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O que as jovens pensam sobre o seu prazer sexual

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    Há vários anos que estamos
    envolvidos num debate nacional
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    sobre agressões sexuais nas universidades.
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    Sem dúvida,
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    é fundamental que os jovens percebam
    as regras básicas do consentimento,
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    mas é aí que acabam
    as conversas sobre sexo.
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    Nesse vácuo de informação
  • 0:19 - 0:21
    os "media" e a Internet
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    — essa nova esquina da rua digital —
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    estão a educar as nossas crianças por nós.
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    Se realmente queremos que os jovens
    se envolvam com segurança, com ética,
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    e sim, com prazer,
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    está na altura de termos
    uma discussão aberta e franca
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    sobre o que acontece depois do "sim".
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    Isso inclui quebrarmos
    o maior tabu de todos
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    e falarmos com os nossos jovens
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    sobre a capacidade e o direito
    das mulheres ao prazer sexual.
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    Sim.
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    (Aplausos)
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    Vamos lá, minhas senhoras!
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    (Aplausos)
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    Eu passei três anos a falar com raparigas
    entre os 15 e os 20 anos
  • 1:01 - 1:04
    sobre as suas atitudes
    e experiências sexuais.
  • 1:04 - 1:05
    E descobri que,
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    enquanto as jovens se podem sentir
    com o direito de se envolverem sexualmente
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    elas não se sentem necessariamente
    com o direito a ter prazer.
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    Uma estudante de uma
    universidade da Ivy League disse-me:
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    "Eu venho de uma longa linha
    de mulheres fortes e inteligentes.
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    "A minha avó era uma guerreira,
  • 1:22 - 1:24
    "a minha mãe é uma profissional.
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    "A minha irmã e eu somos barulhentas,
    e esta é a nossa forma de poder feminino."
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    Depois passou a descrever-me
    a sua vida sexual:
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    uma série de encontros esporádicos
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    que começaram quando ela tinha 13 anos,
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    que não foram
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    especialmente responsáveis,
  • 1:39 - 1:41
    nem especialmente recíprocos
  • 1:41 - 1:43
    nem especialmente agradáveis.
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    Ela encolheu os ombros.
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    "Eu acho que nós raparigas somos
    educadas para sermos criaturas dóceis
  • 1:48 - 1:51
    "que não expressam desejos
    ou necessidades."
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    "Espera aí" — disse-lhe eu.
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    "Não acabaste de me dizer
    que és uma mulher forte e inteligente?"
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    Calou-se e hesitou.
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    "Eu acho", disse-me finalmente,
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    "que ninguém me disse que essa imagem
    forte e inteligente se aplica ao sexo."
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    Provavelmente, eu devia ter dito
    logo de início que, apesar da publicidade,
  • 2:09 - 2:13
    os adolescentes não estão a ter
    relações sexuais mais frequentemente
  • 2:14 - 2:16
    ou mais cedo do que há 25 anos.
  • 2:16 - 2:20
    No entanto, estão envolvidos
    noutros comportamentos.
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    E quando ignoramos isto,
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    quando rotulamos isso
    como não sendo sexo,
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    isso abre a porta a comportamentos
    de risco e desrespeito.
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    Isto é particularmente verdade
    para o sexo oral,
  • 2:32 - 2:35
    que os adolescentes consideram ser
    menos íntimo do que a relação sexual.
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    As raparigas diziam-me:
    "Não é nada de especial,"
  • 2:38 - 2:41
    como se todas tivessem lido o mesmo
    manual de instruções
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    — pelo menos se os rapazes estavam
    na posição passiva.
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    As jovens têm muitas razões
    para participar.
  • 2:48 - 2:50
    Fazia-as sentirem-se desejadas;
  • 2:50 - 2:53
    era uma maneira de aumentar
    o estatuto social.
  • 2:53 - 2:57
    Às vezes, era uma forma de saírem
    de uma situação desconfortável.
  • 2:57 - 3:00
    Como uma caloira de uma faculdade
    da Costa Oeste me disse:
  • 3:00 - 3:02
    "Uma rapariga vai fazer um bico
    a um rapaz no final da noite
  • 3:02 - 3:05
    "porque não quer ter
    relações sexuais com ele,
  • 3:05 - 3:07
    "e ele quer ser satisfeito.
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    "Se eu quiser que ele se vá embora,
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    "e não quero que nada aconteça..."
  • 3:13 - 3:17
    Ouvi tantas histórias de raparigas
    a fazerem sexo oral unilateral
  • 3:17 - 3:19
    que comecei a perguntar:
  • 3:19 - 3:21
    "Se todas as vezes
    que estás sozinha com um rapaz,
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    "e ele te disser para lhe ires buscar
    um copo de água à cozinha,
  • 3:24 - 3:28
    "mas ele nunca te foi buscar
    um copo de água,
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    "ou se foi, foi como...
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    "queres que vá...?
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    "Sabes, de má vontade.
  • 3:36 - 3:38
    "Tu não irias aguentar isso".
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    Mas nem sempre eram os rapazes
    que não queriam.
  • 3:42 - 3:44
    Eram as raparigas que não queriam
    que eles o fizessem.
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    As raparigas exprimiam
    uma certa vergonha dos seus genitais.
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    Uma sensação de que eram ao mesmo
    tempo nojentos e sagrados.
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    Os sentimentos das mulheres
    sobre os seus genitais
  • 3:54 - 3:58
    têm sido ligados diretamente
    ao seu prazer com o sexo.
  • 3:58 - 4:02
    Contudo, Debby Herbenick, uma
    investigadora na Universidade do Indiana
  • 4:02 - 4:06
    acredita que a autoimagem genital
    das raparigas está sob cerco,
  • 4:06 - 4:08
    com mais pressão do que nunca
  • 4:09 - 4:12
    para vê-los como inaceitáveis
    no seu estado natural.
  • 4:13 - 4:14
    De acordo com investigação,
  • 4:14 - 4:18
    cerca de 3/4 das universitária
    rapam os pelos púbicos — totalmente —
  • 4:18 - 4:20
    pelo menos de vez em quando,
  • 4:20 - 4:23
    e mais de metade fazem-no regularmente.
  • 4:23 - 4:27
    As raparigas disseram-me que isso
    as fazia sentir mais limpas,
  • 4:27 - 4:30
    que era uma escolha pessoal.
  • 4:31 - 4:35
    Mas eu duvidava que, se estivessem
    sozinhas numa ilha deserta,
  • 4:35 - 4:38
    elas escolheriam gastar assim
    o seu tempo.
  • 4:38 - 4:40
    (Risos)
  • 4:40 - 4:41
    Quando as pressionei,
  • 4:41 - 4:43
    surgiu uma motivação mais obscura:
  • 4:44 - 4:45
    evitar a humilhação.
  • 4:46 - 4:49
    "Os rapazes agem como se ficassem
    enojados com isso",
  • 4:49 - 4:51
    disse-me uma jovem.
  • 4:51 - 4:53
    Ninguém quer que falem delas assim.
  • 4:54 - 4:58
    O aumento da depilação púbica
    fez-me lembrar os anos 20,
  • 4:58 - 5:02
    quando as mulheres começaram a fazer
    a depilação nas pernas e nas axilas.
  • 5:02 - 5:05
    Foi quando ficaram na moda
    os vestidos curtos e sem mangas
  • 5:05 - 5:07
    e os membros das mulheres
    passaram a ser visíveis,
  • 5:07 - 5:09
    abertos ao escrutínio público.
  • 5:10 - 5:13
    De certa forma acho que isto
    também é um sinal
  • 5:13 - 5:17
    de que a parte mais íntima das raparigas
    está aberta ao escrutínio público,
  • 5:17 - 5:19
    aberta a crítica,
  • 5:19 - 5:23
    a começar a ser mais sobre o que
    parece às outras pessoas
  • 5:23 - 5:25
    do que como as faz sentir.
  • 5:26 - 5:30
    A tendência de depilar provocou
    um aumento nas labioplastias.
  • 5:30 - 5:35
    A labioplastia, que é o corte dos lábios
    internos e externos,
  • 5:35 - 5:40
    é a cirurgia estética que está a aumentar
    mais rapidamente entre as adolescentes.
  • 5:41 - 5:46
    Aumentou 80% entre 2014 e 2015.
  • 5:46 - 5:50
    Enquanto as raparigas com menos de 18 anos
    são 2% de todas as cirurgias plásticas,
  • 5:50 - 5:53
    nas labioplastias são 5%.
  • 5:54 - 5:56
    Aliás, o aspeto mais procurado,
  • 5:56 - 6:00
    em que os lábios externos parecem
    fundidos como uma amêijoa,
  • 6:00 - 6:01
    chama-se...
  • 6:01 - 6:03
    esperem só...
  • 6:03 - 6:05
    "A Barbie".
  • 6:06 - 6:08
    Espero não ter de vos dizer
  • 6:08 - 6:11
    que a Barbie
    a) é feita de plástico
  • 6:11 - 6:14
    e b) não tem genitais.
  • 6:14 - 6:16
    (Risos)
  • 6:16 - 6:19
    A moda das labioplastias
    tornou-se tão preocupante
  • 6:19 - 6:23
    que a Faculdade Americana
    de Obstetras e Ginecologistas
  • 6:23 - 6:25
    emitiu uma declaração
    sobre o procedimento,
  • 6:25 - 6:27
    que raramente é indicado pelos médicos,
  • 6:28 - 6:30
    que não está provado ser seguro
  • 6:30 - 6:36
    e que os efeitos secundários
    incluem cicatrizes, dormência, dor
  • 6:36 - 6:38
    e uma diminuição da sensação sexual.
  • 6:39 - 6:40
    Agora, reconhecidamente,
  • 6:40 - 6:42
    e abençoadamente,
  • 6:42 - 6:45
    o número de raparigas envolvidas
    ainda é bem pequeno,
  • 6:45 - 6:48
    mas podem vê-las como canários
    numa mina de carvão,
  • 6:48 - 6:52
    a dizerem-nos algo importante sobre
    como as raparigas veem o seu corpo.
  • 6:54 - 6:55
    Sara McClelland,
  • 6:55 - 6:58
    uma psicóloga na Universidade do Michigan,
  • 6:58 - 7:02
    cunhou a minha frase favorita
    para falar de tudo isto:
  • 7:03 - 7:05
    "Justiça íntima".
  • 7:07 - 7:11
    É a ideia de que o sexo
    tem implicações políticas e pessoais,
  • 7:11 - 7:13
    ao estilo, "quem lava a loiça
    lá em casa",
  • 7:14 - 7:16
    ou "quem aspira os tapetes".
  • 7:16 - 7:19
    E levanta problemas similares
    sobre a desigualdade,
  • 7:20 - 7:21
    sobre disparidades económicas,
  • 7:22 - 7:23
    sobre a violência,
  • 7:23 - 7:25
    sobre a saúde física e mental.
  • 7:25 - 7:29
    A justiça íntima pede-nos que consideremos
  • 7:29 - 7:32
    quem tem o direito
    de participar numa experiência.
  • 7:32 - 7:34
    Quem tem direito a desfrutá-la?
  • 7:34 - 7:37
    Quem é o principal beneficiário?
  • 7:37 - 7:41
    E como cada parceiro define
    "suficientemente bom"?
  • 7:42 - 7:46
    Honestamente, acho que estas perguntas
    são difíceis e às vezes traumáticas
  • 7:46 - 7:50
    quando as mulheres adultas
    são confrontadas com elas,
  • 7:50 - 7:51
    mas quando estamos a falar de raparigas,
  • 7:51 - 7:57
    eu continuava a voltar à ideia de que
    as suas primeiras experiências sexuais
  • 7:57 - 8:01
    não deveriam ter que ser algo
    que elas têm de superar.
  • 8:02 - 8:03
    No seu trabalho,
  • 8:03 - 8:07
    McClelland descobriu que as jovens
    são mais propensas do que os jovens
  • 8:07 - 8:11
    a usar o prazer dos seus parceiros
    como uma medida da sua satisfação.
  • 8:11 - 8:12
    Assim, diziam coisas como:
  • 8:13 - 8:14
    "Se ele está satisfeito sexualmente,
  • 8:15 - 8:17
    "então eu estou satisfeita sexualmente".
  • 8:17 - 8:22
    Os rapazes são mais propensos a medir
    o seu prazer pelo seu próprio orgasmo.
  • 8:23 - 8:27
    As raparigas também definem
    o sexo mau, de forma diferente.
  • 8:28 - 8:30
    No maior inquérito já realizado
  • 8:30 - 8:33
    sobre o comportamento sexual americano,
  • 8:33 - 8:37
    reportaram dor nos seus encontros sexuais
  • 8:37 - 8:39
    30% das vezes.
  • 8:40 - 8:43
    Também usaram palavras como "deprimente",
  • 8:43 - 8:45
    "humilhante",
  • 8:45 - 8:46
    "degradante".
  • 8:46 - 8:50
    Os rapazes nunca usaram
    este tipo de linguagem.
  • 8:50 - 8:54
    Quando as raparigas relatam
    níveis de satisfação sexual
  • 8:54 - 8:58
    iguais ou melhores
    do que a dos rapazes
  • 8:57 - 8:59
    — e isso acontece na investigação —
  • 8:59 - 9:01
    isso pode ser enganador.
  • 9:02 - 9:05
    Se uma rapariga vai a um encontro
    esperando que não vai doer,
  • 9:05 - 9:07
    querendo sentir-se mais perto
    do seu parceiro
  • 9:07 - 9:10
    e à espera que ele tenha um orgasmo,
  • 9:10 - 9:13
    ela ficará satisfeita se estes critérios
    forem cumpridos.
  • 9:13 - 9:16
    Não há nada de errado em querer
    sentirem-se perto do parceiro,
  • 9:16 - 9:18
    ou quererem que ele fique feliz,
  • 9:18 - 9:21
    e o orgasmo não é a única medida
    de uma experiência,
  • 9:22 - 9:23
    mas a ausência de dor
  • 9:24 - 9:28
    é um padrão muito baixo
    para a nossa satisfação sexual.
  • 9:29 - 9:31
    Ao ouvir isto tudo e ao pensar nisto,
  • 9:31 - 9:37
    comecei a perceber que fazemos
    um tipo de clitoridectomia psicológica
  • 9:37 - 9:38
    nas raparigas americanas.
  • 9:38 - 9:40
    A começar na infância,
  • 9:40 - 9:44
    os pais de rapazes são mais propensos
    a nomear todas as partes do corpo,
  • 9:44 - 9:46
    pelo menos, vão dizer,
    "Isto é a tua pilinha".
  • 9:46 - 9:50
    Os pais das raparigas passam diretamente
    do umbigo para os joelhos,
  • 9:50 - 9:53
    e deixam toda esta parte aqui sem nome.
  • 9:53 - 9:54
    (Risos)
  • 9:54 - 9:58
    Não há melhor forma de impedir
    que se fale numa coisa
  • 9:58 - 10:00
    do que não lhe dar um nome.
  • 10:00 - 10:03
    Depois as crianças vão para as aulas
    de educação sexual
  • 10:03 - 10:06
    e aprendem que os rapazes
    têm ereções e ejaculações,
  • 10:07 - 10:08
    e as raparigas têm...
  • 10:09 - 10:12
    períodos e uma gravidez indesejada.
  • 10:12 - 10:16
    E veem aquele diagrama interno
    de um sistema reprodutivo feminino
  • 10:17 - 10:19
    — sabem, aquele que parece
    uma cabeça de boi —
  • 10:19 - 10:21
    (Risos)
  • 10:23 - 10:25
    e ficam com uma zona cinzenta
    entre as pernas.
  • 10:26 - 10:28
    Nós nunca dizemos vulva,
  • 10:28 - 10:30
    e certamente que nunca dizemos clitóris.
  • 10:30 - 10:32
    Não é surpresa nenhuma
  • 10:32 - 10:35
    que menos de metade das adolescentes
    entre os 14 e os 17 anos
  • 10:35 - 10:37
    nunca se masturbaram.
  • 10:37 - 10:40
    Depois partem para as suas experiências
    com parceiros
  • 10:40 - 10:44
    e esperamos que, de alguma forma,
    elas pensem que o sexo é sobre elas,
  • 10:44 - 10:49
    que consigam articular as suas
    necessidades, desejos e limites.
  • 10:49 - 10:51
    É irrealista.
  • 10:52 - 10:54
    No entanto, aqui há qualquer coisa.
  • 10:54 - 10:58
    O investimento das raparigas
    no prazer do parceiro permanece,
  • 10:58 - 11:00
    independentemente do sexo do parceiro.
  • 11:01 - 11:03
    Então, em encontros do mesmo sexo,
  • 11:03 - 11:06
    a lacuna do orgasmo desaparece.
  • 11:06 - 11:09
    As raparigas atingem o clímax
    com a mesma frequência que os homens.
  • 11:10 - 11:12
    As raparigas lésbicas
    e bissexuais disseram-me
  • 11:12 - 11:16
    que se sentiam libertas
    para sair do roteiro
  • 11:16 - 11:19
    — libertas para criar um encontro
    que funcionasse para elas.
  • 11:19 - 11:23
    As raparigas "gay" também desafiaram
    a ideia da primeira relação sexual
  • 11:23 - 11:25
    como a definição de virgindade.
  • 11:25 - 11:28
    Não porque a relação sexual
    não seja importante,
  • 11:28 - 11:32
    mas vale a pena questionar
    porque consideramos que este ato,
  • 11:32 - 11:35
    — que a maior parte das raparigas
    associa a desconforto e dor —
  • 11:35 - 11:38
    seja a meta para a idade sexual adulta,
  • 11:38 - 11:41
    seja muito mais significativo,
  • 11:40 - 11:44
    muito mais transformadora
    do que qualquer outra coisa.
  • 11:44 - 11:47
    Vale a pena considerar
    como isto serve as raparigas;
  • 11:47 - 11:50
    se as está a manter a salvo de doenças,
  • 11:50 - 11:53
    de coação, de traições, de agressões.
  • 11:54 - 11:57
    se se trata de incentivar
    a mutualidade e o carinho;
  • 11:57 - 12:01
    o que isto significa sobre o modo
    como veem outros atos sexuais;
  • 12:01 - 12:03
    se lhes está a dar um maior controlo
  • 12:03 - 12:06
    e prazer nas suas experiências,
  • 12:06 - 12:09
    e o que isto significa
    para adolescentes "gays",
  • 12:09 - 12:13
    que podem ter múltiplos parceiros
    sexuais sem terem sexo heterossexual.
  • 12:14 - 12:17
    Então perguntei a uma rapariga "gay":
  • 12:17 - 12:19
    "Como é que soubeste que já
    não eras virgem?"
  • 12:19 - 12:22
    Ela disse-me que teve
    de procurar no Google.
  • 12:22 - 12:23
    (Risos)
  • 12:23 - 12:25
    E o Google não tinha a certeza.
  • 12:25 - 12:27
    (Risos)
  • 12:27 - 12:30
    Ela decidiu finalmente
    que já não era virgem
  • 12:30 - 12:33
    quando teve o primeiro orgasmo
    com uma parceira.
  • 12:34 - 12:35
    E eu pensei:
  • 12:36 - 12:37
    Uau!
  • 12:37 - 12:40
    Então, e se apenas por um segundo,
  • 12:40 - 12:43
    imaginássemos que esta era a definição?
  • 12:44 - 12:46
    Não porque a relação sexual
    não seja importante,
  • 12:46 - 12:47
    claro que é,
  • 12:47 - 12:50
    mas não é a única coisa importante.
  • 12:50 - 12:54
    Em vez de pensarmos no sexo como
    uma corrida para atingir um objetivo,
  • 12:54 - 12:59
    isto ajuda-nos a reconcetualizá-lo
    como uma piscina de experiências
  • 12:59 - 13:04
    que incluem calor, afeto, excitação,
  • 13:04 - 13:07
    desejo, toque, intimidade.
  • 13:08 - 13:10
    E vale a pena perguntar aos jovens:
  • 13:10 - 13:13
    Quem é que tem maior experiência sexual?
  • 13:14 - 13:17
    Aquela que está aos beijos
    com um parceiro durante três horas
  • 13:17 - 13:21
    e experiências com tensão sexual
    e comunicação,
  • 13:21 - 13:25
    ou aquela que se embebeda numa festa
    e vai para a cama com um qualquer
  • 13:25 - 13:30
    para perder a sua "virgindade"
    antes de ir para a universidade?
  • 13:30 - 13:33
    A única forma de mudar o pensamento
  • 13:33 - 13:37
    pode acontecer se falarmos mais
    com os nossos jovens sobre sexo,
  • 13:37 - 13:39
    se normalizarmos essas discussões,
  • 13:39 - 13:42
    integrando-as nas suas vidas diárias,
  • 13:42 - 13:46
    falando sobre esses atos íntimos
    de forma diferente,
  • 13:46 - 13:49
    da mesma forma que mudámos
  • 13:49 - 13:51
    a forma como falamos das mulheres
    no domínio público.
  • 13:52 - 13:56
    Considerem uma pesquisa com 300
    raparigas escolhidas aleatoriamente
  • 13:56 - 13:59
    de uma universidade holandesa
    e Americana,
  • 13:59 - 14:01
    duas universidades parecidas,
  • 14:01 - 14:04
    para falarem sobre as suas primeiras
    experiências sexuais.
  • 14:04 - 14:09
    As holandesas encarnaram tudo
    o que queremos das nossas raparigas.
  • 14:09 - 14:11
    Tinham menos consequências negativas,
  • 14:11 - 14:14
    como doenças, gravidezes, arrependimento,
  • 14:15 - 14:17
    mais resultados positivos,
  • 14:17 - 14:19
    como serem capazes
    de comunicar com os parceiros,
  • 14:20 - 14:21
    que diziam conhecer bastante bem,
  • 14:21 - 14:23
    prepararem a experiência
    de forma responsável,
  • 14:23 - 14:25
    terem prazer.
  • 14:26 - 14:28
    Qual era o segredo delas?
  • 14:28 - 14:32
    As holandesas disseram que
    os médicos, professores e pais
  • 14:32 - 14:34
    falavam com elas, abertamente,
  • 14:34 - 14:35
    desde cedo,
  • 14:36 - 14:41
    sobre sexo, prazer e a importância
    da confiança mútua.
  • 14:41 - 14:43
    E mais,
  • 14:43 - 14:47
    enquanto os pais americanos não
    se sentem à vontade a falar de sexo,
  • 14:48 - 14:50
    a tendência é ter estas conversas
  • 14:50 - 14:54
    inteiramente em termos
    de risco e de perigo,
  • 14:55 - 15:00
    enquanto os pais holandeses falam
    de equilibrar responsabilidade e prazer.
  • 15:00 - 15:02
    Tenho de vos dizer,
  • 15:02 - 15:03
    a mim, como mãe,
  • 15:03 - 15:05
    isto chocou-me,
  • 15:05 - 15:08
    porque eu sei,
  • 15:08 - 15:10
    se não tivesse feito esta pesquisa,
  • 15:10 - 15:14
    teria falado com a minha filha
    sobre contraceção,
  • 15:14 - 15:16
    sobre proteção contra doenças,
  • 15:17 - 15:19
    sobre consentimento,
    porque sou uma mãe moderna,
  • 15:19 - 15:20
    e teria pensado:
  • 15:22 - 15:23
    Bom trabalho.
  • 15:24 - 15:27
    Agora sei que isto não chega.
  • 15:28 - 15:32
    Também sei o que espero
    para as nossas raparigas.
  • 15:32 - 15:36
    Quero que vejam a sexualidade
    como uma fonte de autoconhecimento,
  • 15:36 - 15:38
    de criatividade e de comunicação,
  • 15:38 - 15:41
    apesar dos seus potenciais riscos.
  • 15:41 - 15:45
    Quero que sejam capazes de se reverem
    na sensualidade dos seus corpos
  • 15:45 - 15:47
    sem serem reduzidas a isso.
  • 15:47 - 15:50
    Quero que sejam capazes de pedir
    o que querem na cama,
  • 15:50 - 15:52
    e que o obtenham.
  • 15:53 - 15:56
    Quero que estejam protegidas
    duma gravidez indesejada,
  • 15:56 - 15:57
    de doenças,
  • 15:57 - 15:58
    de crueldade,
  • 15:59 - 16:00
    de desumanização,
  • 16:00 - 16:01
    de violência.
  • 16:02 - 16:04
    Se forem agredidas,
  • 16:04 - 16:07
    quero que tenham recursos
    nas suas escolas,
  • 16:07 - 16:09
    nos seus patrões,
  • 16:09 - 16:10
    nos tribunais.
  • 16:11 - 16:13
    É pedir muito,
  • 16:13 - 16:15
    mas não é demasiado.
  • 16:15 - 16:20
    Como pais, professores,
    defensores e ativistas,
  • 16:20 - 16:24
    criámos uma geração de raparigas
    para terem voz,
  • 16:24 - 16:28
    para esperarem um tratamento
    igualitário em casa,
  • 16:28 - 16:30
    na sala de aula,
  • 16:30 - 16:31
    no local de trabalho.
  • 16:32 - 16:36
    Agora é altura de exigirmos
    esta justiça íntima
  • 16:36 - 16:40
    também para as suas vidas pessoais.
  • 16:40 - 16:41
    Obrigada.
  • 16:41 - 16:44
    (Aplausos)
Title:
O que as jovens pensam sobre o seu prazer sexual
Speaker:
Peggy Orenstein
Description:

Porque é que as raparigas se sentem autorizadas a envolverem-se em atividades sexuais, mas não em apreciá-las? Durante três anos, a autora Peggy Orenstein entrevistou raparigas dos 15 aos 20 anos sobre as suas atitudes e experiências com o sexo. Ela analisa o prazer que está em grande parte ausente dos encontros sexuais e pede-nos para acabar com a "lacuna do orgasmo", falando abertamente com as raparigas desde cedo sobre sexo, corpos, prazer e intimidade.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:00

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