Queres ser mais feliz? Permanece no momento
-
0:01 - 0:04As pessoas querem bastantes coisas na vida
-
0:04 - 0:07mas acho que, mais do que tudo,
elas querem felicidade. -
0:07 - 0:11Aristóteles apelidou a felicidade
de "o bem superior", -
0:11 - 0:13o objetivo que se pretende atingir.
-
0:15 - 0:19De acordo com este ponto de vista,
a razão por que queremos uma casa grande -
0:20 - 0:22ou um bom carro
-
0:22 - 0:24ou um bom emprego
-
0:25 - 0:27não é por essas coisas
serem intrinsecamente valiosas. -
0:27 - 0:30É por nós esperarmos
que elas nos tragam... -
0:30 - 0:31a felicidade.
-
0:31 - 0:33Nos últimos 50 anos,
nós, norte-americanos, -
0:33 - 0:36alcançámos diversas coisas
que desejávamos. -
0:36 - 0:39Enriquecemos, vivemos mais tempo,
temos acesso a tecnologias -
0:39 - 0:42que pareciam ficção científica
há apenas alguns anos. -
0:43 - 0:44O paradoxo da felicidade é que,
-
0:45 - 0:47apesar de as condições objetivas
das nossas vidas -
0:47 - 0:49terem melhorado drasticamente,
-
0:49 - 0:51não nos tornámos mais felizes.
-
0:53 - 0:55Talvez porque as noções
convencionais de progresso -
0:55 - 0:58não ostentam grandes benefícios
em termos de felicidade, -
0:58 - 1:01tem havido ultimamente um aumento
de interesse na felicidade em si. -
1:02 - 1:05As pessoas têm debatido as causas
da felicidade já há bastante tempo, -
1:05 - 1:07na verdade há milhares de anos,
-
1:07 - 1:10mas parece que estes debates
continuam por resolver. -
1:10 - 1:12Como em muitos outros campos da vida,
-
1:12 - 1:16creio que o método científico
tem o poder de responder a esta questão. -
1:16 - 1:19De facto, nos últimos anos,
a pesquisa sobre a felicidade explodiu. -
1:19 - 1:22Por exemplo, aprendemos bastante
sobre a sua demografia, -
1:22 - 1:26sobre como o rendimento,
a educação, o sexo e o casamento -
1:26 - 1:27estão relacionados com ela.
-
1:27 - 1:29Mas um dos enigmas
que isto revelou -
1:29 - 1:32é que fatores como este
não parecem ter grande influência. -
1:32 - 1:35Sim, é melhor ganhar
mais dinheiro do que menos, -
1:35 - 1:37ou formar-se na universidade
em vez de desistir, -
1:37 - 1:40mas as diferenças na felicidade
tendem a ser pequenas. -
1:41 - 1:44O que coloca a questão: quais são
as principais causas da felicidade? -
1:44 - 1:47Eu penso que esta pergunta
ainda não obteve resposta, -
1:47 - 1:50mas creio que algo que tem
o potencial de ser uma resposta -
1:50 - 1:52é que talvez a felicidade
tenha largamente a ver -
1:52 - 1:55com o conteúdo das nossas experiências
a cada momento. -
1:55 - 1:57Parece certo que
o percurso da nossa vida, -
1:57 - 2:01o que fazemos, com quem estamos,
em que estamos a pensar, -
2:01 - 2:03influenciam muito a nossa felicidade,
-
2:03 - 2:05mas acabam por ser
os fatores mais difíceis -
2:05 - 2:08ou quase impossíveis,
para os cientistas estudarem. -
2:08 - 2:10Há alguns anos, descobri
uma maneira de estudar -
2:10 - 2:14a felicidade das pessoas, a cada momento,
no decorrer do seu dia-a-dia -
2:14 - 2:17em grande escala, por todo o mundo,
algo nunca feito até agora. -
2:17 - 2:19Chama-se trackyourhappiness.org
-
2:19 - 2:23e usa o iPhone para monitorizar
a felicidade das pessoas em tempo real. -
2:23 - 2:25Como é que funciona?
-
2:25 - 2:28Basicamente, mando sinais a pessoas
aleatoriamente ao longo do dia, -
2:28 - 2:31e depois faço um monte de perguntas
sobre a sua experiência, -
2:31 - 2:33no instante imediatamente
anterior ao sinal. -
2:33 - 2:36A ideia é que, se pudermos observar
-
2:36 - 2:39como a felicidade das pessoas
varia ao longo do dia, -
2:39 - 2:41de minuto em minuto, nalguns casos,
-
2:41 - 2:43e tentarmos perceber
o que as pessoas estão a fazer, -
2:43 - 2:45com quem estão,
em que estão a pensar, -
2:45 - 2:47e todos os outros fatores
que descrevem o nosso dia, -
2:47 - 2:50como eles se relacionam
com as mudanças na felicidade, -
2:50 - 2:52talvez possamos achar certas coisas
-
2:52 - 2:54que têm grande influência na felicidade.
-
2:54 - 2:56Temos tido sorte, com este projeto,
-
2:56 - 2:58em reunir muito mais dados deste tipo
-
2:58 - 3:01do que penso já terem
sido recolhidos antes. -
3:01 - 3:04Mais de 650 mil relatos em tempo real
-
3:05 - 3:07de mais de 15 mil pessoas.
-
3:07 - 3:10E não é só apenas um monte de pessoas,
é um grupo diversificado, -
3:10 - 3:13pessoas de diversas idades,
desde os 18 até aos 80 e muitos, -
3:14 - 3:17com diversos rendimentos,
níveis de educação, -
3:17 - 3:19pessoas casadas, divorciadas, viúvas, etc.
-
3:20 - 3:22Coletivamente, elas representam
-
3:22 - 3:26cada umas das 86 das categorias
profissionais, em mais de 80 países. -
3:27 - 3:30O que eu gostaria de fazer
com o resto do tempo que ainda tenho -
3:30 - 3:33é falar de uma das áreas
que temos estado a investigar, -
3:33 - 3:35ou seja, a divagação mental.
-
3:35 - 3:38Enquanto seres humanos,
possuímos esta capacidade única -
3:38 - 3:40de ter as nossas mentes
a divagar do presente. -
3:40 - 3:42Este homem está a trabalhar
no seu computador, -
3:42 - 3:44mas pode estar a pensar
-
3:44 - 3:46nas férias que teve o mês passado,
-
3:46 - 3:48a imaginar o que vai ser o seu jantar.
-
3:48 - 3:51Talvez esteja preocupado
por estar a ficar careca. -
3:51 - 3:52(Risos)
-
3:52 - 3:54Esta capacidade de focar
a nossa atenção -
3:54 - 3:57noutra coisa que não o presente
é fantástica. -
3:57 - 4:00Permite-nos aprender,
planear e raciocinar -
4:00 - 4:02de formas que mais nenhuma
espécie animal consegue. -
4:02 - 4:04Porém não é claro qual a relação
-
4:04 - 4:08entre o nosso uso desta capacidade
e a nossa felicidade. -
4:08 - 4:10Provavelmente já ouviram
pessoas sugerir -
4:10 - 4:13"Concentrem-se no presente.
"Estejam aqui agora," -
4:13 - 4:15já devem ter ouvido centenas de vezes.
-
4:15 - 4:18Talvez, para sermos mesmo felizes,
seja necessário ficarmos totalmente -
4:18 - 4:21imersos e focados na nossa
experiência do momento. -
4:21 - 4:23Talvez essas pessoas estejam certas
-
4:23 - 4:24e a divagação mental seja má.
-
4:25 - 4:27Por outro lado, quando
as nossas mentes divagam, -
4:27 - 4:28estão sem restrições.
-
4:28 - 4:31Não podemos mudar
a realidade física à nossa frente, -
4:31 - 4:33mas podemos ir onde quisermos
com a nossa mente. -
4:33 - 4:34Como queremos ser felizes,
-
4:34 - 4:38quando as nossas mentes divagam,
talvez vamos para um lugar mais feliz. -
4:38 - 4:39Faria muito sentido.
-
4:39 - 4:42Noutras palavras, talvez
os prazeres da mente -
4:42 - 4:45nos permitam aumentar
a nossa felicidade com a divagação. -
4:45 - 4:48Enquanto cientista,
gostava de tentar resolver este debate -
4:48 - 4:50com alguns dados e, em particular,
-
4:50 - 4:53gostava de vos apresentar uns
dados a partir de três perguntas -
4:53 - 4:55que pergunto com esta aplicação.
-
4:55 - 4:58Isto vem de experiências
de momentos na vida das pessoas. -
4:58 - 5:01Há três perguntas.
A primeira é sobre a felicidade. -
5:01 - 5:04"Como te sentes?" numa escala
que varia de muito mau a muito bem. -
5:05 - 5:07Segunda, uma pergunta sobre atividade.
-
5:07 - 5:10"O que estás a fazer?" numa
lista de 22 atividades diferentes -
5:10 - 5:13incluindo coisas como comer,
trabalhar e ver televisão. -
5:14 - 5:16E finalmente, uma pergunta
sobre divagação mental. -
5:17 - 5:21"Estás a pensar noutra coisa, para além
da que estás a fazer neste momento?" -
5:22 - 5:26Podem dizer Não — por outras palavras,
estou só focado na minha tarefa — -
5:26 - 5:28ou Sim — estou a pensar
noutra coisa qualquer. -
5:28 - 5:30"O tópico desses pensamentos
-
5:30 - 5:32"são agradáveis, neutros
ou desagradáveis?" -
5:32 - 5:36Qualquer destas respostas afirmativas
são o que chamamos de divagação mental. -
5:37 - 5:39Então, o que é que descobrimos?
-
5:40 - 5:42Este gráfico mostra
a felicidade no eixo vertical, -
5:42 - 5:44e a barra representa o quão felizes
-
5:44 - 5:46as pessoas estão
quando focadas no presente, -
5:46 - 5:48quando não estão a divagar.
-
5:48 - 5:51Como se constata, as pessoas
estão substancialmente menos felizes -
5:51 - 5:54quando as suas mentes divagam
do que quando não divagam. -
5:56 - 5:58Vocês podem olhar
para este resultado e dizer: -
5:58 - 6:01"Ok, em média, as pessoas
estão menos felizes quando divagam, -
6:01 - 6:05"mas quando as suas mentes se afastam
de algo não muito agradável, -
6:05 - 6:08"a divagação mental, pelo menos,
deve estar a beneficiá-las". -
6:09 - 6:10Não.
-
6:10 - 6:13Ao que parece, as pessoas
são menos felizes ao divagar, -
6:13 - 6:15independentemente
do que estão a fazer. -
6:15 - 6:19Por exemplo, as pessoas não gostam
muito de se deslocar para o trabalho. -
6:19 - 6:21É uma das atividades
menos aprazíveis. -
6:21 - 6:24Contudo são substancialmente
mais felizes quando focadas -
6:24 - 6:27apenas na deslocação do que
quando a sua mente se afasta -
6:27 - 6:28para outro sítio qualquer.
-
6:29 - 6:31É espantoso!
-
6:31 - 6:34Então como é que isso pode acontecer?
-
6:34 - 6:37Penso que grande parte da razão
é que as nossas mentes, ao vaguear, -
6:37 - 6:40frequentemente é para pensarem
em coisas desagradáveis, -
6:40 - 6:43e elas ficam muito menos
felizes quando pensam nisso, -
6:43 - 6:46nas nossas preocupações,
ansiedades, arrependimentos. -
6:46 - 6:50Mas, quando as pessoas
estão a pensar em algo neutro, -
6:50 - 6:52continuam consideravelmente menos felizes
-
6:52 - 6:54do que quando a sua mente
não divaga de todo. -
6:54 - 6:57Mesmo quando pensam em algo
que descreveriam como agradável, -
6:57 - 6:59estão um pouco menos felizes
-
6:59 - 7:01do que quando não estão a divagar.
-
7:02 - 7:05Se a divagação mental
fosse um caça-níqueis, -
7:05 - 7:08seria como ter a probabilidade
de perder 50 dólares, 20 dólares -
7:08 - 7:09ou um dólar, certo?
-
7:09 - 7:11Ninguém quereria jogar.
-
7:14 - 7:16Tenho vindo a falar disto,
sugerindo, talvez, -
7:16 - 7:19que a divagação mental
provoca infelicidade, -
7:19 - 7:22mas só vos mostrei que
estas duas coisas estão interligadas. -
7:22 - 7:25É possível que esse seja o caso,
mas também pode ser o caso -
7:25 - 7:27de que, quando as pessoas
estão infelizes, divagam. -
7:27 - 7:29Talvez seja esse o caso.
-
7:29 - 7:32Como é que alguma vez poderemos
separar estas duas possibilidades? -
7:32 - 7:35Um facto de que poderemos
usufruir, e penso que vão concordar, -
7:35 - 7:38é que o tempo avança, não recua.
-
7:39 - 7:41A causa tem que vir antes do efeito.
-
7:42 - 7:45Temos sorte de ter nestes dados
muitas respostas de cada pessoa. -
7:45 - 7:48Assim, podemos observar
e constatar se a divagação mental -
7:48 - 7:50tende a preceder a infelicidade
-
7:50 - 7:53ou se a infelicidade tende
a preceder a divagação mental, -
7:53 - 7:55para ter alguma perceção
da direção de causa. -
7:55 - 7:58Como se constata, há uma forte relação
-
7:58 - 8:02entre a divagação mental agora
e estar infeliz pouco tempo depois, -
8:02 - 8:06consistente com a ideia de que é
a divagação mental que causa infelicidade. -
8:06 - 8:10Em contraste, não há relação
entre estar infeliz agora -
8:10 - 8:12e divagar mentalmente
algum tempo mais tarde. -
8:12 - 8:15Por outras palavras, a divagação mental
parece ser uma causa -
8:15 - 8:18e não uma mera
consequência, da infelicidade. -
8:20 - 8:22Há minutos, comparei a divagação mental
-
8:22 - 8:24a um caça-níqueis
que vocês jamais jogariam. -
8:24 - 8:27Bem, com que frequência é que
a mente das pessoas vagueia? -
8:28 - 8:31Aparentemente, ela vagueia bastante,
realmente bastante. -
8:31 - 8:34Em 47% do tempo,
as pessoas estão a pensar -
8:34 - 8:37em algo diferente
do que o que estão a fazer. -
8:37 - 8:40Isso depende do que estão a fazer?
-
8:40 - 8:43Isto revela o valor da divagação
mental nas 22 atividades -
8:43 - 8:46variando de um máximo de 65%,
-
8:46 - 8:49quando as pessoas estão a tomar
um duche, lavar os dentes, -
8:49 - 8:52a 50% quando estão a trabalhar,
-
8:52 - 8:55a 40% quando estão a fazer exercício,
-
8:55 - 8:57até ao mínimo, nesta
pequena barra à direita -
8:57 - 9:00— e penso que é por isso
que se estão a rir — -
9:00 - 9:02em 10% do tempo,
a mente das pessoas vagueia -
9:02 - 9:04enquanto estão a fazer sexo.
-
9:04 - 9:06(Risos)
-
9:06 - 9:09Mas há algo que penso ser
bastante interessante neste gráfico, -
9:09 - 9:12e, com uma exceção, é, basicamente
-
9:12 - 9:15que, não importa o que estão a fazer,
as pessoas estão a vaguear -
9:15 - 9:18pelo menos 30% do tempo,
o que sugere, acho eu, -
9:18 - 9:21que a divagação mental
não é só frequente, é omnipresente. -
9:21 - 9:24Está basicamente entranhada
em tudo o que fazemos. -
9:24 - 9:27Na minha palestra hoje, falei-vos
um pouco sobre a divagação mental, -
9:28 - 9:30uma variável que penso
ser muito importante -
9:30 - 9:32na equação da felicidade.
-
9:32 - 9:33A minha esperança é que, com o tempo,
-
9:33 - 9:36ao rastrear a felicidade
das pessoas, a cada momento, -
9:36 - 9:38e as suas experiências diárias,
-
9:38 - 9:40consigamos desvendar
causas importantes da felicidade, -
9:40 - 9:43e no fim, uma compreensão
científica da felicidade -
9:43 - 9:46irá ajudar-nos a criar um futuro
que não só é mais rico e saudável, -
9:46 - 9:48mas também mais feliz.
-
9:48 - 9:50Obrigado.
-
9:50 - 9:53(Aplausos)
- Title:
- Queres ser mais feliz? Permanece no momento
- Speaker:
- Matt Killingsworth
- Description:
-
Quando é que os humanos são mais felizes? Para recolher dados para esta questão, Matt Killingsworth criou uma aplicação, "Track Your Happiness" (Rastreie a Sua Felicidade), que informa as pessoas dos seus sentimentos em tempo real. Entre os resultados mais surpreendentes: Frequentemente encontramo-nos mais felizes quando estamos perdidos no momento. E pelo lado negativo: Quanto mais a nossa mente vagueia, menos felizes podemos ser. (Filmado em TEDxCambridge)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 10:16
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