
  • 6:56 - 6:58
    desta concentração de oportunidades
  • 6:58 - 7:01
    de prosperidade e influência
    que eu referi há instantes,
  • 7:01 - 7:04
    esta desigualdade cívica profunda.
  • 7:05 - 7:08
    É por isso que é tão
    importante neste momento
  • 7:08 - 7:11
    repensar na educação cívica
    como ensino do poder.
  • 7:11 - 7:14
    Talvez nunca tenha sido tão importante
  • 7:14 - 7:17
    em nenhuma época da nossa vida.
  • 7:19 - 7:21
    Se as pessoas não aprenderem
    o conceito de poder,
  • 7:21 - 7:23
    se as pessoas não acordarem,
  • 7:23 - 7:24
    e se não acordarem,
  • 7:24 - 7:26
    são postas à margem.
  • 7:30 - 7:32
    Parte da arte de praticar o poder
  • 7:32 - 7:34
    significa estarmos despertos
    e termos uma voz,
  • 7:34 - 7:36
    mas também consiste
    em termos um campo de trabalho
  • 7:36 - 7:40
    onde podemos praticar
    razoavelmente a decisão.
  • 7:40 - 7:42
    Tudo na educação cívica
    se resume à simples questão
  • 7:42 - 7:44
    de quem decide.
  • 7:44 - 7:46
    Temos de praticar isso
  • 7:46 - 7:48
    num sítio, numa arena.
  • 7:48 - 7:51
    E isto traz-me ao terceiro ponto
    que eu queria abordar hoje,
  • 7:51 - 7:55
    que é, simplesmente, não
    haver melhor campo de trabalho,
  • 7:55 - 7:58
    no nosso tempo, para a prática do poder,
  • 7:58 - 7:59
    do que a cidade.
  • 8:00 - 8:02
    Pensem na cidade em que vivem,
  • 8:02 - 8:04
    de onde vieram.
  • 8:04 - 8:07
    Pensem num problema
    na vida quotidiana da vossa cidade.
  • 8:07 - 8:08
    Pode ser uma coisa pequena,
  • 8:08 - 8:11
    como a posição de um candeeiro da rua,
  • 8:11 - 8:13
    ou uma coisa média como
  • 8:13 - 8:16
    a extensão ou redução
    do horário da biblioteca,
  • 8:17 - 8:18
    ou talvez uma coisa maior,
  • 8:18 - 8:20
    como transformar uma zona em ruínas
  • 8:20 - 8:23
    numa zona verde ou numa autoestrada,
  • 8:24 - 8:25
    ou se todos os negócios da cidade
  • 8:25 - 8:28
    devem pagar ou não um salário mínimo.
  • 8:29 - 8:32
    Pensem nas mudanças
    que querem fazer na vossa cidade,
  • 8:32 - 8:34
    e depois pensem em
    como podem chegar lá,
  • 8:35 - 8:38
    como podem tornar isso realidade.
  • 8:39 - 8:41
    Façam um inventário de
    todas as formas de poder
  • 8:41 - 8:45
    que estão em jogo na
    situação da vossa cidade:
  • 8:45 - 8:48
    dinheiro, claro, pessoas, sim,
  • 8:49 - 8:53
    ideias, informação, desinformação,
  • 8:54 - 8:57
    as ameaças da força, a força das regras.
  • 8:57 - 8:59
    Todas essas formas de poder estão em jogo.
  • 8:59 - 9:01
    Agora pensem em como podem ativar
  • 9:01 - 9:04
    ou talvez neutralizar essas
    diversas formas de poder.
  • 9:06 - 9:09
    Isto não é nenhuma Guerra dos Tronos,
  • 9:09 - 9:11
    um conjunto de questões
    ao nível de império.
  • 9:11 - 9:13
    Estas são questão que funcionam
  • 9:13 - 9:15
    em qualquer sítio do planeta.
  • 9:16 - 9:18
    Vou contar-vos rapidamente duas histórias
  • 9:18 - 9:20
    retiradas a partir de notícias recentes.
  • 9:20 - 9:22
    Em Boulder, no Colorado,
  • 9:22 - 9:25
    os eleitores aprovaram um processo,
    não há muito tempo,
  • 9:26 - 9:28
    para substituir a companhia
    de eletricidade, privada,
  • 9:28 - 9:31
    a companhia de eletricidade Xcel,
  • 9:31 - 9:33
    por uma instalação de propriedade pública
  • 9:33 - 9:35
    que renunciasse ao lucro
  • 9:35 - 9:37
    e estivesse muito mais atenta
    à alteração climática.
  • 9:38 - 9:40
    Bem, a Xcel contra-atacou
  • 9:40 - 9:42
    e pôs em marcha uma sondagem
  • 9:42 - 9:45
    para enfraquecer ou desfazer
  • 9:45 - 9:46
    essa municipalização.
  • 9:46 - 9:49
    Os cidadãos ativistas em Boulder,
    que defendem aquela medida
  • 9:49 - 9:52
    têm agora de lutar
    com a empresa de energia
  • 9:52 - 9:54
    de forma a lutar pelo poder.
  • 9:55 - 9:58
    Em Tuscaloosa, na Universidade de Alabama,
  • 9:58 - 10:00
    há uma organização no "campus"
  • 10:00 - 10:05
    chamada a Máquina,
    — de forma um pouco ameaçadora —
  • 10:05 - 10:07
    que deriva, em grande medida,
  • 10:07 - 10:09
    de irmandades de brancos no "campus".
  • 10:09 - 10:11
    Durante décadas,
    a Máquina tem tido o controlo
  • 10:11 - 10:14
    das eleições dos dirigentes dos estudantes.
  • 10:14 - 10:17
    Recentemente, a Máquina
    começou a envolver-se
  • 10:17 - 10:19
    na política real da cidade.
  • 10:19 - 10:22
    Engendraram a eleição
    de um antigo membro da Máquina,
  • 10:22 - 10:25
    um jovem, profissional de negócios
    recentemente graduado,
  • 10:25 - 10:27
    para o conselho escolar
    da cidade Tuscaloosa.
  • 10:28 - 10:31
    Como digo, estes são apenas dois exemplos
  • 10:31 - 10:34
    escolhidos ao acaso
    entre os títulos dos jornais.
  • 10:34 - 10:37
    Diariamente, há milhares
    de casos como este.
  • 10:37 - 10:39
    Podemos gostar ou não dos empenhos
  • 10:39 - 10:40
    que aqui estou a descrever,
  • 10:40 - 10:42
    em Boulder ou em Tuscaloosa,
  • 10:42 - 10:44
    mas não podemos deixar de admirar
  • 10:44 - 10:48
    a força da instrução
    dos atores envolvidos
  • 10:48 - 10:49
    e as suas capacidades.
  • 10:49 - 10:52
    Não podemos deixar
    de considerar e de reconhecer
  • 10:52 - 10:53
    o controlo que eles têm
  • 10:53 - 10:56
    das questões essenciais
  • 10:56 - 10:58
    do poder cívico
  • 10:58 - 11:02
    — qual o objetivo, qual a estratégia,
    quais as táticas,
  • 11:02 - 11:05
    qual é o terreno,
    quem são os seus inimigos,
  • 11:05 - 11:07
    quem são os seus aliados.
  • 11:07 - 11:10
    Agora eu quero que vocês voltem a refletir
  • 11:10 - 11:12
    sobre aquele problema,
    ou aquela oportunidade,
  • 11:12 - 11:14
    ou sobre esse desafio na vossa cidade.
  • 11:14 - 11:16
    Ou sobre o que queriam resolver
  • 11:16 - 11:18
    ou criar na vossa cidade.
  • 11:18 - 11:20
    E perguntem a vós próprios:
  • 11:20 - 11:23
    "Têm o controlo dessas
    questões essenciais do poder?
  • 11:24 - 11:27
    "Será que podem pôr em
    prática, efetivamente,
  • 11:27 - 11:29
    "aquilo que sabem?"
  • 11:30 - 11:34
    Este é o nosso desafio
    e a nossa oportunidade.
  • 11:34 - 11:37
    Vivemos num tempo, neste momento,
  • 11:37 - 11:40
    em que, apesar da globalização,
  • 11:40 - 11:42
    ou talvez devido à globalização,
  • 11:42 - 11:44
    toda a cidadania é cada vez mais local,
  • 11:44 - 11:46
    de modo sonoro e poderoso.
  • 11:46 - 11:49
    De facto, o poder, na nossa
    época, está a fluir
  • 11:49 - 11:51
    cada vez mais rápido para a cidade.
  • 11:51 - 11:53
    Aqui, nos EUA, o governo nacional
  • 11:53 - 11:55
    está manietado por laços partidários.
  • 11:56 - 11:59
    A imaginação cívica,
    a inovação e a criatividade
  • 11:59 - 12:01
    estão a surgir hoje dos ecossistemas locais
  • 12:01 - 12:03
    e a irradiar para o exterior.
  • 12:05 - 12:07
    Esta grande inovação,
  • 12:07 - 12:11
    esta grande onda de regionalismo
  • 12:11 - 12:13
    está agora a chegar.
  • 12:13 - 12:15
    Vemos isso no modo
    como as pessoas comem,
  • 12:15 - 12:18
    trabalham, partilham,
    compram, se movimentam
  • 12:18 - 12:19
    e vivem a sua vida diária.
  • 12:19 - 12:22
    Isto não é nenhum tipo de
    paroquialismo,
  • 12:22 - 12:26
    não é nenhuma fuga
    para a insularidade, não.
  • 12:26 - 12:28
    Isto é emergente.
  • 12:28 - 12:31
    O regionalismo do nosso tempo
    está ligado poderosamente.
  • 12:32 - 12:33
    Por exemplo,
  • 12:33 - 12:36
    considerem as formas como as estratégias
  • 12:36 - 12:38
    para tornarem as cidades
    mais amigas da bicicleta
  • 12:38 - 12:40
    se têm expandido tão
    rapidamente
  • 12:40 - 12:44
    de Copenhaga a Nova Iorque, a Austin,
    a Boston, a Seattle.
  • 12:45 - 12:48
    Pensem nas experiências
    com orçamentos participativos,
  • 12:49 - 12:51
    em que, diariamente,
    os cidadãos têm a hipótese
  • 12:51 - 12:53
    de distribuir e decidir
  • 12:53 - 12:56
    sobre a distribuição dos fundos cívicos.
  • 12:56 - 13:00
    Estas experiências têm-se espalhado
    de Porto Alegre, no Brasil,
  • 13:00 - 13:03
    até aqui a Nova Iorque,
    até à área de Chicago.
  • 13:04 - 13:06
    Trabalhadores que emigram
    de Roma para Los Angeles
  • 13:06 - 13:08
    e para muitas cidades intermédias
  • 13:08 - 13:11
    estão agora a organizar greves
  • 13:11 - 13:13
    para lembrar às pessoas
    que vivem nas suas cidades
  • 13:13 - 13:15
    como seria um dia sem imigrantes.
  • 13:16 - 13:19
    Na China, por todo o país,
  • 13:19 - 13:21
    membros do Novo Movimento Cívico
  • 13:21 - 13:22
    estão a começar a organizar-se
  • 13:22 - 13:25
    para lutar contra a corrupção
    e fraudes dos funcionários.
  • 13:25 - 13:27
    Estão a atrair a fúria dos funcionários,
  • 13:27 - 13:29
    mas também a atenção
  • 13:29 - 13:31
    dos ativistas anticorrupção
    de todo o mundo.
  • 13:32 - 13:34
    Em Seattle, de onde sou originário,
  • 13:34 - 13:37
    tornámo-nos membros de
    um vasto grupo de cidades
  • 13:37 - 13:38
    que trabalham em conjunto
  • 13:38 - 13:40
    ultrapassando totalmente o governo,
  • 13:40 - 13:42
    o governo nacional,
  • 13:42 - 13:45
    para tentar atingir os
    objetivos de redução de carbono
  • 13:45 - 13:47
    do Protocolo de Quioto.
  • 13:47 - 13:50
    Todos esses cidadãos, reunidos,
  • 13:50 - 13:51
    estão a formar uma teia,
  • 13:51 - 13:53
    um grande arquipélago de poder
  • 13:53 - 13:56
    que nos permite ultrapassar
  • 13:56 - 13:59
    as fragilidades
    e os monopólios de controlo.
  • 14:00 - 14:02
    A nossa tarefa agora é acelerar
    esse processo.
  • 14:03 - 14:05
    A nossa tarefa é conquistar
    cada vez mais pessoas
  • 14:05 - 14:07
    para a área deste trabalho.
  • 14:07 - 14:10
    Por isso a minha organização,
    a Universidade Cívica,
  • 14:10 - 14:12
    iniciou um projeto
  • 14:12 - 14:15
    para criar um currículo
    comum a todos os homens,
  • 14:15 - 14:16
    em poder cívico.
  • 14:17 - 14:18
    Esse currículo começa
  • 14:18 - 14:21
    com a trindade de valores
    — que descrevi há pouco —
  • 14:21 - 14:23
    de sistemas e de capacidades.
  • 14:24 - 14:27
    O que eu quero fazer
    é convidar-vos a todos
  • 14:27 - 14:30
    para contribuir para este currículo
  • 14:30 - 14:32
    com as histórias, as experiências
  • 14:32 - 14:35
    e os desafios com que todos
    temos de viver e de lidar,
  • 14:35 - 14:38
    para criar algo poderosamente coletivo.
  • 14:39 - 14:41
    Também quero convidar-vos
    para experimentarem
  • 14:41 - 14:42
    um simples exercício
  • 14:42 - 14:45
    retirado do início deste currículo.
  • 14:45 - 14:48
    Quero que escrevam uma narrativa,
  • 14:48 - 14:51
    uma narrativa sobre
    o futuro da vossa cidade.
  • 14:51 - 14:54
    Podem colocar uma data,
    como daqui a um ano,
  • 14:54 - 14:56
    daqui a cinco anos,
    daqui a dez anos,,
  • 14:56 - 14:58
    daqui a uma geração.
  • 14:58 - 15:01
    Escrevam-na como um estudo
    que olha para o passado,
  • 15:02 - 15:04
    que olha para as mudanças
  • 15:04 - 15:06
    que gostavam de ver na vossa cidade,
  • 15:06 - 15:08
    olhando para a causa
    que estavam a defender,
  • 15:08 - 15:11
    e descrevendo a forma como essa mudança
  • 15:11 - 15:14
    e essa causa acabaram por ter êxito.
  • 15:15 - 15:18
    Descrevam os valores que vocês despertaram
  • 15:18 - 15:20
    nos vossos concidadãos
  • 15:20 - 15:22
    e o sentido de objetivo moral,
    que conseguiram estimular.
  • 15:23 - 15:25
    Contem todos os diversos modos
  • 15:25 - 15:27
    como envolveram os sistemas do governo,
  • 15:27 - 15:29
    do comércio,
  • 15:29 - 15:31
    e das instituições sociais,
    das organizações de fé,
  • 15:31 - 15:33
    dos "media".
  • 15:34 - 15:38
    Façam uma lista com todas
    as capacidades que tiveram que usar,
  • 15:38 - 15:41
    como negociar, como defender políticas,
  • 15:41 - 15:42
    como formular questões,
  • 15:42 - 15:45
    como manobrar a diversidade em conflito,
  • 15:45 - 15:47
    e todas essas capacidades
    que vos permitiram
  • 15:47 - 15:49
    conquistar pessoas para esse projeto
  • 15:49 - 15:51
    e ultrapassar a resistência.
  • 15:51 - 15:55
    À medida que forem escrevendo
    essa narrativa
  • 15:55 - 15:58
    irão descobrindo como ler o poder,
  • 15:59 - 16:01
    e, durante o processo,
    como escrever o poder.
  • 16:04 - 16:06
    Partilhem o que escrevem,
  • 16:06 - 16:08
    façam o que escrevem,
  • 16:08 - 16:10
    e depois partilhem o que fazem.
  • 16:12 - 16:13
    Convido-vos a partilhar
  • 16:13 - 16:15
    as narrativas que criarem
  • 16:15 - 16:18
    na nossa página do Facebook
    da Universidade Cívica.
  • 16:19 - 16:21
    Mas tudo isso está nas conversas
  • 16:21 - 16:22
    que temos hoje
  • 16:22 - 16:25
    em todo o mundo,
    em todas as reuniões simultâneas
  • 16:25 - 16:27
    que estão a ocorrer neste momento,
    sobre este tópico,
  • 16:27 - 16:29
    e em pensar como podemos passar a ser
  • 16:29 - 16:33
    professores e estudantes do poder,
    uns dos outros.
  • 16:33 - 16:35
    Se fizermos isso, em conjunto,
  • 16:35 - 16:37
    podemos tornar atraente a educação cívica.
  • 16:37 - 16:40
    Juntos, podemos democratizar
    a democracia
  • 16:40 - 16:43
    e torná-la novamente segura
    para os amadores.
  • 16:43 - 16:47
    Juntos, podemos criar
    uma grande rede de cidades
  • 16:47 - 16:50
    que será o maior e mais
    potente laboratório coletivo
  • 16:50 - 16:53
    para autogovernação,
    que este planeta jamais viu.
  • 16:53 - 16:56
    Temos o poder para fazer isso.
  • 16:56 - 16:58
    Muito obrigado.
  • 16:58 - 17:01
    (Aplausos)
Title:
Porque é que as pessoas vulgares precisam de entender o poder
Speaker:
Eric Liu
Description:

Demasiados americanos são iletrados em poder — o que é o poder, como funciona e porque é que algumas pessoas o possuem. Como resultado, os poucos que percebem realmente o poder exercem uma influência desproporcionada sobre os outros. "Temos que fazer com que a educação cívica seja novamente atrativa," diz o educador cívico Eric Liu. "Tão atrativa como quando era durante a Revolução Americana ou durante o Movimento dos Direitos Cívicos".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:19

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