"Ensine um homem a pescar": Bil Moore no TEDx Detroit 2010

Cidadão de Michigan desde o nascimento, Bil foi criado por lobos e educado pela vida. Ele é palestrante, vendedor e apaixonado por tecnologia.

Dê ao homem um peixe
e você o alimentará por um dia,

mas ensine-o a pescar
e você o alimentará por toda a vida.

Não há onde este provérbio seja mais verdadeiro
do que no sistema de educação de hoje.

Hoje, estamos expondo as crianças à vida,
não as estamos ensinando a vivê-la.

Estamos dando a elas informação,
mas não as estamos ensinando a usá-la.

Estamos dando a elas "o quê",
mas não as estamos ensinando "por quê".

John Gardner concordava comigo:

"Muito da educação de hoje
é extremamente ineficaz.

Constantemente,
estamos dando aos jovens ramalhetes,

quando deveríamos estar lhes ensinando
a cultivar suas próprias flores".

Deveríamos estar lhes ensinando a pescar.

Mas por que me sinto qualificado
para falar sobre isso?

Com toda certeza,
não venho de uma torre de marfim.

Venho daqui.
Foi aqui onde fui criado.

Isso é um trailer com um anexo de 1,83 m
por 2,13 m, onde era o meu quarto.

E não dá para ver que atrás
disso existe um ferro-velho.

Foi onde fui criado.
Em um trailer, num ferro velho.

Podem fazer piadas agora.

(Risadas)

Mas não era tão ruim.

Fui eleito o mais inteligente
em minha turma de quarto ano.

Em dois dos três anos.

(Risadas)

Mas eu tive de aprender
sozinho a pescar.

Este é o sistema
de educação de hoje.

Estamos inserindo as crianças
do ensino fundamental na base,

e as ensinando o básico:
ler, escrever e aritmética.

A propósito,
por implicância minha,

de quem foi a ideia brilhante de chamar
essas coisas de "os três erres"?

(Risadas)

Conforme ficam mais velhos,
nós os expomos cada vez a mais coisas.

E quando estiverem no ensino médio,

felizmente, já os teremos
exposto ao suficiente

para que possam tomar decisões
quanto ao que querem ser.

O problema é que estudos,
e mais estudos, e mais estudos

nos dizem que as crianças aprendem
melhor quando mais novas.

Sei que foi exatamente assim comigo.

No terceiro ano, tínhamos de assistir
a meia hora de espanhol por semana.

Tínhamos de assistir a meia hora
de língua de sinais por semana.

E, no ensino médio, eu assisti a uma hora
de francês todos os dias, durante dois anos.

São vinte horas de língua de sinais,

vinte horas de espanhol
e 400 horas de francês.

Em que vocês acham
que sou mais fluente?

Viram só...

(Risadas)

Que tal se, ao contrário, pegarmos esse
triângulo e o virarmos de ponta-cabeça,

e dermos às crianças um forte alicerce,
expondo-as às coisas

quando são novas, antes que seus
preconceitos se estabeleçam?

Antes que possam dizer:
"Ciências não é legal, Matemática não é legal,

Artes não é legal".

Elas adoram essas coisas quando são novas,
mas conforme vão ficando mais velhas,

a sociedade lhes diz que não
é bom aprender essas coisas.

Então, se as expusermos
a essas coisas enquanto jovens,

elas dirão: "Bem, eu me interesso por isso;
não tenho interesse por aquilo.

Sou bom naquilo; sou péssimo nisso,
então vou deixar de lado essas coisas".

E quando elas chegarem
ao ensino médio,

terão uma ideia bem melhor
do que querem fazer,

porque estão focadas.

E se as ajudarmos a se focarem,
talvez consigamos aumentar esta estatística.

[Somente 71% dos americanos concluem
o ensino médio no tempo certo].

Minha segunda ideia
-- não é um programa de verdade,

acabei de inventá-lo em meu sofá
nas últimas duas semanas --

"Aprenda & Ganhe Michigan".

Acho que os número dizem que...

Dizem que Michigan poderia dizer:
"Vamos pagar o ensino de todos.

Os livros e o ensino.

Em troca, vocês terão que viver
e trabalhar aqui durante dois anos".

Os tributos desses empregos prometidos
seriam mais que compensadores

para qualquer despesa
com ensino por parte do governo.

E quando terminarem
os quatro anos de faculdade

e os oito anos de reembolso,
eles terão 30 anos de idade.

Terão uma casa,
estarão casados e terão 2,3 filhos.

Estarão aqui para ficar,

assim como as empresas que
são atraídas por pessoas escolarizadas.

Metade dos que terminam
a faculdade jamais leem outro livro.

É uma estatística surpreendente

e era verdade, e ainda é verdade,
em grande escala.

Mas, trinta anos atrás,
não tinha problema.

Trinta anos atrás,
a vida útil da educação superior

era de 15 a 25 anos, o que significava
que aquilo que você aprendia

não ficaria obsoleto durante,
pelo menos, 20 anos.

A vida útil da educação superior hoje
é de 18 a 24 meses,

o que significa que aquilo
que você aprende hoje

você provavelmente vai ter
de reaprender daqui a dois anos,

porque o ritmo da mudança
está acelerando.

Então, as faculdades precisam ter
um pouco mais de flexibilidade,

precisam ser mais objetivas,

e usar um pouquinho do que chamo
de "matemática do ferro-velho".

Quatro é igual a um.

Em vez de um curso de 4 anos,
fazemos um curso de 1 ano.

Quero dizer, se pegarmos os primeiros
dois anos de um curso superior,

são coisas triviais de qualquer forma.

São "os três erres" que você deveria
ter aprendido dez anos antes.

E mais um ano cheio de matérias eletivas:

tecelagem de cestos em baixo d'água
e história da poesia.

Se tiramos essas coisas,
teremos

de 12 a 18 meses de aulas
focadas e que valem a pena.

Bom, não estou falando
de aprender por aprender.

Estou falando de aprender
para ganhar.

Antes que os educadores
por aí me insultem,

saibam que o mundo
está mudando.

Em vez de um aluno estudar 4 anos, agora
podemos tê-lo estudando de 8 a 12 [meses],

porque as pessoas mudam de carreira
de 6 a 8 vezes durante a vida.

E eles podem voltar, eles precisam
de alguém que os prepare.

Os 10 maiores empregos de hoje
não existiam 10 anos atrás.

E isso vai continuar.

E alguém tem de educá-los.

Então, em vez de ter seus
rendimentos reduzidos em 75%,

de um curso de 4 anos
para um curso de 1 ano,

seus rendimentos podem dobrar,
ou até triplicar.

Tenho certeza de que
os educadores vão adorar isso.

Thomas Jefferson disse que cada geração
precisa de uma nova revolução.

Esta pode ser a nossa revolução.

Ajustar o sistema de educação
pode ser nossa revolução.

Podemos ensinar à juventude de hoje
a viver no mundo de amanhã.

Podemos lhes dar não apenas "o quê";
podemos lhes dar "por quê".

Tudo que precisamos fazer
é ensiná-los a pescar.

"Gracias".
Obrigado.

(Aplausos)